sexta-feira, 11 de abril de 2008

Jornal Nacional' contra MST: os novos terroristas da mídia



Marcelo Salles


Poucas vezes uma reportagem foi tão distorcida quanto a do Jornal Nacional de quarta-feira (9/4) a respeito do MST. Nos dois minutos e vinte e quatro segundos da matéria busca-se a criminalização dos camponeses. Para tanto, imagens e palavras são cuidadosamente articuladas para transmitir ao telespectador a idéia de que os militantes do MST é quem são os responsáveis por todo o medo que ronda os paraenses.


Logo na abertura da matéria, o fundo escurecido por trás do apresentador exibe a sombra de três camponeses portando ferramentas de trabalho em posições ameaçadoras, como a destruir a cerca cuidadosamente iluminada pelo departamento de arte da emissora. Quando os militantes aparecem nas imagens, estão montando o acampamento e utilizando folhas de palmeiras - naturalmente já arrancadas das árvores.


Quando a matéria corta para ouvir a opinião de um empresário local, ele tem ao fundo exatamente uma folha de palmeira, só que firme no solo - e vistosa, viva. O representante da Vale do Rio Doce é o que tem mais tempo para se manifestar, tanto tempo que até gagueja - e balbucia: "Esses movimentos... estão (nos) impedindo de trabalhar".


Em nenhum momento os representantes do MST são ouvidos, o que contraria, inclusive, as próprias regras do jornalismo da Globo. Mas quando os interesses comerciais de empresas amigas estão em jogo, no caso a Vale, tudo indica que essas regras são postas de lado.


Versão única


Outro dado marcante desta reportagem veiculada pelo Jornal Nacional é a descontextualização dos fatos. O telespectador é apenas informado que o MST "ameaça invadir a Estrada de Ferro Carajás, da companhia Vale", mas não se explica que esta ação direta tem uma origem: a privatização fraudulenta da Vale do Rio Doce.


A companhia foi leiloada, em 1997, por R$ 3,3 bilhões. Valor semelhante ao lucro líquido da empresa obtido no segundo trimestre de 2005 (R$ 3,5 bilhões), numa clara demonstração do prejuízo causado ao patrimônio do povo brasileiro. Desde então, cidadãos e cidadãs vêm promovendo manifestações políticas e ações judiciais que têm por objetivo chamar a atenção da sociedade brasileira e sensibilizar as autoridades competentes para anular o processo licitatório.


Se há uma diferença brutal entre discordar de uma determinada opinião e omiti-la, este caso torna-se ainda mais grave porque não se trata de uma opinião, e sim de um fato político: a privatização da Vale está sendo questionada na Justiça - e com grandes chances de ser revertida. Ao sonegar esta informação, a Globo comete um crime e deveria ser punida pelos órgãos competentes.


Com a mesmíssima parcialidade age o jornal O Globo. A reportagem publicada na mesma quarta (9) sobre o MST não deixa dúvidas quanto ao lado assumido pela publicação. A chamada na primeira página diz tudo: "MST desafia a Justiça e volta a ameaçar a Vale"; o pequeno texto, logo abaixo, aprofunda a toada:


"O MST ameaça descumprir ordem judicial e invadir novamente a ferrovia de Carajás, da Vale, no Pará. Moradores da região estão atemorizados, com a cidade cercada por mais de mil militantes do MST, a quem acusam de terrorismo".


A reportagem principal, à página 9, é acompanhada de outra de igual tamanho. Ambas ouvem apenas a versão da mineradora privatizada pelo governo tucano de FHC. Imediatamente abaixo, como a reforçar a visão policialesca, uma fotografia de um homem morto sobre o título: "Em Porto Alegre, um flagrante de homicídio". Nenhum dos dois veículos (O Globo e JN) registrou o apoio recebido pelo MST por artistas, intelectuais e lideranças partidárias.


Lugar na história


Esta falsa preocupação do Globo com a defesa do povo brasileiro não é de agora. O mesmo jornal que hoje sugere que os militantes do MST são terroristas por atemorizar os paraenses procedeu da mesma forma há 44 anos, quando um golpe de Estado derrubou o presidente constitucional João Goulart. Em texto editorial do dia 2 de abril de 1964, O Globo assinalou:


"Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas (...) para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas (...), o Brasil livrou-se do Governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições. (...) Poderemos, desde hoje, encarar o futuro confiantemente (...) Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares, que os protegeram de seus inimigos. (...) Aliaram-se os mais ilustres líderes políticos, os mais respeitados Governadores, com o mesmo intuito redentor que animou as Forças Armadas. Era a sorte da democracia no Brasil que estava em jogo.(...) A esses líderes civis devemos, igualmente, externar a gratidão de nosso povo.(...) Se os banidos, para intrigarem os brasileiros com seus líderes e com os chefes militares, afirmarem o contrário, estarão mentindo, estarão, como sempre, procurando engodar as massas trabalhadoras, que não lhes devem dar ouvidos (...)."


Assim como para o Globo os inimigos do passado eram aqueles que se insurgiam contra a ditadura que seqüestrou, torturou e matou milhares de brasileiros, hoje os terroristas são aqueles que lutam contra as multinacionais que roubam o patrimônio público, danificam o meio ambiente e produzem graves problemas sociais. É exatamente por isso que ao interromper o fluxo de exportação de uma dessas empresas os militantes do MST acertam em cheio no sistema nervoso do capitalismo.


Dotados apenas de enxadas e coragem, os sem-terra enfrentam jagunços armados, policiais e poderosos grupos de comunicação - esse coquetel que tem como objetivo massacrar o povo organizado. Assim é que os militantes do MST ensinam ao povo brasileiro: não é uma luta justa, mas é uma luta que pode ser vencida.


Por outro lado, o jornalismo das Organizações Globo mais uma vez revelou seu caráter covarde e submisso. Aliou-se aos poderosos e rasgou o juramento profissional da categoria, sobretudo no seguinte trecho:


"A Comunicação é uma missão social. Por isto, juro respeitar o público, combatendo todas as formas de preconceito e discriminação, valorizando os seres humanos em sua singularidade e na luta por sua dignidade."


Mas não há de ser nada. A História vai se ocupar de reservar a cada qual seu devido lugar.

( do Observatório da Imprensa)

O JEITO "NOVO" DE GOVERNAR....

Instituto de Educação mobilizado contra afastamento de professores


Professores e funcionários do Instituto de Educação General Flores da Cunha, em Porto Alegre, reúnem-se nesta sexta-feira para discutir a situação dos profissionais especializados que atuam com alunos portadores de necessidades especiais, informa a assessoria de imprensa do CPERS/Sindicato. A Secretaria Estadual da Educação quer afastar do Instituto de Educação seis profissionais especializados em atender alunos com necessidades especiais. Dos seis, três trabalham com alunos com necessidades especiais; os demais estão trabalhando em outras funções, um dá aulas para o magistério, outro está no laboratório de informática e um terceiro cuida dos serviços de reprografia.

Na segunda-feira, os educadores se reunirão com os pais para discutir o problema. Não está descartada uma greve na escola. Segundo levantamento da escola, o índice de aprovação dos estudantes que têm o acompanhamento destes profissionais é de 80%. Segundo o CPERS, a política do governo Yeda Crusius tem sido a de colocar os alunos com necessidades especiais junto com os demais, sem que haja preparação dos espaços físicos e dos professores que atuam nas turmas em que estes alunos incluídos.

Este problema, alerta o sindicato, não é só do Instituto de Educação. Em Cachoeira do Sul, a Escola Estadual de Educação Básica Borges de Medeiros também teve o setor que atende alunos com necessidades especiais fechado.

