A arte negra da "administração de notícias" | ||||
John Pilger
"Os mestres do ilusionismo, que concebem a propaganda negra e arranjam falsos pretextos para a chicana política e para guerras e atrocidades, tais como o Iraque e o assalto israelense à flotilha da paz de Gaza
"A CIA", disse ele, "carregou um junco, um junco norte-vietnamita, com armas comunistas – a Agência mantém arsenais comunistas nos Estados Unidos e por todo o mundo. Eles rebocaram este junco ao longo da costa do Vietnã central. Então dispararam sobre ele e fizeram aparentar que tinha havido um incêndio, e levaram isto à imprensa americana. Com base nesta evidência, duas equipes de Marines aterraram em Danang e uma semana depois disso a força aérea americana começou o bombardeio regular do Vietnã do Norte". Uma invasão que ia custar três milhões de vida estava a iniciar.
Os israelenses têm jogado este jogo assassino desde 1948. O massacre de ativistas da paz em águas internacionais a 31 de Maio foi uma "pirueta" para o público israelense durante a semana passada, preparando-o para ainda mais assassínios por parte do seu governo, com a flotilha desarmada de trabalhadores humanitários a serem descritos como terroristas ou enganados por terroristas. A BBC ficou tão intimidada que relatou a atrocidade basicamente como um "potencial desastre de relações públicas para Israel", a perspectiva dos assassinos, e uma desgraça para o jornalismo.
Um ilusionismo semelhante preocupa atualmente os governos asiáticos. Em 20 de Maio a Coréia do Sul anunciou que tinha "prova esmagadora" de que um dos seus navios de guerra, o Cheonan, fora afundado em Março por um torpedo disparado por um submarino norte-coreano com a perda de 46 marinheiros. Os Estados Unidos mantêm 28 mil soldados na Coréia do Sul, onde o sentimento popular há muito apóia uma distensão com Pyongyang.
A 26 de Maio, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, foi a Seul e afirmou que a "comunidade internacional deve responder" ao "ultraje da Coréia do Norte". Ela viajou a seguir ao Japão, onde a nova "ameaça" da Coréia Norte convenientemente eclipsou a breve política externa independente do primeiro-ministro japonês Yukio Hatoyama, eleito no ano passado com a popular oposição à ocupação militar permanente do Japão pelos Estados Unidos. A "prova esmagadora" é uma hélice de torpedo que "tem estado a corroer-se durante pelo menos vários meses", informou o Korea Times. Em Abril, o diretor da inteligência nacional da Coréia do Sul, Won See-hoon, disse a um comitê parlamentar que não havia prova ligando o afundamento do Cheonan à Coréia do Norte. O ministro da Defesa concordou. O chefe de operações militares da marinha da Coréia do Sul disse: "Nenhum vaso de guerra norte coreano foi detectado nas águas em que o acidente se verificou". A referência a "acidente" sugere que o navio abalroou um recife e partiu-se em dois.
Para os media americanos, a culpa da Coréia da Norte é indubitável, assim como não havia dúvida da culpa do Vietnã do Norte, nem de que Saddam Hussein dispunha de armas de destruição em massa, nem de que Israel pode aterrorizar com impunidade. Contudo, ao contrário do Vietnã e do Iraque, a Coréia do Norte tem armas nucleares, as quais ajudam a explicar porque não foi atacada, ainda não: uma lição saudável para outros países, tais como o Irão, atualmente no centro das atenções.
Na Grã-Bretanha, temos os nossos próprios ilusionistas mestres. Imagine alguém no estado apanhado a beneficiar-se de £40 mil [€45,4 mil] de dinheiro dos contribuintes numa fraude com uma segunda casa. Seguir-se-ia quase certamente uma sentença de prisão. David Laws, secretário chefe do Tesouro, fez o mesmo e é assim descrito:
"Sempre admirei a sua inteligência, seu sentido do dever público e sua integridade pessoal" (Nick Clegg, vice-primeiro-ministro). "O Sr. é um homem bom e honrado. Estou certo de que foi sempre motivado pelo desejo de proteger a sua privacidade ao invés de qualquer outra coisa". (David Cameron, primeiro-ministro). Laws é "um homem de nobreza bastante excepcional" (Julian Grover, Guardian ). Uma "mente brilhante" (BBC).
O Clube Oxbridge e seus membros associados à política e aos media tentaram ligar o "erro de julgamento" e a "ingenuidade" de Laws ao seu "direito à privacidade" como gay, uma irrelevância. A "mente brilhante" é um rico banqueiro de investimento cultivado em Cambridge e corretor de ouro dedicado à nobre tarefa de cortar os serviços públicos da maior parte das pessoas pobres e honestas.
Agora imagine outro responsável público, um dos grandes criminosos e mentirosos de guerra. Este responsável "articulou" a invasão ilegal de um país indefeso que resultou na morte de pelo menos um milhão de pessoas e o despojamento de muitos mais: com efeito, o esmagamento de uma sociedade humana. Se isto fosse nos Bálcãs na África, ele muito provavelmente teria sido processado pelo Tribunal Penal Internacional.
Mas o crime compensa para os membros do clube. Em sintonia com o caso Laws, esta verdade foi demonstrada pela contínua celebração de Alastair Campbell, cujas freqüentes aparições na mídia proporcionam uma emoção indireta para a inteligência liberal. Para o Guardian, Campbell é "obstinado, por vezes mal direcionado, mas sem medo de pressionar onde outros podiam ter hesitado". O interesse imediato do Guardian é a publicação "exclusiva" dos diários "politicamente explosivos" e "não censurados" de Campbell. Aqui está uma amostra: "Sábado 14 de Maio. Telefonei a Peter [Mandelson] e perguntei por que ele não respondeu aos meus telefonemas de ontem. 'Você sabe por que'. "Não, não sei'. Ele disse que estava em brasa com a minha entrevista ao Newsnight".
Numa entrevista promocional ao Guardian, Campbell dispensou deste incesto datado, referindo-se assim ao banho de sangue de que foi o principal apologista: "Fez-nos o Iraque perder apoio em 2005?", perguntou retoricamente. "Sem dúvida..." Portanto, uma tragédia criminosa de escala igual à do genocídio de Rwanda foi minimizada como uma "perda" para o New Labour: um ilusionista mestre de notável brutalidade.
O original encontra-se em http://www.johnpilger.com/page.asp?partid=578
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
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Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
terça-feira, 15 de junho de 2010
O PiG globalizado....
segunda-feira, 14 de junho de 2010
As verdadeiras razões das guerras imperiais.....
Bin Laden eles não acharam, mas em compensação…
Milhares de homens, satélites,
aviões “fantasmas” e de controle remoto, durante quase dez anos e os
Estados Unidos não acharam Osama Bin Laden nos desertos e cavernas o
Afeganistão. Em compensação – e que compensação! -, o New York Times publicou ontem que oficiais do
Pentágono e geólogos norte-americanos “descobriram” reservas minerais
gigantescas no Afeganistão, avaliadas em aproximadamente US$ 1 trilhão. A
notícia foi reproduzida no mundo todo e em vários sites brasileiros.
A descoberta pode transformar o Afeganistão em um dos maiores
produtores de minério do mundo e na “Arábia Saudita do lítio”, segundo
um memorando do Pentágono. Nem é preciso dizer nas mãos de quem isso
dficará, não é?
Toda essa riqueza, que inclui ouro, ferro, cobre, cobalto, lítio e
nióbio, é claro, não foi encontrada por acaso. Desde os anos 80 já havia
indicações de importantes depósitos minerais, e os geológos americanos
se valeram de mapas soviéticos do tempo da invasão ao Afeganistão para
iniciar as pesquisas. Afinal de contas, não se entra numa guerra para
não levar nada, não é mesmo?
Em 2006, os EUA esquadrinharam 70% do Afeganistão, usando avançados
equipamentos magnéticos e de gravidade acoplados a uma aeronave Orion
P3. Os dados recolhidos foram tão promissores, que os geólogos voltaram
no ano seguinte para levantamentos ainda mais sofisticados, usando um
antigo bombardeiro inglês, equipado com instrumentos que permitiam um
exame tridimensional dos depósitos minerais debaixo da superfície da
terra.
Confirmada a riqueza, era hora do butim. Em 2009, uma força-tarefa do
Pentágono que tinha criado “programas de negócios” no Iraque foi
transferida para o Afeganistão e se debruçou sobre os dados geológicos.
Firmas internacionais de contabilidade especializadas em contratos de
mineração foram contratadas para prestar “consultoria” ao Ministério
Afegão de Minas e os dados técnicos estão sendo preparados para as
licitações internacionais.
Em breve, toda a riqueza mineral do Afeganistão estará à disposição
das multinacionais e de investiores estrangeiros. Para os afegãos só
restará assistir à pilhagem imobilizados pela ocupação disfarçada.
Depois de fazer guerra pelo petróleo do Iraque usando Saddam Hussein
como argumento, vê-se agora que por trás do combate aos talibãs estão
interesses bem “fundamentalistas” do capital.
Massacre na flotilha de ajuda a Gaza...
Quer
saber como foi o covarde ataque de Israel à Frota Humanitária? Assista
ao vídeo de 1h feito por quem estava lá
domingo, 13 de junho de 2010
E a luta continua....
"Estamos numa guerra económica"
por Eva Golinger
"Façam gritar a economia", escreveu Henry Kissinger numa nota
às forças da CIA envolvidas na tentativa de derrubar o presidente
Salvador Allende do Chile no início dos anos 70. Posteriormente, a
sabotagem económica abateu-se sobre aquele país sul-americano,
quando os trabalhadores entraram em greves e os homens de
negócios
aumentaram os preços, fecharam as portas temporariamente e
provocaram
uma enorme inflação, criando um clima geral de instabilidade que
levou ao golpe de estado de 1973 que derrubou Allende.
A mesma estratégia foi aplicada na Venezuela em 2002. Um golpe de estado que teve um êxito efémero e depois fracassou, foi seguido por uma sabotagem económica que paralisou a indústria petrolífera e esgotou os produtos de consumo básico da nação, provocando um prejuízo de mais de 20 mil milhões de dólares americanos à economia, mas que não conseguiu afastar Chavez do poder. Os grupos de homens de negócios, de trabalhadores, dos meios de comunicação e políticos que apoiaram o golpe e a sabotagem receberam financiamento directo e apoio de Washington e dos seus organismos, incluindo a USAID, a National Endowment for Democracy, o International Republican Institute e o National Democratic Institute for International Affairs.
Em 2007, tentaram de novo, provocando a escassez dos principais produtos a nível nacional, o que fez disparar a inflação, ao mesmo tempo que aproveitaram os protestos nas ruas e atrairam a atenção dos meios de comunicação internacionais para retratar o governo de Chavez como ditatorial, repressivo e em crise.
O antigo secretário de Estado dos EUA, Lawrence Eagleburger, explicou a estratégia e o papel dos EUA nessa época à Fox News, "a capacidade [de Chavez] para atrair o povo venezuelano só funciona enquanto o povo da Venezuela reconhecer alguma possibilidade de um nível de vida melhor. Se, a certa altura, a economia ficar mesmo má, a popularidade de Chavez no país certamente diminuirá e, para já, essa é a única arma que temos contra ele e que devemos usar, ou seja, os instrumentos económicos para tentar fazer com que a economia piore ainda mais, de modo que o seu poder de atracção no país e na região se afunde".
