segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Zizi Possi - Estrebucha Baby (1989)




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Os Cavalos de Fogo


Também conhecido como "Sombras dos Ancestrais Esquecidos", o filme mais célebre de Sergei Paradjanov conta a história dos amores contrariados de dois jovens de famílias rivais, que acabam por se reunir na morte. Mas dizer que este filme louco e poético "conta uma história" é limitar o seu alcance. Inspirando-se em lendas ucranianas, Paradjanov também se inspirou nas ricas tradições folclóricas da região, na música, nas cores, nos ritos. Em perpétuo movimento, o filme é um prodigioso emaranhado de imagens de grande beleza, que contam em filigrana a história dos amores infelizes dos protagonistas. Fonte

Créditos: makingOff - Distanásia

Gênero: Drama / Romance
Diretor: Sergei Parajanov
Duração: 97 minutos
Ano de Lançamento: 1964
País de Origem: União Soviética / Ucrânia
Idioma do Áudio: Ucraniano
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0058642
Qualidade de Vídeo: Outro
Vídeo Codec: DivX 3 Low-Motion
Vídeo Bitrate: 930 Kbps
Áudio Codec: MP3
Áudio Bitrate: 128
Resolução: 448x336
Formato de Tela: Tela Cheia
Frame Rate: 25.000 FPS
Tamanho: 689 Mb
Legendas: Em anexo

Elenco:
Ivan Mikolajchuk (Ivan)
Larisa Kadochnikova (Marichka)
Tatyana Bestayeva (Palagna)
Spartak Bagashvili (Yurko)
Nikolai Grinko (Batag)
Leonid Yengibarov (Miko)
Nina Alisova (Paliychuk)
Mais detalhes

Critica:
Adaptando uma lenda ancestral georgiana, a história de um rapaz que tem que ser emparedado para que uma fortaleza se não desmorone, é como Achik Kerib (que também mergulha em tradições georgianas a partir de uma história de Lermontov) um mergulho efusivo na cultura popular da Geórgia, nas suas mais diversas manifestações – narrativas, pictóricas, musicais. Ambos os filmes se fazem dum bricabraque fabuloso, em que o ornamento é, por uma vez, o essencial: há mais grandes planos de objectos, de tapetes, de desenhos, do que dos rostos dos actores. São filmes decorados onde não há nada de decorativo. E filmes, claro, que quem se diz cinéfilo deve procurar descobrir. Fonte

Downloads abaixo:



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domingo, 20 de janeiro de 2008

"INSANIDADE" - (Sílení/ Lunacy)

“Um filme de terror filosófico”. É assim que Jan Svankmajer descreve o seu filme, esse novo e já "Clássico do Cinema Europeu"!

SÍLENÍ, que literalmente significa "Insanidade", é uma fantasia transgressora, livremente baseada em dois contos de Edgard Allan Poe e que combina imagens reais e animação. É nessa delirante alegoria à sociedade contemporânea onde encontramos o jovem Jean Berlot (Pavel Liska), um rapaz assombrado por terríveis pesadelos.
Berlot trava conhecimento com Marquiz (Jan Triska), personagem inspirada no divino Marquês de Sade, um aristocrata com um glorioso apetite por blasfêmias e orgias e inicia uma odisséia “terapêutica”.
Como temas centrais estão a liberdade, a manipulação e a repressão, exercidas pela civilização e a prova da grande forma e genialidade do realizador/diretor checo que aqui assina esse longa-metragem "subversivo" e provocador: JAN SVANKMAJER.
Descubra nesse universo "único", que simbolicamente é a cara da nossa sociedade e suas relações de poder, a nossa frágil, algumas vezes pobre mas fertilíssima existência, bem como o contra ponto para muitas das nossas divagações e sofrimentos!
"Senhoras e Senhores, o filme que assistirão agora é um filme de TERROR, com toda a decadência própria do gênero", em uma das mais debochadas, dramáticas e admiráveis concepções.
O HORROR está no ar...
PS: Não me responsabilizo pelas virtudes terapêuticas desse filme!
Tradução/Legendas EXCLUSIVAS PtBR!