Créditos:

MORALES DIZ QUE CIA TINHA ESCRITÓRIO NO PALÁCIO; CORREA QUER OEA SEM OS ESTADOS UNIDOS

Luiz Carlos Azenha

lp2002.jpg

SÃO PAULO - Os governos da Bolívia e do Equador informaram nas últimas horas que foram vítimas de infiltração por parte de agentes a serviço da Central de Inteligência Americana, a CIA. "Depois de dois ou três meses [no poder], nos demos conta de que no Palácio [Quemado], havia um escritório da CIA", disse Evo Morales, acrescentando que as informações eram repassadas para a CIA "a pretexto da luta contra o terrorismo." O escritório era coordenado por um general da polícia boliviana.

Morales fez a afirmação durante um discurso em Santa Cruz, o departamento da Bolívia que no próximo dia 4 de maio realiza um referendo autonômico. "Os gringos pagavam um escritório no Palácio!", afirmou. O presidente boliviano disse também que a Embaixada dos Estados Unidos em La Paz encabeça uma "conspiração" para derrubá-lo. De acordo com Morales, parte da campanha é promovida pela United States Agency for International Development, USAID, através de financiamento a grupos da sociedade civil. O embaixador americano na Bolívia é Philip Goldberg, considerado um especialista em lidar com movimentos separatistas, tendo servido anteriormente em Pristina, Kosovo, de 2004 a 2006.

Acusações contra a CIA são uma ferramenta política freqüente na América Latina, um instrumento de vitimização que rende dividendos políticos. Pero que las hay, hay...

No Equador, o vice-ministro de Defesa, Miguel Carvajal, informou que vai investigar se existem no país redes de inteligência repassando dados à Colômbia e à CIA, assim como ligadas à guerrilha das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e dos paramilitares colombianos.

A investigação foi determinada pelo presidente Rafael Correa, que formou uma comissão civil e militar para "por fim a essas práticas." Correa manifestou a suspeita de que órgãos de inteligência estrangeiros - dentre os quais a CIA - tinham contatos extra-oficiais com integrantes de seu governo. Isso teria ficado claro durante a crise diplomática que teve início quando a Colômbia violou a fronteira do Equador e destruiu um acampamento das FARC, matando o número dois da guerrilha, de codinome Raúl Reyes.

As relações diplomáticas entre os dois países permanecem congeladas, apesar da sugestão da Organização dos Estados Americanos (OEA) de que fossem retomadas como primeiro passo para resolver a disputa. O relatório feito pela OEA sobre o ataque militar apresenta versões conflitantes. A Colômbia diz que atirou as bombas de seu território e realizou uma incursão para resgatar o corpo de Raúl Reyes e documentos da guerrilha. O Equador diz que foram usados mísseis do arsenal dos Estados Unidos, disparados de aviões que sobrevoavam território equatoriano.

O incidente pôs fim ao avanço do chamado acordo humanitário, pelo qual as FARC vinham libertando reféns de forma unilateral com a mediação do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. O governo da França negociava, através de Raúl Reyes, a libertação da franco-colombiana Íngrid Betancourt, que permanece refém da guerrilha.

Numa demonstração de que a crise diplomática está longe de se resolver, o presidente do Equador manifestou seu desagrado com a atuação da OEA propondo a formação de uma Organização dos Estados Latino-Americanos e denunciou formalmente a Colômbia na Corte Internacional de Justiça. O Equador alega que a fumigação feita por aviões colombianos para destruir as plantações de coca causa danos ambientais, contamina os rios da fronteira e ameaça a saúde dos moradores da região.


Gabor Szabo - Bacchanal - 1968

http://i306.photobucket.com/albums/nn266/photoapo/Covers/GSzabo_Bacchanal.jpg

Gabor Szabo - Bacchanal (1968)



Personagens:
Gabor Szabo (Guitar)
Jim Stewart (Guitar)
Hal Gordon (Percussion)
Jimmy Keltner (Drums)
Louis Kabok (Bass Guitar)

Faixas:
1. Three King Fishers (Donovan Leigh)
2. Love Is Blue (Bryan Blackburn/Cour/Andre Popp)
3. Theme From Valley of the Dolls (Andre Previn)
4. Bacchanal (Gabor Szabo)
5. Sunshine Superman (Donovan Leigh)
6. Some Velvet Morning (Lee Hazlewood)
7. The Look of Love (Burt Bacharach/Hal David)
8. The Divided City (Gabor Szabo)

Download abaixo:
http://w16.easy-share.com/1700095617.html


quinta-feira, 10 de abril de 2008

Carta Aberta em Defesa da Amazônia e dos Direitos do Povo
Sakamoto


Os movimentos sociais da Via Campesina, as pastorais, o Greenpeace, entidades defensoras do nosso meio ambiente, juristas e especialistas no tema, estão iniciando uma campanha de envio de cartas aos representantes do poder executivo e do legislativo, para manifestar contra a ofensiva do capital para tomar os recursos naturais existentes na Amazonia.


O texto segue abaixo. Quem quiser participar da campanha, pode enviar a carta diretamente para os políticos ou para o e-mail viacampesinabrasil@gmail.com até o dia 15 de abril, com nome, entidade, função e cidade. No dia 17 de abril, o documento será entregue no Palacio do Planalto e nas Presidências da Câmara dos Deputados e do Senado.

AO EXMO. SR. PRESIDENTE DA REPÚBLICA, LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA (pr@planalto.gov.br)

AO EXMO. SR. PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, ARLINDO CHINAGLIA (presidencia@camara.gov.br

AO EXMO. SR. PRESIDENTE DO SENADO FEDERAL, GARIBALDI ALVES (presid@senado.gov.br)

AOS EXMOS. SRS. LÍDERES PARTIDÁRIOS DA CÂMARA E DO SENADO

As entidades, movimentos sociais, pastorais, ONGs, cidadãos e cidadãs abaixo assinados, extremamente preocupados com a edição de medidas provisórias e tramitação de propostas legislativas que ameaçam as nossas florestas, a biodiversidade, a natureza, o modo de produção camponês e de comunidades indígenas, a água, o patrimônio público, os direitos sociais e as conquistas históricas do povo brasileiro, vêm, mui respeitosamente, se dirigir a Vossas Excelências para solicitar a rejeição de todas as propostas que seguem:

1. O Projeto de Lei 6.424/85, de autoria do Senador Flexa Ribeiro, PSDB, da bancada ruralista do Pará, já aprovado no Senado Federal e em tramitação na Câmara dos Deputados, que visa diminuir a área de reserva legal florestal da Amazônia de 80% para 50%, para viabilizar o plantio de palmáceas, eucalipto, grãos e cana-de-açúcar para os agro-combustíveis, como se fossem florestas; além de anistiar as multas dos madeireiros e agressores do meio ambiente e possibilitar a existência de vastas áreas sem cobertura florestal no país. Daí porque esse projeto, que certamente contribuirá para mudanças climáticas e o aquecimento global, vem sendo chamado de projeto “Floresta Zero” no Brasil.

2. A Medida Provisória 422/08, já conhecida “PAG (Plano de Aceleração da Grilagem)”, que, atendendo a interesses da bancada ruralista (pois é cópia fiel de um projeto de lei do Deputado Asdrúbal Bentes, do PMDB-Pará), possibilita a legalização da grilagem na Amazônia. Isso porque a referida MP dispensa de licitação para aquisição das terras públicas – que são maiorias naquela região – os detentores de imóveis com até 1.500 hectares (enquanto a Constituição previa apenas 50 hectares e a lei de licitações estabelecia, até então, em no máximo 500 hectares). Aquele que ocupou ilegalmente terra pública – e aqui não são pequenos posseiros, mas grandes fazendeiros – vão ser premiados com a legalização de seus “grilos”, o que, certamente, ensejará a aceleração do processo de destruição da floresta amazônica.

3. A proposta de mudança constitucional, a PEC 49/2006, de autoria do Senador Sérgio Zambiasi, PTB/RS, que, atendendo a interesses das grandes multinacionais de papel e celulose, em especial a Stora Enso e a seita Moon, busca reduzir a faixa de fronteira nacional de 150 para 50 km, permitindo assim a aquisição de terras brasileiras por empresas estrangeiras na faixa de fronteira.