Eagleburger, que também foi consultor do presidente George W. Bush nessa altura, continuou afirmando que "Tudo o que pudermos fazer para lhes dificultar a economia neste momento é uma boa coisa, mas façamo-lo de uma maneira que não nos ponha em conflito directo com a Venezuela, se o pudermos fazer".
SABOTAGEM
Pouco depois destas afirmações de Eagleburger, a economia da Venezuela recuperou muito. Mas foi a rápida nacionalização do governo de Chavez de diversas indústrias e empresas, juntamente com uma firme acção legal contra os negociantes que açambarcaram produtos e aumentaram preços ilegalmente que salvaram o país da recessão. O ano de 2007 na Venezuela foi extremamente difícil, até o papel higiénico era difícil de encontrar, assim como alimentos básicos como o açúcar, o leite, a farinha e o café. Mas não era que não houvesse esses produtos no país. Descobriram-se toneladas de produtos, escondidos dos consumidores em armazéns pertencentes a empresas nacionais e transnacionais do país. Outros produtos foram transportados ilegalmente para fora das fronteiras, para a Colômbia ou Panamá, para revenda a preços mais altos.
Durante os últimos anos, a sabotagem continuou em vagas sucessivas. Por vezes desaparece o açúcar das prateleiras dos supermercados, provocando o pânico, outras vezes é o leite, ou a farinha de milho, os guardanapos ou o feijão. Depois, encontram-se quantidades enormes desses produtos em contentores ou armazéns pertencentes a uma empresa privada ou sob o controlo de qualquer funcionário governamental corrupto.
Ainda há pouco tempo, o Sebin, organismo de informações da Venezuela descobriu 32 toneladas de produtos alimentares em decomposição, incluindo óleo, café, açúcar, manteiga, arroz, massas, carne e leite, dentro de 1 300 contentores estacionados em Puerto Cabello, na costa Norte-Centro. Os produtos destinavam-se à venda nos mercados subsidiados pelo governo, Mercal e Pdval, mas funcionários corruptos tinham-nos deixado ali propositadamente para apodrecerem a fim de provocar a sua escassez. Já foram detidos diversos funcionários governamentais que estão sob investigação quanto ao seu papel neste e noutros actos de corrupção e sabotagem na indústria alimentar.
"Guerra à corrupção", declarou o presidente Chavez na quarta-feira, acrescentando que "São vícios do passado, temos vindo a descobrir muitos funcionários públicos envolvidos em corrupção e vamos investigar e apresentá-los à justiça. Aqui ninguém está protegido da corrupção, quem lhe sucumbir, sucumbe". Chavez revelou que já tinham sido julgados e presos por corrupção na indústria alimentar nos últimos anos mais de 30 funcionários públicos.
GUERRA ECONÓMICA
Num evento na quarta-feira numa nova instalação de processamento socialista, a Diana Oil, o presidente Chavez respondeu aos críticos do sector privado, minimizando as suas acusações. "Dizem que Chavez está a destruir o país, que os trabalhadores não têm capacidade para gerir empresas e que a produção gerida por trabalhadores é uma ideia maluca. Dizem que o governo destrói todas as companhias que gere".
Chavez também apelou a uma resposta ao que considera como uma "guerra económica aberta" contra o povo e a Revolução. "Apelo à verdadeira classe trabalhadora da Venezuela que lute nesta guerra económica contra a burguesia", exclamou, acrescentando, "Eu nasci para esta batalha. Eles declararam a guerra económica contra mim e eu apelo a todos os trabalhadores que se juntem a mim na luta para apoiar a nossa economia".
O presidente venezuelano dirigiu palavras especiais a Lorenzo Mendoza, o dono de uma das maiores produtoras e distribuidoras de alimentos e bebidas do país. Um dos homens mais ricos da Venezuela, e um multimilionário Forbes, Mendoza dirige as Empresas Polar, que produzem e distribuem produtos como a cerveja Polar, a Pepsi-Cola e todo o tipo de sumos, vinagres, molhos, gelados, cereais, enlatados e comidas congeladas.
Chavez respondeu directamente às afirmações de Mendoza de que o presidente venezuelano está a destruir o país, afirmando, "Aceito o seu desafio. Vamos a isso. Você com os seus milhões e eu com a minha moral. Vejamos quem dura mais tempo, você com a sua Polar e as suas riquezas, ou eu com o meu povo e a dignidade de um soldado revolucionário". Chavez também avisou Mendoza que, se a companhia dele continuar a açambarcar produtos, a especular e a violar as regulamentações de preços, as Empresas Polar poderão ser nacionalizadas.
"Não tenho medo de nacionalizar a Polar, Mendoza, por isso tenha cuidado. A lei é a lei", declarou o chefe de estado venezuelano.
A Polar tem sido uma das principais companhias a fomentar a escassez de produtos no país durante os últimos anos, açambarcando bens de consumo nas centenas de armazéns que possui por todo o território nacional até se gerar suficiente pânico e descontentamento no país. Depois os produtos são lançados no mercado a preços mais altos, violando os regulamentos financeiros, provocando a inflação e tentando debilitar a economia.
Mas esta semana o presidente Chavez apelou a todos os sectores, privados e público, para que resistam e combatam esta guerra económica. "Estamos a trabalhar para o bem-estar de toda a gente, mesmo das classes mais altas e dos negócios privados. Ninguém estará estável enquanto o resto do país não estiver, por isso trabalhemos todos para isso".
Apesar da turbulência económica que afecta a Venezuela, a taxa de desemprego diminuiu nos últimos anos e a pobreza foi reduzida de 70% para 23% desde 1999.
O original encontra-se em
http://www.chavezcode.com/2010/06/we-are-in-economic-war.html
A mesma estratégia foi aplicada na Venezuela em 2002. Um golpe de estado que teve um êxito efémero e depois fracassou, foi seguido por uma sabotagem económica que paralisou a indústria petrolífera e esgotou os produtos de consumo básico da nação, provocando um prejuízo de mais de 20 mil milhões de dólares americanos à economia, mas que não conseguiu afastar Chavez do poder. Os grupos de homens de negócios, de trabalhadores, dos meios de comunicação e políticos que apoiaram o golpe e a sabotagem receberam financiamento directo e apoio de Washington e dos seus organismos, incluindo a USAID, a National Endowment for Democracy, o International Republican Institute e o National Democratic Institute for International Affairs.
Em 2007, tentaram de novo, provocando a escassez dos principais produtos a nível nacional, o que fez disparar a inflação, ao mesmo tempo que aproveitaram os protestos nas ruas e atrairam a atenção dos meios de comunicação internacionais para retratar o governo de Chavez como ditatorial, repressivo e em crise.
O antigo secretário de Estado dos EUA, Lawrence Eagleburger, explicou a estratégia e o papel dos EUA nessa época à Fox News, "a capacidade [de Chavez] para atrair o povo venezuelano só funciona enquanto o povo da Venezuela reconhecer alguma possibilidade de um nível de vida melhor. Se, a certa altura, a economia ficar mesmo má, a popularidade de Chavez no país certamente diminuirá e, para já, essa é a única arma que temos contra ele e que devemos usar, ou seja, os instrumentos económicos para tentar fazer com que a economia piore ainda mais, de modo que o seu poder de atracção no país e na região se afunde".
Eagleburger, que também foi consultor do presidente George W. Bush nessa altura, continuou afirmando que "Tudo o que pudermos fazer para lhes dificultar a economia neste momento é uma boa coisa, mas façamo-lo de uma maneira que não nos ponha em conflito directo com a Venezuela, se o pudermos fazer".
SABOTAGEM
Pouco depois destas afirmações de Eagleburger, a economia da Venezuela recuperou muito. Mas foi a rápida nacionalização do governo de Chavez de diversas indústrias e empresas, juntamente com uma firme acção legal contra os negociantes que açambarcaram produtos e aumentaram preços ilegalmente que salvaram o país da recessão. O ano de 2007 na Venezuela foi extremamente difícil, até o papel higiénico era difícil de encontrar, assim como alimentos básicos como o açúcar, o leite, a farinha e o café. Mas não era que não houvesse esses produtos no país. Descobriram-se toneladas de produtos, escondidos dos consumidores em armazéns pertencentes a empresas nacionais e transnacionais do país. Outros produtos foram transportados ilegalmente para fora das fronteiras, para a Colômbia ou Panamá, para revenda a preços mais altos.
Durante os últimos anos, a sabotagem continuou em vagas sucessivas. Por vezes desaparece o açúcar das prateleiras dos supermercados, provocando o pânico, outras vezes é o leite, ou a farinha de milho, os guardanapos ou o feijão. Depois, encontram-se quantidades enormes desses produtos em contentores ou armazéns pertencentes a uma empresa privada ou sob o controlo de qualquer funcionário governamental corrupto.
Ainda há pouco tempo, o Sebin, organismo de informações da Venezuela descobriu 32 toneladas de produtos alimentares em decomposição, incluindo óleo, café, açúcar, manteiga, arroz, massas, carne e leite, dentro de 1 300 contentores estacionados em Puerto Cabello, na costa Norte-Centro. Os produtos destinavam-se à venda nos mercados subsidiados pelo governo, Mercal e Pdval, mas funcionários corruptos tinham-nos deixado ali propositadamente para apodrecerem a fim de provocar a sua escassez. Já foram detidos diversos funcionários governamentais que estão sob investigação quanto ao seu papel neste e noutros actos de corrupção e sabotagem na indústria alimentar.
"Guerra à corrupção", declarou o presidente Chavez na quarta-feira, acrescentando que "São vícios do passado, temos vindo a descobrir muitos funcionários públicos envolvidos em corrupção e vamos investigar e apresentá-los à justiça. Aqui ninguém está protegido da corrupção, quem lhe sucumbir, sucumbe". Chavez revelou que já tinham sido julgados e presos por corrupção na indústria alimentar nos últimos anos mais de 30 funcionários públicos.
GUERRA ECONÓMICA
Num evento na quarta-feira numa nova instalação de processamento socialista, a Diana Oil, o presidente Chavez respondeu aos críticos do sector privado, minimizando as suas acusações. "Dizem que Chavez está a destruir o país, que os trabalhadores não têm capacidade para gerir empresas e que a produção gerida por trabalhadores é uma ideia maluca. Dizem que o governo destrói todas as companhias que gere".
Chavez também apelou a uma resposta ao que considera como uma "guerra económica aberta" contra o povo e a Revolução. "Apelo à verdadeira classe trabalhadora da Venezuela que lute nesta guerra económica contra a burguesia", exclamou, acrescentando, "Eu nasci para esta batalha. Eles declararam a guerra económica contra mim e eu apelo a todos os trabalhadores que se juntem a mim na luta para apoiar a nossa economia".
O presidente venezuelano dirigiu palavras especiais a Lorenzo Mendoza, o dono de uma das maiores produtoras e distribuidoras de alimentos e bebidas do país. Um dos homens mais ricos da Venezuela, e um multimilionário Forbes, Mendoza dirige as Empresas Polar, que produzem e distribuem produtos como a cerveja Polar, a Pepsi-Cola e todo o tipo de sumos, vinagres, molhos, gelados, cereais, enlatados e comidas congeladas.
