domingo, 6 de abril de 2008

Bush no Céu - Relexões de Fidel Castro


Como se morássemos numa casa de loucos. Por Fidel Castro Ruz.

• ATENHO-ME nesta reflexão a notícias recebidas pelas mais diversas vias, das agências de notícias internacionais — sem mencionar especificamente cada uma delas como fontes de origem, mas com fiéis ao texto —, livros, documentos, internet e até perguntas formuladas a fontes informadas.

Vemos ao nosso redor uma grande azáfama, como se morássemos numa casa de loucos. Nossos conhecidos personagens continuam seu agitado andar.

Do Brasil e do Chile, Condoleezza foi rumo a Moscovo para perscrutar o novo presidente. Ela quer saber o que ele pensa. Vai acompanhada do chefe do Pentágono que, com um braço luxado, por causa do trambolhão dado em fevereiro, exclamou: "Com um braço distorcido não serei tão difícil assim como negociador". Uma piada que não deixa de ser tipicamente ianque. Calcule-se seu efeito no orgulhoso ouvido de um russo, cujo povo perdeu tantos milhões de filhos lutando contra as hordas nazistas que reclamavam espaço vital — o que hoje seria denominado petróleo barato, matérias-primas e mercados seguros para os excedentes de mercadorias.

Em Bagdá, são conhecidas as aventuras de McCain e Cheney, um que aspira a ser chefe do governo e outro, ainda sendo vice-chefe, dá decide mais que seu próprio chefe. Foram recebidos com os mais inesperados e violentos presságios. Investiram nisso mais de dois dias, o bastante para inundar o mundo de sinistros prognósticos.

Bush proferia um discurso em Washington, enquanto o ouro e o petróleo aumentavam aceleradamente o preço.

Cheney não se detém. Foi para o Sultanato de Omã — 774 mil barris de petróleo a cada dia em 2005, e 780 mil em 2004. No ano passado Omã revelou seus planos de investir US$10 bilhões nos próximos cinco anos, para elevar sua produção de petróleo para 900 mil barris diários e alcançar a cifra de 70 a 80 milhões de metros cúbicos de gás por dia. É isso que informaram as autoridades do Sultanato em 15 de janeiro de 2007.

Cheney, acompanhado da família, saiu no iate "Kingfish I" do sultão para pescar nos limites das águas de Omã e o Irã. Que temeridade! Os prêmios Nobel deveriam também entregar-se aos super-corajosos que correm o risco de morte ou de mutilação, após um suntuoso almoço de família, com um espinha de peixe na garganta. A ausência do proprietário do luxuoso navio foi a que estragou a festa do herói.

McCain também não se detém. Percorre de helicóptero o território onde os soldados israelenses, procurando os líderes palestinos, matam constantemente, com meios técnicos sofisticados, mulheres, crianças, adolescentes e jovens, em território da Cisjordânia. Nisso o candidato republicano é experto.

Viaja para Jerusalém, e lá promete ser o primeiro a reconhecer aquela cidade, na íntegra, como capital de Israel, o qual os Estados Unidos e a Europa transformaram em potência nuclear sofisticada, cujos projéteis, dirigidos por satélite, podem cair sobre Moscou, a mais de 5 mil quilômetros, em questão de minutos.

Não haverá estado com reservas petrolíferas ou de gás que Cheney deixe de visitar antes de retornar, para informar o presidente de seu país a respeito da felicidade do mundo.

Bush, por sua parte, fala no dia 17 por uma razão, em 18, por outra, e em 19 pelo início da genial guerra. Cuba, como é de supor, não deixa de ser alvo de seus insultos.

No caos criado pelo império, as guerras são companheiras inseparáveis. A do Iraque acaba de completar cinco anos. Analistas calculam o número de pessoas afetadas aos milhões e seu custo total em trilhões de dólares. Perderam-se 4 mil soldados regulares e 30 feridos em cada soldado morto no tipo de guerra travada. Fósforo vivo e bombas de fragmentação são o pão nosso de cada dia. Tudo é permitido, exceto viver.

Cheney e McCain concorrem, um como pai da criatura e o outro como padrasto. Os dois se reúnem com chefes de Estado, exigem compromissos: a produção de petróleo e gás deveria ser aumentada; usar tecnologia ianque, fornecimentos ianques, armas do complexo militar industrial; autorizar bases militares ianques.

De Jerusalém, McCain foi para Londres para falar com Gordon Brown. Antes, ao falar na Jordânia, enganou-se e informou que o Irã, país xiita, treina al-Qaeda, organização sunita. Não se interessa com isso, nem sequer pede desculps pelo erro.

Cheney vai para o Afeganistão. A guerra ianque e da OTAN transformou o país no maior exportador de ópio do mundo. A URSS se desgastou e se afundou numa guerra similar. Bush desferiu o primeiro golpe bélico, e com ele, a OTAN.

É feito todo o necessário para preparar as reuniões em paralelo da luta contra o terrorismo e da OTAN.

Uma coisa é certa: Nos dias 1, 2 e 3 de abril vão se reunir em Bucareste, capital da Romênia, Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, e Jaap de Hoop Scheffer, autoridade máxima da OTAN, com o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, para participar do Fórum Transatlântico de Bucareste. Simultaneamente terá lugar a conferência convocada pelo GMF (German Marschall Fund of the United States), pelo Ministério das Relações Exteriores da Romênia, e Chatham House, que reunirá um grande número de estrategistas e políticos para tratar de temas de interesse vital para a OTAN. Participarão, declarou o presidente do GMF, nove chefes de Estado, 24 primeiros-ministros e ministros, e 40 presidentes de institutos de pesquisa da Europa e da América que constituem a Organização do Atlântico Norte (OTAN), a qual dissolveu a Iugoslávia de Tito e lançou a guerra de Kosovo. Qualquer coincidência com os interesses do imperialismo ianque, todo mundo compreenderá que é puro acaso. A situação dos Bálcãs, a defesa antimíssil, o fornecimento de energia e o controle das armas são temas obrigatórios.

Como Bush precisa cumprir seu papel de protagonista, já elaborou seu programa: irá à cidade de Neptun, do mar Negro, para se reunir com o presidente da Romênia, Traian Basescu, nas vésperas do da conferência. Nas mãos dele estão os destinos da humanidade, que contribui com mais-valia e sangue.

Fidel Castro Ruz

sábado, 5 de abril de 2008

Milho transgênico da Monsanto é banido da Romênia por falta de segurança

A Romênia é o oitavo país da Europa a banir o cultivo de variedades transgênicas, seguindo os passos da França, Hungria, Itália, Áustria, Grécia, Suíça e Polônia

A Romênia é o oitavo país da Europa a banir o cultivo de variedades transgênicas, seguindo os passos da França, Hungria, Itália, Áustria, Grécia, Suíça e Polônia



Correio da Cidadania


O governo romeno anunciou no dia 27 de março que vai banir do país o milho geneticamente modificado MON 810 da Monsanto. A decisão é particularmente importante já que o milho é o único cultivo comercial de transgênicos permitido na Europa. Essa variedade é a mesma que foi aprovada em 2007 para plantio comercial no Brasil pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

A Romênia é o principal produtor de milho da União Européia em total de hectares plantados, com cerca de 3 milhões de hectares cultivados anualmente. Do milho MON 810 foram plantados 300 hectares no país desde 2007, representando apenas 0,01% do total de produção de milho da Romênia.

Com o anúncio do ministro do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Romênia, Attila Korodi, o maior produtor de milho da Europa se tornará livre de transgênicos. A Romênia é o oitavo país da Europa a banir o cultivo de variedades transgênicas, seguindo os passos da França, Hungria, Itália, Áustria, Grécia, Suíça e Polônia.

Preocupações sobre a segurança do milho MON 810 levaram o governo romeno a agir. Estudos científicos mostram que o milho MON 810 provoca danos à fauna, solo e saúde humana. Sua toxina embutida, programada para matar uma de suas pragas, entra no solo e provoca danos a minhocas, borboletas e aranhas. Provas de sua segurança para a saúde humana e animal são inconclusivas.

Um recente estudo do professor Gilles Eric Séralini, especialista do governo alemão em transgênicos da Universidade de Caen, encontrou sinais de toxicidade nos órgãos internos de animais alimentados com milho transgênico.