4. Os Decretos Legislativos 44/2007 e 326/2007, que pretendem sustar os efeitos do Decreto 4.887/2003, que regulamenta o procedimento para titulação das terras quilombolas. A pressão dos ruralistas já levou a um recuo do Governo, por meio da elaboração de uma nova Instrução Normativa do Incra (que a Advocacia Geral da União insiste em aprovar sem uma verdadeira participação dos quilombolas e da sociedade), que pode representar um verdadeiro retrocesso com relação às garantias dos direitos territoriais e socioculturais dos quilombolas, além de tornar o processo mais burocratizado e moroso.

Queremos também manifestar nossa total inconformidade com:

1. A liberação, por parte da Comissão Técnica de Biossegurança, bem como do Conselho de Ministros, do plantio e da comercialização do milho transgênico, para atender apenas aos interesses econômicos das grandes multinacionais de sementes (Monsanto, Bayer, Syngenta, etc,), desconhecendo todas as advertências feitas por órgãos do próprio governo. O Ibama, contrário à liberação, alerta para o risco de contaminação das espécies não transgênicas (o que já vem ocorrendo em várias partes do mundo) e a Anvisa, do Ministério da Saúde, considera que não se pode atestar a segurança daquele produto para a saúde humana, alertando para os riscos em especial para gestantes, lactantes e recém-nascidos. Recentemente, a França e a Romênia baniram de seus territórios o milho transgênico da Monsanto, o que já eleva para oito o número de países europeus que proíbem sua comercialização. Esperamos que o governo brasileiro reveja essa liberação, preservando assim o direito democrático das comunidades indígenas, dos camponeses e dos agricultores terem suas próprias sementes, uma vez que as sementes de milho transgênico, não podem conviver com outras variedades.

2. A pressão, exercida pelo Banco Mundial, pelo grande capital, pelas empresas transnacionais da energia, pelas grandes empreiteiras, para a concessão sumária, contrariando a legislação de preservação do meio ambiente, do licenciamento ambiental de grandes obras públicas e privadas - extremamente impactantes do ponto de vista socioambiental - do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento). Dentre elas, destacam-se as usinas hidrelétricas do complexo do Rio Madeira, em Rondônia, do Tijuco Alto, em São Paulo, de Estreito, em Tocantins/Maranhão, de Belo Monte no Pará, as obras do projeto de transposição do Rio São Francisco e a construção da usina nuclear de Angra III.

Esse cenário e situação ameaçam o futuro de nossas florestas, da biodiversidade, da água, da soberania nacional sobre os alimentos e sementes, e as condições de vida de milhões de brasileiros, que são camponeses, ribeirinhos, povos indígenas, quilombolas, sem terra e populações tradicionais de nosso país. A expansão do monocultivo da cana-de-açúcar, do eucalipto, do pínus, das grandes hidrelétricas e das sementes transgênicas é uma ameaça ambientalmente insustentável e socialmente injusta. São ameaças que se dirigem contra a saúde e a qualidade de vida de nossa população.

Por isso, apelamos para as autoridades do poder executivo e do legislativo, para que rejeitem essa ofensiva dos interesses do grande capital e garantam o respeito à nossa saúde e qualidade de vida, à biodiversidade e diversidade cultural, aos nossos direitos e ao patrimônio público.

enviada por Sakamoto

Paco de Lucía - 3

Download aqui

img100/7247/pacodelucia1987sirocofrvo8.jpg

1 La cañada
2 Mi niño Curro
3 La barrosa
4 Caña de azúcar
5 El pañuelo
6 Callejón del muro
7 Casilda
8 Gloria al niño Ricardo


Download aqui

img100/3850/zyryabrl3.jpg

Soniquete (Bulerías)
Tío Sabas (Tarantas)
Chick
Compadres
Zyryab
Canción de amor
Playa del Carmen (Rumba)
Almonte (Fandangos de Huelva)

img392/7153/712991286a2860233721b23it2.jpg

créditos: LooLoBLog


O desmonte da Emater no RS


Aurio Paulo Scherer, coordenador Estadual do Movimento de Pequenos Agricultores (MPA) e vice-presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Arroio do Meio, denuncia os impactos do desmonte da Emater no RS:

"Logo no início do governo os desmontes na área da saúde e na educação vieram com voracidade, inescrupulosamente, sem discussão com a sociedade gaúcha. Não bastasse isso, nos deparamos com outra surpresa que vai atingir a produção primária do RS em cheio, as mais de 400 mil famílias de pequenos agricultores que produzem boa parte das riquezas do estado: as 400 demissões na Emater. Um órgão conhecido, reconhecido e respeitado nas comunidades rurais e co-responsável pelos alimentos que nós colocamos a mesa do povo gaúcho.

A Emater hoje está moribunda por conta de um Governo Estadual que apenas nos induz a entender que a única coisa que vai sanar as finanças do RS é deixar o povo doente, sem remédios, sem médicos, sem professores, sem transporte escolar, com salas de aula com alunos "amontoados" tendo formação deficiente. Tudo isso nos prejudicará e conseqüentemente o próprio Estado, pois estaremos mais pobres culturalmente e despreparados para o crescimento. Decididamente, o povo gaúcho não merece tanto desprezo.

As demissões na Emater, esvaziando-a, trarão prejuízos irreparáveis aos pequenos agricultores, aos pequenos municípios que têm a economia baseada na produção primária. Perde-se um patrimônio humano, construído a duras penas, ao longo dos anos, como se fossem simples mercadorias para serem descartadas por um telefonema demissionário. Assitiremos em breve em números a decadência da produtividade agrícola do Estado. Foi o serviço dos profissionais da Emater, abnegados, que melhoraram a nossa produtividade, melhoraram o bem estar social das nossas famílias, não raras vezes experimentada na área da saúde e da alimentação, trouxeram cultura e qualidade de vida aos agricultores e a comunidade em geral.

Espero que esta dura lição também nos sirva para uma profunda reflexão nas eleições futuras de 2010, pois eles só têm uma chance de voltar: se nós, o povo, votarmos neles. Que esse fato lamentável das demissões da Emater sirva de exemplo para não incorrermos nos mesmos erros, alcançar o relho para quem quer nos surrar".

Créditos:
LADRÕES DE BICICLETA (Ladri di Biciclette, ITA, 1948)



Formato: RMVB
Áudio: Italiano
Legendas: Português (embutidas)
Duração: 1:26
Tamanho: 479 MB (05 partes)
Servidor: Rapidshare


LINKS:
http://rapidshare.com/files/105655232/Ladri_di_Biciclette_1948_DD.part1.rar.html
http://rapidshare.com/files/105668154/Ladri_di_Biciclette_1948_DD.part2.rar.html
http://rapidshare.com/files/105681602/Ladri_di_Biciclette_1948_DD.part3.rar.html
http://rapidshare.com/files/105692802/Ladri_di_Biciclette_1948_DD.part4.rar.html
http://rapidshare.com/files/105708297/Ladri_di_Biciclette_1948_DD.part5.rar.html

Direção: Vittorio De Sica
Roteiro: Cesare Zavattini, baseado em estória de Oreste Biancoli, Suso Cecchi d'Amico, Vittorio De Sica, Adolfo Franci, Gerardo Guerrieri e Cesare Zavattini e em romance de Luigi Bartolini
Produção: Giuseppe Amato e Vittorio De Sica
Música: Alessandro Cicognini
Fotografia: Carlo Montuori
Desenho de Produção: Antonio Traverso
Edição: Eraldo da Roma
Créditos: F.A.R.R.A - dylan dog

Elenco:
Lamberto Maggiorani (Antonio Ricci)
Enzo Staiola (Bruno)
Lianella Carell (Maria)
Gino Saltamerenda (Baiocco)
Vittorio Antonucci (Ladrão)

Sinopse: A história se passa logo após a Segunda Grande Guerra, com a Itália destruída e o povo passando necessidade. Ricci (Lamberto Maggiorani) consegue um emprego após muita espera. Só que esse emprego, de colador cartazes na rua, lhe pedia como obrigação uma bicicleta. Ricci e sua mulher Maria (Lianella Carell) conseguem um dinheiro para uma, possibilitando que ele realize o seu trabalho. Há também o menino Bruno (Enzo Staiola), filho do casal. Fascinado por bicicletas, o menino cai de cabeça com o pai na busca pela bicicleta que lhes foi roubada, quando Ricci trabalhava apenas em seu primeiro dia.