Chavez respondeu directamente às afirmações de Mendoza de que o presidente venezuelano está a destruir o país, afirmando, "Aceito o seu desafio. Vamos a isso. Você com os seus milhões e eu com a minha moral. Vejamos quem dura mais tempo, você com a sua Polar e as suas riquezas, ou eu com o meu povo e a dignidade de um soldado revolucionário". Chavez também avisou Mendoza que, se a companhia dele continuar a açambarcar produtos, a especular e a violar as regulamentações de preços, as Empresas Polar poderão ser nacionalizadas.
"Não tenho medo de nacionalizar a Polar, Mendoza, por isso tenha cuidado. A lei é a lei", declarou o chefe de estado venezuelano.
A Polar tem sido uma das principais companhias a fomentar a escassez de produtos no país durante os últimos anos, açambarcando bens de consumo nas centenas de armazéns que possui por todo o território nacional até se gerar suficiente pânico e descontentamento no país. Depois os produtos são lançados no mercado a preços mais altos, violando os regulamentos financeiros, provocando a inflação e tentando debilitar a economia.
Mas esta semana o presidente Chavez apelou a todos os sectores, privados e público, para que resistam e combatam esta guerra económica. "Estamos a trabalhar para o bem-estar de toda a gente, mesmo das classes mais altas e dos negócios privados. Ninguém estará estável enquanto o resto do país não estiver, por isso trabalhemos todos para isso".
Apesar da turbulência económica que afecta a Venezuela, a taxa de desemprego diminuiu nos últimos anos e a pobreza foi reduzida de 70% para 23% desde 1999.
Tradução de Margarida Ferreira.
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Candidatos "nanicos" sem espaço para debates...
Mídia ignora candidatos que questionam ‘status quo’ |
Waldemar Rossi * Correio da Cidadania | |
Por mais que escrevam e falem em democracia, em direito de livre
opinião, em liberdade de imprensa, os órgãos da comunicação "social" -
escrita, televisada e falada - não conseguem esconder suas preferências
eleitorais. Conseguem, com muita maestria, iludir a maioria do povo
brasileiro levando-a a crer que só temos duas escolhas: Dilma ou Serra,
Serra ou Dilma. Estamos sendo assaltados pelos bandos que comandam a
mídia a serviço unicamente dos interesses do capital, com a farsa das
eleições "democráticas". O mais grave é que contam, para isto, com a
ação militante ou mercenária de milhares de cidadãos que se dispõem a
ser "cabos eleitorais" dos grandes partidos ou, especialmente, dos
candidatos impostos. Para milhares deles, as campanhas eleitorais são
uma oportunidade de sair do sufoco financeiro causado pelo desemprego ou
pelo trabalho temporário. Aliás, bem sabem eles que essa será também
uma ocupação remunerada temporária apenas.
São raras as pessoas que se dão conta de que essas duas candidaturas vêm
sendo enfiadas goelas abaixo há tempos, a ponto de raríssimas saberem
que há outros postulantes ao cargo de Presidente da República (sem falar
dos governos estaduais). Para disfarçar, de vez em quando dão algum
espaço para uma reserva de campanha, no caso atual da simpática Marina,
porque, se ao acaso uma das candidaturas estratégicas não emplacar, tem
que haver uma substituição de última hora, como no caso do tão apreciado
futebol. Para o capital, o jogo eleitoral não pode ter hegemonia de uma
única corrente. É preciso que haja "disputa acirrada" para que os
candidatos e seus partidos busquem mais favores financeiros já
reservados em seus cofres, para, com isto, os terem sob seu controle
total.
Embora tenhamos vários outros candidatos à Presidência não há espaços na
mídia para eles. As tais liberdade de imprensa e igualdade de direitos,
nesse caso, são jogados na lata do lixo. Inventaram normas eleitorais
que, embora nossa Constituição garanta isonomia para os direitos de
todos os cidadãos, procuram explicar as "razões" para essa criminosa
discriminação. É comum lermos ou ouvirmos as informações de que tais
candidatos têm poucos eleitores, quase não têm representação
parlamentar, são mais fracos e, portanto, não podem ter os mesmos
direitos. E o povo, educado na lógica do sistema, acaba acreditando que
isso é justo. O político grego Sólon (640-560 a.C) ensinava: ‘As leis
são como teia de aranha: quando algo leve cai nelas, fica retido, ao
passo que se for algo maior consegue rompê-la e escapar’.
Mal sabem os leitores que tal discriminação visa realmente impedir que
candidaturas alternativas às escolhidas tenham alguma chance de se
tornarem conhecidas e defendidas, assim como de fazer chegar ao
conhecimento popular as denúncias das enormes injustiças que pesam sobre
a vida de, pelo menos, 2/3 da população, e de propor políticas públicas
voltadas para atender às reais necessidades dos brasileiros. Como pode a
mídia, toda ela nas mãos do grande capital, dar espaço a candidatos que
ousem combater os privilégios do agronegócio, que propõem a erradicação
das sementes trangênicas, a revogação da doação das terras públicas aos
latifundiários grileiros, o fim do desmatamento criminoso, o fim da
produção dos agrotóxicos, que estabelecem que os movimentos sociais
tenham o direito ao mesmo espaço nos meios de comunicação social quando
atacados pelas grandes empresas e pela própria mídia? Para os poderosos
isto é inconcebível, pois, segundo sua doutrina, "todos são iguais
perante a lei, mas alguns são mais iguais que os outros".
A farsa eleitoral visa garantir a gangorra do processo que ora coloca o
candidato "A" com mais peso popular, ora coloca a candidata "B" como a
preferida pelos eleitores. Essa farsa conta com os auto denominados
Institutos de Pesquisa da Opinião Pública para concretizar a chantagem,
promovendo o vai e vem na alta e na baixa das intenções de votos. E,
assim como na palhaçada dos "BBB"s, nossos leitores ou telespectadores
vão torcendo ora por uma ora por outra candidatura, não tomando
conhecimento das demais alternativas, pois é e tem sido assim que o
capital vai conseguindo domesticar nosso povo e lhe dizer o que ele deve
querer e não o que precisa ter.
*Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral
Operária da Arquidiocese de São Paulo.
|
A Fórmula da Inteligência...
Aquecimento
Global e Trapaça
Marcos Ferreira*
A Fórmula da Inteligência
exercita hoje a avaliação do propalado aquecimento
global e a sua conexão com a trapaça.
Já falamos das
trapaças do mundo científico. Já falamos da importância de detectar sinais de trapaça para a
perfeita aplicação da Fórmula da Inteligência. Na Fórmula da
Inteligência precisamos excluir as hipóteses falsas, se queremos
identificar a Verdade. A trapaça transpassa o mundo. As pessoas ingênuas
caem em armadilhas, porque acreditam em tudo que escutam, leem ou foram
ensinadas por alguma "autoridade" . Pois as autoridades são humanas e
falíveis. Possuem interesses mundanos que contaminam a sua
credibilidade. Sem a aplicação da
exclusão da trapaça, nenhuma linha de raciocínio é isenta de equívocos e
erros de escolha.
Tanto se fala no
aquecimento global. O que sempre me chamou a atenção é que os USA nunca
se empenharam nesse assunto( não assinaram o Protocolo de Kyoto, para
redução da emissão global de gás carbônico na atmosfera). Nunca entendi
isso completamente?
Recentemente um
grupo de hackers interceptou 1000 e-mails trocados entre cientistas
ligados à Universidade de East Anglia, na Inglaterra, o principal centro
mundial de climatologia. As mensagens mostraram que os cientistas
distorceram gráficos para provar que o planeta está em processo de
superaquecimento global. Os cientistas que discordam desse
posicionamento têm as suas ideias boicotadas, seus dados de pesquisa
bloqueados nas publicações científicas, tachados de "Céticos ".
Os
"catastrofistas" , liderados pelo climatologista Phil Jones, diretor do
Centro de Pesquisas Climáticas da Universidade de East Anglia, que
enviou muitos e-mails comprometedores, admitiu que manipulou dados.
Desde 1995 o mundo não apresenta aquecimento algum, como admitiu ele ,
depois que vazaram as informações comprometedoras. Uma das previsões
catastróficas é o desaparecimento das geleiras do Himalaia até 2035. Mas
essa previsão não tem o menor suporte científico. Há interesses
pessoais de pesquisadores envolvidos nessa pseudopublicação. O IPCC(
Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas-ONU) é composto por
3000 cientistas do mundo inteiro. Deixar que o interesse psicopático de
alguns( 20 %) engane o mundo é inadmissível.
Quero lembrá-los que a exclusão da
trapaça é vital para ficar mais inteligente. Em
Wall Street, os investidores que não aplicaram a Fórmula da
Inteligência( eles não leem o meu humilde blog, risos) , colocaram o
seus bilhões de dólares na mão do vigarista Bernard Madoff, que foi
condenado a 150 anos de prisão por lesar os clientes num regime de
pirâmide financeira. Muitas pessoas perderam as economias de uma vida
inteira. Os eleitores de Brasília também não aplicaram a Fórmula da Inteligência
e colocaram a raposa no galinheiro. E assim segue o mundo, tanto em
nível regional como global.
Lembrem-se de
excluir a trapaça. Sempre há mais
coisas acontecendo do que aparentemente conseguimos perceber
sem a aplicação da Fórmula
da Inteligência. Investigue, exclua hipóteses
falsas, examine por si mesmo as evidências, recuse-se a ingerir
informações de segunda mão, baseadas em alguma "autoridade infalível ".
Pense por si mesmo! Investigue por si mesmo! Aplique a Fórmula da Inteligência
todos os dias em diferentes assuntos do seu interesse. Quanto mais você
aplicá-la, mais inteligente se tornará!
- *Médico psiquiatra( CREMERS 22604), com larga experiência em psicofarmacologia e psicoterapia . Formado há 13 anos, trabalha na especialidade Psiquiatria há 11 anos. Autor de dois livros ( "Wake up,Live the Life you Love" e " Vestibular- A Maratona pelo primeiro Lugar-"). Possui formação em Coaching Integrado ( ICI-São Paulo) e ministra cursos de autodesenvolvimento nas área empresarial, utilizando técnicas de mudança acelerada. Atende no consultório privado, abordando doenças mentais com medicamentos e terapia cognitivo-comportamental. Membro Oficial da INTERNATIONAL HIGHIQSOCIETY(EUA) desde 2006= QI-158( percentil 99)/ Membro Oficial da SIGMA SOCIETY(Brazil) desde 2006- QI > 132( percentil 98 ) Consultório: Santa Maria Shopping- Torre GBOEX(calçadão) Dr. Bozano, 1259/ sala 503 Tel:(55) 3027 2777.
Imposto sobre grandes fortunas saindo do papel...
Imposto sobre grandes fortunas avança na Câmara
Passou meio despercebida ontem uma
notícia muito importante. A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara
aprovou o Projeto de Lei Complementar 277/08, da deputada Luciana Genro
(Psol-RS), que institui o Imposto sobre Grandes Fortunas para todo
patrimônio superior a R$ 2 milhões.
É um primeiro passo para uma tributação mais justa no país, que
atinja o alto da pirâmide e gere mais caixa para investimentos em saúde,
educação e moradia, entre outros setores de responsabilidade primordial
do Estado. O projeto ainda precisa passar pelo Plenário, e se aprovado
seguirá para o Senado.
