quarta-feira, 8 de outubro de 2008

O abalo dos muros




Frei Betto

Em 2009 faz 20 anos a queda do Muro de Berlim, símbolo da bipolaridade do mundo dividido em dois sistemas: capitalista e socialista. Agora, assistimos ao declínio de Wall Street (Rua do Muro), na qual se concentram as sedes dos maiores bancos e instituições financeiras.

O muro que dá nome à rua de Nova York foi erguido pelos holandeses em 1652 e derrubado pelos ingleses em 1699. New Amsterdam deu lugar a New York.

O apocalipse ideológico no leste europeu, jamais previsto por qualquer analista, fortaleceu a idéia de que fora do capitalismo não há salvação. Agora, a crise do sistema financeiro derruba o dogma da imaculada concepção do livre mercado como única panacéia para o bom andamento da economia.

Ainda não é o fim do capitalismo, mas talvez seja a agonia do caráter neoliberal que hipertrofiou o sistema financeiro. Acumular fortunas tornou-se mais importante que produzir bens e serviços. A bolha especulativa inflou e, de súbito, estourou.

Repete-se, contudo, a velha receita: após privatizar os ganhos, o sistema socializa os prejuízos. Desmorona a cantilena do "menos Estado e mais iniciativa privada". Na hora da crise, apela-se ao Estado como bóia de salvamento na forma de US$ 700 bilhões (5% do PIB dos EUA ou o custo de todo o petróleo consumido em um ano naquele país) a serem injetados para anabolizar o sistema financeiro.

O programa Bolsa Fartura de Bush reúne quantia suficiente para erradicar a fome no mundo. Mas quem se preocupa com os pobres? Devido ao aumento dos preços dos alimentos, nos últimos dozes meses o número de famintos crônicos subiu de 854 milhões para 950 milhões segundo Jacques Diouf, diretor-geral da FAO.

Quem pagará a fatura do Proer usamericano? A resposta é óbvia: o contribuinte. Prevê-se o desemprego imediato de 11 milhões de pessoas vinculadas ao mercado de capitais e à construção civil. Os fundos de pensão, descapitalizados, não terão como honrar os direitos de milhões de aposentados, sobretudo de quem investiu em previdência privada.

A restrição do crédito tende a inibir a produção e o consumo. Os bancos de investimentos põem as barbas de molho. Os impostos sofrerão aumentos. O mercado ficará sob regime de liberdade vigiada: vale agora o modelo chinês de controle político da economia, e não mais o controle da política pela economia, como ocorre no neoliberalismo.

Em 1967, J.K. Galbraith chamava a atenção para a crise do caráter industrial do capitalismo. Nomes como Ford, Rockefeller, Carnegie ou Guggenheim, exemplos de empreendedores, desapareciam do cenário econômico para dar lugar à ampla rede de acionistas anônimos. O valor da empresa deslocava-se do parque industrial para a Bolsa de Valores.

Na década seguinte, Daniel Bell alertaria para a íntima associação entre informação e especulação, apontando as contradições culturais do capitalismo: o ascetismo (acumulação) em choque com o estímulo consumista; os valores da modernidade destronados pelo caráter iconoclasta das inovações científicas e tecnológicas; lei e ética em antagonismo quanto mais o mercado se arvora em árbitro das relações econômicas e sociais.

Se a queda do Muro de Berlim trouxe ao leste europeu mais liberdade e menos justiça, introduzindo desigualdades gritantes, o abalo de Wall Street obriga o capitalismo a se repensar. O cassino global torna o mundo mais feliz? Óbvio que não. O fracasso do socialismo real significa vitória do capitalismo virtual (real para apenas um terço da humanidade)? Também não.

Não se mede o fracasso do capitalismo por suas crises financeiras, mas sim pela exclusão - de acesso a bens essenciais de consumo e direitos de cidadania, como alimentação, saúde e educação - de dois terços da humanidade. São 4 bilhões de pessoas que, segundo a ONU, vivem entre a miséria e a pobreza, com renda diária inferior a US$ 3.

Há sim que buscar, com urgência, um outro mundo possível, economicamente justo, politicamente democrático e ecologicamente sustentável.

Frei Betto é escritor e assessor de movimentos sociais, autor de "Calendário do Poder" (Rocco), entre outros livros.