TRAILER (em inglês)



Ladrões de Bicicleta é um dos filmes integrantes do Neo-Realismo, movimento originário na Itália no meio dos anos 40 que contava histórias de conseqüências da guerra, ou então resistências durante a mesma; movimento que possui alguns dos melhores filmes da história do cinema. Além do filme em questão, Roma, Cidade Aberta (de Roberto Rossellini, com roteiro do gênio Frederico Fellini), Obsessão e A Terra Treme (ambos de Luchino Visconti) são outros clássicos inesquecíveis presentes no movimento. Quem dirige Ladrões de Bicicleta é Vittorio de Sica, o mesmo por trás das lentes de Milagre em Milão e O Teto, o poeta do Neo-Realismo, o sentimental do triângulo básico neo-realista. Era o homem das emoções, o que ia direto aos corações italianos.

Vale citar que, por causa do medo da imagem que a Itália tinha com o que os filmes mostram, os neo-realistas sofriam diversas repressões, o que levou todos os diretores a abandonar esse estilo de filmar pouco depois. Diversas pessoas são mostradas desesperadas, atrás de emprego, fazendo qualquer coisa. Mostra-se também o mercado negro, representado pelo mercado de bicicletas, e o desespero humano, até onde uma pessoa pode chegar. Aliás, é nisso que o filme se baseia, na degradação humana pela necessidade, em busca do que hoje para muitos pode ser banal. O desespero de forma crua e imprevisível, tudo com o toque sentimental inconfundível De Sica à obra.




A história de Ladrões de Bicicleta se passa logo após a segunda grande guerra, com a Itália destruída e o povo passando necessidade. Ricci (interpretado pelo amador Lamberto Maggiorani) consegue um emprego após muita espera. Só que esse emprego (de colar cartazes na rua) lhe pedia como obrigação uma bicicleta, já que ele deveria se locomover muito e andando não seria uma boa opção, por causa do tempo que seria desperdiçado. Sem dinheiro, Ricci e sua mulher Maria (interpretada por Lianella Carell) conseguem dinheiro para uma bicicleta, possibilitando Ricci de realizar o seu trabalho. Na história há também o menino Bruno, interpretado por Enzo Staiola, filho do casal de aparentemente 10 anos, no máximo. Fascinado por bicicletas, o menino cai de cabeça com o pai na busca pela bicicleta que lhe foi roubada, enquanto Ricci trabalhava em seu primeiro dia. Esse roubo é o empurrão para o desenrolar do filme, a busca incansável de Ricci, seu filho e amigos para recuperar o objeto não só de trabalho, mas de esperança de uma vida melhor da família.

A cena em que Ricci consegue sua bicicleta e sai para o primeiro dia de trabalho é antológica. Só de lembrar da música eu me arrepio, a felicidade era completamente expressada na cena, a esperança de um futuro melhor, tudo. E a fotografia tem um papel importantíssimo na obra, além da música. Com o decorrer do filme, ambos vão ficando cada vez mais pessimistas, escuros, fúnebres. O clímax se desfaz com mais uma cena antológica, inesquecível, não há como não sentir pena do personagem.



Outro ponto que queria ressaltar é a utilização de atores amadores na obra. Por causa da falta de verbas (e até mesmo do desemprego que rondava a época), muitos filmes neo-realistas eram rodados com 100% do elenco de atores amadores, como aqui em Ladrões de Bicicleta. Alguns casos à parte, como Roma, Cidade Aberta, faziam uma mistura de amadores com profissionais. De Sica sabia sempre como ninguém guiar seus atores, e este filme é um perfeito exemplo disso. Não há como, em nenhum momento do filme, você afirmar que aquelas pessoas em frente à câmera não são convincentes. Quando era necessário, recursos mais pesados eram usados, como na cena em que Bruno tinha que chorar após apanhar o pai. Enzo não conseguia chorar, então o que fizeram? Colocaram cigarros da produção em seu bolso e começaram a acusá-lo de roubo. Ofendido, o menino começou a chorar de verdade. Cena que De Sica captou com perfeição e adaptou de maneira mais magistral ainda à trama. Ah, outra curiosidade interessante (porém, nada feliz) é que muitas das cenas desse tipo de filme eram rodadas em céu aberto. Isso porque os estúdios italianos estavam todos ocupados com pessoas desabrigadas da guerra.



Ladrões de Bicicleta com certeza é um filme que irá não só lhe entreter, mas também emocionar. Não há como ficar indiferente a esta magnífica obra de De Sica, sentimentalista. Uma triste realidade, mas que é colocada de uma forma toda especial, reflexiva. Quem se considera um cinéfilo de plantão, filme obrigatório para se assistir e ter em sua videoteca caseira.
Rodrigo Cunha - www.cineplayers.com



Análise crítica - www.telacritica.org/LadroesDeBicicleta.htm

Premiações:

- Oscar especial de melhor filme em língua estrangeira, além de ter sido indicado na categoria de Melhor Roteiro.

- Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro.

- BAFTA de Melhor Filme.

- Prêmio Bodil de Melhor Filme Europeu.

- Prêmio Especial do Júri, no Festival de Locarno.


quarta-feira, 9 de abril de 2008

GRANDE CHAVEZ...

VENEZUELA RENACIONALIZARÁ SIDERÚRGICA SIDOR--FONTES

CARACAS (Reuters) - O governo venezuelano renacionalizará a maior siderúrgica do país, a Ternium Sidor, na segunda grande aquisição de ativos de companhias estrangeiras em uma semana.
Depois de anunciar a estatização da indústria cimenteira do país, fontes do sindicato e do governo disseram nesta quarta-feira que a Sidor voltará ao controle de Caracas.
O secretário-geral do sindicato da Sidor, Nerio Fuentes, afirmou que o vice-presidente da Venezuela informou à companhia e aos funcionários sobre a decisão tomada em reunião realizada no final da terça-feira.
"Estamos aqui comemorando em assembléia a decisão de que a Sidor retornará às mãos do Estado", disse Fuentes à Reuters em entrevista por telefone. Um ministro do governo que pediu para não ser identificado confirmou a decisão de nacionalização.
No fim de semana, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, afirmou que seu governo assumiria a responsabilidade na negociação com a companhia em uma disputa trabalhista que envolve pagamento dos funcionários e que gerou uma série de greves regulares nos últimos meses.
Chávez fez uma série de ameaças de tomar o controle da produtora de aço no ano passado, em um momento em que ele estava aumentando o controle do governo sobre a economia, num impulso de nacionalização.
Ele renovou sua campanha na semana passada, quando ordenou a nacionalização da maior empresa de cimento do país, totalmente controlada por estrangeiros.
Em ambos os casos, Chávez reclamou que as empresas não estavam priorizando de maneira suficiente o abastecimento do mercado venezuelano.
Representantes da Techint, a empresa argentina que controla a Sidor, não estavam imediatamente disponíveis para comentar o assunto. A companhia detém 60 por cento do capital da siderúrgica e o governo venezuelano possui outros 20 por cento. O restante está nas mãos de trabalhadores e ex-funcionários da empresa.
A brasileira Usiminas detém participação na Ternium. Representantes da empresa não comentaram imediatamente a decisão.
A Ternium Sidor, privatizada em 1997, é a principal siderúrgica da região andina e Caribe. As usinas principais estão próximas da cidade de Puerto Ordaz, no sudeste da Venezuela.
(Por Brian Ellsworth e Ana Isabel Martínez)