Esta é uma batalha dura. Empresários e parlamentares vivem cobrando
uma reforma tributária no país, mas evitam debater o Imposto sobre
Grandes Fortunas, cuja criação foi prevista na Constituição de 1988.
Imposto semelhante existe na Alemanha, França e Suíça, enquanto na
Inglaterra e Estados Unidos existem impostos elevados sobre heranças.
Pelo projeto aprovado, a alíquota do imposto varia de acordo com o
tamanho da fortuna. Para o patrimônio de R$ 2 milhões a R$ 5 milhões, a
taxação será de 1%. Entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões, de 2%. De R$ 10
milhões a R$ 20 milhões, de 3%. De R$ 20 milhões a R$ 50 milhões, de 4%;
e de 5% para fortunas superiores a R$ 50 milhões.
Para os que vão se levantar contra a medida, é importante ressaltar
que um trabalhador que ganha R$ 5 mil por mês, paga anualmente de
Imposto de Renda 13,66% de seu ganho anual. E estamos falando de imposto
sobre a renda gerada pelo seu trabalho. Diante disso, o que significa
pagar 1% para quem tem um patrimônio de mais de R$ 2 milhões?
O número de brasileiros milionários não é preciso, mas tomando por
base levantamento após a crise de 2008, publicado por O Globo em junho do ano passado, são 131 mil
indivíduos que tem mais de US$ 1 milhão em investimentos financeiros.
Os equívocos das sanções ao Irã...
Sanções ao Irã tornam os EUA "perdedores morais", diz Garcia
O assessor especial da Presidência da República Marco Aurélio Garcia citou nesta quinta-feira (10) declarações do presidente Barack Obama, segundo o qual a força moral dos Estados Unidos é importante componente de sua presença internacional, ao lado do poderio militar e econômico do país. Para Marco Aurélio, desde quarta (9), os Estados Unidos perderam essa força, com o peso do país no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) influenciando na aplicação de sanções ao Irã.
"No passado, quando valia a política
do 'sim, senhor', achava-se que tudo tinha que ser resolvido em comum
acordo com os Estados Unidos. E agora eles fizeram o que estavam
acostumados a fazer", afirmou o assessor. Em visita à capital argentina,
onde fez palestra a convite da Fundação Jean Jauès, Marco Aurélio disse
acreditar que os americanos vão pagar um preço por isso. "Não é o
Brasil que saiu ganhador moral dessa briga. Os Estados Unidos é que são
os perdedores morais."
Com as sanções, perdeu-se uma grande oportunidade de negociação, afirmou Garcia. "Mais do que isso, deu-se um mau exemplo de como se enfrenta o problema." Para ele, as restrições ao Irã podem ser ineficazes e solidificar as forças políticas no país, uma vez que pressões externas tendem a ampliar o apelo à nacionalidade. Ele descarta, porém, consequências nas relações do Brasil com as potências do Conselho de Segurança da ONU por causa de tais divergências.
Segundo ele, o Brasil tem relações muito boas com alguns países e alianças estratégicas com outros. "Não concordamos com as sanções ao Irã, mas isso demonstra o que são as relações internacionais hoje. Não há mais alinhamento incondicional. Queremos debater. No caso do Irã, queríamos o debate, porque senão pareceria uma posição irresponsável da Turquia e do Brasil fazer um enorme sacrifício, deslocar o presidente [Lula] até o país, empenhar nosso prestígio internacional, fazer uma mobilização que teve grande visibilidade internacional para, em seguida, deixar de defender o acordo com o Irã."
De acordo com Garcia, o acordo sobre o programa nuclear iraniano teve um aspecto importante: "Nós criamos uma coisa que em política internacional é fundamental, que é constituir confiança com um país que estava desacreditado. Se alguém acha que para o Irã foi fácil tomar a decisão que tomou [assinar o acordo com o Brasil e a Turquia], não foi. Foi muito difícil", lembrou o assessor presidencial. Segundo ele, foram dois dias de muitas reuniões e discussões com os líderes iranianos. "Era visível que eles tinham problemas internos que não estavam conseguindo aplainar."
Não foi por um acesso de megalomania que o Brasil não participou do acordo com o Irã, disse ele. "Foi porque existe um componente universalista em nossa política externa que queremos levar à prática. Se não fizermos isso, a política externa é apenas um exercício retórico. Política internacional é isso: tem de ter credibilidade e estar apoiada em iniciativas concretas".
Ele classificou de "retórica" a declaração do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, de que jogará "no lixo" a decisão da ONU de impor sanções ao país. "Acho que a expressão disso é a seguinte: se o objetivo das sanções era frear o programa nuclear iraniano — para fins pacíficos, bélicos ou quaisquer outros — vai dar exatamente o
contrário. Anotem: exatamente o contrário."
Garcia acrescentou que a política externa brasileira continua a mesma, porque não se resume ao Irã. "Temos uma agenda global amplíssima. Temos a reunião do G20, onde o presidente Lula vai vocalizar uma série de posições sobre a crise internacional e os caminhos para sair dela. Tem muita coisa pela frente."
Sobre a situação em Honduras, ele disse que o Brasil continua apoiando o ex-presidente Manuel Zelaya, deposto no ano passado. "Nós dissemos claramente o seguinte: se o presidente Porfirio Lobo reintegrar Zelaya plenamente na vida política e anistiá-lo, não teremos nenhum problema para que Honduras volte a integrar a Organização dos Estados Americanos (OEA)".
Fonte: Agência Brasil
Com as sanções, perdeu-se uma grande oportunidade de negociação, afirmou Garcia. "Mais do que isso, deu-se um mau exemplo de como se enfrenta o problema." Para ele, as restrições ao Irã podem ser ineficazes e solidificar as forças políticas no país, uma vez que pressões externas tendem a ampliar o apelo à nacionalidade. Ele descarta, porém, consequências nas relações do Brasil com as potências do Conselho de Segurança da ONU por causa de tais divergências.
Segundo ele, o Brasil tem relações muito boas com alguns países e alianças estratégicas com outros. "Não concordamos com as sanções ao Irã, mas isso demonstra o que são as relações internacionais hoje. Não há mais alinhamento incondicional. Queremos debater. No caso do Irã, queríamos o debate, porque senão pareceria uma posição irresponsável da Turquia e do Brasil fazer um enorme sacrifício, deslocar o presidente [Lula] até o país, empenhar nosso prestígio internacional, fazer uma mobilização que teve grande visibilidade internacional para, em seguida, deixar de defender o acordo com o Irã."
De acordo com Garcia, o acordo sobre o programa nuclear iraniano teve um aspecto importante: "Nós criamos uma coisa que em política internacional é fundamental, que é constituir confiança com um país que estava desacreditado. Se alguém acha que para o Irã foi fácil tomar a decisão que tomou [assinar o acordo com o Brasil e a Turquia], não foi. Foi muito difícil", lembrou o assessor presidencial. Segundo ele, foram dois dias de muitas reuniões e discussões com os líderes iranianos. "Era visível que eles tinham problemas internos que não estavam conseguindo aplainar."
Não foi por um acesso de megalomania que o Brasil não participou do acordo com o Irã, disse ele. "Foi porque existe um componente universalista em nossa política externa que queremos levar à prática. Se não fizermos isso, a política externa é apenas um exercício retórico. Política internacional é isso: tem de ter credibilidade e estar apoiada em iniciativas concretas".
Ele classificou de "retórica" a declaração do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, de que jogará "no lixo" a decisão da ONU de impor sanções ao país. "Acho que a expressão disso é a seguinte: se o objetivo das sanções era frear o programa nuclear iraniano — para fins pacíficos, bélicos ou quaisquer outros — vai dar exatamente o
contrário. Anotem: exatamente o contrário."
Garcia acrescentou que a política externa brasileira continua a mesma, porque não se resume ao Irã. "Temos uma agenda global amplíssima. Temos a reunião do G20, onde o presidente Lula vai vocalizar uma série de posições sobre a crise internacional e os caminhos para sair dela. Tem muita coisa pela frente."
Sobre a situação em Honduras, ele disse que o Brasil continua apoiando o ex-presidente Manuel Zelaya, deposto no ano passado. "Nós dissemos claramente o seguinte: se o presidente Porfirio Lobo reintegrar Zelaya plenamente na vida política e anistiá-lo, não teremos nenhum problema para que Honduras volte a integrar a Organização dos Estados Americanos (OEA)".
Fonte: Agência Brasil
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Estudantes conquistam 50% de recursos do pré-sal para educação
O movimento estudantil está em festa com a aprovação da emenda que garante 50% dos recursos do Fundo Social do pré-sal para a educação. Para os líderes estudantis e os senadores que asseguraram a aprovação da emenda, a matéria representa um momento histórico para a educação no Brasil. O projeto, ao sofrer alteração no Senado, será novamente votado na Câmara. A luta agora, segundo os dirigentes da UNE e Ubes, é garantir a aprovação pelos deputados e a sanção pelo Presidente Lula.
O presidente da União Nacional dos
Estudantes (UNE), Augusto Chagas, lembra os três últimos dias de
mobilização dos líderes estudantis junto aos senadores para pressionar
pela aprovação da matéria. Chagas destaca que “o relatório do governo
não definia prioridade nenhuma para os recursos, procuramos os senadores
e acabou sendo unânime a nossa emenda.”
Para ele, a definição dos recursos para educação prioriza o que mais vai contribuir para o desenvolvimento do País. Ian Ivanovicht, presidente da Ubes, diz o mesmo, destacando que os recursos do pré-sal são finitos e devem ser destinados a setor estratégico.
“Tivemos um grande embate com a bancada do governo e oposição, que construíram junto com o líder do governo no senado, Romero Jucá (PMDB-RR), a proposta de colocar vários setores como prioridades – sete pontos como prioritários -, o que acabaria não priorizando nenhum de modo prático”, avalia Ian.
O senador Inácio Arruda, líder do PCdoB no Senado, confirma as palavras dos líderes estudantis; “As carências educacionais são apontadas como um dos principais gargalos ao desenvolvimento nacional. Sem maciços investimentos na universalização e na qualidade da educação básica, profissional e superior, não teremos cidadãos preparados para ampliar o parque científico e tecnológico nacional, incrementar a indústria e colocar o Brasil em condições de competitividade internacional”.
Dois novos passos
Após a aprovação da proposta, que eles consideram a maior conquista do movimento de juventude do Brasil depois da instituição do voto aos 16 anos, eles já se preparam para garantir a efetivação da vitória.
“Dois passos que demos que dar, anuncia Ian. “Faremos pressão juntos aos líderes partidários para aprovação do projeto na Câmara dos Deputados. “E junto ao Presidente Lula para que não vete”, complementa Chagas.
Eles querem convencer o Presidente Lula de que não existe segmento social que mais mereça recursos do que a educação. São todos outros importantes – Bolsa Família, Luz para Todos etc, mais investir em educação é investir nas futuras gerações, que terá resultado permanente com a geração do conhecimento, dizem em uníssono os dois dirigentes estudantis.
O mesmo argumento eles usarão junto aos deputados para garantir a aprovação na Câmara. Para isso, anunciaram que vão convocar uma “guerrilha virtual”, com os estudantes do Brasil inteiro enviando mensagens favoráveis a proposta para as caixas postais e twitter dos deputados para pressionar.