Créditos: MakingOff - Espantalho
Gênero: Horror
Diretor: Jan Svankmajer
Duração: 120 minutos
Ano de Lançamento: 2005
País de Origem: República Tcheca
Idioma do Áudio: Checoslovaco
Qualidade de Vídeo: DVD Rip
Vídeo Codec: XviD
Vídeo Bitrate: 100 Kbps
Áudio Codec: MPEGLayer3
Áudio Bitrate: 192
Resolução: 512 x 288
Formato de Tela: Widescreen (16x9)
Frame Rate: 25.000 FPS
Tamanho: 691 Mb
Legendas: No torrent

Elenco:
Pavel Liska .... Jean Berlot
Jan Triska .... Marquis
Anna Geislerová .... Charlotte
Jaroslav Dusek .... Dr. Murlloppe
Martin Huba .... Dr. Coulmiere
Pavel Nový .... Servant Dominic
Stano Danciak .... Innkeeper
Jirí Krytinár .... Reciting Madman

Jan Svankmajer

Nasceu em Praga, na Checoslováquia, em 1934. Estudou cenografia na Faculdade de Artes Aplicadas e manipulação de marionetes na Academia de Artes performáticas de Praga. A diversidade criativa, um humor negro blasfemo e pontos de vista divertidos caracterizam o seu trabalho, seja ele no cinema, artes plásticas ou literatura. As suas animações já foram inúmeras vezes premiadas.

"Para o argumento de LUNACY fui buscar idéias em duas histórias de Edgar Allan Poe, ‘The Premature Burial’ e ‘The System of Dr. Tarr and Professor Fether’. Estas idéias foram incorporadas numa história que agora nada deve a Poe. Uma das personagens principais, o Marquês, foi inspirada no Marquês de Sade, de cujos textos já li várias passagens.”

Coopere, deixe semeando ao menos duas vezes o tamanho do arquivo que baixar!
sugestão: use o FlashGet para baixar arquivos Torrent ,Emule,Ed2K...

Download abaixo:
Arquivo anexado Lunacy.Sileni.Czech.2005.DVDRip.XviD.ENG.FRA.ESP.PtBR.RUSSIAN.Subtitles.by.espantalho.torrent




O Preço de Ser Mulher

por Vera Ghimmel - veraghimel@oi.com.br

Contam-nos que cerca de 4 milhões de mulheres foram torturadas e mortas pela “Santa Inquisição”, instituição da Igreja Católica, com a finalidade de reprimir a heresia. Esse momento da história da humanidade se equipara a um holocausto, com motivos diferentes.

A mulher que demonstrasse amor aos animais e cultivasse plantas medicinais era considerada bruxa, sendo presa, torturada e queimada como pagã. Tanto o Catolicismo quanto o Islamismo, o Judaísmo e o Budismo consideravam a mulher como uma ajudante do papel masculino ou seja, cuidar da família (casa, filhos e marido) e mais nada. A expressão feminina era proibida, como se fosse algo errado ou até demoníaco.

Mas tivemos culturas como a egípcia, a celta e a da suméria que respeitavam o papel feminino e até o reverenciava. O que foi que aconteceu para essa brutal mudança?
Bem, os homens da época precisavam fazer desacreditar o poder feminino. As mulheres por não cultivarem o EGO estavam mais sintonizadas com a real natureza de sua essência, portanto, com uma capacidade psíquica mais evidenciada e uma percepção da vida melhor. Enquanto o EGO masculino crescia e era cultivado, associado à negação do seu próprio lado feminino, a mulher se identificava menos com a mente, tornando-se assim unificada com o Todo. O homem da época via isso como uma ameaça ao seu poder. E assim iniciou-se a guerra dos sexos.

Com o tempo, as mulheres para sobreviverem passaram a suprimir o seu lado feminino, o que causou muita dor, na época (e ainda hoje). Até Deus foi definido com expressão masculina, o que é um grande equívoco. O Todo não tem expressão fragmentada.