No final de 2007, o Comissário da União Européia para o Meio Ambiente, Stavros Dimas, usou estudos similares para bloquear o cultivo de outras duas variedades de milho transgênico, parecidos com o MON 810, na União Européia. Ele também fez referências a novos estudos que mostram que a toxina Bt produzida pelo milho transgênico tem efeitos negativos nos ecossistemas aquáticos.

"Enquanto a Europa proíbe o milho MON 810, da Monsanto, o Brasil está pronto para abrir suas terras a essa variedade transgênica suspeita de causar tantos problemas", critica Gabriela Vuolo, coordenadora da campanha de Engenharia Genética do Greenpeace Brasil. "Esse milho foi aprovado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e autorizada pelo Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS), que reúne 11 ministros. Deram às costas para o meio ambiente e à saúde dos brasileiros, privilegiando o agronegócio e uma tecnologia que não consegue comprovar sua segurança".


Contaminação genética

A contaminação de plantações convencionais por transgênicos é um problema sério. Em 2007 apenas, houve 39 novos casos de contaminação em 23 países. Apesar disso, não há padrões internacionais para responsabilizar as empresas de biotecnologia pelos danos causados e perdas financeiras.

O relatório Registro de Contaminação Transgênica 2007 (sumário executivo em português), produzido anualmente pelo Greenpeace e pelo Gene Watch UK, já constatou 216 casos de contaminação genética em 57 países diferentes, desde que as plantações geneticamente modificadas começaram a ser feitas comercialmente (em 1996). (Correio da Cidadania)

Escolas não garantem a segurança de suas alunas

Adital

O relatório "Escolas seguras: o direito de cada menina", apresentado pela Anistia Internacional, revelou que os governos estão falhando com as meninas no mais básico: o direito de ir à escola de forma segura. Em todo o mundo, meninas enfrentam perigo no caminho para o colégio, ao chegarem lá e, até mesmo, dentro das salas de aula.

"O fato de que (os governos) não resolvem o problema da violência contra elas nas escolas é inaceitável", disse Widney Brown, diretora geral da Anistia. As escolas são espaços em que o governo tem responsabilidade direta, pois estão sob sua direção. Por isso, a Anistia pede que os Estados deixem de ficar apenas no discurso e partam para ações concretas.

A violência está onipresente nas instituições educativas e no entorno delas, as meninas têm que conviver com ameaças, intimidações e o real perigo de serem agredidas sexualmente. Segundo o documento, as meninas que pertencem a determinados grupos, como minorias étnicas, lésbicas ou portadoras de necessidades especiais, correm mais perigo que as outras.

"Nas escolas, muitas meninas sofrem violência psicológica, perseguição escolar e humilhação. Algumas recebem agressões ou golpes em nome da disciplina. As meninas sofrem ameaças de agressão sexual de outros estudantes, escutam como professores lhes oferecem notas mais altas em troca de favores sexuais, e inclusive são violadas na sala de professores", disse o Informe.

No Haiti, a população foi quase unânime em opinar que a violência nas escolas é um fenômeno generalizado, mas que raramente se tem informação sobre ele. As crianças do país - incluído os meninos - enfrentam castigos corporais, castigos com varas e cabos elétricos; são obrigados a ficar de joelho no sol; não recebem alimentação. As meninas sofrem ainda abusos sexuais e maus tratos psicológicos. Esse problema afeta especialmente as escolas em conflito.

Nos Estados Unidos, 83% das meninas entre 12 e 16 anos sofreram algum tipo de intimidação sexual. Em 2006, em Malawi, 50% das estudantes disseram já terem sido tocadas sem permissão por professores, ou colegas de sala de aula, com alguma intenção.

"As meninas não só sofrem com o efeito da violência em sua saúde física e mental. No âmbito do ensino, a violência pode fazer que abandonem os estudos e percam toda a esperança de escapar da pobreza e da marginalização política", disse o Informe.

Para Brown, a garantia do acesso à educação é a chave para o empoderamento das mulheres. E são elas também que mais sofrem com a as taxas cobradas por escolas públicas - irregulares, pois o direito internacional determina que o ensino primário seja gratuito -, já que os pais tiram-nas da aula antes dos meninos quando falta dinheiro.

A Anistia chama os países a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio - um deles determina a redução do número de crianças fora da escola -, mas lembra que para conquistar a igualdade entre os gêneros no âmbito da educação exige um maior compromisso e um esforço imediato.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

O USO RACIONAL DOS RESTOS DO ÓLEO DE COZINHA...

VAI COMEÇAR A FESTA





Para tornar as festividades ainda mais vibrantes, a torcida colorada está convocada para pintar o Rio Grande de vermelho nesta sexta-feira. Todos estão convidados para virem ao Beira-Rio a partir das 7h da manhã para prestigiar a Alvorada Colorada. Este será o primeiro evento da grande celebração que o Inter realizará até o Centenário, em 2009.

Durante a festa no Centro de Eventos, marcada para as 20h30min, será divulgado o calendário oficial das festividades dos 100 anos. Os ingressos para o jantar seguem à venda na Central de Atendimento ao Sócio (CAS), das 9h às 12h e das 14h às 18h, tanto para sócios como torcedores em geral ao preço de R$ 100.

Transmissão on line

Mesmo quem não puder vir à festa terá a oportunidade de acompanhar todos os detalhes através da TV Inter, no site colorado. A transmissão on line começa às 20h30seg. Serão sete câmeras, inclusive uma externa instalada em uma grua no pátio do Beira-Rio, espalhadas pelo evento. Os internautas poderão acompanhar entrevistas exclusivas e todas as atrações do jantar de gala.

Dia 4 de abril é aniversário do Inter. Comemore, torcedor colorado. Você merece!

Internacional, 99 anos de glórias e conquistas!


Rompimento na esquerda uruguaia


O Movimento 26 de Março foi embora.


O Movimento 26 de Março (26M) oficializou sua desvinculação da estrutura orgânica e política da Frente Ampla (FA) por considerar que a coalizão abandonou o projeto histórico da esquerda uruguaia.

O fato é avaliado hoje (pelo 31/03/08) pelos jornais nacionais como a primeira quebra da Frente desde sua chegada ao governo em 2005 e como uma redução significativa, em termos de votos e projeção política, até as eleições gerais de outubro de 2009.

Co-fundador da FA em fevereiro de 1971, o 26M celebrou na véspera (29/03) um Encontro Nacional no qual decidiu fortalecer sua já existente Assembléia Popular como uma nova opção eleitoral da esquerda uruguaia.

“O acordo com o FMI, a privatização das empresas públicas, o alargamento da brecha entre ricos e pobres, a instalação de plantas de celulose no Uruguai, por tudo isso vamos embora”, disse no ato Eduardo Rubio, líder do 26M.

Em uma declaração na que expôs as razões da ruptura, o movimento acusou à FA de seguir um rumo que significa “o abandono do projeto histórico da esquerda” e de “deixar no caminho a definição antiimperialista que identificou desde sua origem ao FA”.

Trás cumprimentar “aos milhares de frenteamplistas verdadeiros que olham com dor como se dilapida desde o governo o triunfo popular, o 26M chamo à esquerda uruguaia “a reconstruir desde abaixo (...) o projeto artiguista, antiimperialista e popular que historicamente nos identificou”.

Ao encontro também assistiram dirigentes da Corrente de Esquerda, outro setor da FA que em maio decidirá se vai se separar da Frente.

Versão em português: Raul Fitipaldi de América Latina Palavra Viva.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

E AINDA FALAM MAL DE CUBA...

Cuba estenderá colaboração
médica a 81 países

"CUBA estenderá os serviços de seu pessoal médico a 81 países no decurso deste ano", anunciou o diretor da Unidade Central de Coperação do Ministério da Saúde Pública, Alberto González.


Atualmente, 36.578 médicos e outros trabalhadores da saúde cubanos trabalham em 73 países

González informou que se está trabalhando na preparação dos novos grupos de colaboradores, que viajarão a países como Ilhas Salomão, no oceano Pacífico.

Segundo Cubavisión Internacional, irão a essa região geográfica várias brigadas médicas cubanas, fundamentalmente a Vanuatu, Tuvalu, Nauru, Papua Nova Guiné, Laos e Benin.

"Atualmente, 36.578 médicos cubanos e outros profissionais da saúde trabalham em 73 países", indicou González.

É especialmente significativo o trabalho realizado pelos colaboradores cubanos da saúde no Timor-Leste, donde o primeiro grupo saiu recentemente após cumprir sua missão.

Neste 2008 se completam 45 anos do início da solidariedade médica de Cuba, iniciada na Argélia.