Nessa empreitada, eles dizem que contam com uma vantagem. A tática do governo é concluir a votação da matéria ainda este semestre. E, tendo o governo maioria na Câmara, fica mais fácil convencê-la da aprovação do projeto com as alterações feitas no Senado para acelerar o processo.
Bandeira única
Os líderes estudantis relembraram a luta de um ano do movimento estudantil em torno da bandeira dos 50% de recursos do pré-sal para educação, destacando que ela tornou-se prioridade para a gestão da UNE e Ubes. Em seguida, o tema foi levado para debate na Conferência Nacional de Educação, tornando-se prioridade para todo o movimento educacional do país.
Eles destacaram também o empenho dos senadores Inácio Arruda (PCdoB-CE), Fátima Cleide (PT-RO) e Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), que apresentaram a emenda e comandaram a articulação com os demais senadores, garantindo uma votação unânime a favor da proposta.
De Brasília no Vermelho
Márcia Xavier
Para ele, a definição dos recursos para educação prioriza o que mais vai contribuir para o desenvolvimento do País. Ian Ivanovicht, presidente da Ubes, diz o mesmo, destacando que os recursos do pré-sal são finitos e devem ser destinados a setor estratégico.
“Tivemos um grande embate com a bancada do governo e oposição, que construíram junto com o líder do governo no senado, Romero Jucá (PMDB-RR), a proposta de colocar vários setores como prioridades – sete pontos como prioritários -, o que acabaria não priorizando nenhum de modo prático”, avalia Ian.
O senador Inácio Arruda, líder do PCdoB no Senado, confirma as palavras dos líderes estudantis; “As carências educacionais são apontadas como um dos principais gargalos ao desenvolvimento nacional. Sem maciços investimentos na universalização e na qualidade da educação básica, profissional e superior, não teremos cidadãos preparados para ampliar o parque científico e tecnológico nacional, incrementar a indústria e colocar o Brasil em condições de competitividade internacional”.
Dois novos passos
Após a aprovação da proposta, que eles consideram a maior conquista do movimento de juventude do Brasil depois da instituição do voto aos 16 anos, eles já se preparam para garantir a efetivação da vitória.
“Dois passos que demos que dar, anuncia Ian. “Faremos pressão juntos aos líderes partidários para aprovação do projeto na Câmara dos Deputados. “E junto ao Presidente Lula para que não vete”, complementa Chagas.
Eles querem convencer o Presidente Lula de que não existe segmento social que mais mereça recursos do que a educação. São todos outros importantes – Bolsa Família, Luz para Todos etc, mais investir em educação é investir nas futuras gerações, que terá resultado permanente com a geração do conhecimento, dizem em uníssono os dois dirigentes estudantis.
O mesmo argumento eles usarão junto aos deputados para garantir a aprovação na Câmara. Para isso, anunciaram que vão convocar uma “guerrilha virtual”, com os estudantes do Brasil inteiro enviando mensagens favoráveis a proposta para as caixas postais e twitter dos deputados para pressionar.
Nessa empreitada, eles dizem que contam com uma vantagem. A tática do governo é concluir a votação da matéria ainda este semestre. E, tendo o governo maioria na Câmara, fica mais fácil convencê-la da aprovação do projeto com as alterações feitas no Senado para acelerar o processo.
Bandeira única
Os líderes estudantis relembraram a luta de um ano do movimento estudantil em torno da bandeira dos 50% de recursos do pré-sal para educação, destacando que ela tornou-se prioridade para a gestão da UNE e Ubes. Em seguida, o tema foi levado para debate na Conferência Nacional de Educação, tornando-se prioridade para todo o movimento educacional do país.
Eles destacaram também o empenho dos senadores Inácio Arruda (PCdoB-CE), Fátima Cleide (PT-RO) e Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), que apresentaram a emenda e comandaram a articulação com os demais senadores, garantindo uma votação unânime a favor da proposta.
De Brasília no Vermelho
Márcia Xavier
Inclusão digital na África
Inclusão Digital: NEPAD começa a ter sucesso na África |
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NEPAD, a Nova Parceria para o Desenvolvimento da
África, foi criada em 2001 para produzir um quadro Africano, dirigido
por africanos, para o desenvolvimento social e econômico do continente. A
história de sucesso mais recente é a NEPAD TIC Infra-estrutura da Rede
de Banda Larga, que oferece conexões à Internet de banda larga em todo o
continente, eliminando o fosso digital e providenciando aos africanos a
igualdade de oportunidades.
Os dias em que o fado de um ser humano foi decidido pelo acidente do
local de nascimento, felizmente são numerados. Em vias de extinção
também, é o mundo em que as pessoas eram rotuladas de acordo com qual
lado de uma linha invisível nasceram, uma linha que determina se iriam
ser ricos ou os pobres, ou se eles tinham acesso a direitos básicos como
a liberdade de circulação, educação ou saúde.
NEPAD tem sido fundamental no fornecimento de quadros
de pessoal africanos, trabalhando para os africanos, classificando e
resolvendo os problemas de África sem a interferência das potências
ex-coloniais que criaram os problemas do continente por desmembramento
de territórios, divisão das sociedades e o hábito de traçar linhas em
mapas. Fornecendo soluções em diversas áreas, incluindo Desenvolvimento
de Género, Ciência e Tecnologia, Desenvolvimento de Recursos Humanos em
Educação e Saúde, Governação e Capacitação, Infra-estrutura, Meio
Ambiente e Mudanças Climáticas, Agricultura e Segurança Alimentar,
Comércio e Acesso a Mercados, a mais recente história de sucesso da
NEPAD é na área de acesso à Internet de banda larga.
Numa altura em que uma criança que não tem acesso à Internet vive em desvantagem, a Rede tem como principal objectivo a meta de conectar todos os países africanos entre si e ligados aos outros continentes através de sistemas de cabos existentes e previstas.
De acordo com NEPAD, "O objetivo principal do
programa é integrar o continente, para que as trocas comerciais, sociais
e culturais sejam mais fáceis e mais baratas". Esta será implementada
através de cabos submarinos (Uhurunet) e terrestres (Umojanet).
Haverá três principais vantagens desta nova rede. Em primeiro lugar, irá reduzir o fosso digital, permitindo que as comunidades digitais isoladas possam comunicar via Internet; em segundo lugar, irá fornecer uma plataforma mais barata e mais acessível para as comunicações regionais e internacionais, abrindo as comunidades da África ao resto do mundo e oferecendo oportunidades; em terceiro lugar , a conectividade regional e internacional terá maior fiabilidade e qualidade.
Até hoje, o consórcio ACE e a NEPAD ligaram a África Ocidental para a Europa através da rede de cabo submarino Uhurunet, a primeira etapa de um projeto Pan-Africano, um processo que deve ser prosseguida nos órgãos da Comissão e-Africa da governação no Senegal a partir de 7-9 de Junho.
Depois que o continente africano sofreu tão profundamente ao longo de tanto tempo, vivendo com cicatrizes causadas por estranhos criando uma via de canais para a saída de seus recursos para mãos estrangeiras, é o dever da comunidade internacional facilitar o desenvolvimento de África e dar aos seus filhos uma oportunidade igual . É altura que a noção de que as hipóteses de um ser humano possam ser moldadas através do lugar onde ele(a) nasceu, deixe de existir de imediato.
Timothy BANCROFT-HINCHEY
PRAVDA.Ru
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Sanções contra o Irã...
ONU aprova sanções ao Irã. Brasil e Turquia dizem não.
Acaba de sair a notícia de que o
Conselho de Segurança da ONU aprovou novas sanções contra o Irã, com 12
votos favoráveis e dois contrários, o do Brasil e o da Turquia. O
Líbano, que se opõe às sanções mas ocupa a presidência (rotativa) do
Conselho, se absteve.
Era um resultado esperado. Rússia e China fizeram os EUA diminuirem o
peso das sanções, mantendo, pragmaticamente, seus negócios com aquele
país. Mas evitaram explicitar o confronto que mantém com os Estados
Unidos em matéria de influência externa. Afinal, estão na “primeira
divisão” do Mundo, com direito a veto a qualquer decisão da ONU. E a
ambos também não interessa muito um vizinho mais desenvolvido, inclusive
em termos de tecnologia.
Eu quero cumprimentar a postura do nosso Itamaraty. Foram muitas as
pressões para que o Brasil se abstivesse, como forma de não criar
“mal-estar” maior com as grandes potências. O Brasil e a Turquia
conservaram estatura moral para continuarem a ser aceitos como
interlocutores por teerã.
Seria uma desmoralização impensável que Brasil e Turquia, que
apresentaram uma proposta efetiva para encontrar-se o caminho da paz,
aceitassem uma dança hipócrita em torno de sanções que não resolvem
coisa alguma e servem apenas para mostrar “quem manda aqui” e se
abstivessem.
Não sou eu quem diz que estas sanções não ajudam, senão, a agravar a
crise. Quem o diz é o próprio premier russo, e homem-forte do governo
daquele país. Embora tenha votado pela sanção, o primeiro-ministro
russo, Vladimir Putin, afirmou que a punição contra o Irã é ineficaz.
“Você conhece um único exemplo de sanções eficazes? Em seu conjunto,
são ineficazes”, declarou Putin.
As grandes potências – e seus aliados “de confiança” – não querem um
mundo livre de armas atômicas. Querem, apenas, que ninguém, além deles,
as possua. Olhe o mapa, publicado pelo UOL, que ilustra este post.
Procure o Irã. Não está lá. Mas é quem vai pagar o pato atômico.
terça-feira, 8 de junho de 2010
Marcha contra a Monsanto....
Camponeses marcham contra a Monsanto e pela soberania nacional
A marcha foi uma resposta à
doação de 475 toneladas de milho híbrido que a multinacional Monsanto
ofereceu ao governo do Haiti no último mês de maio
Thalles
Gomes
Enche
/Haiti
Lanbi
é o termo em kreyòl para designar uma espécie de concha marítima
muito comum no litoral haitiano e que costuma servir de alimento para
o povo dos litorais. Mas lanbi não é somente uma concha. É também
um instrumento de guerra. Nos tempos da colônia, os escravos
haitianos sopravam seus lanbis ao calar da noite e o som grave que
saia deles era o sinal para convocar as reuniões que planejariam os
passos da independência haitiana. Foi ao som dos lanbis que se levou
a cabo a primeira revolução vitoriosa de escravos que se tem
notícia na história da humanidade. O ruído grave e oco do lanbi
foi o prenúncio da libertação das Américas.
Na
última sexta-feira, 04 de Julho de 2010, o som do lanbi voltou a ser
ouvido na pequena ilha do Caribe. Na região de Papay, no
departamento Central do Haiti, milhares de camponeses e camponesas
marcharam ao ritmo dos lanbis. Eles vinham de todos os confins do
país e gritavam em uníssono: “Abaixo a Monsanto. Abaixo as
sementes transgênicas e híbridas. Viva as Sementes Nativas
Crioulas!”
A
Marcha foi uma resposta à doação de 475 toneladas de milho híbrido
que a multinacional Monsanto ofereceu ao governo do Haiti no último
mês de maio. Esta doação está sendo encarada pelas famílias e
movimentos camponeses como um verdadeiro presente mortal e
representa um “ataque muito forte à agricultura camponesa, aos
camponeses e às camponesas, à biodiversidade, às sementes crioulas
que estamos defendendo, ao que resta de nosso meio ambiente no
Haiti”, de acordo com Chavannes Jean-Baptiste, coordenador do MPP
(Mouvman Peyizan Papay) e membro da Via Campesina haitiana,
responsáveis pela convocação e coordenação da Marcha.