Somos empurrados pelo julgamento do bem e do mal. Qualificamos coisas e pessoas de boas e más. Estamos presos ao pensamento e ele nos conduz equivocadamente às dicotomias e dualidades. Tudo o que está à nossa volta nos conduz a esse princípio. Basta dar uma boa olhada ao redor que estaremos exercendo a força do pensamento. E é aí que mora o perigo. O pensamento é limitado - a consciência não. E o que vem a ser a consciência? É a ligação verdadeira com o CRIADOR, com o TODO. Estar consciente é estar UNO. Não há margem de erro, pois vemos o fato sem julgá-lo, sem nos desequilibrar. O desequilíbrio é proveniente de nosso “particular pensamento” que por sua vez é regido pelo sistema de crenças vigente, pela educação que tivemos e pelos nossos medos, ansiedades, complexos (corpo de dor) etc. Conduzir a nossa vida pelo pensamento é como entregar um carro potente na mão de uma criança. O pensamento constrói e fortalece o EGO. A consciência é imparcial, segura, e vive no agora.

Todos os que depositam as suas fichas no pensamento - e basta dar um boa pesquisada na vida de muitos homens que se orgulharam por viverem sob a custódia apenas do seu pensamento - que veremos histórias de pessoas atormentadas, deprimidas, isoladas, desesperançadas.

As mulheres que seguiram as mesmas receitas também ficaram assim. Perderam a Paz!

Muitos diriam que se não fossem essas pessoas chamadas de “pensadores da humanidade”, não teríamos avançado tanto…Mas eu pergunto:

- “Avançado exatamente pra onde?” O que eu vejo em termos gerais é um grande e eminente desastre estrutural da humanidade. Os ditos avanços foram engolidos pelos motivos escusos por detrás deles. A Humanidade está cavando o seu próprio buraco e não somos exemplo de nada para um desavisado extraterrestre que vem nos visitar pela primeira vez. Com certeza, eles devem se assustar com tamanho atraso.

Mas tudo começou porque decidimos pelo EGO e não pela CONSCIÊNCIA. O mesmo EGO que acredita na verdade imposta pelo sistema, na escravidão da moda, no consumismo, na máxima do “sucesso a qualquer custo” etc.

As mulheres têm um papel fundamental na esperança da mudança. Primeiro, não temer a sua porção feminina e ensinar aos seus filhos homens e mulheres a UNIDADE. Não julgar, deixar a vida fluir e se desapegar. Podemos construir uma vida saudável, próspera e amorosa, sem precisar usar a receita do EGO, a qual o homem ainda está preso.

Faremos com isso o nosso melhor papel que é o de verdadeiramente SER.
Texto revisado por: Cris



Poesia Acróstica - sem título

Loucura

Insanidade pura

Namorei meu desejo

Inquietei-me por teu ardor

Noutro plano construí-me vívido

Hesitante, pois, aqui me tenho por ti

Apaixonado por tua imagem de felicidade!


Carlos Costa


Chico Alvarez - Los Barbaros Del Ritmo

http://aycu16.webshots.com/image/41815/2005680060615884616_rs.jpg


Chico Alvarez - Los Barbaros Del Ritmo @ 320

01. Si Los Rumberos Me Llaman
02. Que Me Hace Dano
03. Taino
04. Borinquen Rincon Querido
05. Agua Pa' Ti
06. La Clave, Maraca Y Guiro
07. Oigan Mi Rumba
08. Nana Acere
09. Entre Risas, Copas Y Discos
10. Pineiro
11. Esa Brujeria
12. Rumba En El Sola

Total Size: 161,01MB
Uploader: Ibiza

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OS GIRASSÓIS DA RÚSSIA - 1970

I Girasoli, Vittorio De Sica




Formato: rmvb/widescreen
Áudio: Italiano
Legendas: Português/BR
Duração: 1:42
Tamanho: 476 MB
Dividido em 06 Partes
Servidor: Rapidshare

Créditos: Fórum - Eudes Honorato

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Sinopse: Giovanna e Antonio, recém-casados, são separados quando, por artimanhas do destino, ele é convocado pelas tropas italianas a partir para a Rússia em defesa de seus país, que enfrentava a Segunda Guerra Mundial.