Desde 1961, a Ilha cooperou com 154 países do mundo e 270.743 colaboradores prestaram serviços em seus programas, dos quais, 124.112 profissionais e técnicos da saúde em 103 países.

CHICO BUARQUE CARIOCA - 2007



créditos: F.A.R.R.A - leoni

"Este DVD apresenta o show que trouxe Chico Buarque de volta aos palcos depois de sete anos. Com direção musical e arranjos de Luiz Cláudio Ramos e produção de Vinícius França. O DVD deve mostrar ao público um pouco do que é Chico sob os palcos. Balbucia pouquíssimas palavras, um ou outro "boa noite" e "obrigado" e muitos - muitos mesmo! - gritos incansáveis (e incômodos) de mulheres quase à beira de um ataque de nervos. Presença rara dos palcos, o "menino dos olhos verdes" inicia o show com a simbólica "Voltei a Cantar", de Lamartine Babo, por detrás de um painel que desenha pontos da cidade carioca. Entre uma canção e outra, seu sorriso "tímido" funciona como resposta e até mesmo diálogo com aqueles que o veneram."

LINKS


http://rapidshare.com/files/96596217/Chico_Buarque_-_Carioca_ao_Vivo_2007.part01.rar
http://rapidshare.com/files/96608273/Chico_Buarque_-_Carioca_ao_Vivo_2007.part02.rar
http://rapidshare.com/files/96621194/Chico_Buarque_-_Carioca_ao_Vivo_2007.part03.rar
http://rapidshare.com/files/96780091/Chico_Buarque_-_Carioca_ao_Vivo_2007.part04.rar
http://rapidshare.com/files/96822707/Chico_Buarque_-_Carioca_ao_Vivo_2007.part05.rar
http://rapidshare.com/files/96833986/Chico_Buarque_-_Carioca_ao_Vivo_2007.part06.rar
http://rapidshare.com/files/96846014/Chico_Buarque_-_Carioca_ao_Vivo_2007.part07.rar
http://rapidshare.com/files/96861121/Chico_Buarque_-_Carioca_ao_Vivo_2007.part08.rar
http://rapidshare.com/files/96869671/Chico_Buarque_-_Carioca_ao_Vivo_2007.part09.rar
http://rapidshare.com/files/96881742/Chico_Buarque_-_Carioca_ao_Vivo_2007.part10.rar
http://rapidshare.com/files/96882872/Chico_Buarque_-_Carioca_ao_Vivo_2007.part11.rar

Reforma agrária contra a escravidão

Dalmo Dallari


De acordo com o que está expressamente estabelecido no artigo 184 da Constituição brasileira, o presidente da República tem o direito e o dever de desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social. Essa é uma determinação constitucional, não podendo o presidente decidir arbitrariamente se é conveniente ou não aplicar o que manda a Constituição. Havendo constatação suficiente de que um imóvel rural não está cumprindo sua função social a desapropriação por interesse social torna-se uma obrigação do presidente, que ele não pode deixar de cumprir.

Quanto à caracterização do descumprimento da função social, a Constituição dá os critérios, bastando a simples leitura do artigo 186 para que se encontre claramente definida uma das hipóteses que vem ocorrendo no Brasil, amplamente noticiada pela imprensa e já comprovada por setores da administração pública federal.

Segundo o artigo 186, a função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos : "observância das disposições que regulam as relações de trabalho".

Assim, pois, só estará sendo cumprida a função social se estiverem sendo atendidos todos os requisitos ali enumerados, pois todos devem ser atendidos simultaneamente. No tocante às disposições que regulam as relações de trabalho existe farta legislação, sendo já longamente consagradas as exigências legais relativas às condições dignas de trabalho, à sua duração e remuneração, aos cuidados preventivos de higiene e segurança, às férias, ao repouso semanal remunerado, e outras exigências legais para que as relações de trabalho se estabeleçam e se desenvolvam em termos compatíveis com as normas básicas do Estado democrático de direito e as que regulam as relações humanas na sociedade civilizada.

Tudo isso vem a propósito de matéria amplamente divulgada pela imprensa, informando que as autoridades federais acabam de libertar 421 pessoas que trabalhavam no corte de cana, numa fazenda do Estado de Goiás, "em condições degradantes". Como é óbvio, aquele imóvel rural não está cumprindo sua função social, nos termos exigidos pela Constituição. Assim sendo, é dever do presidente da República promover sua desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária.

Em primeiro lugar, já foi constatado pelas autoridades públicas o descumprimento da função social. Em segundo lugar, não há limitações orçamentárias nesse caso, pois o artigo 184 da Constituição, já referido, diz que nesse caso a desapropriação será efetuada "mediante prévia e justa remuneração em títulos da dívida agrária". Quanto ao valor justo da indenização não será necessário qualquer procedimento especial, bastando verificar o valor dado àquelas terras por seu proprietário, para efeito do pagamento do Imposto Territorial Rural.

A desapropriação dessas terras, além de ter clara e indiscutível base legal, será um ato de justiça e, além disso, deverá ter efeito exemplar. Os proprietários rurais honestos, que respeitam as leis e a ética na relação com os seus trabalhadores, deverão dar apoio firme e irrestrito ao presidente da República.

Fatos como esse de Goiás, somados à vergonhosa interferência de senadores da República para impedir a fiscalização de trabalho escravo no Estado do Pará, ocorrida no final de 2007, e mais o noticiário freqüente de violências praticadas contra comunidades indígenas por pessoas sem escrúpulos que querem apossar-se de suas terras, tudo isso vem transmitindo à opinião pública uma imagem tremendamente negativa dos empresários rurais, que correm o risco de se verem, todos, identificados como escravocratas.

Artigo do professor e jurista Dalmo Dallari, publicado no Jornal do Brasil, de 29/03/2008.


Isto a mídia(brasileira) não mostra


28 milhões de cidadãos, nos EUA, dependem de "bônus de caridade", para comer.
Esta foto está no The Independent, UK. Clique
AQUI para ler a notícia em inglês.

BlogDoBourdoukan

A Amazônia está indo embora, mugindo nos porões de navios


Blog do Sakamoto

Recife
- O rebanho bovino não pára de crescer na Amazônia. Se por um lado, isso resulta em crescimento da economia regional, por outro significa aumento na grilagem de terras para a implantação de novas fazendas de gado, no desmatamento ilegal para a ampliação de pastagens, na expulsão de populações tradicionais e camponeses de suas terras e no uso de trabalhadores em situação de escravidão ou superexploração nas frentes de trabalho para derrubar a floresta, fazer cercas e limpar o pasto.

Parte do gado é abatido em indústrias da região e segue para consumo interno ou externo (lembrando que o Sul do Pará é área livre de febre aftosa mediante vacinação desde o ano passado, o que aumentou o número de mercados estrangeiros para esse produto). Parte segue vivo, por navio, para ser abatido em outros países. É, provavelmente você não sabia, mas o Brasil envia bois vivos dentro de navios para o exterior.

Milhares de rezes são embarcadas mensalmente no porto de Belém em operações que chegam a levar vários dias devido ao tamanho imenso de manadas de alguns criadores. Há denúncias de péssimas condições de higiene nesse transporte, além de falta de alimentação e água para os animais. Os bois são molhados para diminuir o calor, o que é insuficiente. Más condições sanitárias aliada à crueldade com os animais.

Segundo, há pecuaristas que utilizaram mão-de-obra escrava e estão exportando essa produção. Como existe unidades frigoríficas que negam comercialização com esses produtores, gado negado tem sido vendido a empresas estrangeiras que não se importam muito com a situação na qual o boi foi produzido. Essas empresas estão, principalmente, no Oriente Médio, com destaque para o Líbano e o Egito. Ao contrário da Europa e Estados Unidos, que possuem em suas sociedades grupos que pressionam ativamente pelo comércio responsável (ou pelo protecionismo travestido de defesa dos direitos humanos), nessas localidades isso não faz muito diferença. Muitos desses países compradores têm problemas maiores do que os nossos no que diz respeito às questões sociais.

Reclamar com eles é difícil. Semelhante a tentar discutir com a China qualquer iniciativa bilateral para combater o trabalho escravo em ambos os países, uma vez que o gigante asiático deve uma fatia considerável do seu crescimento espetacular à superexploração de seus trabalhadores.