terça-feira, 7 de outubro de 2008

Anatomia do racismo
Ex-Ministra da Cultura e do Ensino Superior da Palestina

Culpar a vítima tem sido o recurso comum dos culpados ao racionalizar e distorcer o horror do crime em si. Sejam esposas espancadas, crianças vítimas de abusos, ou palestinos há muito submetidos à brutalidade da horrenda ocupação militar israelita. O primeiro (e último) recurso de covardia está em difamar a vítima, acusando-a de ter provocado a crueldade merecida do crime.
O pré-requisito essencial, claro, é a total desumanização das vítimas e a eliminação de seus direitos e atributos mais básicos, assim como seus pedidos de proteção.
Inevitavelmente, a mistura resultante da vitimização é incrementada numa etapa posterior pela vulnerabilidade aumentada, pela distorção, e pela exclusão da proteção de aspectos humanos e imperativos morais.
Portanto, a última explosão de confrontos entre o exército de ocupação israelita e manifestantes civis palestinos, transformou-se no campo de recreio para a força total da "metralha giratória" israelita, no mais deliberado, concentrado e racista exercício de fraude e desumanização dirigido contra um povo.
A forma mais elementar de fraude, está em inventar uma simetria falsa entre o invasor e o invadido, entre opressor e vítima.
A "violência" do poderoso exército de ocupação israelita, usando munição real, tanques e helicópteros (no mínimo) é equiparada à "violência" dos civis palestinos protestando contra a continuada perda de direitos, terras e vidas.
Além disso, pede-se aos palestinos que sejam dóceis, que parem com a "violência", que ponham um fim ao cerco a Israel — como se o exército mais poderoso da região estivesse sendo "ameaçado" pela rejeição do povo desarmado à sua ocupação e brutalidade. A solução simples e óbvia, é claro, seria a retirada do exército e o fim da ocupação.
Isto, ironicamente, é acompanhado de uma desvalorização dos direitos e vidas palestinos, pela tradução de nossa fraqueza objetiva na diminuição de direitos onde o poderoso determina os parâmetros de "justiça" para o fraco.
A apresentação como um todo exibe constantemente a síndrome da "responsabilidade do homem branco". Os palestinos devem ser "gratos" por qualquer "oferta generosa" que Israel escolha "garantir" a eles, independente da injustiça e ilegalidade flagrantes da negociação israelita.
Tanto a extrema direita, quanto a extrema esquerda em Israel (assim como nos EUA) têm adotado esta abordagem condescendente, paternalista, para a paz — Barak foi "muito longe" em "oferecer" aos palestinos quase 90% de suas terras com algumas "responsabilidades" em Jerusalém, e aqueles palestinos "ingratos" estão sendo "intransigentes" e linha-dura.
Tendo comprometido 22% da Palestina histórica, nós não fomos convidados a ser parte da anexação ilegal de Jerusalém por Israel e de sua política de assentamentos — isto é, uma parceria nada sagrada para a violação da lei internacional e das resoluções relevantes da ONU.
Se não formos determinados na auto-negação, se não recusarmos o papel de bons nativos e não continuarmos rejeitando a versão unilateral israelita de "paz", que nos "oferece" um estadozinho subserviente de isolados Bantustões sob o sistema de apartheid de Israel, então seremos forçados à submissão.
Afinal de contas, se pressão, ameaça, e "queda-de-braço" político não funcionam, a agressão militar absoluta pode produzir os resultados desejados — uma vez que "os árabes só entendem a línguagem da violência".
Táticas instantâneas ou políticas de pânico entram no jogo com rótulos tais como "terrorista", ou "ditatorial", ou palestinos "violentos", na medida em que disfarçam a realidade do desejo humano palestino de resistir à subjugação e opressão como prova de tais distorções.
Uma situação típica é visível claramente: Arafat deve "controlar" seu povo (nação de ovelhas?) e lhe "ordenar" que se acalmem e aceitem sua escravização e repressão pelos israelitas, de outro modo ele não será mais um "parceiro da paz" e não pode ser considerado um "líder".
Ao mesmo tempo, Israel não pode negociar com Arafat, ou com os palestinos, porque são tradicionalmente "antidemocráticos" e, portanto, não têm nada a ver com democracias "civilizadas", como a de Israel e a dos Estados Unidos.
Paralelamente, outros rótulos instantâneos e epítetos estereotipados são facilmente lançados como um exercício conveniente para reduzir o aspecto humano dos palestinos. Os insultos históricos e familiares usados pelos oficiais e figuras públicas israelitas (incluindo "baratas", "vermes de duas pernas", "cães") foram ampliados para incluir "cobras" e "crocodilos".
A redução de nossa característica humana a uma série de abstrações, em nenhum lugar é tão sinistra quanto no jogo numérico. As vítimas palestinas do fogo israelita são fornecidas diariamente como um número "X" de mortos e "Y" de feridos. Seus nomes, identidades, esperanças despedaçadas, e sonhos destruídos não são mencionados. Ausente também estão a dor e a angústia de suas mães, de seus pais, irmãs, irmãos e outros entes queridos que terão de viver a vida com a trágica perda.
A documentação visual do assassinato a sangue-frio do menino Muhammad al-Durra destruiu a complacência daqueles que se sentiam confortáveis com o anonimato dos palestinos e com a invisibilidade de seu sofrimento. Mesmo assim, diante da evidência irrefutável, a máquina de propaganda israelita tentou distorcer a verdade.
Primeiro, foi dito que ele foi morto por atiradores palestinos; depois, que ele foi "pego no fogo-cruzado". A pior versão foi a descrição cínica do menino Muhammad como um "criador de casos" ou um menino "malicioso" que atraiu a morte para si mesmo — como se a resposta adequada para uma criança vivendo sua infância fôsse a morte deliberada.
A última acusação envolveu uma questão: "O que ele estava fazendo lá?". A verdadeira questão deveria ter sido "o que o exército israelita estava fazendo lá?", no coração da Gaza palestina atirando em civis, inclusive uma criança e seu pai, que foram pegos em flagrante tentando engajar-se no ato "provocativo" de fazer compras juntos.
Notem a diferença, entretanto, quando dois agentes israelitas disfarçados, pertencendo aos notórios esquadrões da morte israelitas, foram mortos por manifestantes palestinos.
Nenhum palestino tentou justificar o ato. Ao contrário, ordens foram dadas para investigar e prender os responsáveis. Afinal de contas, deve existir algo como a lei e o processo devido.
Ao contrário, Israel deslocou seus tanques e tropas, apertando o cerco e estrangulando as cidades, aldeias e campos de refugiados palestinos. Então trouxe os seus helicópteros Apache e disparou sobre cidades palestinas na mais absurda e cruel forma de punição coletiva. Sua versão dos eventos apresentou os agentes israelitas como reservistas que "por engano se desviaram para Ramallah" e então foram "linchados" pela multidão. Referências ao "assassinato", "sede de sangue" e "selvageria" transformaram-se na tendência verbal predominante.
Embora ninguém vá concordar com a morte dos soldados, é importante entretanto, lidar com os fatos reais e o contexto:
Ramallah, uma cidade sob total cerco militar israelita, foi fechada a todos o movimento de entrada e saída da cidade. Apenas uma entrada foi aberta, inteiramente sob controle dos múltiplos pontos de checagem militar israelitas. Portanto, "desviar-se" para Ramallah iria requerer tentativas deliberadas e repetidas exigindo tenacidade, persistência e mesmo astúcia.
Os dois agentes israelitas foram claramente infiltrados e plantados no meio de uma marcha de protesto no coração da cidade. A ocasião era o funeral de um homem palestino, Issam Joudeh Hamad, de uma aldeia de Umm Safa, que tinha sido raptado por colonos israelitas e torturado até à morte de uma maneira horrível.
São cenas e fotografias horríveis do corpo, mais o testemunho dos médicos que o examinaram, que se exibidas aos olhos do mundo aumentariam os pontos dos palestinos e desumanizariam os israelitas. Algumas estações árabes me informaram que as imagens eram tão chocantes que evitaram usá-las.
A maioria das pessoas que participaram da marcha na sitiada cidade palestina de Ramallah conhecia a vítima, e alguns tinham visto o corpo. Os dois agentes israelitas disfarçados que tinham se infiltrado na marcha, foram reconhecidos pelos palestinos como membros dos "Esquadrões da Morte" responsáveis por muitos assassinatos e provocações.
Apesar do fato da polícia palestina ter tentado protegê-los, os dois foram mortos diante das câmeras.
Imediatamente isto se tornou uma justificativa para chamar todos os palestinos de assassinos, e pela mais sistemática e venenosa campanha de ódio na história recente. Isto também foi usado como uma justificativa para os ataques aéreos israelitas sobre Ramallah e outras cidades palestinas.
No emocionante apelo aos seus compatriotas (13 de outubro de 2000) para não explorar este incidente para justificar o racismo e o ódio existentes em Israel, o poeta israelita Yitzhak Laor documentou vários linchamentos de palestinos pelo exército e forças de segurança israelitas. Em todos os casos os perpetradores nunca foram punidos e nenhum ultraje moral foi expresso pelo público israelita, menos ainda houve o bombardeio de cidades israelitas!
O mesmo se aplica ao reino de terror dos colonos israelitas que atingem palestinos em suas próprias casas e cidades, com a proteção e o conluio total do exército israelita.
Apresentados como "civis israelitas" indefesos cercados pelos palestinos "hostis", a natureza sinistra e letal da violência dos colonos, como extremistas armados em fúria, é com frequência ignorada. A ilegalidade dos assentamentos israelitas, o caráter fundamentalista extremista dos colonos armados, e os atos horríveis de rapto, tortura, assassinato e violência aleatória que são cometidos com impunidade, raramente são mencionados. Por toda a parte, os palestinos continuam a ser responsabilizados.
O insulto mais flagrantemente racista é o roubo israelita de nossa humanidade como pais. Em uma tentativa de nos roubar nossos sentimentos mais básicos por nossas crianças, nós somos acusados de "enviar crianças para a morte", para "aumentar os pontos na mídia".
O horror é posteriormente misturado pela total e inquestionável equanimidade com a qual este grande insulto nacional é repetido por judeus de todas as partes, sem qualquer distância crítica ou mesmo consciência da enormidade de tal acusação racista.
Quando crianças palestinas se tornaram alvos dos atiradores isralenses e de outra violência do exército, o ministro da educação não teve outra opção a não ser fechar as escolas temporariamente, de modo a minimizar a exposição dos estudantes em seu caminho para a escola.
Isto foi imediatamente interpretado pela metralha giratória israelita como prova de que nós fechamos as escolas de modo a "liberar" nossas crianças para sair e "criar distúrbios", obstruindo portanto o caminho livre das balas israelitas.
A segurança do lar e as tentativas dos pais em proteger suas crianças não são nem consideradas. A maioria das crianças foram atingidas na cabeça ou na parte superior do corpo, principalmente com balas de alta velocidade. Os alvos mais comuns das balas de aço revestidas de borracha foram os olhos das crianças.
A política de atirar para matar (ou aleijar permanentemente) tem sido empregada pelo exército israelita. Os oficiais israelitas alegam que eles praticaram a moderação.
Claro eles podem fazer pior — eles podem cometer genocídio ou completar a limpeza étnica iniciada em 1948.
Ainda assim, é a segurança de Israel que está em jogo.
O poderoso exército de ocupação de Israel encolhe-se de medo diante do clamor do povo palestino por justiça e liberdade.
O povo palestino não precisa de segurança em sua própria terra ou em suas próprias casas, uma vez que eles têm sido sistematicamente desumanizados pelos seus opressores, como a merecer o que quer que aconteça a eles.
Pior do que ser "não-existente" (como na falácia "uma terra sem povo para um povo sem terra") nas mentes da narrativa oficial de Israel nós agora parecemos existir em um plano mais baixo, como espécies sub-humanas, destituídas das mais elementares qualidades e direitos que orientam a consciência e os valores morais da humanidade como um todo.
Tudo isto para aliviar a culpa e a responsabilidade do verdadeiro culpado.
Os apologistas da ocupação israelita devem encontrar um endereço alternativo para culpar pelo horror infligido aos palestinos; assim, quem melhor do que as próprias vítimas?