EXPANSÃO DA SOJA DEVASTA MEIO AMBIENTE NA ARGENTINA

argentina_map.jpg

ESTE MAPA MOSTRA A REGIÃO DE MAIOR CONCENTRAÇÃO DE PLANTIO DE SOJA DO MUNDO, A MAIOR PARTE TRANSGÊNICA: ARGENTINA, BRASIL E PARAGUAI; NELE APARECEM AS PROVÍNCIAS "SOJEIRAS" DA ARGENTINA, CITADAS ABAIXO: SANTIAGO DEL ESTERO, CHACO, CORRIENTES, ENTRE RIOS E SANTA FÉ.

do site Proteger.org.ar, da Argentina

A expansão da fronteira agrícola na Argentina, promovida fundamentalmente por grandes monocultivos de soja, produziu uma das maiores transformações econômicas, sociais, demográficas e ambientais da história do país. A superfície semeada com soja em 2007, com uma nova colheita recorde, alcançou a 16 milhões de hectares. Simultaneamente, a taxa de desmate de bosques nativos chegou, segundo dados oficiais, a superar várias vezes a média mundial - com enorme impacto na biodiversidade e em comunidades indígenas e tradicionais. Em quatro anos, o desmate cresceu quase 42%. O corte e as queimadas arrasaram mais de 1 milhão de hectares, a maioria agora com soja. Em 2007 se perdeu em média 821 hectares de bosques por dia, 34 hectares por hora.

No nordeste da Argentina - uma das áreas onde a soja constitui a principal atividade agrícola, a situação social revela, coincidentemente, os níveis de pobreza e indigência mais altos do país, segundo informações oficiais. As cinco cidades argentinas mais pobres estão na área sojeira: La Banda-Santiago del Estero, Concordia [província de Entre Rio], Corrientes, Resistencia e Santa Fé. Na região sojeira, a agricultura familiar e os pequenos produtores praticamente desapareceram, enquanto continua a migração rural até os assentamentos carentes das grandes cidades, onde cresce o desemprego, a violência urbana, a perda de identidade e a tensão social - que a sociedade e o Estado, a um altíssimo custo, devem suportar e atender.

Hoje, mais de 300 vilas rurais se extinguem; as casas em ruínas dos camponeses se levantam como testemunho mudo em meio aos imensos desertos verdes. Quando se viaja de Santa Fé a Buenos Aires, passando por Rosário, é habitual ter de fechar as janelas para não inalar diretamente o ar irrespirável e contaminado pelas fumigações [de herbicidas]. Quando se vai de Entre Rios a Córboda ou se usa a rota até Salta a paisagem é a mesma: o interminável verde da soja; já não se vê árvores, nem pássaros, nem gente. A soja atravessa as cercas, ocupa o acostamento e chega até o asfalto. As pessoas trabalhando em fazendas, circulando pelas vias rurais ou as crianças saindo das escolas já não estão lá. Nada indica que um dia voltem. Não se sabe para quê voltariam. Nem o que encontrariam.

Créditos: Blog do Azenha

Soledad Bravo - Caribe (1983)




download





De Jéssia para Isabella





Roberto Malvezzi

Oi, Isabella. Fiquei sabendo de sua morte. Fiquei imaginando como alguém pode pegar uma criança como você, maltratar, asfixiar e depois ainda atirar pela janela do apartamento. Nunca consegui entender essa crueldade humana. Acho até que nem humanos são. Por isso, acho até normal que tanta gente se interesse pela sua morte, embora grande parte goste mesmo de sensacionalismo ou apenas de ganhar audiência em seus programas.

Queria lhe dizer que eu também já morri. Um dia, no assentamento que eu morava, tive que buscar água no canal de irrigação para o pessoal lá de casa. Era sempre assim. A gente não tinha água no assentamento e eu tinha que roubar uns 20 litros por dia para nossa família beber. Teve uns tempos que fui sem terra. No assentamento, eu e minha família éramos sem água. Então, um dia, quando eu estava roubando um balde de água no canal de quinze metros de altura, caí e morri.

Gente como eu, os sem terrinha, não tem muito espaço na mídia. Quem sente nossa falta são apenas nossos pais e nossos amigos. É só no coração deles que deixamos algum vazio. De resto, viramos estatísticas. Sabe, a gente entra numa lista, mas ninguém conhece o rosto que está por detrás daquele número. São muitos que morrem aí por essas beiras de estrada, debaixo da lona preta, seja por um motivo ou por outro. Quando acontecem chacinas, as crianças também são mortas, assim como jovens e adultos. Mas a gente só busca ter um pedaço de terra, ter uma casa, poder estudar, ter os bens que todo mundo tem, como uma TV, uma geladeira e até mesmo um celular. Queremos também um Brasil justo e decente. Nem vamos falar dos adolescentes e crianças que morrem por arma de fogo, no tráfico, ou aqueles que morreram ainda na infância de dengue, fome, sede e outras misérias. O país onde nascemos ainda não é um lugar para gente. Nós duas sabemos bem.

Pois é, agora estamos as duas do lado de cá. Já não temos distância, tempo, classe social, nem preconceitos a nos separar. Vamos nos encontrar e sair brincando por aí. O infinito é nosso limite.

Roberto Malvezzi é coordenador da CPT.

Perspectivas da economia chinesa





Wladimir Pomar

Os pessimistas e críticos das reformas chinesas, à direita e à esquerda, não acreditam que as economias da China e de outras nações asiáticas possam ter o mercado interno como foco central e "descolar-se" das crises dos países centrais. Para eles, isso não passaria de um mito.

Em parte, têm razão. No atual estágio da globalização, nenhum país tem condições de se "descolar" do resto do mundo. Porém, é fraco seu argumento de que, se a inflação nos países centrais recrudescer, não haverá como sustentar os preços das commodities, levando muitos emergentes ao desastre. No caso da China, o "desastre" seria o crescimento de seu PIB cair de 11% para 8% ao ano.

Tal "desastre" será um alívio para a China. Desde 1999, ela busca reduzir seu ritmo de crescimento, justamente para 8% a 6% ao ano, de modo a reduzir a pressão sobre seus recursos e sobre sua infra-estrutura, e evitar tensões inflacionárias e sociais. Com um crescimento desses, a China poderá continuar contribuindo para o crescimento global.

Em 2007, essa contribuição foi de 17% do crescimento global, quase o mesmo que os Estados Unidos. Se mantiver um ritmo de crescimento de 8%, a China pode tornar-se a maior economia exportadora do mundo em 2009 ou 2010. Portanto, o que aqueles críticos precisariam explicar são os motivos pelos quais a China, e diversos países emergentes, estão reagindo à atual crise de forma muito diferente do que ocorria no passado, quando um simples espirro especulativo nos países centrais os levava à desordem econômica e financeira.

Com descolamento ou sem descolamento em relação aos países centrais, a tendência mais forte parece ser a de manutenção do crescimento da China e dos países em desenvolvimento, mesmo que num ritmo levemente menor. E o crescimento industrial da China deverá manter seu efeito de onda sobre os demais países emergentes, contribuindo diretamente para o excepcionalmente forte crescimento deles nos anos mais recentes.

Os planos chineses, para 2008 até 2010, mantêm os investimentos em ativos fixos, principalmente em economia energética e recuperação ambiental, como as locomotivas do crescimento. Além de já haver extinguido os impostos agrícolas, a China deve elevar todos os salários e tornar universais os serviços públicos nas zonas rurais e urbanas, reduzindo o atual desequilíbrio de rendas e as tensões sociais. O que fortalecerá o consumo da população que, em 2006 e 2007, foi relativamente fraco em comparação a outros componentes do PIB.