Percorrendo
uma distância de dez quilômetros desde a região de Papay rumo ao
centro da capital departamental Enche, a marcha contou com a presença
estimada de 8.000 a 12.000 pessoas, de acordo com seus organizadores.
Além da Via Campesina Haiti, participaram também diversas
articulações e movimentos camponeses como o FONDAMA, RENAHSSA,
PLANOPA, KABA GRANGOU, VETERINAIRES SANS FRONTIÈRES, FRÈRES DES
HOMMES, DÉVELOPPEMENT ET PAIX, FONDASYON MEN KONTRE AYITI e
ACTIONAID.
A
solidariedade internacional mostrou-se presente com lideranças
camponesas oriundas da República Dominicana, Estados Unidos, França,
Itália e Brasil. Os camponeses e camponesas que compõem a Via
Campesina Brasil externaram sua “indignação e preocupação”
com a entrada da Monsanto no Haiti, afirmando em carta pública que
“não podemos concordar que a catástrofe de 12 de Janeiro seja
utilizada como desculpa para abrir as portas do Haiti aos interesses
e lucros de multinacionais delinqüentes como a Monsanto. Sob uma
ilegítima e violenta ocupação militar levada a cabo há seis anos
pelas tropas da MINUSTAH – vergonhosamente liderada pelo exército
brasileiro - e tendo que lidar com os desafios da reconstrução do
país, o povo do Haiti não pode sofrer esse novo terremoto social
que a entrada de sementes transgênicas no país representaria.”
Durante
a Marcha, sementes de milho crioulo foram distribuídas e plantadas
pelos camponeses de Papay para demonstrar sua firme posição em
defesa das sementes nativas. Imbuídos dessa mesma convicção, ao
final do ato os camponeses queimaram simbolicamente uma pequena
porção do milho transgênico da Monsanto que começou a ser
distribuído pelo Ministério de Agricultura do Haiti. "Temos de
lutar por nossas sementes locais", afirmou Chavannes enquanto o
milho transgênico ardia no chão. "Devemos defender a
nossa soberania alimentar", concluiu.
Os
manifestantes não esconderam sua indignação com o Presidente Rene
Preval. As atitudes do presidente haitiano após o terremoto de 12 de
Janeiro de 2010 – que vitimou mais de 300 mil pessoas e desabrigou
milhões de famílias – vêm sendo bastante contestadas. A anuência
com a permanência das tropas de ocupação da MINUSTAH, a aprovação
de uma Lei de Emergência que prorroga seu mandato por mais 18 meses
e que cria uma Comissão Provisória para a Reconstrução do Haiti
sob o comando geral de Bill Clinton, somadas a este acordo com a
multinacional Monsanto, vêm transformando o nome de Rene Preval em
sinônimo de subserviência e corrupção nos meios populares. "Estou
aqui porque estou com raiva do Preval", afirmou o marchante
Pierre Charité, camponês de 61 anos que cultiva milho, banana e
cana-de-açúcar no departamento Central do Haiti. "Ele aceitou
esse milho ruim da Monsanto que vai matar o milho do Haiti. Eu não
vou usá-lo", asseverou Pierre.
O
terremoto de 12 de Janeiro derrubou casas e destruiu estradas, mas
não abalou a força dos camponeses haitianos. O som do lanbi voltou
a ecoar pelas montanhas da ilha.
Belissimo filme iraniano....
Tartarugas
podem Voar
(Lakposhtha Hâm Parvaz Mikonand )
(Lakposhtha Hâm Parvaz Mikonand )
Crianças mutiladas ganham a vida desarmando minas terrestres
que vendem a um intermediário, que, por sua vez, ganha a vida vendendo
as minas à ONU. É essa a imagem da luta pela sobrevivência num campo de
refugiados curdos pouco antes da invasão americana do Iraque,
documentada no filme Tartarugas Podem Voar.
Um acampamento de refugiados curdos no limite entre Irã e Iraque é comandado pelo garoto Satélite. Em meio a muito sofrimento, descaso e uma situação precária, o grupo segue a liderança do menino e acompanha notícias da iminente ocupação das tropas norte-americanas no Iraque.
Neste cenário, surge a jovem Agrin, uma menina de 14 anos que chega acompanhada do irmão. Ariscos, eles não conseguem se relacionar com o restante das pessoas e passam por um momento muito difícil, pois tiveram os pais mortos. Quando resolvem sair do campo de refugiados, os soldados dos Estados Unidos chegam à fronteira.
Um acampamento de refugiados curdos no limite entre Irã e Iraque é comandado pelo garoto Satélite. Em meio a muito sofrimento, descaso e uma situação precária, o grupo segue a liderança do menino e acompanha notícias da iminente ocupação das tropas norte-americanas no Iraque.
Neste cenário, surge a jovem Agrin, uma menina de 14 anos que chega acompanhada do irmão. Ariscos, eles não conseguem se relacionar com o restante das pessoas e passam por um momento muito difícil, pois tiveram os pais mortos. Quando resolvem sair do campo de refugiados, os soldados dos Estados Unidos chegam à fronteira.
O longa-metragem foi vencedor do Hugo de Prata do Festival
Internacional de Cinema de Chicago, além de ter sido premiado nos
festivais de cinema de Berlim, San Sebastian e México.
O filme pode atrair um público atento simplesmente por seu tema
e pela maneira como reafirma a capacidade humana de sobreviver à
crueldade extrema.
O campo de refugiados parece um lugar saído do inferno. Numa paisagem árida e rochosa, as barracas são montadas entre crateras, tanques de guerra destruídos e cartuchos de munição.
Mais estranho ainda é que em meio à imundície e à miséria geral, se vêem peças de equipamento de alta tecnologia.
O campo de refugiados parece um lugar saído do inferno. Numa paisagem árida e rochosa, as barracas são montadas entre crateras, tanques de guerra destruídos e cartuchos de munição.
Mais estranho ainda é que em meio à imundície e à miséria geral, se vêem peças de equipamento de alta tecnologia.
CRÉDITOS: makingoff - thyagoxxx
Quem desejar o Torrent do filme entre em contato por email...
Soran Ebrahim (Satellite) Avaz Latif (Agrin) Saddam Hossein Feysal (Pashow) Hiresh Feysal Rahman (Hengov) Abdol Rahman Karim (Riga) Ajil Zibari (Shirkooh) | Gênero: Drama Diretor: Bahman Ghobadi Duração: 95 minutos Ano de Lançamento: 2004 País de Origem: Irã / Iraque Idioma do Áudio: Árabe IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0424227/ | Qualidade de Vídeo: DVD
Rip Tamanho: 699 Mb Legendas: No torrent |
O Capitalismo carece de humanidade....
A Desumanidade do Sistema Capitalista
Atílio Borón*
Agora, os
epígonos do capitalismo regressam ao lançamento de ilusões em torno do
FMI da OMC, do BIRD que, “arrependidos dos erros do passado – irão
efetivamente resolver os grandes problemas que afetam a humanidade.
Todas essas instituições são incorrigíveis e irreformáveis e qualquer
esperança de mudanças em seus comportamentos não é nada mais do que pura
ilusão”.
O capitalismo
tem legiões de apologistas. Muitos o fazem de boa fé, produto de sua
ignorância e como dizia Marx porque «o sistema é opaco e sua natureza
exploradora e predatória não fica evidente, perante os olhos de homens e
mulheres do mundo». Outros o defendem porque são seus grandes
beneficiários arregimentam enormes fortunas graças a suas injustiças e
iniqüidades. Há também outros (gurus, financistas, opinólogos,
jornalistas especializados, acadêmicos bem pensantes e diversos
representantes do pensamento único) que conhecem perfeitamente o que o
sistema impõe em termos de custos sociais, degradação humana e do meio
ambiente, mas como estão muito bem remunerados procuram omitir essas
questões em seus relatos. Eles sabem muito bem, que a «batalha de
idéias» que foi convocada por Fidel Castro é algo que pode ser perigoso
para as ideologias que, no intimo, defendem e por isso não se empenham
em denunciar as mazelas do capitalismo.
Para contraditar a proliferação de versões idílicas sobre o
capitalismo e de sua capacidade de promover o bem estar geral examinemos
alguns dados obtidos de documentos oficiais das ONU. Eles são sumamente
didáticos quando se lê, principalmente em relação à crise atual –
indicando que a solução dos problemas do capitalismo se obtém com mais
capitalismo; ou que o G20, o FMI, a OMC e o BIRD, arrependidos dos erros
do passado – irão efetivamente resolver os grandes problemas que
afetam a humanidade. Todas essas instituições são incorrigíveis e
irreformáveis e qualquer esperança de mudanças em seus comportamentos
não é nada mais do que pura ilusão. Seguem propondo o mesmo, somente
que o discurso é diferente e adotando uma estratégia de «relações
públicas» desenhada para ocultar suas verdadeiras intenções. Quem tenha
dúvidas que constate o que estão propondo para «solucionar» a crise na
Grécia: as mesmas receitas que aplicaram e seguem aplicando na América
Latina e África desde os anos oitenta do século passado.
Em continuação, podemos citar alguns dados com suas respectivas
fontes recentemente sistematizados pelo Programa Internacional de
Estudos Comparativos sobre a Pobreza localizado na Universidade de
Bergen, Noruega, que fez um grande esforço para, desde uma perspectiva
crítica, combater o discurso oficial sobre a pobreza elaborado desde
mais de trinta anos pelo Banco Mundial e reproduzido incansavelmente
pelos meios de comunicação, autoridades governamentais, acadêmicos e
“especialistas” variados.
População mundial: 6,8 bilhões [mil milhões] de habitantes em 2009.
1,02 [mil milhões] bilhão de pessoas são desnutridos crônicos (FAO,2009);
2 bilhões [mil milhões] de pessoas não tem acesso a medicamentos (www.fic.nih.gov);
884 milhões de pessoas não têm acesso à água potável (OMS/UNICEF 2008);
925 milhões de pessoas são “sem teto” ou residem em moradias precárias (ONU Habitat 2003);
1,6 bilhões [mil milhões] de pessoas não tem acesso à energia elétrica (ONU Habitat, Urban Energy);
2,5 bilhões [mil milhões] de pessoas não são beneficiados por sistemas de saneamento, drenagens ou instalações sanitárias domiciliares (OMS/UNICEF 2008);
774 milhões de adultos são analfabetos ( www.uis.unesco.org );
18 milhões de mortos por ano devido à pobreza, a maioria são crianças menores do que cinco anos de idade (OMS);
218 milhões de crianças entre 5 e 17 anos de idade, trabalham em condições de escravidão com tarefas perigosas ou humilhantes, como soldados da ativa atuando em guerras e/ou conflitos civis, na prostituição infantil, como serventes, em trabalhos insalubres na agricultura, na construção civil ou industria têxtil (OIT: “La eliminación Del trabajo infantil, un objetivo a nuestro alcance” 2006);
Entre 1988 e 2002, os 25% mais pobres da população mundial reduziram sua participação no produto interno bruto mundial (PIB mundial) de 1,16% para 0,92%; enquanto os opulentos 10% mais ricos acrescentaram fortunas em seus bens pessoais passando a dispor de 64% para 71,1% da riqueza mundial. O enriquecimento de uns poucos tem como seu reverso o empobrecimento de muitos;
Somente esses 6,4% de aumento da riqueza dos mais ricos seriam suficientes para duplicar a renda de 70% da população mundial, salvando muitas vidas e reduzindo os sofrimentos dos mais pobres. Entendam bem: tal coisa somente seria obtida se houvesse possibilidade de redistribuir o enriquecimento adicional produzido entre 1988 e 2002 dos 10% mais ricos da população mundial, deixando ainda intactas suas exorbitantes fortunas. Mas nem isso passa a ser aceitável pelas classes dominantes do capitalismo mundial.