O melhor do Blue...

Buddy Guy

Montagem: Fireball


Buddy Guy nasceu em 1936, no estado da Louisianna, EUA e é considerado um maiores guitarristas de blues de todos os tempos. Tem um estilo vigoroso, vibrante e pesado, muitas vezes flertando com o rock, influenciando gente como Eric Clapton e Stevie Ray Vaughan entre tantos outros.
Começou a tocar guitarra no início da década de 50 e em 1957 se mudou para Chicago onde iniciou sua carreira profissional.
Em Chicago, Buddy conheceu Muddy Waters, Freddy King, Otis Rush e Magic Slim, sendo que o último o apresentou a Eli Toscano da Cobra Records, com quem Buddy assinou seu primeiro contrato. Em 1958 lançou seu primeiro single com as músicas "This Is The End" e "Try To Quit You Baby", produzido simplesmente por Willie Dixon.
Em 1960, Buddy Guy trocou de gravadora assinando com a Chess, onde permaneceu até 1967. Nesse período, lançou mais alguns singles e trabalhou como guitarrista de estúdio, tocando em álbuns de Muddy Waters, Sonny Boy Williamson, Howlin' Wolf e Koko Taylor. Porém, não teve apoio para lançar um full-lenght.


Em 1967 foi para a gravadora Vanguard onde, finalmente, conseguiu gravar seu primeiro LP, "A Man On The Blues". Nessa época, inicia também uma longa parceria com o gaitista Junior Wells, com quem gravaria vários álbuns até a morte de Wells, em 1998.
Na década de 80 também gravou alguns discos em parceria com seu irmão, Phil Guy.
Em 1991, Buddy ganhou o Grammy com seu álbum "Damn Right, I've Got The Blues". Nessa época aproveitou para difundir seu nome para fora das rodas de blues e ganhar maior popularidade. O disco "Feels Like Rain", de 1993, tentou aproveitar a notoriedade do Grammy e teve arranjos mais pop e acessíveis, se torando um dos mais fracos de sua carreira.



Em 1994, Buddy voltou às origens no ótimo "Slippin' In", calcado no blues.
Na excursão desse álbum foi gravado o material que resultou no excelente álbum ao vivo "The Real Deal", que saiu também em DVD.
Em 1999 foi lançada a coletânea "Buddy's Baddest", com material gravado na década de 90.Em 2001 saiu o álbum "Sweet Tea", com uma sonoridade bastante pesada, com guitarras distorcidas e densas, considerado um dos melhores da carreira de Buddy Guy.
Em 2003 ele investiu num retorno às origens com o álbum "Blues Singer", praticamente acústico, apenas com versões para clássicos do blues.



Em 2006 foi lançado seu mais recente álbum, "Bring 'Em In", que conta com a participação de nomes como Santana e John Mayer.
Entre as diversas coletâneas de Buddy Guy disponíveis, uma que merece destaque é "And Friends" que está disponível para download. Esse álbum, apesar do nome sugestivo, não consiste de um disco de duetos ou convidados. É uma compilação basicamente da carreira de Buddy, com algumas músicas tendo a participação de seu irmão, Phil Guy. Algumas outras faixas são de guitarristas da mesma geração, como Jimmy Dawkins, Guitar Shorty e Lurrie Bell.
Buddy Guy já se apresentou várias vezes no Brasil, sendo a última em Novembro de 2005.