Em tais condições, ao invés de levar a China ao desastre, a queda do ritmo do crescimento de seu PIB, para 8%, pode servir para equilibrar seus diversos setores econômicos e ampliar seu mercado interno. Estamos diante de novos parâmetros, mesmo que não agradem a muitos.

Wladimir Pomar é analista político e escritor.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Não Te Vás Nunca!


Por Russ Howel.

A Revista Veja, edição 2.049 de 27 de fevereiro de 2008, colocou como reportagem de capa o título ‘JÁ VAI TARDE’ em relação a renúncia do Comandante Fidel Castro, e não obstante, irresignados com os argumentos da extrema direita incoerente, apresentamos e analisamos as 10 (dez) principais inverdades publicadas naquele periódico, a saber:

1º) “...visto o sofrimento que infligiu ao povo durante 49 anos como senhor absoluto de Cuba...”

Então se questiona, quais sofrimentos? Haja vista que Cuba enfrenta um bloqueio econômico imposto pelos Estadunidenses há mais de 40 (quarenta) anos, inviabilizando a comercialização com quaisquer países que mantenham relações comerciais com os Estados Unidos. Talvez o sofrimento imposto por Fidel seja a educação, onde os índices de analfabetismo chegam a quase 0%, isto para quem escreve de um país, no caso a nossa realidade, onde o número de analfabetos supera os 20% de toda a população, realmente talvez o autor da reportagem entenda ser um sofrimento para um povo ter que estudar em níveis de excelência e ter que trabalhar para mantê-los, sobretudo pelo fato de que os recursos externos são reduzidos ante o referido embargo imposto.

2º) “...foi pego exportando terroristas para insuflar a subversão em outros países...”

O autor se deixa conduzir pelo modismo Norte-Americano de utilização da palavra terrorista posta em prática pelo “César” George W. Bush, atual residente da Casa Branca. Destaque-se, no entanto, que o denominado terrorista por ele, é preferível chamar de membros da esquerda revolucionária que lutam por Justiça Social e contra governantes corruptos, como ocorreu em alguns países da América Latina e África, onde todos bebiam da fonte do internacionalismo revolucionário Cubano, recebendo a solidariedade do exército liderado pelo Comandante Fidel. Nenhum deles objetivava a apropriação do Estado por particulares, nem tão pouco a venda ao Capital estrangeiro das riquezas nacionais, ao contrário, rechaçavam todos essas idéias manipulados e influenciados pelo Imperialismo estadunidense.

3º) “...Todo político tem de ser bom mentiroso (está fazendo essa afirmação baseado na direita brasileira). Para ser Fidel é preciso, no entanto, ser um grande farsante. Ele é um dos maiores que a história conheceu. É presidente de uma nação paupérrima, mas vive como um cônsul romano que come lagosta quase todos os dias...”

Para fazer tal afirmação, o autor deve ter convivido durante meses com Fidel Castro, de forma familiar, tendo em vista que tal informação é publicada com exclusividade na imprensa mundial, ou seja, evidente o discurso inflamado sem argumentos sólidos que se baseiam em meras elucubrações, nada que se prove, mas tão somente um ponto de vista baseado tão somente nele mesmo.

4º) “...vive cercado de um aparato de segurança que parece um bunker ambulante...”

Lógico, não é apenas por ser Fidel, mas assim deve ocorrer com todo Chefe de Estado, e sobretudo ele que já sofreu mais de 600 (seiscentos) atentados pela Central de Inteligência Americana (CIA), muitos deles confirmados recentemente.

5º) “...o que será de Cuba depois que Fidel for se encontrar com Marx no céu dos comunistas?”

Tal questionamento não é digno de comentários, mas apenas de destaque por ter atingido, de forma desrespeitosa, elementos religiosos tais como a vida após a morte e a existência de Reino Celestial. Destaca-se tal frase apenas para demonstrar a rudeza e o desespero de tentar ofender, além da total ausência de argumentos.

6º) “...Fidel derrubou um sargento ignorante e corrupto, detestado pelos Cubanos e desprezado pelo mundo...”

O Sargento a que Fidel faz referência, no caso Fulgencio Batista, não era tão desprezado pelo mundo, na verdade mantinha boas relações com os Estados Unidos que o apoiavam.

7º) “...não fez isso apenas com seu grupo de guerrilheiros barbudos em Sierra Maestra...”

O autor demonstra total desconhecimento da História da América Latina contemporânea e da Revolução Cubana em específico, haja vista que Fidel, juntamente com Raul Castro, Ernesto Che Guevara, Camilo Cienfuegos, Célia Sánchez, e tantos outros, comandaram um pequeno exército de rebeldes que teve adesões posteriormente, desestabilizando e derrubando o governo de Fulgencio Batista, sem apoio externo, apenas de alguns Cubanos que residiam no exterior, de maneira que negar a atuação de Fidel e seus companheiros como sendo determinante para o êxito da Revolução Cubana, é querer negar a própria história.

8º) “...dois anos depois, aproveitou-se das rivalidades da Guerra Fria para instalar o comunismo e se tornar cliente da União Soviética...”

A parceria econômica com a ex-URSS que durou décadas originada também do embargo econômico imposto pelos Estados Unidos, impossibilitando assim a comercialização com quase todo o ocidente, principalmente as nações da América Latina que se viram enclausuradas pelas ditaduras financiadas pelo capital Norte Americano.

9º) “...o governo de Fidel Castro é agente do maior fracasso material da história das ditaduras latino-americanas.”

O que nos chama a atenção são os insultos, eis que o melhor nível educacional primário da América Latina encontra na referida Ilha Caribenha, além dos médicos, que em virtude da formação acadêmica bem como da sua atuação, são reconhecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), como de excelência, de maneira que o fracasso material alegado não condiz com a realidade. Ademais, a igualdade social e igualdade de oportunidade foram alcançadas com êxito pelo sistema Socialista Cubano.

10º) “...na verdade, os indicadores sociais Cubanos pré-Fidel eram excelentes nos quesitos educação e saúde...”

Também outra afirmação sem o menor fundamento, eis que na Cuba Pré-Fidel, o índice de analfabetismo girava em torno de 23%, reduzido a quase 0% atualmente. Na saúde, por sua vez, “...a média de óbitos era de catorze pacientes por dia. Em 1947, num só dia morreram oitenta pacientes, de desnutrição e disenteria...” (A Ilha: um repórter brasileiro no país de Fidel Castro/ Fernando de Morais.- São Paulo; Companhia das Letras, 2001, p. 95), diferente, portanto, da atual situação, de maneira que não se compreende o termo excelentes quanto aos indicadores sociais quando na verdade é exatamente o oposto.

Art Pepper & Sonny Redd - Two Altos (1957)

http://i30.tinypic.com/28rplie.jpg


http://i29.tinypic.com/34sgzfl.jpg

UPLOADER: redbhiku

Personagens:
1 & 6
Art Pepper (alto saxophone)
Jack Montrose (tenor saxophone)
Claude Williamson (piano)
Monty Budwig (bass)
Larry Bunker (drums)
2 & 4:
Sonny Redd (alto saxophone)
Pepper Adams (baritone saxophone)
Wynton Kelly (piano)
Doug Watkins (bass)
Elvin Jones (drums)
3:
Art Pepper (alto saxophone)
Russ Freeman (piano)
Bob Whitlock (bass)
Bobby White (drums)
5:
Art Pepper (alto sax)
Hampton Hawes (piano)
Joe Mondragon (bass)
Larry Bunker (drums)

gravado em: 04 de março de 1952; 29 de março de 1953; 25 de agosto de 1954; 12 de novembro de 1957.