Não estou falando de pequenos sitiantes, mas de grandes produtores rurais, donos de grandes plantéis, com dezenas de milhares de cabeças. Ou seja, não são pessoas desinformadas e sim ignorantes, no pior sentido da palavra.

Estados como o Maranhão e o Tocantins aprovaram leis que proíbem os governos estaduais a comprar mercadorias produzidas com mão-de-obra escrava. Projetos semelhantes tramitam em outras unidades da federação, unindo-se ao boicote de agências financeiras públicas e de parte do setor privado contra produtos manchados com a exploração alheia.

Faz-se importante avançar mais um passo e garantir que a esfera administrativa pública competente adote medidas de restrição de embarque para o exterior de produtos oriundos de trabalho escravo, desmatamento ilegal, grilagem de terras ou violência contra populações tradicionais. Em outras palavras, não dar autorização para a mercadoria sair do país. Isso seria um importante golpe em quem insiste em cometer esses crimes. Além de uma bela propaganda aos produtos brasileiros no exterior, que sairiam daqui mais “limpos” que outros países concorrentes. Não precisaria ficar restrito a Belém. Essa política também poderia ser implantada nos portos de São Luís, Recife, Vitória, Rio de Janeiro, Santos, Paranaguá e Rio Grande, de onde sai grande parte da produção nacional.

Instrumentos para isso nós temos, falta vontade política. Ou econômica. Pois muitos dos grandes exportadores já flagrados com problemas contribuem religiosamente para campanhas eleitorais do Norte a Sul do país. Sob a justificativa de que seria “prejudicial” aos interesses do povo muitos representantes políticos têm mantido tudo como está. Hehe, esse pessoal é demais! Dão sempre esse tipo de justificativa, como se o “povo” em questão não fosse meia dúzia de abonados.

Um amigo, pesquisador das realidades do Brasil rural, é mais cético. É dele a dúvida: "mas se barrar quem desmata, polui, escraviza, grila, expulsa, me diz uma coisa: vai sobrar produto para exportar?"

Daniel Santos - Legends Of Cuban Music

http://aycu09.webshots.com/image/46128/2001636630587369325_rs.jpg


Daniel Santos - Legends Of Cuban Music @ 320

01. Recordando A Cuba
02. Cuidadito Compay Gallo
03. Son De La Loma
04. El Que Siembra Su Maiz
05. Sabor A Mi
06. Suavecito
07. Buey Viejo
08. La Loma De Belen
09. Ay Que Bueno
10. Piruli
11. Masabi
12. Recordando A Cuba (Medley)

Uploader: Ibiza

Total Size: 78,16MB

Download abaixo:

http://rapidshare.com/files/99184374/danielsantoscubanlegend6.rar

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Doutscha




Chuva torrencial lá fora e aquela mulher de nome estranho – Doutscha – acende uma erva.


O vinil rodando na vitrola.


Próximo à janela envidraçada, o guarda-chuva aberto e a repentina sombra que ele tatua nas paredes. Cessa uma chuva, principia a neve. A mulher de longos cabelos negros, que tem a alma compassiva, confidencia:


– Neste momento – ela diz como quem se surpreende – a neve, olha a neve...


Tento conversar:


– Quer que cesse a neve? Quer um cigarro? Trago fósforos.


– Não, a neve, olha a neve...


Pois Doutscha foi sempre uma consoladora para quem, como eu, na vida aprecia a lógica e pretende que existir seja uma raiz quádrupla do espírito. Há chuvas que Deus mesmo envia, e são aguaceiros no vazio, nos telhados das casas e nas vidraças. Recolho-me, não aos esconderijos que os outros têm, mas à sombra da ampla árvore nessa rua de Warmstrasse. Desço os lábios à bica d’água atrás da igreja luterana. Tenho caligrafia regular, sal até nas lágrimas, e os meus livros eu os grafo com mergulhar a pena da melancolia no tinteiro velho, enquanto, ao lado daquela árvore mais escura, alguma deusa com a pele transparente me sorri. Tenho amor a isso de haver a deusa Doutscha e eu acariciá-la, talvez porque, essa noite, eu não tenha mais nada a fazer a não ser enrolar uma erva, escutar Chet Baker.


Ou talvez Doutscha só exista nesta narrativa, da mesma forma que o amor de uma alma só pode respirar à beira do vulcão, e, se temos por sina dar amor, tanto vale se o dou à xícara com chá de artemísia ou ao colosso das constelações.


Tenho, muitas vezes, o hábito de fumar cigarros Gauloises.


Que me é esse disco que flue na vitrola um Chet Baker, salvo o instante ocasional em que a agulha toca a pele do vinil e a música, senhora das minhas horas, consola os dias noturnos da melancolia?


Trata-me bem, Doutscha, escuta-me com doçura, salvo nos momentos bruscos em que, por tédio ou inércia, eu te apunhá-lo a clavícula com a faca enferrujada. Desconhecida, sim, és, Doutscha, mas por que me preocupa um símbolo, uma escada de pedra, um mergulhar o pão no café, e a razão, Doutscha, o que é?


Leio aqui O Livro Negro, de Thamès Carda: “Para mim a morte explica-se como História Natural, como aquilo que tornou possível o pensamento. Se temos uma meta, parece-me que só pode ser a morte. Tudo o que se diz é sempre sobre a morte. O nosso nascimento lança-nos numa amnésia, ávidos de mar grosso e de palavras, ávidos de algumas sombras de amor. Tentamos ressuscitar a xícara e fracassamos, o fôlego e fracassamos, tentamos ressuscitar o que somos nesse instante e fracassamos, porque não se trata de ressuscitar ou não, trata-se de sumir numa Fuga – de Johann Sebastian Bach –, para não se sabe onde, para onde não se sabe mais”.


À sombra de um ventilador, numa casa pequena e repleta com vasos de plantas, lembro-me de tua nudez, Doutscha, lembro-me dela no futuro com a saudade que sei que terei. Nos arredores desse pequeno jardim buscarei a chuva; de meu coração, eu pressinto, uma carpa de fogo escapa em andante lentíssimo e fura a cortina do quarto que a brisa estufa de leve e, pelos buracos que a carpa deixou na cortina, eu não verei o vento que não vejo agora.

VALE A PENA REPOSTAR...

O Analfabeto midiático(Marcelo Salles)

(homenagem a Bertolt Brecht)

O pior analfabeto é o analfabeto midiático. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos midiáticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das construções midiáticas. O analfabeto midiático é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia discutir mídia. Não sabe o imbecil que da sua ignorância midiática nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o jornalista vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.
Frigoríficos demitem mais 400 trabalhadores no RS


Reportagem: Raquel Casiraghi


Porto Alegre (RS) - Em um único dia, dois dos maiores frigoríficos da região Sul gaúcha demitiram 400 trabalhadores. Nesta terça-feira (01), o frigorífico Extremo Sul liberou cerca de 150 funcionários e o Mercosul, outros 250, nas unidades localizadas na cidade de Capão do Leão. Desde Abril do ano passado, quando a crise do setor ganhou mais força, já foram demitidos dois mil trabalhadores das empresas na região Sul e na Fronteira Oeste.

Na avaliação do presidente do Sindicato da Indústria de Carne e Derivados (Sicadergs), Ronei Lauxen, a pouca oferta de gado e o crescimento das exportações do animal vivo são os principais entraves para o setor. Neste final de semana, oito mil bovinos vivos foram embarcados para o Oriente Médio pelo Porto de Rio Grande.

"As escalas de abate, em 2007, já foram bastante reduzidas. E agora em 2008, quando tínhamos uma expectativa de que no segundo semestre do ano tivesse uma oferta maior de matéria-prima, nós nos deparamos com uma prática que é muito prejudicial ao setor, que são as exportações de animais vivos. Por parte da indústria temos condenado muito fortemente, porque é um produto que não agrega valor, já que as exportações não geram impostos", diz.

Os produtores da região refutam os argumentos dos frigoríficos. O presidente do Sindicato Rural de Capão do Leão, Fernando Diaz, afirma que tanto em 2007 quanto neste ano houve produção suficiente de gado. Ele também argumenta que as exportações não contribuem para a crise das indústrias, já que o animal vivo que foi vendido para o exterior são bezerros, não estando portanto prontos para o abate.

O real motivo para a falta de matéria-prima, segundo Fernando, é o preço que a indústria vem pagando aos produtores pelo animal. Atualmente, o frigorífico paga em média R$ 2,35 o kg do boi vivo, o que não cobre os gastos da produção, já que os insumos agrícolas aumentaram quase 150% em um ano. Os produtores estariam segurando a produção na tentativa de elevar o preço para, no mínimo, R$ 2,60 kg do boi vivo.