Antonio vai e nunca mais dá notícias. Simplesmente desaparece sem deixar pistas: as forças armadas o consideram morto. Inconformada e certa de que seu marido não morreu, Giovanna vai à Rússia procurá-lo.

“I Girasoli” foi gravado parte na Itália, parte na Rússia.Tem uma trilha sonora muito bonita e várias cenas memoráveis, como a que mostra Giovanna procurando, um por um, o túmulo do esposo num imenso campo de girassóis e as lindas cenas de despedida e reencontro das personagens.

Fonte: http://setefacesbr.blogspot.com


Elenco:

Sophia Lore - Giovanna
Marcelo Mastroianni - Antonio
Lyudmila Savelyeva - Mascia
Galina Andreyeva - Valentina
Anna Carena - Mãe de Antonio
Germano Longo - Ettore
Nadya Serednichenko - Mulher no campo de girassóis
Glauco Onorato - Trabalhador italiano na Rússia
Marisa Traversi - Prostituta
Gunars Cilinskis - Ministro Russo
Carlo Ponti, Jr. - Bebê de Giovanna
Pippo Starnazza - Oficial italiano
Dino Peretti
Giorgio Basso


Screen Shots:







sábado, 19 de janeiro de 2008

Fats Domino – This Is Fats

Seis anos antes Bill Haley gravar “Rock Around The Clock”, o jovem Antoine “Fats” Domino, aos 21 anos, escreveu a canção-base do rock ‘n’ roll, “The Fat Man”, em 1949. A partir do sucesso desse single de estréia, que vendeu um milhão de cópias, o vocalista e pianista nascido em Nova Orleans compôs mais hits do que qualquer outro da era do rock dos anos 50, à exceção de Elvis Presley, incluindo uma impressionante série de 39 singles que ocuparam os primeiros lugares das paradas, entre 1954 e 1962.

Ao vender algo em torno de 65 milhões de discos naquela década, Domino foi, sem dúvida, o responsável por fazer uma ponte entre o R&B e o rock – embora Little Richard possa disputar o título. O que está fora de discussão é a influência exercida por seu trabalho nos anos 50, que se espalhou por toda a música pop, atingindo de Pat Boone aos Beatles.

This Is Fats, o terceiro álbum do cantor pela imperial, foi lançado no auge da carreira de Domino e tornou-se o mais poderoso retrato de sua genealidade, graças a maravilhas do boogie-woogie como “Blue Monday” e “Honey Chile” e as obras-primas da tristeza como “So Long” e “Poor, Poor Me”.
A Triunfante “Bluebarry Hill”, que abre o álbum, foi um sucesso de Glen Miller em 1940, mas, apesar de seu charme e calor, a música acabou sendo surpreendentemente difícil de gravar. Ninguém conseguia achar a partitura e Domino esquecia o tempo inteiro a sua parte. Não foi possível completar sequer um take e o estúdio teve de emendar o material gravado. O resultado do esforço foi um single que chegou ao primeiro lugar das paradas de R&B nos Estados Unidos e ao segundo lugar nas paradas de pop – a melhor clocação de Domino nessa categoria.

Créditos: LágrimaPsicodélica
Uploader: Dione


Fats Domino – 1956 This Is Fats

O direito a ser humano


Adriana Facina (Observatório da Indústria Cultural/UFF)


A origem da idéia de direitos humanos remonta pelo menos ao tempo da Revolução Francesa, movimento político que funda a época contemporânea e coloca as massas como protagonistas de transformações sociais profundas. A perspectiva básica que reunia todos os segmentos sociais envolvidos na revolução era a da necessidade de se criar uma ordem na qual o ser humano deveria ser o centro da vida política e social. Nada de reis ungidos, nem de poderes de origem divina. Cabia aos homens (no vocabulário da época) guiarem seus próprios destinos.