Faixas:
1. Deep Purple (3:58)
2. Watkins Production (9:36)
3. Everything Happens To Me (3:08)
4. Redd's Head (9:13)
5. These Foolish Things (2:41)
6. What's New (3:25)

A arte de desconstruir um governo e de construir uma ilusão

ZH não produziu uma só manchete claramente questionadora de alguma política do Governo Yeda ao longo de três meses. Zero de crítica. Para o jornal, a administração Yeda ronda a perfeição, pouco importando que no mundo real arraste-se com um desempenho constrangedor. Já o Governo Lula padece nas manchetes de ZH, embora no mundo real obtenha a aprovação da grande maioria da população e a imagem do presidente seja ótima de acordo com todas as pesquisas de opinião.

Ayrton Centeno



Expostas nas bancas e nas sinaleiras, apregoadas pela publicidade em cartazes, rádio e TV, percebidas mesmo pelos mais desatentos, as manchetes de capa são o hall, o espaço mais visitado dos jornais. Mesmo quando apenas vislumbrado, captado num relance, pode-se dizer que seu enunciado se aloja, de algum modo, na mente de leitores e de não-leitores. Por conta desta alta visibilidade, sem a pretensão de ciência que não posso ter, resolvi anotar e catalogar as manchetes de Zero Hora do último trimestre.

Sabe-se que, no jornal, a criação de manchetes de capa observa, num processo de defesa e ataque, alguns padrões de conteúdo. A barragem de fogo político e ideológico destina-se, quase sempre, ao Governo Lula. Sob o ataque das letras graúdas também costumam estar a base parlamentar do governo federal, os movimentos sociais, as propostas de superação da desigualdade, o Estado brasileiro, o próprio Brasil como um país fragilizado, indigno de confiança, os aliados do Governo Lula na América Latina, notadamente Hugo Chávez, Evo Morales, Fidel Castro, Rafael Correa. Aqui, tenta-se desconstruir o Brasil, Lula, seu governo, seus aliados, suas relações internacionais e seus projetos.

O afago benevolente vai para o Governo Yeda Crusius, o agronegócio, as papeleiras, o mercado e o Rio Grande. Aqui, ao inverso, a idéia é de construir o Grande Rio Grande mítico e empreendedor, cavalgando as propostas com o timbre do Piratini ou os planos de indústrias de se instalarem no Estado, muitas vezes montado apenas em intenções. Aqui, constrói-se uma quimera.

Alguém poderá dizer que não seria necessário dar-se a este trabalho já que a realidade nos informa disto suficientemente. Não deixará de ter certa razão. Mas custa apenas alguns minutos diários e uma dose de omeprazol para proteger as paredes do estômago. Além do mais, é bom escarafunchar estes escaninhos, saciar a curiosidade e perceber como se traduz em números e percentuais esta engrenagem de demolição e edificação de pessoas, partidos e poderes.

Provavelmente embalado pelo ócio de final de ano, comecei a registrar as capas sirostskianas no apagar das luzes de 2007, separando as manchetes em categorias. De pronto, descartei as vinculadas às investidas institucionais da RBS. No período, muitas capas de ZH foram dedicadas a si própria, ou seja, à agenda que implementou com sua campanha de trânsito. Neste movimento, os acidentes, as medidas das autoridades, as cifras de feridos e mortos são apropriados pela campanha e noticiados sob o logo e o slogan correspondentes. Coloquei de lado também àquelas que chamei de neutras. Somadas, as manchetes institucionais, auto-referenciadas, e as neutras são maioria absoluta no trimestre. São neutras - pelo menos dentro do proposto embora, de fato, nunca sejam neutras - geralmente as manchetes relacionadas às festas (Carnaval, Navegantes, Natal, Ano Novo), tragédias, meteorologia, ciência, polícia, esporte, etc.


Feita esta depuração e ajustando o foco apenas nas manchetes políticas, ou seja, aquelas que usam um determinado viés para gritar algo associado às disputas de poder na sociedade e que flagram como o veículo se posiciona diante destas mesmas disputas não obstante invoque o véu da imparcialidade, constata-se que 30,2% delas exploraram fatos negativos para o Governo Lula/PT/Aliados/Brasil, ao passo que somente 7,5% trataram de fatos positivos.

E, de inhapa, 7,5% das manchetes ainda abordaram negativamente fatos relacionados aos aliados latino-americanos do Governo Lula. Esta é a mão que apedreja. Em contrapartida, a mão que afaga acariciou o Governo Yeda/Aliados/Rio Grande com 40% das manchetes positivas e somente 12,5% das negativas.

Como as principais forças que comandam os dois governos são antagônicas, pode-se dizer que ZH prestou um serviço ao governo estadual e aos seus aliados, seja ao enfocar seus temas favoravelmente, seja ao enfocar desfavoravelmente seus adversários, ao publicar praticamente 80% de suas manchetes políticas. Desfavoreceu o Governo Yeda e seus aliados em 20% de suas manchetes.

O mais extravagante de tudo é que, excluídas as manchetes referentes às atribulações do pessoal do aprisco da governadora na CPI do Detran, ZH não produziu uma só manchete claramente questionadora de alguma política do Governo Yeda ao longo de três meses. Zero de crítica. De modo que, na avaliação do jornal, a administração Yeda ronda a perfeição, pouco importando que no mundo real arraste-se com um desempenho constrangedor. De outra parte, o Governo Lula padece nas manchetes de ZH embora no mundo real obtenha a aprovação da grande maioria da população e a imagem do presidente seja ótima de acordo com todas as pesquisas de opinião.

Este desligamento da realidade exterior a que Zero Hora se entrega – de resto, ao lado do PIG – desnuda um desejo de viver na fantasia autoproduzida. Um desejo legítimo, embora bizarro, se suas consequências se restringissem à pessoa física do dono do diário. O que parece anti-jornalístico e anti-democrático é usar um jornal - que pratica o marketing da pluralidade e da “vida por todos os lados” - para favorecer a visão de um lado só. Para, no limite, apresentar aos outros ficção como se fossem fatos. E fatos como se fossem ficção.

Créditos:

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Marty Friedman - Discografía en Solitario - 2




Loudspeaker - 2006




Music For Speeding - 2002




True Obsessions - 1996



Créditos: LooLoBLog

A reinvenção do cinema e os jurássicos

A digitalização e a internet podem transformar todo o processo cinematográfico, democratizando a produção e multiplicando as platéias. Mas, agarrada a seu monopólio, a indústria do audiovisual quer manter as tecnologias superadas e a idéia de que arte é para quem pode pagar

Felipe Macedo - Diplo-brasil

O cinema mudou pouco até o advento das tecnologias digitais. O som, a cor, melhoramentos nas películas, na projeção, entre muitos outros, foram aperfeiçoamentos numa tecnologia básica que se consolidou no finalzinho do século 19, na famosa sessão dos irmãos Lumière. O modelo básico de produção, de circulação e de exibição permaneceu o mesmo. Já a digitalização das imagens e sons mudou tudo. Criou um paradigma novo, em que todas as etapas do processo cinematográfico se transformam: a captação, montagem, finalização; a difusão, que já nem precisa ser física; e a exibição, que gera novos formatos, espaços, relações. Essas mudanças implicam também, é obvio, em novas bases e condições econômicas para todas as etapas.

Este período – e processo – de adaptação do paradigma de cinema, que estamos vivendo, tem curiosas similitudes com o que aconteceu na época do surgimento do cinema. Durante um tempo, não se sabia muito bem o que fazer com ele. É certo que aquilo podia dar dinheiro, mas não havia um modelo de negócio (como se diz hoje) estabelecido. Que formato deveria ter o espetáculo; como devia ser negociado, distribuído, exibido? Os primeiros vintes anos do cinema foram de formatação do produto, com o desenvolvimento da linguagem e o estabelecimento de uma narrativa adequada ao consumo. Foi um período de formação de platéias, que evoluíram das feiras e teatros de variedades para as salas fixas proletárias e finalmente para um público mais "respeitável". Foram anos de uma verdadeira guerra, para que se estabelecesse um modelo de comercialização entre produtores, distribuidores e exibidores.