Buddy Guy And Friends disc 1

Buddy Guy And Friends disc 2



Slippin' In



The Real Deal: Live



Buddy's Baddest- The Best Of Buddy Guy



Sweet Tea



Bring 'Em In

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O “merchandising social” da TV Globo e os desertos verdes


Foi o professor Arlindo Machado, pelo que me lembro, que conceituou de forma brilhante a importância de analisarmos a televisão não como um meio em si – tal como Adorno ou McLuhan, para se odiar ou venerar a tevê –, mas pelo conteúdo dos seus programas. Os brasileiros preocupados com os rumos democráticos da nossa nação precisam ficar atentos ao conteúdo específico de cada programa de grande repercussão e rediscuti-los urgentemente, a julgar pelo que se passou na novela A Favorita, da TV Globo, neste sábado (4).

Por Gustavo Barreto*


Entrou em pauta neste dia o tema da celulose e o respeito ao meio ambiente, de forma explícita, na fala entre a personagem Donatela (interpretada por Claudia Raia) e Augusto César (interpretado por José Mayer). Contextualizando: Donatela é uma mulher que está atualmente do lado do “bem” no imaginário simbólico dos telespectadores (que “torcem” por ela), buscando justiça contra sua adversária Flora (Patrícia Pillar), uma criminosa da pior estirpe (capaz de seqüestrar a própria filha por dinheiro).

Donatela vive atualmente escondida de todos, ao lado de Augusto César, “um homem bonito, atraente, romântico e delirante”, segundo a descrição no site oficial da novela. Segue um breve relato sobre Augusto: “É ufólogo atuante e realiza encontros para meditação. Ganhou fama de doido quando resolveu largar o rock para se tornar um eremita à espera de um disco voador. Acredita que a mulher Rosana Costa foi abduzida por alienígenas há 13 anos e ainda vai retornar ao planeta para viver junto dele e do meio-filho, Shiva Lênin.” Atualmente, ele efetivamente pensa – fruto de seu delírio – que Donatela é a tal esposa abduzida.

O “debate” sobre o meio ambiente

Este lunático tentou convencer sua “esposa” que não deveria vender seu lote de terra para a exploração de eucalipto, em benefício de uma grande empresa comandada por Gonçalo Fontini (Mauro Mendonça).

Gonçalo, este grande empresário, é estrategicamente posicionado no roteiro: “É um homem inteligente, culto, íntegro e dedicado à família. Sua autoridade é imposta naturalmente. Quando jovem, Gonçalo tinha idéias comunistas, mas, ao longo da vida, traiu seus ideais e tornou-se um homem riquíssimo. Apesar disso, é discreto e não gosta de ostentação nem de bajuladores. Gonçalo é muito apegado à neta Lara e sofre com o assassinato de seu filho único Marcelo.” Sendo inteligente e culto, na percepção dos autores, faz algum sentido que – de acordo com a ideologia da emissora – tenha “traído” seus idéias e se tornado “riquíssimo”.

Voltando à cena em questão, Donatela argumenta com Augusto (o “delirante”) que ele deveria vender suas terras. Augusto se defende com dois argumentos: construiu sua vida ali, naquela terra, ao lado da esposa (a que foi “abduzida”, que ele pensa ser a Donatela) e acredita que “esse pessoal só pensa em lucrar”.
Donatela (a justiceira, do “bem”), por sua vez, deu outros dois argumentos: “Quê que tem? Todo mundo precisa de papel” e “Pelo que sei, é tudo 100% reflorestado”.

É curioso que a TV Globo faça uma campanha semelhante – para não dizer igual – às campanhas, por exemplo, das empresas Aracruz Celulose e Stora Enso, líderes no mercado da indústria de celulose. Teria sido mais um exemplo do “merchandising social” – uma espécie de inserção de temas sociais para debate público no conteúdo de mídia – ou uma propaganda política?

Desinformação a serviço das grandes empresas

Os telespectadores não conhecem, pelas mãos da mesma emissora e do seu departamento de jornalismo, o gigantesco conflito político que, aos olhos dos autores da novela, soa como um agradável bate papo para discutir se precisamos ou não de papel.

No Rio Grande do Sul, por exemplo, cinco organizações ambientais se uniram no mês passado em uma ação judicial contra a presidente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Ana Maria Pellini, a quem acusam de praticar assédio moral ao pressionar seus funcionários em processos de interesse do setor papeleiro. A denúncia, segundo reportagem da agência internacional de notícias IPS [1], se refere a ameaças e transferências injustificadas de técnicos que se negaram a modificar critérios de Zoneamento Ambiental da Silvicultura, na licença para construção de represas e para ampliação que quadruplicará a fábrica de celulose Aracruz, maior empresa brasileira do setor, controlada pelos grupos familiares Lorentzen, de origem norueguesa, e Safra, do Líbano.

As ações judiciais neste Estado se encaminham principalmente a irregularidades em licenças ambientais e acordos para que sejam feitos estudos e informes de impacto ambiental. “Exigimos mais restrições, porque o Zoneamento Ambiental, recentemente aprovado, oferece baixa proteção”, explicou Annelise Steigleder, fiscal de Meio Ambiente de Porto Alegre.

Em outro Estado o quadro é parecido, ainda de acordo com o relato da IPS: “Na Bahia, a promotoria estadual pediu à justiça que anule licenças ambientais para plantio de eucalipto, obtidas pela empresa Veracel, criada por uma associação (Joint venture) entre Aracruz e a sueco-finlandesa Stora Enso. A firma “usou meios ilícitos, desde corrupção de funcionários de órgãos vinculados às licenças até subornos de prefeitos e vereadores”, disse João da Silva Neto, coordenador da Promotoria em Eunápolis, município do sul baiano. “Também foram obtidos de forma irregular certificados de qualidade para garantir exportações”, acrescentou.”

O que as personagens Donatela e Augusto “esqueceram” de falar é que, em junho deste ano, a Justiça Federal brasileira condenou a Veracel (Aracruz e Stora Enso) a restaurar, com vegetação nativa, todas suas áreas compreendidas nas licenças de plantio de eucalipto que foram liberadas entre 1993 e 1996 neste mesmo município [2]. Significa que uma área de 96 mil hectares, coberta por eucaliptais da empresa, deverá ser reflorestada por árvores da mata atlântica, um dos biomas mais diversos do planeta e, ao mesmo tempo, mais ameaçados do mundo. A empresa também foi condenada a pagar uma multa de R$ 20 milhões (US$ 12,5 milhões) pelo desmatamento da mata atlântica, com tratores e correntão, ocorrido nos seus primeiros anos de funcionamento (1991-1993).