"Aqui na nossa região, a oferta de bovinos para o abate é satisfatória, parecida com as dos outros anos. O que tem havido é o desagrado dos produtores com os preços praticados. O produtor, quando pode, tenta reter o produto na busca de um melhor preço. Nós temos um aumento de insumos fantástico, principalmente de fertilizantes, o que vai deixando os custos em um patamar extraordinário", argumenta.

No entanto, a situação de desemprego dos trabalhadores ainda pode piorar. O presidente da Federação dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação (FTIA-RS), Cairo Reinharet, prevê que a produção de gado no Estado deve ser reduzida com o avanço das monoculturas de pínus e eucalipto, na região Sul, e de cana-de-açúcar para produzir biocombustível, na região de Santa Rosa. Além de reduzir os empregos, a mudança na matriz econômica dessas regiões também irá aumentar ainda mais o preço da carne para a população e irá tornar o trabalho dos frigoríficos mais degradante e reduzirá os salários. Hoje, um trabalhador ganha em média R$ 700,00 na indústria.

"O reflexo maior, para nós, ainda está por vir. Da forma que está sendo plantado eucalipto na Metade Sul, onde antes era criação de gado, e as terras são boas para isso, está sendo plantado eucalipto. Também temos informação de que mais de 100 mil hectares em Santa Rosa será plantado cana-de-açúcar. Para nós, do ramo da alimentação, teremos que nos preparar para uma grande crise nos próximos 10 anos, caso não ocorra mudanças no desenvolvimento econômico proposto pelo governo", avalia.

Existem hoje no Rio Grande do Sul, sessenta frigoríficos de grande porte, que empregam diretamente cerca de cinco mil trabalhadores.

Yamandu e João Bosco

Como a Opus Dei retoca sua imagem

Aproveitando-se da guinada conservadora da Igreja Católica, a instituição retratada no Código Da Vinci abandona a estratégia do sigilo e promove um esforço global de comunicação para disfarçar seus laços com a extrema-direita e valorizar o que a identifica com a "modernidade" capitalista

Jérôme Anciberro

Camino 999… Não há o que discutir, o título é eficiente. Jean-Jacques Reboux, fundador e diretor da editora Après la Lune, não esconde sua satisfação, quase um ano após o lançamento do livro [1]. “Estávamos tentando imaginar um título para o romance e este surgiu de repente”, diz. “Camino 999 faz referência direta ao mais conhecido livro de José-Maria Escrivá de Balaguer, o fundador da Opus Dei. Tal obra, de instrução religiosa, contém 999 sentenças. Se você virar os algarismos de cabeça para baixo, obterá 666, o número da Besta, tal como ele aparece no Apocalipse. Para um romance policial, é uma solução bastante divertida”.

Talvez seja isso que, na primavera de 2007, chamou a atenção da Opus Dei para o romance de Catherine Fradier, uma autora conhecida no meio da literatura policial de língua francesa. De outra forma, sua notoriedade não alcançaria os escritórios dessa organização da Igreja Católica, que conta com 80 mil integrantes em todo o mundo e em nada se assemelha a um clube literário. Camino 999 apresenta uma imagem particularmente pouco lisonjeira da Opus Dei. Nele, a confraria aparece como uma organização mafiosa que não hesita em recorrer ao assassinato para proteger seus negócios. Citados em juízo pela Prelazia da Opus Dei na França -– que criticava o romance por ele misturar elementos reais (nomes de dirigentes, por exemplo) com ficção e por ser, supostamente, difamatório —, Catherine Fradier e Jean-Jacques Reboux não foram condenados. A citação foi declarada nula pelos magistrados do Tribunal de Grande Instância de Paris.

“O caso não foi julgado em sua substância”, lamenta Arnaud Gency, um numerário [2] da Opus Dei, responsável pela comunicação da Prelazia na França. “De uma forma ou de outra, as pessoas precisam compreender que não dá mais para continuar dizendo qualquer coisa a nosso respeito”. Para bom entendedor…

Excetuada a Companhia de Jesus, nenhuma organização católica jamais suscitou tantas publicações de livros, panfletos, artigos ou reportagens acusadoras quanto a Opus Dei [3]. A lista das queixas tradicionalmente formuladas a seu respeito coincide mais ou menos com a de todas as torpezas imagináveis: manipulação mental; crueldade psicológica para com os integrantes [4]; rigidez intelectual; sadomasoquismo; atividades de lobby, de inspiração fascista, fundamentalista ou ultraliberal, conforme o caso; infiltração nos núcleos do poder eclesiástico, político ou econômicos, com objetivos escusos; e por aí vai.

A própria discrição da organização contribuiu para alimentar esse fascínio. Até 1982, ano no qual o papa João Paulo II elevou a Opus Dei à classe de “prelazia pessoal”, os seus membros eram convidados a não revelar o culto ao qual pertenciam. Contudo, segundo os estatutos, a Opus Dei só visa ajudar seus fiéis a se santificarem “na vida ordinária” por meio do “exercício das virtudes cristãs”. É no meio do mundo, em particular no âmbito do trabalho, considerado uma verdadeira prece, que os fiéis devem supostamente viver a “espiritualidade laica”, que faz a especificidade da Obra.

A beatificação de Escrivá marca a mudança. Acuado por uma onda de críticas, a Opus Dei descobre a comunicação

Nesse contexto de segredo, a denúncia do suposto pertencimento de personalidades públicas à Opus Dei é freqüente. Além disso, na França, os participantes de discussões públicas realizadas em locais administrados pela Obra podem seguir carimbados durante anos com a etiqueta “Opus Dei” ou “ligado à Opus Dei”. Desta maneira, foram “opucizados” os grandes empresários Claude Bébéar, Didier Pineau-Valencienne e Louis Schweitzer (um protestante!).

Na verdade, embora existam exemplos famosos de ministros, altos-funcionários ou empresários membros da Obra [5], o fato de ocupar um cargo de poder e de professar ao mesmo tempo um catolicismo intransigente não constitui em si uma evidência de pertencimento à Opus Dei.

Por muito tempo, a Obra permitiu que sua “lenda negra” ganhasse corpo, dando a impressão de não se preocupar em demasia com isso. Inscrevendo-se em uma cultura católica marcada pela desconfiança em relação à mídia e pela ojeriza à propaganda (salvo a recente e notável exceção de João Paulo II, que foi um mestre na matéria), a Prelazia mantinha um serviço mínimo em matéria de comunicação. No entanto, no intervalo de uma dezena de anos, a organização operou uma verdadeira revolução nesse campo. “É um princípio básico da comunicação institucional: se você mesmo não disser quem é, outros falarão em seu lugar e dirão quem você não é. Nós talvez não estivéssemos suficientemente conscientes disso no passado”, explica Arnaud Gency.

Tudo começou em 1992, quando a beatificação do fundador da Obra, Escrivá de Balaguer, revelou-se bastante difícil, ao menos no plano da mídia [6]. As reações hostis se multiplicaram. No interior da Igreja, era muito difícil encontrar bispos que apoiassem ativamente a iniciativa. Enquanto a polêmica ganhava força, os serviços de comunicação da Obra limitavam-se a contatar alguns jornalistas para lhes oferecer informações sobre a vida e a obra de Escrivá — com efeito quase nulo. O grande público seguia informado por meio de artigos e reportagens em geral muito críticos. “Nós permanecíamos na defensiva. Avaliando os fatos, concluímos que precisávamos dar mostras de muito mais profissionalismo”, admite Juan Manuel Mora, diretor de comunicação da Obra de 1991 a 2006.

A Opus Dei dispunha, então, de amplas reservas de competências, as quais incluíam comunicadores, jornalistas e professores, além de pesquisadores da Faculdade de Comunicação da Universidade de Navarra, fundada pela organização em 1952. Uma nova estratégia passou a ser implementada, baseada no conceito de “pró-atividade”: comunicar antes que as polêmicas fossem deflagradas.

Como reação ao Código Da Vinci, uma completa estratégia de assessoria de imprensa e marketing

Essa técnica foi utilizada na campanha de imprensa em torno da canonização do fundador, anunciada para 2002. A Opus Dei contatava os jornalistas com grande antecedência, oferecendo-lhes informações detalhadas, desdobrando-se em amabilidades nas relações pessoais e tentando algumas “operações portas abertas”, nas quais franqueava para o público seus centros e residências. A estratégia mostrou-se altamente eficaz. A polêmica a respeito do fundador continuou, mas sua intensidade nada tinha a ver com aquela de 1992 e dos anos seguintes.