1,02 [mil milhões] bilhão de pessoas são desnutridos crônicos (FAO,2009);
2 bilhões [mil milhões] de pessoas não tem acesso a medicamentos (www.fic.nih.gov);
884 milhões de pessoas não têm acesso à água potável (OMS/UNICEF 2008);
925 milhões de pessoas são “sem teto” ou residem em moradias precárias (ONU Habitat 2003);
1,6 bilhões [mil milhões] de pessoas não tem acesso à energia elétrica (ONU Habitat, Urban Energy);
2,5 bilhões [mil milhões] de pessoas não são beneficiados por sistemas de saneamento, drenagens ou instalações sanitárias domiciliares (OMS/UNICEF 2008);
774 milhões de adultos são analfabetos ( www.uis.unesco.org );
18 milhões de mortos por ano devido à pobreza, a maioria são crianças menores do que cinco anos de idade (OMS);
218 milhões de crianças entre 5 e 17 anos de idade, trabalham em condições de escravidão com tarefas perigosas ou humilhantes, como soldados da ativa atuando em guerras e/ou conflitos civis, na prostituição infantil, como serventes, em trabalhos insalubres na agricultura, na construção civil ou industria têxtil (OIT: “La eliminación Del trabajo infantil, un objetivo a nuestro alcance” 2006);
Entre 1988 e 2002, os 25% mais pobres da população mundial reduziram sua participação no produto interno bruto mundial (PIB mundial) de 1,16% para 0,92%; enquanto os opulentos 10% mais ricos acrescentaram fortunas em seus bens pessoais passando a dispor de 64% para 71,1% da riqueza mundial. O enriquecimento de uns poucos tem como seu reverso o empobrecimento de muitos;
Somente esses 6,4% de aumento da riqueza dos mais ricos seriam suficientes para duplicar a renda de 70% da população mundial, salvando muitas vidas e reduzindo os sofrimentos dos mais pobres. Entendam bem: tal coisa somente seria obtida se houvesse possibilidade de redistribuir o enriquecimento adicional produzido entre 1988 e 2002 dos 10% mais ricos da população mundial, deixando ainda intactas suas exorbitantes fortunas. Mas nem isso passa a ser aceitável pelas classes dominantes do capitalismo mundial.
CONCLUSÃO
Não se pode combater a pobreza (nem erradicá-la) adotando-se medidas
capitalistas. Isso porque o sistema obedece a uma lógica implacável
centrada na obtenção do lucro, o que concentra a riqueza e aumenta
incessantemente a pobreza e as desigualdades sócio-econômicas a nível
mundial.
Depois de cinco séculos de existência é isto e somente isto que o
capitalismo tem para oferecer ao mundo! Que esperamos então para mudar o
sistema? Se a humanidade tem futuro, esse será claramente socialista!
Com o capitalismo, não haverá futuro para ninguém! Nem para os ricos,
nem para os pobres! A sentença de Friedrich Engels e também de Rosa
Luxemburg: «socialismo ou barbárie» é hoje mais atual do que nunca.
Nenhuma sociedade sobrevive quando seu impulso vital reside na busca
incessante do lucro e seu motor é a ganância, a usura. Mais cedo ou mais
tarde provocará a desintegração da vida social, a destruição do meio
ambiente, a decadência política e a crise moral.
Todavia estamos ainda em tempo para reverter esse quadro – então
vamos à luta!
* Atilio Borón, doutor em Ciência Política pela Harvard
University, é professor titular de Filosofia Política da Universidade de
Buenos Aires, Argentina.
Este texto foi publicado em:
http://pcb.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=1633:saiba-o-que-e-o-capitalismo-&catid=78:internacional
http://pcb.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=1633:saiba-o-que-e-o-capitalismo-&catid=78:internacional
Tradução: Jacob David Blinder
Conflito em Gaza...
Israel
não pode resolver conflito com palestinos pela força
Segundo autor Amos Oz, Israel deve chegar
rapidamente a acordo com palestinos sobre estabelecimento de Estado
independente na Cisjordânia e Faixa de Gaza, porque problemas de Israel
não podem ser resolvidos pela força.
Deutsche Welle
Durante 2.000 anos os judeus conheceram somente o poder
da força através de chicotadas em suas próprias costas. Agora, já há
várias décadas, estamos em condições de fazer uso de força. No entanto,
esse poder tem nos embriagado, muitas vezes. Frequentemente, achamos que
podemos resolver todos os problemas através da força. Para um homem com
um martelo grande, diz o provérbio, todos os problemas parecem um
prego.
No período anterior à fundação de Israel, uma grande parcela da população judaica na Palestina não conhecia os limites da força e pensava que ela poderia ser usada para alcançar qualquer objetivo. Felizmente, durante os primeiros anos de Israel, líderes como David Ben-Gurion e Levi Eshkol conheciam muito bem os limites dessa força e tomaram cuidado para não ir além dessas fronteiras. Mas, desde a Guerra dos Seis Dias em 1967, Israel se fixou na força militar. O mantra é: o que não pode ser feito pela força pode ser realizado com uma força ainda maior.
A ocupação israelense da Faixa de Gaza é um dos produtos negativos desse ponto de vista. Ela teve origem na hipótese equivocada de que o Hamas pode ser derrotado pela força armada ou, em termos mais genéricos, de que o problema palestino pode ser reprimido em vez de resolvido.
Não se derrota uma ideia pela força
Mas o Hamas não é somente uma organização terrorista. O Hamas é uma ideia. Uma ideia desesperada e fanática que cresceu a partir da desolação e da frustração de muitos palestinos. Ideia alguma jamais foi derrotada pela força – nem por ocupação, nem por bombardeios, nem pelo peso dos tanques, nem por comandos navais. Para derrotar uma ideia é preciso apresentar uma ideia melhor, mais atraente e aceitável.
Para Israel, a única forma de derrotar o Hamas é conseguir o mais rápido possível um acordo com os palestinos para estabelecer um Estado independente na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, de acordo com as fronteiras de 1967, tendo sua capital em Jerusalém Oriental. Israel tem que assinar um acordo de paz com Mahmud Abbas e seu governo, e assim reduzir o conflito israelo-palestino a um conflito entre Israel e a Faixa de Gaza.
Este último conflito só pode ser resolvido, afinal, através da negociação com o Hamas ou, mais sensatamente, pela integração entre o Fatah (de Mahmud Abbas) e o Hamas. Mesmo que Israel intercepte mais uma centena de navios caminho de Gaza, mesmo que envie soldados para ocupar a Faixa de Gaza mais uma centena de vezes, e mobilize, não importa quantas vezes, suas forças militares, policiais e secretas – nada disso resolverá o problema.
Estado de ocupação permanente
O problema é que não estamos sozinhos neste país, e tampouco os palestinos. Não estamos sozinhos em Jerusalém, nem os palestinos. Até nós, israelenses e palestinos, reconhecermos as consequências lógicas desse simples fato, continuaremos a viver em um permanente estado de ocupação – Gaza sob a ocupação de Israel, e Israel sob ocupação internacional e árabe.
Eu não menosprezo a importância da força. O poder militar é vital para Israel. Sem ele, não seríamos capazes de sobreviver um único dia. Pobre do país que menospreze a eficácia desse poder. Mas não podemos esquecer, nem por um momento sequer, que a força é eficaz somente como preventivo, para impedir a destruição e conquista de Israel, para proteger nossas vidas e nossa liberdade.
Qualquer tentativa de uso da força de forma não preventiva, que não seja em defesa própria, mas, pelo contrário, como forma de esmagar problemas e aniquilar ideias, levará a mais desastres, como aquele que provocamos em águas internacionais, em alto-mar, diante da costa de Gaza.
Autor: Amos Oz (CA)
Revisão: Augusto Valente
No período anterior à fundação de Israel, uma grande parcela da população judaica na Palestina não conhecia os limites da força e pensava que ela poderia ser usada para alcançar qualquer objetivo. Felizmente, durante os primeiros anos de Israel, líderes como David Ben-Gurion e Levi Eshkol conheciam muito bem os limites dessa força e tomaram cuidado para não ir além dessas fronteiras. Mas, desde a Guerra dos Seis Dias em 1967, Israel se fixou na força militar. O mantra é: o que não pode ser feito pela força pode ser realizado com uma força ainda maior.
A ocupação israelense da Faixa de Gaza é um dos produtos negativos desse ponto de vista. Ela teve origem na hipótese equivocada de que o Hamas pode ser derrotado pela força armada ou, em termos mais genéricos, de que o problema palestino pode ser reprimido em vez de resolvido.
Não se derrota uma ideia pela força
Mas o Hamas não é somente uma organização terrorista. O Hamas é uma ideia. Uma ideia desesperada e fanática que cresceu a partir da desolação e da frustração de muitos palestinos. Ideia alguma jamais foi derrotada pela força – nem por ocupação, nem por bombardeios, nem pelo peso dos tanques, nem por comandos navais. Para derrotar uma ideia é preciso apresentar uma ideia melhor, mais atraente e aceitável.
Para Israel, a única forma de derrotar o Hamas é conseguir o mais rápido possível um acordo com os palestinos para estabelecer um Estado independente na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, de acordo com as fronteiras de 1967, tendo sua capital em Jerusalém Oriental. Israel tem que assinar um acordo de paz com Mahmud Abbas e seu governo, e assim reduzir o conflito israelo-palestino a um conflito entre Israel e a Faixa de Gaza.
Este último conflito só pode ser resolvido, afinal, através da negociação com o Hamas ou, mais sensatamente, pela integração entre o Fatah (de Mahmud Abbas) e o Hamas. Mesmo que Israel intercepte mais uma centena de navios caminho de Gaza, mesmo que envie soldados para ocupar a Faixa de Gaza mais uma centena de vezes, e mobilize, não importa quantas vezes, suas forças militares, policiais e secretas – nada disso resolverá o problema.
Estado de ocupação permanente
O problema é que não estamos sozinhos neste país, e tampouco os palestinos. Não estamos sozinhos em Jerusalém, nem os palestinos. Até nós, israelenses e palestinos, reconhecermos as consequências lógicas desse simples fato, continuaremos a viver em um permanente estado de ocupação – Gaza sob a ocupação de Israel, e Israel sob ocupação internacional e árabe.
Eu não menosprezo a importância da força. O poder militar é vital para Israel. Sem ele, não seríamos capazes de sobreviver um único dia. Pobre do país que menospreze a eficácia desse poder. Mas não podemos esquecer, nem por um momento sequer, que a força é eficaz somente como preventivo, para impedir a destruição e conquista de Israel, para proteger nossas vidas e nossa liberdade.