Este é o tipo de reflorestamento – à força, via Justiça Federal – que as empresas de eucalipto promovem. Depois de muita destruição.

No Espírito Santo, a Aracruz invadiu terras indígenas – reconhecidas legalmente pelo Governo Federal como de posse permanente das comunidades originárias – e devastou boa parte do Estado.

Em quatro estados (RJ, MG, BA e ES), os problemas são acompanhados de perto pela Rede Alerta contra o Deserto Verde, uma ampla rede da sociedade civil composta por mais de 100 entidades, movimentos, comunidades locais, sindicatos, igrejas e cidadãos, preocupados com a contínua expansão das plantações de eucalipto na sua região, assim como a venda de “créditos de carbono”.

Basicamente, a Rede chama atenção para o desastre sócio-ambiental causado nos últimos 35 anos pela monocultura de eucalipto e pinus, integrado aos complexos siderúrgico e de celulose, atingindo diversos ecossistemas e populações do território brasileiro, empobrecendo nossa diversidade biológica, social e cultural, e causando expropriação, desemprego, êxodo rural e fome. Mas também tenta mostrar a viabilidade de modelos alternativos de desenvolvimento que têm sido implementados localmente por vários movimentos e comunidades que participam da Rede.

Grito abafado

Didaticamente: estes 100 movimentos sociais gritam e reivindicam que monoculturas não são florestas. Portanto, não podem ser destruídas e depois “reflorestadas”, pelo sem-número de conseqüências que trazem para o meio ambiente e para as comunidades locais.

De que adianta o clamor da sociedade civil? A justiceira da novela fala para milhões, argumentando com um homem delirante que “pelo que sei, é tudo 100% reflorestado” e que “todo mundo precisa de papel”. O homem delirante é “ufólogo” (com todo o respeito à categoria).

O empresário responsável pela monocultura criminosa é “inteligente, culto e íntegro” e sugeriu a um negociador, ainda durante a novela de hoje, que dobre o preço pela terra, “que é muito importante”.

Com estas referências – a julgar pelo conteúdo desta novela da TV Globo, as únicas referências que milhões de pessoas receberão –, de que “lado” você ficaria?

* Gustavo Barreto é co-editor nos meios independentes Consciência.Net e Fazendo Media.

Notas:

[1] Clarinha Glock. ''Armas judiciais contra fábricas de papel no Brasil''. Agência Envolverde/Terramérica. 08 Ago. 2008. [http://www.jornaldiadia.com.br/noticia.php?id=24857]

[2] Comissão Pastoral da Terra Nordeste. ''Stora Enso e Aracruz são condenadas por crime ambiental''. 01 Ago. 2008. [http://www.cptpe.org.br/modules.php?name=News&file=article&sid=1502
]

domingo, 5 de outubro de 2008

Ir Além da Moderação e da Institucionalidade Possível


Por Raul Fitipaldi.

Depois de umas breves férias “obrigatórias” retorno a esta casa virtual para refletir com você, um tanto, é verdade, estimulado pela Carta Aberta do camarada-companheiro Narciso Isa Conde a Glória Gaitán (nesta edição de Desacato) , filha do líder liberal Jorge Eliécer Gaitán, cujo assassinato aconteceu a mãos dos desígnios da oligarquia colombiano-ianque às 1:05 da tarde do dia 9 de abril de 1948, na cidade de Bogotá, Colômbia. Portanto, Glória Gaitán ainda é vítima direta dos vitimadores do seu pai, que ainda destroem toda a Colômbia e o Hemisfério. Porém, a nobre luta de Glória Gaitán, pelas causas dos excluídos e pela soberania da sua pátria, no artigo que cita o camarada Narciso Isa Conde, repõe ante os meus olhos uma atitude que observo em milhares de valiosos quadros e organizações que lutam contra o sistema (não necessariamente de forma inteira contra o capitalismo), mas, sim contra o Império Hegemônico dos Estados Unidos. Quero refletir isso com você.

Era eu ainda dirigente do Partido dos Trabalhadores (PT) na cidade de Florianópolis, quando o atual presidente neoliberal Lula da Silva, assombrou-nos com um discurso nada ingênuo sobre a Humanização do Capital, proferido numa visita ao Chile. Essa conciliação foi fruto possível de algumas variáveis tais como o sofrimento perpetrado pelas horrendas ditaduras que os ianques e as oligarquias impuseram na Nossa América, a falta de projeto de ruptura com o sistema capitalista (e a falta de interesse firme dos setores mais corporativos das centrais sindicais e universitárias especialmente) e a necessidade de manter as novas e frágeis democracias num mínimo patamar de governabilidade. O descontento social, a brutalidade do sistema e a decadência estrutural do capitalismo deram lugar, aos poucos, e a partir de 1999 na Venezuela, a uma série de governos de esquerda, pseudo-esquerda, centro esquerda, centro e centro-direita vulnerável, que vão desenvolvendo-se no mapa regional. Alguns países, como a Venezuela, tinham uma acumulação histórica antiga e recente para esses processos, outros nem tanto. As condições têm sido diversas, embora a vitória das “forças progressistas” se divide entre as condições reais e um certo ar de moda e adaptabilidade.

Tenho lido alguns artigos de Glória Gaitán e a tendência que me declaram se inscreve nessa impulsão de alianças democráticas à esquerda, mais ou menos moderada, que trouxe à região alguns acertos e desastres políticos tais como o tristemente célebre e desaparecido FREPASO na Argentina. Nessas alianças têm se montado uma plêiade de oportunistas e fracassados da oligarquia desclassada e da classe média perdida, ademais, dos corporativismos mais execráveis do movimento sindical e das organizações não governamentais. Boa parte das boas intenções foram rapidamente contaminadas pelo Império, os posmodernismo e a propaganda da paz possível. A maioria dessas Alianças, Pólos, Frentes, Uniões, etc. etc., são heranças tardias do século XX e das derrotas e perdas de conquistas, não compreendidas totalmente, das últimas duas décadas de 80 e 90, ou mais especialmente, desde o governo Reagan e a posterior queda do Muro de Berlim (da qual parece que só a burocracia soviética é “responsável” e de aonde o sistema saiu em aparência incólume e hegemônico), até o governo De la Rua, para citar um apenas um exemplo.