Além disso, no âmbito da Igreja, a Opus Dei também contava com uma conjuntura favorável. No curso de dez anos, o catolicismo progressista perdeu uma ampla fatia de sua audiência. No período anterior, eram os católicos progressistas que, na maioria dos casos, alimentavam a imprensa com informações. Com o seu silenciamento, pela cúpula do Vaticano, o campo ficou livre para os conservadores [7]. Por fim, a canonização do fundador, que equivale a uma espécie de certificado de garantia, tornou mais difíceis as críticas à instituição no seio do catolicismo. Elas existem até hoje, mas emanam das margens da Igreja ou são proferidas de maneira discreta.

Portanto, a “opinião pública” já estava bastante “amaciada” quando desabou o temporal representado pelo Código Da Vinci, o romance de Dan Brown, publicado em 2003 pela editora Doubleday. Num primeiro momento, a Prelazia limitou-se a atender a todos os pedidos de informação, esforçando-se por evitar polêmicas. Porém, a adaptação do romance para o cinema, realizada pela Sony Pictures, obrigou a Obra a adotar uma estratégia de crise. As decisões foram tomadas em 10 de janeiro de 2006, por ocasião de uma reunião, em Roma, dos responsáveis pelos centros de informação da Opus Dei em Nova York, Londres, Paris, Madri, Colônia, Montreal e Lagos. Nela, os participantes falaram em transformar “os limões em limonada” [8].

No mundo inteiro, os serviços de comunicação passaram a dar mostras de um empenho redobrado, respondendo a praticamente todas as solicitações da mídia. E afinaram o seu elenco de argumentos para fazer frente a perguntas que, de modo quase sistemático, giravam em torno da “lenda negra”, retomada pelo best-seller de Dan Brown . A Opus Dei não demorou a disponibilizar seu novo site na Internet, com conteúdo traduzido em 22 línguas, e que o escritor Umberto Eco chegou até mesmo a recomendar, quando se cansou das constantes indagações que eram feitas a respeito da veracidade do Código Da Vinci [9]. Os principais veículos da imprensa dedicaram dossiês à organização e, em certos casos, até reportagens de capa (Time, Le Figaro Magazine etc). As televisões entraram nas “residências” que organizavam jornadas de “portas abertas para o público”.

A imagem que Dan Brown oferece da Opus Dei é certamente grotesca. Mas, como a organização estava muito bem preparada para a tempestade, esta lhe permitiu virar o jogo a seu favor. “O Código Da Vinci acabou sendo um ótimo negócio para a Opus Dei”, avalia Christian Terras, diretor da revista católica progressista Golias. “O livro lhe permitiu reabilitar sua imagem, comunicando detalhes saborosos para os meios de comunicação, embora estes, em sua maioria, fossem perfeitamente secundários”.

A Opus Dei combina um corpo doutrinário conservador com elementos decididamente modernos. Isso costuma desorientar os observadores

Um único exemplo basta para provar a afirmação: um dos protagonistas mais sinistros do romance tem por nome Silas. Trata-se de um albino psicopata, apresentado como “monge da Opus Dei”, a serviço dos chefes da organização. Primeiro, us Dei, o verdadeiro, explicou que não existiam monges na organização — o que é correto. Depois, apresentou para o público um extra-numerário cujo nome era exatamente Silas, igual ao do assassino do romance. Tratava-se de um pacífico pai de família, corretor na Bolsa de Nova York, e de origem nigeriana, portanto negro. Evidentemente, os meios de comunicação se deliciaram com essa brincadeira visual, tornando a imagem da Opus Dei muito mais simpática.

"Não sei sesomos bons", diz, sorrindo modestamente, Manuel Sanchez, numerário responsável pelas relações com a imprensa internacional, no birô de informação da Opus Dei. "Mas parece claro que acumulamos uma certa experiência". Esta tem sido colocada a serviço de toda a Igreja Católica. Em Roma, a Pontifícia Universidade da Santa Cruz, que depende diretamente da Opus Dei, abriga quatro faculdades: teologia, filosofia, direito canônico e comunicação institucional. Esta última é a única do gênero no mundo universitário católico. Forma especialistas para as conferências episcopais nacionais, dioceses e de outras instituições da Igreja. Os estudantes, que em sua maioria não são membros da organização, afluem do mundo inteiro para ter acesso às técnicas mais avançadas na área. Além de preparar quadros altamente competentes, a instituição funciona como uma vistosa vitrine da Obra, emprestando-lhe um ar moderno de absoluta normalidade.

De fato, a Opus Dei combina um corpo doutrinário conservador com elementos decididamente modernos. E isso pode desorientar os observadores. Ao contrário de vários expoentes do catolicismo fundamentalista, Escrivá levou a sério – para melhor dominá-lo – o movimento geral de secularização e de autonomização da sociedade. Ao preconizar, por exemplo, a santificação por meio do trabalho na vida cotidiana, ele rompeu com a idéia, enraizada no imaginário católico, de que os padres e freiras, em função de sua total disponibilidade para as coisas da religião, ocupavam uma posição melhor do que os outros na corrida rumo ao Reino de Deus [10]. Mas essa “democratização da santidade” jamais ameaça a supremacia clerical na organização. São mesmo os padres que ocupam os postos de comando, enquanto os numerários cuidam principalmente da formação dos seguidores. Ao mesmo tempo, o enquadramento espiritual rigoroso ao qual se submetem os seus membros (missa cotidiana, recitação do rosário, exame de consciência, confissão semanal, retiro mensal etc.) limita drasticamente os riscos de desvios libertários.

A Opus Dei é acusada de ter como objetivo fundamental o controle das esferas de poder. Mas sua real influência na sociedade é muito difícil de dimensionar, uma vez que os responsáveis afirmam não dispor de estatísticas sobre a condição sócio-profissional dos integrantes. No entanto, é notório o seu interesse por certos meios intelectuais e o seu empenho na formação dos membros. Quem quer se tornar numerário deve ter diploma universitário e os padres da organização são incentivados a obter o doutorado. Além disso, a Obra administra um grande número de residências estudantis – locais evidentemente propícios para o recrutamento.

Como Bento XVI quer afirmar a Igreja frente aos “perigos do relativismo”, a Obra parecem estar cada vez mais em sintonia com o catolicismo dominante

Nos anos do pontificado de João Paulo II, multiplicaram-se as nomeações de membros da Opus Dei para a Cúria Romana e os episcopados, especialmente os da América Latina. A esse respeito, a entrega do serviço de imprensa do Vaticano ao numerário Joaquin Navarro-Vals foi emblemática. Nomeado em 1984, ele permaneceu por 22 anos no cargo. Tal posição não deve ser encarada como um trunfo pessoal, pois, como afirma Giovanni Avena, diretor da agência de informação religiosa Adista, a coerência doutrinal dos membros da Opus Dei é muito grande: “Encontramos entre os jesuítas, entre os franciscanos e entre os integrantes de outras ordens, um amplo leque de opiniões ou de opções teológicas, que abrange desde o progressismo mais irrequieto até o tradicionalismo. Não é o caso da Opus Dei, que formata teologicamente seus membros”.

As relações entre a Opus Dei e o regime franquista espanhol (1939-1975) foram profundas e duradouras [11]. E tal experiência funcionou como uma espécie de incubadora ideológica da organização. No âmbito desse sistema ditatorial, os membros mais influentes da Obra, vários deles ministros de primeiro plano, atuaram como tecnocratas, impulsionando uma modernização econômica de tipo liberal, na qual a Obra se encontra perfeitamente à vontade, e não uma teocracia totalitária, tal como a fantasiava a Falange. Esse perfil se mantém atualmente nos Estados Unidos, onde, em média, os membros da organização se mostram mais inclinados aos projetos da direita clássica do que aos da extrema-direita.

A verdade é que o enquadramento ideológico que vem ocorrendo na Igreja desde os primeiros anos do pontificado de João Paulo II (1978-2005) contribui para a relativa normalização da imagem da Opus Dei entre os católicos e, por extensão, junto ao restante do grande público. No momento em que, de acordo com Bento XVI, a prioridade da instituição diz respeito à afirmação identitária frente aos “perigos do relativismo”, as teses da Obra parecem estar cada vez mais em conformidade com a vertente dominante no catolicismo.