Qualquer tentativa de uso da força de forma não preventiva, que não seja em defesa própria, mas, pelo contrário, como forma de esmagar problemas e aniquilar ideias, levará a mais desastres, como aquele que provocamos em águas internacionais, em alto-mar, diante da costa de Gaza.
Autor: Amos Oz (CA)
Revisão: Augusto Valente
segunda-feira, 7 de junho de 2010
O caso do “Exodus” repetiu-se, com troca de papéis. Agora, os israelitas são os britânicos.
Mate um turco e descanse
O caso do “Exodus” repetiu-se, com troca de papéis. Agora, os israelitas são os britânicos.
No mar alto, em águas internacionais, a marinha israelita atacou o
barco. Os comandos mascarados atacaram com fúria. Centenas de agredidos
resistiram. Os soldados atiraram. Houve mortos, muitos feridos. O barco
foi levado a outro porto, os passageiros desembarcaram. O mundo viu-os
andando pelo cais, homens e mulheres, velhos e jovens, todos esgotados,
rasgados, um depois do outro, escoltados por soldados…
O navio era o “Exodus 1947”. Havia deixado a França na esperança de
romper o bloqueio britânico, imposto para impedir que navios
abarrotados de sobreviventes do Holocausto aportassem nas costas da
Palestina. Se não conseguissem aportar, imigrantes ilegais, seriam
levados pelos britânicos aos campos de concentração em Chipre, como já
acontecera antes. Ninguém se preocuparia com eles por mais de um, dois
dias.
Em Israel, no governo, estava Ernest Bevin, do Partido Labour,
ministro britânico, arrogante e brutal, apaixonado pelo poder. Jamais
deixaria que um bando de judeus mandasse no seu governo. E decidiu dar
uma lição aos judeus, o mundo por testemunha. “É provocação!” gritou
ele e, claro, estava certo. O objetivo era mesmo gerar um acto de
provocação, para atrair os olhos do mundo para o bloqueio britânico da
Palestina.
O que aconteceu todos sabem: o ataque degenerou, uma estupidez
levou à outra, o mundo solidarizou-se com os passageiros dos barcos. Os
britânicos, senhores da Palestina não cederam e pagaram o preço. Pesado
preço.
Muitos crêem que o caso do “Exodus” marcou o ponto de viragem da
luta para a criação do Estado de Israel. O mandato britânico entrou em
colapso sob o peso da condenação internacional e os britânicos tiveram
de deixar a Palestina. Houve, é claro, muitas outras razões de peso
para aquela decisão, mas o episódio do “Exodus” provou ser a palha que
quebrou a espinha dorsal do camelo.
Esta semana, em Israel, não fui o único que lembrou este episódio.
De facto, foi quase impossível não lembrar, sobretudo os israelitas que
já vivíamos na Palestina naquele tempo e vimos tudo.
Há diferenças importantes, é claro. Aqueles eram sobreviventes do
Holocausto; hoje, são pacifistas de todo o mundo. Mas então, como hoje,
o mundo viu soldados pesadamente armados a atacar brutalmente
passageiros desarmados – que resistiram com o que encontraram à mão,
paus e porretes e com os punhos. Daquela vez, como hoje, aconteceu no
mar alto – daquela vez, a 40 km da costa; agora, a 65 km.
Analisado em rectrospectiva, o comportamento do governo britânico
em todo o caso parece inacreditavelmente estúpido. Mas Bevin não era
bobo; os oficiais britânicos que comandaram a acção não eram idiotas.
Afinal, acabavam de terminar a guerra mundial, do lado vencedor.
Se agiram como perfeitos idiotas do começo ao fim, foi por
arrogância, insensibilidade e absoluto desprezo pela opinião pública
mundial.
Ehud Barak é o Bevin israelita. Burro, não é; nem os generais
israelitas são burros. Mas são hoje responsáveis por uma cadeia de
decisões e actos alucinados, cujas implicações são difíceis de avaliar.
O ex-ministro e actual comentador Yossi Sarid descreveu o comité dos
sete ministros – “grupo dos sete” –, que decide sobre questões de
segurança, como “os sete idiotas” – e devo protestar. Foi um insulto
aos idiotas.
Os preparativos para a frota exigiram mais de um ano. Centenas de
mensagens de e-mail andaram pelo mundo. Eu mesmo recebi dúzias. Não era
segredo. Tudo foi feito às claras.
Houve tempo de sobra para que instituições políticas e militares em
Israel se preparassem para a chegada dos barcos. Os políticos poderiam
ter sido consultados. Os soldados, treinados. Os diplomatas,
informados. O pessoal da espionagem trabalhou.
De nada adiantou. Todas as decisões foram erradas, do primeiro ao último momento. E ainda não terminou.
A ideia de romper o bloqueio com uma frota de pacifistas roça a
genialidade. Põe Israel num dilema – tendo de escolher entre várias
alternativas, todas ruins. É a situação em que qualquer general sonha
ver o general adversário.
As alternativas:
(a) Permitir que a Frota chegue a Gaza, sem obstáculos. O
secretário do Gabinete apoiava essa ideia. Mas levaria ao fim do
bloqueio, porque depois dessa frota viriam outras, cada vez maiores.
(b) Deter os navios em águas territoriais, vistoriar a carga,
assegurar-se de que não havia nem armas nem “terroristas” e deixá-los
prosseguir até ao porto. Levantaria alguns protestos em todo o mundo,
mas preservar-se-ia o bloqueio, pelo menos em princípio.
(c) Capturar os barcos em alto mar e levar todos até Ashdod. O
risco, nesse caso, seria a batalha contra os activistas a bordo, até
Ashdod.
Como os governantes em Israel sempre fazem, quando têm de escolher
entre várias alternativas ruins, o governo Netanyahu escolheu a pior.
Todos os que acompanharam os preparativos noticiados pelos jornais
previam que havia risco de resultar em mortos e feridos. Ninguém aborda
um barco turco à espera de ser recebido por garotinhas louras que
ofereçam rosas. Todos sabem que os turcos não se rendem facilmente.
As ordens que os soldados receberam – e a imprensa divulgou –
incluíam as palavras fatais: “a qualquer custo”. Qualquer soldado sabe
o que significam essas palavras terríveis. Não bastasse, na lista dos
objectivos da missão, a atenção aos passageiros civis aparecia em
terceiro lugar, depois da salvaguarda da segurança dos soldados e da
necessidade de cumprir a missão.
Se Binyamin Netanyahu, Ehud Barak, o comandante geral do exército e
o comandante da marinha não sabiam que a operação poderia levar a matar
e ferir civis desarmados, então é necessário concluir – até os que
ainda relutem – que são todos insuperavelmente incompetentes. Merecem
ouvir as palavras imortais de Oliver Cromwell ao Parlamento: “Estão aí
há tempo demais, considerado o serviço que têm prestado… Vão-se!
Livrem-nos de vocês. Em nome de Deus, fora!”
Este acontecimento aponta outra vez para um dos mais sérios
aspectos da situação: Israel vive numa bolha, numa espécie de gueto
mental, que nos isola do mundo e nos impede de ver outra realidade: a
que o resto do mundo vê. Um psiquiatra veria aí sintoma de grave doença
mental.
A propaganda do governo e do exército israelitas, para o público
interno, conta uma história simples: os heróicos soldados de Israel,
valentes e sensíveis, elite da elite, abordaram o navio com intenções
de “parlamentar” e foram atacados por uma turba selvagem e violenta. Os
porta-vozes oficiais nunca esqueceram de repetir a palavra
“linchamento”.
No primeiro dia, praticamente toda a comunicação social israelita
acreditou. Afinal, claro que os judeus são sempre as vítimas. Sempre.
Aplica-se a soldados judeus, claro. Claro. Soldados judeus abordam
barco estrangeiro em águas internacionais e, imediatamente, se
metamorfoseiam em vítimas encurraladas, sem escolha, obrigados a
defender-se de ataque violento incitado por anti-semitas.
Impossível não lembrar a clássica piada de humor judeu, sobre a mãe
judia na Rússia, que se despede do filho convocado para o exército do
czar, em guerra contra a Turquia. “Não se desgaste”, aconselha a mãe.
“Mate um turco, e descanse. Mate outro turco e descanse outra vez…”
“Mas mãe”, o filho interrompe, “E se o turco me matar?”
“Matá-lo”?, exclama a mãe. “E por que o mataria? O que você lhe fez?”
Soa como loucura, para qualquer pessoa normal. Soldados pesadamente
armados de um comando de elite abordam um navio no mar, no meio da
noite, por mar e por ar – e são as vítimas?
Mas há aí uma gota de verdade: são vítimas, sim, de comandantes
arrogantes e incompetentes, de políticos irresponsáveis e da imprensa
que os mesmos arrogantes, incompetentes e irresponsáveis alimentam. De
facto, são vítimas também da população de Israel, dado que esses
eleitores, não outros, elegeram aquele governo, inclusive a oposição,
que não é diferente da situação.
O caso do “Exodus” repetiu-se, com troca de papéis. Agora, os israelitas são os britânicos.
Em algum lugar, algum novo Leon Uris prepara-se para escrever o
próximo livro, “Exodus 2010”. Um novo Otto Preminger planeia filmar
novo blockbuster. Um novo Paul Newman brilhará nele. Sorte, que não
faltam hoje talentosos actores turcos.
Há mais de 200 anos, Thomas Jefferson declarou que todas as nações
deveriam agir “com respeito decente pelas opiniões da humanidade”. Em
Israel, os líderes jamais aceitaram a sabedoria dessa lição. Preferem a
lição de David Ben-Gurion: “Não importa o que pensem os não-judeus. Só
importa o que os judeus fazem.” Vai-se ver, tinha a certeza de que não
há judeus que agem como imbecis.
Fazer da Turquia, inimiga, é pior que simples tolice. Há décadas, a
Turquia tem sido a mais próxima aliada de Israel na Região, muito mais
próxima do que a opinião pública supõe. A Turquia poderia, no futuro,
fazer o papel de importante mediadora entre Israel e o mundo
árabe-muçulmano, entre Israel e a Síria e, sim, também entre Israel e o
Irão. É possível que Israel, agora, tenha conseguido unir o povo turco
contra Israel – e já há quem diga que esse seria o único tema em torno
do qual os turcos afinal se uniram.
Estamos a viver o segundo capítulo da operação “Chumbo Derretido”.
Daquela vez, Israel reuniu a opinião pública contra Israel e os
israelitas, chocámos os raros amigos de Israel e facilitámos a luta
para os inimigos de Israel. Agora, Israel repete o feito, com talvez
ainda mais sucesso. Israel conseguirá virar, contra Israel, a opinião
pública mundial.
Este processo é lento. É como a água, acumulando por trás da
barragem. A água sobe devagar, em silêncio, mal se vê. E quando alcança
o nível crítico, a barragem cede e será o desastre, para Israel. Israel
aproxima-se perigosamente desse ponto.
“Mate um turco e descanse…” recomenda a mãe, na piada. O governo de
Israel nem descansa! Parece decidido a não parar, até ter convertido em
inimigo, o último amigo que reste a Israel.
Publicado por Gush Shalom [Bloco da Paz], Israel, em Haaret’z, Telavive, 3/6/2010
Tradução de Caia Fittipaldi, disponível em viomundo.com.br
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