As alianças dos Kirchner na Argentina, a traição do governo Lula no Brasil, a capitulação esperada do governo de Tabaré Vázquez, a repulsiva condução concertada da Presidenta amnésica Michelle Bachelet no Chile, e o início ambíguo no poder da aliança que catapultou Fernando Lugo no Paraguai, não são bons indícios para esses modelos de alianças. Há exemplos melhores, mas, ainda muito imperfeitos. Aliança País, liderada pelo digno presidente Rafael Correa, no Equador, se desenvolve com algumas doses de nacionalismo que deixa para trás a necessidade de encarar a luta internacional dos trabalhadores como estratégia fundamental, e concilia nacionalizações com gestos de boa vontade dirigidos à oligarquia apátrida. O MAS da Bolívia, com muitíssimo mais acúmulo e uma base sólida e histórica que a incipiente Aliança País, mais a fundamental presença da identidade originária, se digladia com internismos sindicais e intelectuais que fragilizam (visto desde fora, como todo o resto que comento) e que freiam medidas mais firmes, não só com a oligarquia assassina local, senão com vizinhos demasiadamente espertos como o governo brasileiro. Na Venezuela, mesmo que recentemente e com um perfil ainda difícil de localizar, o PSUV, agita de forma firme uma derrota contundente à oligarquia assessorada por personagens como os Petkoff, Baduel e Cisneros da vida, para devolver-lhes a derrota impingida no referendo de 2007. E vencerá. Mas, ainda está altamente contaminado de uma transição ideológica que precisa de um investimento do próprio líder principal, e bem além do discurso sonoro; formação política e revolucionária urgente para garantir que essa revolução incipiente não se perca quando não mais esteja Chávez (que falte muito, por Marx!).Há alianças endógenas incertas no PSUV, é só escutar ou ler todos os sinos que tocam chamando a integrar essa aliança-partido.

Apesar dessas fragilidades visíveis, as alianças continuam marchando e crescendo. São legítimas porquanto se faz necessário e urgente amenizar a mazela genocida que nos impinge o Império moribundo. Distribuir um pouco da riqueza roubada, re-estatizar algo que seja do que foi saqueado, moralizar os mecanismos de poder, dar um pouquinho mais de saúde, de comida, de trabalho, de educação. Nessa direção caminham alianças nas quais colocam todo seu nobre esforço pessoas como Glória Gaitán, Piedad Córdoba, Carlos Lozano na Colômbia, e centenas de companheiros no Caribe e na região antilhana. E haverá novas traições nessas alianças; há que estar preparado porque a fundamentação dessas alianças é predominante tática e possibilista, não é revolucionária e nem pretende a derrota imediata do capitalismo, nem às vezes a derrota inclusive. Porém, bem-vindo o que tragam de novo essas frágeis alianças. No entanto, a resposta do camarada Narciso à lutadora filha de Gaitán, remeteu-me, em definitivo, ao seguinte e último parágrafo:

Estas Alianças (com respeitosa maiúscula) propagadoras honestas, quase todas, do Socialismo do Século XXI, ou teorias parecidas, nascem e repetem a consigna geral que nos derrotou no Século XX, A CONCILIAÇÃO E O GOVERNO PARA TODOS. Permito-me dizer que isso é inviável. Permito-me pensar que ainda é necessário liquidar por todos os meios o inimigo mortal da classe trabalhadora e dos povos originários. Permito-me dizer que não há mesa que em nome de qualquer governabilidade permita e torne ético o fato de dialogar com apátridas, genocidas e ladrões. Permito-me dizer que o Socialismo necessário ainda é o da Rosa Luxemburgo, de Lenin (falo do Vladimir nosso e não do sicário Vladimir de quem fala Narciso Isa), e antes de Martí e de Artigas, para citar alguns dos exilados da história recente da esquerda assimilada. Portanto, a Luta de Classes continua e exige a derrota do inimigo, provocando-o ou não, mas acabando com ele. Pouco serve ficarmos no possibilismo de alianças pontuais, e mais táticas do que estratégicas, se não avaliamos o que virá depois delas, quando esgotem seu marco conjuntural. Podemos nos sentir revolucionariamente sozinhos e sem muitos seguidores nestas datas, mas, a responsabilidade histórica de projetar, muito além da conjuntura, a vitória final dos trabalhadores, dos excluídos, dos originários, reporá não os seguidores a nós (que nada interessa nem acrescenta), mas sim, à verdade inevitável da liberdade plena, pacífica e duradoura para a qual estão destinados nossos povos. Ao fim, o monumento a Manuel Marulanda instalado em Caracas, serve para lembrar que muitas alianças (quase todas) foram e serão contaminadas pelo sistema, mas os que o enfrentam durante décadas, além de imprescindíveis ao dizer de Bertold Brecht, são imunes ao sistema e ao Império, na vida e na lembrança. É preciso compreender isso para não morrer na praia pequena do Meio Ponto e da Reivindicação Possível.

sábado, 4 de outubro de 2008

Charles Bukowski - Documentário - imperdível


Bukowski Born Into This


Sinopse

O filme, dirigido por John Dullagan e com duração de 113 minutos, relata a vida de Bukowski começando pela sua infância, passando pelas décadas de pobreza e alcoolismo, numerosos subempregos e relacionamentos turbulentos, os 14 anos trabalhando nos correios, e seu reconhecimento internacional como poeta e novelista.

Informações sobre o Filme e Release

Gênero: Documentário
Diretor: John Dullaghan
Duração: 130 minutos
Ano de Lançamento: 2003
País de Origem: Estados Unidos
Idioma do Áudio: Inglês
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0342150/
Qualidade de Vídeo: DVD Rip
Vídeo Codec: Divx
Áudio Codec: MPEG
Áudio Bitrate: 128 Kbps
Resolução: 640x480
Formato de Tela: Tela Cheia (4x3)
Frame Rate: 29.970 FPS
Tamanho: 1.19 Gb
Legendas: Anexas

Elenco

Charles Bukowski, Bono, Linda Lee Bukowski, Marina Bukowski, Taylor Hackford, Mike Meloan, Sean Penn, Barbet Schroeder, Harry Dean Stanton, Tom Waits, Liza Williams...

Curiosidades

John Dullagan passou 7 anos pesquisando e filmando depoimentos de amigos, parentes, fãs, e do próprio Bukowski. Bono, Sean Penn, Harry Dean Stanton, Barbet Schroeder,Taylor Hackford e muitos outros dizem o que pensam da obra de Bukowski.

Downloads

Arquivo anexado Bukowski____s_Born_Into_This.4047524.TPB.torrent
Arquivo anexado Bukowski.rar (legendas exclusivas do makingoff)

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

As notícias mais censuradas em 2007-2008
















A morte de 1,2 milhões de civis no Iraque, por tropas norte-americanas, desde que começou a invasão há cinco anos, é o tema que encabeça o ranking anual das 25 notícias mais ocultadas pela grande imprensa dos Estados Unidos e do mundo nos anos de 2007 e 2008, segundo o informe “Censored 2009”, do Projeto Censored, da Universidade de Sonoma, na Califórnia, que é publicado todos os anos pela editora Seven Stories, de Nova York. As matanças do Iraque se comparam a algumas dos piores massacres ocorridos no século passado, como os que ocorreram em Ruanda e no Camboja.