[1] Catherine Fradier, Camino 999, Paris, Après la Lune, 2007

[2] A Opus Dei reúne tipos diversos de membros. Os “extra-numerários” (cerca de 70%) são, em sua maioria, casados e levam uma vida familiar que, embora muito marcada pela prática religiosa intensa, não deixa de ser similar àquela da população conservadora dos países em que vivem. Os “numerários” e os “agregados” (designações que depeno Opdem do fato de a pessoa viver ou não nos centros da Obra) comprometem-se ao celibato, mas não pronunciam votos como os religiosos. Finalmente, há também os padres (2%). Alguns padres diocesanos não são diretamente integrantes da Opus Dei, mas filiados à Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz, que dele depende.

[3] François Normand, “La troublante ascension de l’Opus Dei”, Le Monde Diplomatique, edição francesa setembro de 1995.

[4] Sobre este assunto, ler, por exemplo, Véronique Duborgel, Dans l’enfer de l’Opus Dei (Paris, Albin Michel, 2007), o testemunho de uma antiga integrante da Obra.

[5] Isso ocorre especialmente na Espanha e na América do Sul. No Reino Unido, Ruth Kelly, a atual ministra dos Transportes do governo trabalhista de Gordon Brown, não faz mistério do fato de ser uma integrante extra-numerária da Opus Dei.

[6] Beatificado em 1992, Escrivá foi canonizado por João Paulo II em 2002. Os processos de beatificação e canonização, que em geral se arrastam por um tempo extremamente longo, transcorreram com surpreendente rapidez, no caso do fundador da Opus Dei, suscitando desconfianças e protestos. Falou-se, na época, que a organização salvara as finanças do Vaticano depois da falência fraudulenta do Banco Ambrosiano e que, como retribuição, o papa atendera a várias de suas demandas. A afirmação é contestada por simpatizantes da Obra [nota da edição brasileira impressa].

[7] Vale lembrar o cerceamento imposto ao teólogo brasileiro Leonardo Boff pela Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, então dirigida pelo cardeal Joseph Ratzinger, hoje papa Bento XVI. Em 1985, Boff, um dos nomes mais respeitados da Teologia da Libertação, foi condenado a um ano de “silêncio obsequioso”, perdendo sua cátedra e suas posições editoriais em instituições católicas. Em 1986, recuperou algumas funções, mas novas pressões levaram-no a abrir mão do sacerdócio, em 1992. Livre das amarras, continua escrevendo e ensinando. É autor de mais de setenta livros e integrante do Conselho Editorial de Le Monde Diplomatique Brasil, edição impressa. Publicou o artigo “Teologia da Libertação: viva e atuante”, no segundo número deste períodico (setembro de 2007) [nota da edição brasileira].

[8] Todos os detalhes dessa estratégia, explicados por alguns de seus idealizadores, podem ser encontrados em Marc Carrogio, Brian Finnerty e Juan Manuel Mora, “Three years with the Da Vinci Code”, em Direzione strategica della communicazione nella Chiesa: nuove sfide, nuove proposte, Roma, EDUSC, 2007.

[9] L’Espresso, 30 de julho de 2005.

[10] Até hoje, as beatificações e canonizações da Igreja católica dizem respeito, quase que exclusivamente, a religiosos e religiosas.

[11] Os primeiros opucianos incorporados à cúpula do regime franquista (Mario Navarro Rubio, ministro das Finanças e Alberto Ullastres, ministro do Comércio) passaram a exercer suas funções em 1957. Segundo diferentes estimativas, até a queda da ditadura, em 1975, de oito a doze ministros espanhóis foram membros da Opus Dei.

Original em: www.diplo.com.br

terça-feira, 1 de abril de 2008

A CULPA É DO FIDEL! - 2006

La Faute à Fidel!, Julie Gravas



Créditos: F.A.R.R.A - Eudes Honorato
Formato: rmvb
Áudio: Francês
Legendas: Português/BR
Duração: 1:34
Tamanho: 307 MB
Divididos em 04 Partes
Servidor: Rapidshare


Downloads abaixo:


http://rapidshare.com/files/103977180/A_culpa_e_do_fidel_legendado.part1.rar
http://rapidshare.com/files/103983509/A_culpa_e_do_fidel_legendado.part2.rar
http://rapidshare.com/files/103990342/A_culpa_e_do_fidel_legendado.part3.rar
http://rapidshare.com/files/103992825/A_culpa_e_do_fidel_legendado.part4.rar


Sinopse: Anna de la Mesa (Nina Kervel-Bey) tem 9 anos, mora em Paris e leva uma vida regrada e tranqüila, dividida entre a escola católica e o entorno familiar. O ano é 1970 e a prisão e morte do seu tio espanhol, um comunista convicto, balança a família. Ao voltar de uma viagem ao Chile, logo após a eleição de Salvador Allende, os pais de Anna estão diferentes e a vida familiar muda por completo: engajamento político, mudança para um apartamento menor, trocas constantes de babás, visitas inesperadas de amigos estranhos e barbudos. Assustada com essa nova realidade, Anna resiste à sua maneira. Aos poucos, porém, realiza uma nova compreensão do mundo.


Elenco:

Nina Kervel-Bey (Anna de la Mesa)
Julie Depardieu (Marie de la Mesa)
Stefano Accorsi (Fernando de la Mesa)
Benjamin Feuillet (François de la Mesa)
Martine Chevallier (Bonne Maman)
Olivier Perrier (Bon Papa)
Marie Kremer (Isabelle)
Raphaël Personnaz (Mathieu)
Mar Sodupe (Marga)
Gabrielle Vallières (Cécile)
Raphaëlle Molinier (Pilar)
Carole Franck (Soeur Geneviève)
Marie Llano (Anne-Marie)
Marie-Noëlle Bordeaux (Filomena)


Screen Shots:












Meios de comunicação uruguaios contribuem para violência contra a mulher

Adital


A violência contra a mulher encontra, também nos meios de comunicação, marcas que a promovem. Para analisar a relação desses meios com a violência em razão de gênero, a Anistia Internacional do Uruguai realizou o projeto "Observatório dos meios de comunicação sobre a violência contra as mulheres".

Os idealizadores do projeto, agora lançado em texto, buscaram apresentar elementos "que ajudem a refletir sobre o papel dos meios na promoção de uma sociedade eqüitativa e que contribua para que se constituam em aliados fundamentais na promoção de uma cultura de direitos humanos".

No Uruguai, uma mulher morre a cada 9 dias em decorrência de crimes cometidos por seus parceiros, ou ex-parceiros. Como a Anistia entende que os meios de comunicação têm uma importância fundamental na difusão e formação de opiniões, o projeto é um instrumento para que os comunicadores se coloquem como agentes das mudanças nas relações de gênero.

Além disso, os meios têm capacidade e potencialidade para gerar reflexão e têm um importante papel na divulgação de mensagens e informação. "A violência contra as mulheres constitui uma das violações aos direitos humanos mais estendida e silenciada do mundo. Em todos os contextos, em tempos de paz e na guerra, as mulheres e as crianças são agredidas, maltratadas, intimidadas, discriminadas, assassinadas", disse o texto do Observatório.

O Observatório analisou a relação de homens e mulheres com a notícia percebendo os profissionais de comunicação e como personagens da notícia. No período da pesquisa, os apresentadores das notícias foram em 110 ocasiões homens e em 95 mulheres. Os repórteres foram 27 homens e 23 mulheres.

Quando a análise é feita com a fonte da matéria, no entanto, a disparidade entre o número de homens e mulheres é muito maior; foram 161 participantes de reportagens como personagens, enquanto as mulheres foram apenas 50. O tratamento dado às mulheres e aos homens "personagens" das entrevistas também é notório.

Entre os homens, eles são o personagem central da notícia em 90 matérias analisadas. São os porta-vozes de uma instituição 29 vezes, emitem sua opinião 19 vezes, participam de uma enquete popular em 16 ocasiões e foram ouvidos como especialistas cinco vezes. Mesmo em matérias que as imagens deixam claro a participação feminina, os homens são sempre procurados como porta-vozes.

Já as matérias feitas com as mulheres, revelam que essas são vistas como vítimas. O papel de vítima serve apenas para dramatizar a matéria. Os jornalistas não aprofundam a "relação de dominação-subordinação como ponto estruturante que habilita a violência de gênero", disse o Observatório. Ao apenas afirmarem que "um homem violou uma mulher", os comunicadores não se centram nos motivos fundamentais que permitem e perpetuam a violência de gênero.