Hoje há interessantes analogias com aquelas situações. As novas tecnologias criam novas possibilidades, que se tornam formatos, que necessitam de novas formas de distribuição e consumo, engendrando novos mercados, que pedem novos modelos de comercialização. E quanto isto estará mexendo com a linguagem?

O fato é que essa etapa de grandes transformações está estruturada em um modelo. Um modelo que não é muito duradouro, que ainda não tem regras estáveis – apenas entendimentos comerciais mais ou menos provisórios. Uma situação que procura segurança, tão cara aos grandes negócios, mas que de momento trava batalhas complexas e violentas pela repartição dos mercados. Uma realidade que, para a quase totalidade da população e para os produtores e realizadores audiovisuais, é elitista, excludente, unilateral e concentradora.

Retratos da exclusão atual: mais de 60% dos jovens entre 15 e 29 anos nunca foram ao cinema. E 92% dos municípios não têm sequer uma sala

Há trinta anos, o Brasil tinha pouco mais da metade da população de hoje e pouco menos de 5 mil salas de cinema. O número de espectadores, por ano, andava em torno de 300 milhões. Nos anos 70 e 80, o modelo foi se transformando, de um cinema barato e popular para o figurino atual. Houve um período de crise aguda, quando o número de salas caiu para cerca de 900 e o público para quase 70 milhões anuais. Foi o fim dos cinemas na grande maioria das cidades e o desaparecimento dos cinemas de bairro.

Depois de uma “recuperação”, sob o novo modelo de consumo de elite, nos multiplexes de xópins, o número de salas chegou a 2.200. No entanto, essas salas são bem menores que as daquele tempo não tão distante (que tinham 500 lugares ou mais) e fica a dúvida de se houve efetivamente um aumento do número de assentos oferecidos. Porque o público cresceu pouco, e tem rondado em torno de 90 milhões de espectadores anuais.

O senso comum diagnostica rapidamente: “é por causa do vídeo, do DVD, da TV a cabo, da banda larga”. No entanto, nos países onde há mais acesso a todos esses recursos audiovisuais, o cinema apresenta números muito mais significativos. Nos EUA, são quase 40 mil salas de cinema. Mesmo no México, com condições mais parecidas e a metade da nossa população, o número de salas de cinema é 40% maior.

Em outras palavras, segundo dados de uma distribuidora estadunidense, mais ou menos 10% da população “vai pelo menos uma vez por ano ao cinema”. Ou seja, 90% não vão nunca. Mais de 60% dos jovens entre 15 e 29 anos, nunca foram ao cinema. Outro corte: 92% dos municípios brasileiros não têm sala de cinema. Aliás, quase a metade dos cinemas (48%) está concentrada nos estados de São Paulo e Rio. Sergipe, com 75 municípios, só tem cinemas em Aracaju; de fato, 17 estados brasileiros têm 15% das salas de cinema do País.

O cinema plural, mundial, é exibido numa rede minúscula, de menos de uma dezena de cidades brasileiras, que contam com um bom “circuito de arte”

Do lado da produção, o Brasil hoje faz quase 70 filmes de longa metragem por ano. No entanto, pelo menos 30% desses filmes simplesmente não são exibidos. Dos que conseguem chegar aos cinemas, quase todos são exibidos em situações muito precárias – de salas, datas – raramente atingindo números minimamente significativos. Explicando melhor: os filmes brasileiros ocupam cerca de 10% do mercado de exibição, ou seja, atingem em torno de 9 milhões de espectadores por ano. Desse público, uns dois terços concentra-se em dois ou três filmes (geralmente os que têm participação financeira de distribuidoras hollywoodianas, ou estão associados a empresas de comunicação), conforme o ano. E os outros 30, 40 filmes “partilham” o restante do público. Resumindo: 10% de um mercado que mal atinge 10% da população, significa que o cinema nacional se relaciona com menos de 1% dos brasileiros.

Que não se confunda esta constatação com uma forma qualquer de xenofobia. O cinema mundial — quer dizer, europeu, asiático, latino-americano, e mesmo o dos Estados Unidos, quando não é produto das corporações daquele bairro famoso de Los Angeles — enfrenta uma situação ainda pior. Na verdade é o concorrente, por excelência, do cinema brasileiro na mesma estreita faixa de 10% do mercado. O cinema plural, mundial, é geralmente exibido num circuito ainda mais limitado, de menos de uma dezena de cidades brasileiras, que contam com um bom “circuito de arte”. No ano passado, durante várias semanas, dois títulos apenas ocuparam mais de 70% de todas as salas do País. Logo em seguida esse número passou para três títulos, em cerca de 80% dos cinemas. Ou seja, mesmo com uma arquitetura multiplex, a exibição é cada vez mais simplex, concentrada. Hoje entra no Brasil um terço do número de filmes que vinha nos anos 80, inclusive norte-americanos. E 85% das bilheterias de cinema no Brasil estão concentrados em três distribuidoras de Hollywood.

As tecnologias digitais, associadas aos recursos propiciados pela internet, criam condições para uma democratização muito grande da produção. A distribuição elimina as cópias em película — que custam milhares de reais cada uma — e a própria instalação de salas e equipamentos de projeção diminuem muito de custo. Tudo aponta para a oportunidade e a necessidade de um modelo de circulação dos produtos audiovisuais em bases diferentes das atuais e, principalmente, com ingressos a preços compatíveis com o poder aquisitivo da população. É como um novo parto do cinema, na virada de outro século.

No entanto, na transição de paradigmas, a chamada indústria do audiovisual tem procurado garantir um controle exclusivo do processo, garantindo suas “margens” através da manutenção de tecnologias superadas, pela restrição do acesso e com a preservação de uma situação geral de monopólio. Desta forma, o modelo não serve para o público, não atende às necessidades dos realizadores e impede uma verdadeira integração cultural com o mundo.

domingo, 6 de abril de 2008

Alphaville, de Jean-Luc Godard



Formato: rmvb
Áudio: Francês
Legendas: Português
Duração: 99 min
Tamanho: 324 MB
Partes: 4
Servidor: 4shared
Créditos: F.A.R.R.A - Eudes Honorato
Título Original: Alphaville
Gênero: Drama/Ficção Científica
Origem/Ano: FRA-ITA/1965
Direção: Jean-Luc Godard
Roteiro: Jean-Luc Godard

Elenco:

Eddie Constantine...Lemmy Caution
Anna Karina...Natacha Von Braun
Akim Tamiroff...Henry Dickson

Sinopse:O agente secreto Lemmy Caution parte em missão para a cidade futurista de Alphaville (onde os sentimentos foram abolidos) com o objetivo de persuadir o professor von Braun a voltar aos "planetas exteriores". Natacha, filha do professor, lhe serve de guia. Lemmy reencontra Henri Dickson, antigo agente secreto, que lhe envia uma mensagem para "destruir Alpha 60 e salvar aqueles que choram". Lemmy presencia uma execução pública. Depois, é submetido a um interrogatório conduzido por Alpha 60, o computador que governa a cidade, e é condenado à morte. Natacha, aos prantos, lhe murmura as palavras proibidas".




Críticas:

http://www.geocities.com/contracampo/alphaville.html
http://www.geocities.com/contracampo/alphavilleeasemanticageral.html

Links:

http://rapidshare.com/files/90524106/Alphaville_-_Legendado_PT-BR.part1.rar
http://rapidshare.com/files/90532493/Alphaville_-_Legendado_PT-BR.part2.rar
http://rapidshare.com/files/90603281/Alphaville_-_Legendado_PT-BR.part3.rar
http://rapidshare.com/files/90610742/Alphaville_-_Legendado_PT-BR.part4.rar

Ana Carolina - Dois Quartos: Multishow Ao Vivo (Áudio do DVD 2008)




download