Todos os anos, a Universidade de Sonoma realiza uma pesquisa, relacionando as 25 notícias mais censuradas pela mídia corporativa no período. Depoimento de veteranos que lutaram no Iraque e a morte de 1,2 milhões de civis naquele país encontram-se entre as noticias mais censuradas do mundo pela própria imprensa. A reinstalação da Escola das Américas, órgão do Comando Sul das Forças Armadas dos EUA, agora em El Salvador e que ensina estranhas matérias como tortura, sabotagem, atentados a oleodutos, gasodutos e hidroelétricas, foi outra noticia extremamente censurada. O estudo questiona como pode ser que, por uma estranha coincidência, a mídia de todos os países do mundo, censura quase com exata precisão, algumas determinadas noticias.

Além das 25 histórias mais censuradas, o estudo em forma de livro, dirigido pelo sociólogo Peter Phillips, aponta outros 14 temas que merecem “menção honrosa”, traz trabalhos acadêmicos sobre a situação do jornalismo, novas visões sobre o mapa da grande concentração de propriedade midiática e sobre a situação da liberdade de expressão nos EUA e no mundo. Além disso, relaciona a atividade das organizações da sociedade civil que lutam pela democratização dos meios de comunicação. Para ver o ranking das 25 notícias mais censuradas no mundo, clique AQUI.

O MENTOR NEOLIBERAL DE GABEIRA


Altamiro Borges

Bajulado pela mídia como o legítimo representante da “esquerda light”, Fernando Gabeira ainda seduz parcelas do eleitorado progressista do Rio de Janeiro. Mas estas pessoas, com maior senso crítico, deveriam ficar atentas às péssimas companhias do candidato da coligação PV-PSDB. O principal coordenador e financiador da sua campanha é o rentista Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central no triste reinado de FHC, ex-funcionário do megaespeculador George Soros e atual dono da empresa Gávea Investimentos. Ele é tratado por Gabeira como o mentor da sua principal proposta programática, a da implantação do “choque de gestão” na prefeitura carioca.

Nos últimos dias, Arminio Fraga voltou a ocupar os holofotes da mídia. Além de ser a estrela dos programas de TV de Gabeira, deu várias entrevistas sobre a grave crise que atinge os EUA e que promete contagiar a economia mundial. Sua receita, se aplicada no Rio de Janeiro, seria um duro golpe nos eleitores do tucano-verde. Sem papas na língua, o neoliberal convicto defende que “o governo Lula tem de adotar uma posição conservadora e aceitar que, nestas circunstâncias, o país não pode ter a expectativa de repetir o crescimento econômico deste ano... Eu recomendaria agora alguma prudência. Seria bom também a essa altura do jogo uma agenda de reformas”.

O choque de gestão do banqueiro

O rentista não esconde seus interesses de classe. Para garantir os altos lucros dos banqueiros, ele defende a adoção de medidas de contenção do crescimento da economia, que jogarão nas costas dos trabalhadores o peso da grave crise capitalista, com a explosão do desemprego e a redução da renda dos assalariados. Na prática, prega o aumento da taxa de juros e do superávit primário, o fundo de reserva dos banqueiros. Ele propõe ainda a sua conhecida “agenda de reformas”, com novos ataques aos direitos trabalhistas e previdenciários. Caso Fernando Gabeira vença a eleição, estas idéias neoliberais é que deverão orientar o seu “choque de gestão” na prefeitura carioca.

Arminio Fraga têm ambições e projetos definidos. É hoje um dos símbolos do rentismo no país. Após sair do governo, ele recrutou boa parte da equipe econômica de FHC e montou a segunda maior gestora de fundos de investimentos do Brasil, sediada na Leblon Corporate, um luxuoso prédio de sete andares e vidros fumê na zona sul carioca. A Gávea nasceu em agosto de 2003 e, em menos de três meses, contando com fortes influências e informações valiosas, recebeu US$ 550 milhões em aplicações, gerando desconfiança entre os seus pares. Alguns rentistas rotulam Fraga de “strike”, jargão usado no mercado financeiro que significa agressivo, sem escrúpulos.

Um rentista sem escrúpulos

O coordenador do programa de Gabeira realmente não tem escrúpulos. Ele encara tudo como um negócio lucrativo, inclusive o poder político. “A nossa filosofia é investir apenas onde tenhamos um grau de confiança elevado”, revelou à revista IstoÉ Dinheiro. Ele não tem compromissos com o Brasil e o seu povo. “Especula-se que a Gávea Investimentos recebeu aplicações do seu antigo patrão, George Soros, e dos ex-donos do banco Garantia, como Jorge Lehman”, relata a revista. Lehman é um dos estopins da atual crise ianque. Arminio Fraga ainda afirmou à IstoÉ que “não teria qualquer constrangimento em me desfazer de papéis do Brasil se eles perderem atração”.

Tido nos bastidores da política carioca como o homem forte numa prefeitura dirigida pela aliança PV-PSDB-PPS, Arminio Fraga tem muitos interesses econômicos e financeiros para administrar. Reportagem da revista Exame revela que o rentista agora é sócio da McDonald’s, que vendeu no ano passado 1.600 lojas na América Latina por US$ 700 milhões. “A entrada num negócio deste porte chama a atenção para um novo traço da personalidade de Arminio Fraga: o de empresário”. Além do seu fundo de investimento, o Gávea, ele hoje possui ações na BRA transporte aéreo, em terminais de contêineres, em shopping center e, “a partir de agora também em hambúrgueres”.

Os “vigaristas” do deus-mercado

Gabeira ainda seduz alguns com seu figurino de “esquerda light”, mas o seu principal mentor não deveria deixar dúvida sobre a triste sina do Rio de Janeiro nas mãos deste xiita neoliberal. Como presidente do Banco Central no segundo mandato de FHC, ele sempre defendeu os interesses do “deus-mercado”, impondo altas taxas de juros, elevados superávits primários e total libertinagem financeira. Foi um defensor ardoroso das privatizações e da redução do papel do Estado, através de cortes nos investimentos sociais, demissões e arrocho do funcionalismo.