As mulheres são chamadas majoritariamente para participarem de matérias que tenham opinião popular, ou do cidadão comum. Em 26,6% das vezes, elas são parte da matéria em função de uma relação familiar, como mãe, esposa, avó. "Do total de consultas a especialistas, só 28% foram realizadas em mulheres", disse o relatório. Assim, a discriminação de gênero se perpetua nos meios de comunicação em histórias e personagens.

Hermeto Pascoal - Lagoa da Canoa, Municipio de Arapiraca - 1984

01 - Ilza na Feijoada
(Hermeto Pascoal)
02 - Santa Catarina
(Hermeto Pascoal)
03 - Tiruliruli
(Hermeto Pascoal)
04 - Papagaio Alegre
(Hermeto Pascoal)
05 - Vai Mais Garotinho
(Hermeto Pascoal)
06 - Monte Santo
(Hermeto Pascoal)
07 - Casa de Farinha
(Hermeto Pascoal)
08 - Spock na Escada
(Hermeto Pascoal)
09 - Mestre Radames
(Hermeto Pascoal)
10 - Aquela Coisa
(Hermeto Pascoal)
11 - Frevo em Maceio
(Hermeto Pascoal)
12 - Desencontro Certo
(Hermeto Pascoal / Joao Ba)
13 - 7 x 88
(Hermeto Pascoal)



Download aqui

Carol Saboya - Sessão Passatempo (2000)




download





Para não esquecer....

44 anos do Golpe de Abril


Passados 44 anos, na data de hoje – coincidindo com o dia em que o imaginário popular consagra ao “dia da mentira” –, era rompida a legalidade democrática instituída no Brasil com a Carta de 1946.


Por Caio Navarro de Toledo*



Diante da questão – golpe ou revolução –, caberia lembrar as palavras de um eminente protagonista dos idos de abril. Num depoimento, em 1981, Ernesto Geisel, que por cinco anos foi presidente na ditadura militar (1974-1979), declarou: “o que houve em 1964 não foi uma revolução. As revoluções se fazem por uma idéia, em favor de uma doutrina”. Para o vitorioso de abril, o movimento se fez contra Goulart, contra a corrupção, contra a subversão. Estritamente falando, afirmou o general, o movimento liderado pelas Forças Armadas não era a favor da construção de algo novo no país.


Embora lúcidas – na medida em que rejeitam a noção de Revolução –, as formulações do ex-ditador podem ser objeto de uma contraleitura. É possível, pois, ressignificar todos os contras presentes no depoimento do militar brasileiro. Mais apropriado seria então afirmar que 1964 representou um golpe contra a incipiente democracia política brasileira; um movimento contra as reformas sociais e políticas; uma ação repressiva contra a politização das organizações dos trabalhadores e do rico debate ideológico e cultural que estava em curso no país.


Em síntese, no pré-64, as classes dominantes e seus aparelhos repressivos e ideológicos – diante das legítimas iniciativas e reivindicações dos trabalhadores (no campo e na cidade) e de setores das classes médias –, apenas vislumbravam “crise de autoridade”, “subversão da lei e da ordem”, “quebra da disciplina e da hierarquia” e “comunização” do país. Por vezes, expressas de forma altissonante e retórica, tais demandas, em sua substância, reivindicavam o alargamento da democracia política e a realização de reformas do capitalismo brasileiro.


Em toda nossa história republicana, o golpe contra as frágeis instituições políticas do país se constituiu em ameaça permanente. O fantasma do golpe rondou, em especial, os governos democráticos no pós-1946 e, com maior intensidade, a partir dos anos 1960. Pode ser dito que o governo Goulart nasceu, conviveu e morreu sob o espectro do golpe de Estado. Em abril de 1964, o golpe – permanentemente reivindicado por setores da sociedade civil – foi, então, definitivamente vitorioso.


O golpe paralisou um rico e amplo debate político, ideológico e cultural que se processava em órgãos governamentais, partidos políticos, associações de classe, entidades culturais, revistas especializadas (ou não), jornais etc. Nos anos 1960, conservadores, liberais, nacionalistas, socialistas e comunistas formulavam publicamente suas propostas e se mobilizavam politicamente para defender seus projetos sociais e econômicos.


Se o governo Goulart e as forças progressistas tiveram alguma parcela de responsabilidade pelo agravamento da crise política no pré-1964, deve-se, contudo, enfatizar que quem planejou e desencadeou o golpe contra a democracia foram as classes dominantes* – apoiadas por setores médios e incentivadas por órgãos governamentais norte-americanos (Embaixada dos EUA, Departamento de Estado, Pentágono e outras agências de segurança) – e facções duras das Forças Armadas brasileiras, representadas pela alta oficialidade.


Destruindo as organizações políticas e reprimindo os movimentos sociais de esquerda e progressistas, o golpe foi saudado pelas classes dominantes e seus ideólogos, civis e militares, como uma autêntica Revolução – com a virtude maior de ter sido um movimento que, de forma “pacífica”, derrotou a “subversão comunista” e a “iminente” ameaça do socialismo...


Aliviadas por não terem de se envolver militarmente no país, as autoridades norte-americanas, de imediato, congratularam-se com os militares e políticos brasileiros pela “solução” que encontraram na superação da “crise política” vivida pelo país. Uma nova (e grandiosa) Cuba ao sul do Equador, era, assim evitada, avaliou a administração do presidente norte-americano Lyndon Johnson.


O governo João Goulart ruiu como um castelo de areia. As classes populares e trabalhadoras estiveram ausentes das manifestações e passeatas – lideradas por segmentos das classes médias e financiadas pelo empresariado – que, em algumas capitais do país, pediam a destituição de Goulart. Revelavam, inclusive, certa simpatia pelo governo reformista de Jango; no entanto, nada fizeram para evitar a sua derrubada em abril de 1964.


As forças políticas de esquerda que afirmavam representar os trabalhadores e os setores populares nenhuma ação significativa desenvolveram para impedir o golpe político-militar. Como bem se sabe, o golpe de 1964 não foi um raio em céu azul pois, desde agosto de 1961 (com o fracasso do veto à posse de Goulart após a renúncia de Jânio Quadros), era ostensiva a conspiração da direita civil e militar


Desarmadas, desorganizadas e fragmentadas, as forças progressistas e de esquerda nenhuma resistência ofereceram aos golpistas. Alegando que não queria assistir uma “guerra civil” no país, Goulart negou-se a atender alguns apelos de oficiais legalistas no sentido de ordenar uma ação repressiva – de caráter meramente intimidatório – contra as frágeis forças sediciosas que vinham de Minas, comandadas pelo obscuro General Mourão Filho. Preferiu o exílio, não o enfrentamento político contra seus adversários.


No calor da hora, algumas lideranças de esquerda afirmavam que os golpistas, caso ousassem quebrar a ordem constitucional, teriam suas “cabeças cortadas”. Era, pois, uma metáfora. Com a ação dos “vitoriosos do abril”, esta expressão se tornou uma dura e cruel realidade para muitos homens e mulheres, vítimas da ditadura militar que sobreviveu durante 20 anos.


As forças políticas e sociais, hoje comprometidas com o aprofundamento da democracia política e com a realização de reformas sociais e econômicas no capitalismo brasileiro não devem se silenciar sobre este evento que marcou a história política brasileira. Passados 44 anos, nada há, pois, a comemorar. Ao contrário, devemos sempre relembrar: Ditadura, nunca mais!


* Professor colaborador da Unicamp, autor de O governo Goulart e o golpe de 1964, Editora Brasiliense e 1964: visões críticas do golpe (org.), Editora Unicamp; fonte: www.pt.org.br


* Em escritos recentes, alguns historiadores têm afirmado que, no pré-1964, setores da esquerda – por “não morrerem de amores pela democracia”– também tinham projetos golpistas. Não fornecem, contudo, evidências para demonstrar esta hipótese. Fornecem, sim, argumentos para que se fortaleça a idéia de que o golpe de 1964 teria sido um contragolpe preventivo. Certamente, a direita brasileira não pode senão manifestar sua satisfação com estas infundadas insinuações – expostas, publicamente, por ocasião dos eventos ocorridos em 2004 (seminário, artigos, entrevistas etc) por alguns historiadores e cientistas políticos progressistas.