Mais recentemente, sob o impacto dos horrores da Segunda Guerra Mundial, cujo saldo de milhões de mortos incluía os assassinados em campos de extermínio e também os civis massacrados pelas duas bombas atômicas lançadas sobre o Japão, surgiu a Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada pela ONU em 1948. Nela são condenados o arbítrio e a tortura e garantidas a liberdade de expressão e o direito ao trabalho, entre outros.


Dessa ótica, procurava-se manter, ainda que sob o capitalismo, garantias mínimas para uma vida digna a todos os seres humanos. Os tempos eram outros, os chamados “anos gloriosos”, nos quais as economias capitalistas ocidentais cresciam num ritmo frenético e a existência do bloco socialista alimentava sonhos concretos de revolução.


Mais de meio século depois, a conjuntura é diversa A devastação neoliberal, resposta às crises estruturais do capitalismo e aos movimentos sociais e políticos que protagonizaram a cena política nas décadas de 1960 e 1970, explicitou a contradição estrutural entre o direito à propriedade privada e a defesa da vida humana. O compromisso com o lucro e com a manutenção da (des)ordem do capital gerou desemprego, fragmentação, individualismo e desesperança em meio ao hiperconsumo e à mercantilização radical da vida humana.


Não podendo mais ser incoporada via emprego ou consumo, a classe trabalhadora se tornou uma massa de seres supérfluos, alvo de uma criminalização alimentada pela mídia oligopolizada e propagandista do pensamento único.


Como classes perigosas, esses supérfluos são agora objeto não mais de políticas de bem estar social, mas sim de penalização que os condena às prisões ou mesmo ao extermínio.


Nesse contexto mundial, vivemos no Brasil uma exacerbação dessa situação. Campeões em desigualdade, sem tradição democrática popular, com um ensino público sucateado há décadas e herdeiros de um ainda recente e vivo passado escravocrata, assistimos a globalização de práticas há muito conhecidas entre nós. Como diz Marcelo Yuka: “todo camburão tem um pouco de navio negreiro”.


De um lado, temos uma mídia criminosa que estigmatiza os pobres e torce pela limpeza étnica que as políticas de (in)segurança vêm realizando em periferias e favelas, criando a idéia de uma guerra que rende muita audiência e contratos publicitários. De outro, uma classe média amedrontada e acuada, desprovida da experiência fundamental de convívio com as classes populares que era gerada em espaços como a escola pública, agora esvaziada desse papel social. Não é de se estranhar a proliferação de discursos que relativizam os direitos humanos, legitimando práticas como tortura e execuções sumárias e acusando os que falam em nome do combalido estado de direito de serem defensores dos criminosos. Trata-se de uma combinação explosiva.


E o que é dinamitado com essa explosão? A própria idéia de ser humano, de humanidade. Em última análise, os que atiram contra os direitos humanos não estão dizendo que certas pessoas têm direitos e outras não. Mas sim que alguns são humanos de verdade, enquanto que outros não merecem tal designação. A questão é definir quem decide sobre a humanidade de quem. E aí não há Alto Leblon que escape. Todos acabam prisioneiros dessa lógica perversa. Tantos os que são executados nas favelas, quanto os que viram alvo de cruzadas moralizantes e violentas de playboys espancadores oriundos da classe média.


O menino da favela que morre com um tiro da polícia no peito em frente de casa e o outro que leva uma bala na cabeça, provavelmente vinda de uma moradia luxuosa de um bairro ainda mais luxuoso. A cada vez que um capitão Nascimento é chamado, morre mais um pouco de nossa humanidade.


Há décadas atrás, um dos nossos maiores poetas, o pernambucano Manuel Bandeira, escreveu uma poesia que considero mais atual hoje do que então:


O Bicho

Vi ontem um bicho

Na imundície do pátio

Catando comida entre os detritos.


Quando achava alguma coisa,

Não examinava nem cheirava:

Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,

Não era um gato,

Não era um rato.


O bicho, meu Deus, era um homem.


Publicado originalmente em http://www.fazendomedia.com/