Num desabafo recente, o economista carioca José Carlos Assis, editor do site Desemprego Zero, disse estar “de saco cheio de vigaristas que defendem o interesse próprio como interesse geral. Arminio Fraga é um economista vulgar de mercado... Mas o ‘mercado’ decidiu que é um sábio em economia. Isso não é de admirar, pois ele primou por atender os interesses genuínos do mercado... O que não dá para engolir é que Arminio Fraga, o rei do mercado, deite falação sobre economia como se fosse autoridade independente neste campo, acima de interesses particulares”. O desabafo é mais do que justo e deveria servir de alertar aos eleitores de Fernando Gabeira.


quinta-feira, 2 de outubro de 2008

OS MITOS DA "ASSISTÊNCIA DEMOCRÁTICA": INTERVENÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS NA EUROPA ORIENTAL PÓS-SOVIÉTICA

Gerald Sussman

Professor de estudos urbanos e comunicações na Portland State University. Seu livro mais recente é Global Electioneering: Campaign Consulting, Communications, and Corporate Financing (Rowman & Littlefield, 2005).

Uma das mudanças notáveis no mundo da política pós-soviética é o envolvimento quase desimpedido de agentes ocidentais, consultores e instituições públicas e privadas no gerenciamento de processos nacionais eleitorais em todo o mundo -- incluindo nos ex-estados soviéticos. Quando os aparatos partidários comunistas nestes países começaram a entrar em colapso no final dos anos 80 e quase sem derramamento de sangue deram espaço a forças políticas emergentes, o Ocidente, especialmente os Estados Unidos, foram rápidos em interceder em assuntos políticos e econômicos.

Os métodos de manipular eleições estrangeiras foram modificados desde os tempos das operações da CIA, mas os objetivos gerais de intervenção imperial não mudaram. Hoje, os Estados Unidos dependem menos da CIA na maior parte dos casos e mais de iniciativas relativamente transparentes de organizações públicas e privadas como o National Endowment for Democracy (NED), a Agência para Desenvolvimento Internacional (USAID), Freedom House, Open Society (de George Soros) e uma rede de organizações políticas profissionais bem financiadas, primariamente americanas, que operam a serviço dos objetivos paralelos do estado neoliberal em política e economia. Allen Weinstein, que ajudou a estabelecer o NED, notou: "Muito do que fazemos hoje era feito pela CIA 25 anos atrás".

Entre os principais alvos do NED estão os assim chamados estados em transitoriedade que fizeram parte do bloco soviético. Tanto republicanos quanto democratas assumiram uma estratégia pós-contenção em relação à Europa Central e Oriental e mesmo um democrata "liberal" como John Kerry criticou George Bush durante a campanha de 2004 por não colocar mais dinheiro no NED. Agindo como uma organização guarda-chuva dos programas de "assistência democrática", o NED canaliza fundos aprovados pelo Congresso para dois sub-grupos, o Instituto Internacional Republicano (IRI) e o Instituto Nacional Democrático (NDI) - representando os dois partidos - assim como para o Centro Internacional da Iniciativa Privada (CIPE), ligado à Câmara de Comércio dos Estados Unidos, e o Centro Internacional para a Solidariedade do Trabalho (Centro da Solidariedade), da central sindical AFL-CIO, que se encarregam de apoiar iniciativas eleitorais e da sociedade civil em países-alvo.

Um dos líderes do Congresso por trás da criação do NED, Damte Fascell, ex-presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara, disse que o desenho institucional do NED tinha como objetivo dar a cada grupo "um pedaço da torta. Eles foram pagos. Democratas, republicanos, a câmara de comércio e os sindicatos".

Pedaço por pedaço, os experts dos Estados Unidos esperam promover líderes nos países da Europa Central e Oriental que vão abrir os bens estatais ao investimento de corporações transnacionais, ajudar a isolar ou forçar a Rússia, permitir a hegemonia militar dos Estados Unidos na região e proteger o oleoduto euro-asiático controlado pelos Estados Unidos. Rússia, Ucrânia, Geórgia, Sérvia e Bielorrússia estão entre os países da região em que consultores, pessoal diplomático, o NED e as organizações que o integram e outras agências públicas e privadas recentemente interviram em eleições nacionais.

Esses países se juntam a uma longa lista onde o dinheiro dos Estados Unidos foi usado em políticos e partidos promovidos pela Casa Branca, o Departamento de Estado e a CIA. Comparadas às formas clandestinas ou agressivas aplicadas tipicamente pela CIA do fim dos anos 40 até a metade dos anos 70, as formas correntes de manipulação eleitoral são conduzidas largamente como espetáculos de manipulação e drama moral.

Promovidas como "construção democrática", as intervenções eleitorais são criticamente importantes para os objetivos globais dos Estados Unidos, contribuindo para o planejamento corporativo e estatal de longo prazo ao solidificar ligações americanas a governos estrangeiros e para o estabelecimento de alianças econômicas e militares.

68% dos americanos desaprovam administração Bush


Em meio a pior crise financeira vivida pelos Estados Unidos desde a Grande Depressão dos anos 30, a aprovação do presidente americano, George W. Bush, atingiu seu mais baixo índice nos últimos oito anos. Segundo pesquisa Gallup, mais de 68% desaprovam seu governo, enquanto 27% dos entrevistados acham Bush um ''bom administrador''.


Charge de Paixão para A Gazeta do Povo

O resultado representa uma queda de quatro pontos percentuais desde a pesquisa Gallup anterior, realizada antes do agravamento da crise financeira e do plano de ajuda aos bancos financeiro proposto pela administração Bush para injeção de US$ 700 bilhões para a compra de títulos ''podres'' dos bancos pelo Estado.


A queda é ainda maior se considerar pesquisa similar realizada logo após a Convenção Nacional Republicana, no começo de setembro, que oficializou a candidatura do presidenciável John McCain.


O mais novo aumento da impopularidade de Bush tem relação direta com a crise financeira, embora a pesquisa tenha sido realizada antes da Casa dos Representantes reprovar o plano.


Segundo a enquete, conduzida entre 26 e 27 de setembro, apenas 28% dos americanos entrevistados aprovavam a resposta de Bush à crise. A maioria, 68%, indicou desaprovar o governo no pior índice dos últimos seis presidentes americanos.


Os baixos índices de aprovação são comuns no governo Bush. O presidente republicano não teve uma aprovação superior a 40% nos últimos dois anos. Bush já registrou aprovação de 28% várias vezes neste ano, principalmente nos meses de verão e primavera, quando os americanos viram suas férias prejudicadas pelo aumento do combustível.


Ainda há tempo, segundo as más línguas, para Bush tentar quebrar o recorde de impopularidade, que pertence a Harry Truman, aprovado por apenas 22% dos entrevistados em fevereiro de 1952.


Bush agora se junta a Truman e ao republicano Richard Nixon como os únicos três presidentes com médias de aprovação de 27% ou mais baixas.


A pesquisa Gallup foi realizada entre 26 e 27 de setembro, com 1.011 adultos. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.