quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Mauro Santayana: A direita e a pena de morte



Pergunte-se à senadora Kátia Abreu (PSD-TO) se ela concorda com a pena de morte para quem contratar pistoleiros para assassinar trabalhadores sem terra e seus líderes.

Por Mauro Santayana no CARTA MAIOR


A direita, no mundo inteiro, é acossada pela crise que ela mesma causou, e é nesses momentos que o perigo se torna maior. Os indignados saem às ruas, mas lhes falta direção política consequente. Os protestos, se não são alimentados de projetos claros e definidos, se perdem. Os atos de contestação dependem de ideologia e programas, que só os intelectuais são capazes de elaborar. A direita, no Brasil e no mundo, se reorganiza. A classe média é facilmente atraída por suas bandeiras da direita, com a que lhe promete "segurança".

Como muitos observam, as agitações podem ser facilmente vencidas pela repressão policial, mas as mudanças sociais – ou os atos de resistência contra o abuso do poder econômico – dependem de esforço intelectual tático e estratégico. O esforço intelectual, bem se entenda, não é o dos filósofos em suas torres de marfim, mas dos líderes experientes, que sabem como reunir e orientar os protestos e as reivindicações das grandes massas.

Já há sugestões de que, passadas as festas de Natal, os dirigentes das principais organizações populares do país – centrais sindicais, MST, entidades religiosas não vinculadas à direita, enfim, os movimentos do centro para a esquerda – reúnam-se em grande encontro, bem preparado, a fim de discutir a situação interna do país, da América Latina e do mundo. Desse encontro deve surgir um plano de ação política que mantenha os direitos que ainda conservamos, e os amplie.

O governo brasileiro se encontra sob a pressão da direita, que usa seus representantes no Congresso a fim de dificultar à presidente o cumprimento de sua vontade. Ainda agora, a senadora e fazendeira Kátia Abreu, representante da direita rural no Senado da República, e não do povo do Tocantins, está propondo que o seu partido, o PSD – que segundo Gilberto Kassab não é de esquerda, nem de direita, nem de centro, assuma a posição de centro-direita, sem constrangimentos. Ela se baseia em pesquisas com a classe C, que concorda, em seu sofrimento cotidiano, com a pena de morte e outras medidas radicais e irreversíveis.

Todos nos horrorizamos com a insegurança, sobretudo, a dos pobres, as maiores vítimas do narcotráfico, dos assaltos, da violência policial, dos preconceitos e da discriminação. E serão também estes os primeiros a serem executados, como ocorre no mundo inteiro, porque não podem pagar bons advogados.

É preciso fechar o passo à direita, e o caminho melhor é o de retomar o controle dos setores estratégicos da economia pelo Estado. A privatização das empresas estatais terá que ser revista, o conceito de empresa nacional do texto original da Constituição de 1988 deve ser restaurado e as transações brasileiras com os paraísos fiscais, proibidas. Com essas medidas, o país terá condições de combater os seus males antigos, como os da corrupção policial, as deficiências da educação e da saúde, e a força do poder econômico sobre a política. É assim que podemos obter a paz das ruas, não com a pena de morte. Pergunte-se à senadora se ela concorda com a pena de morte contra os fazendeiros que contratam pistoleiros para assassinar trabalhadores sem terra e seus líderes sindicais.

O fato é que a direita, no Brasil e no Mundo, se reorganiza. A classe média é facilmente atraída pelas bandeiras da direita, que lhe promete a "segurança". Ainda agora se sabe que a crise, na Europa e nos Estados Unidos, atinge com o desemprego também os profissionais mais qualificados. Foi o que se passou nos anos 1930, em que o fascismo, na Itália, e o nazismo, na Alemanha, recrutaram a classe média – e também os mais pobres e desinformados – para os seus quadros. O mesmo ocorreu na Espanha de Franco e em Portugal, com Salazar, com mais facilidade, em razão do apoio total da Igreja o que, felizmente, não ocorre entre nós.

É importante que todos os movimentos populares estejam mobilizados, como se propõe, a fim de sustentar uma política social que vem retirando milhões de brasileiros da miséria e promovendo desenvolvimento econômico sustentado, embora sob o impacto negativo da crise mundial. Essa crise foi provocada pelos banqueiros larápios, em conluio com governantes medíocres, como Obama, Merkel, Sarkozy, Cameron, Zapatero (seu sucessor, Rajoy, consegue ser pior) e outros menos notados.

Filme Russo

Elena
(Elena)
Elena (Andrei Zvyagintsev, 2011) 
 
Créditos: CAÇADOR - MAKING OFF
Poster
Sinopse
O premiado diretor russo Andrei Zvyagintsev (de "O Retorno") foi recompensado na mostra Um Certo Olhar, de Cannes. No enredo, a modesta Elena casou-se pela segunda vez, porém seu rico marido se revela um homem frio, sobretudo quando pensa em deixar toda a sua fortuna para a filha da união anterior. Mas a protagonista vai tentar dar outro rumo à herança.

Legenda exclusiva por Lu stoker e nandodijesus
Screenshots (clique na imagem para ver em tamanho real)

Elenco
Informações sobre o filme
Informações sobre o release
Andrey Smirnov, Elena Lyadova, Andrey Smirnov, Alexey Rozin, Evgenia KonushkinaGênero: Drama
Diretor: Andrey Zvyagintsev
Duração: 109 minutos
Ano de Lançamento: 2011
País de Origem: Russia
Idioma do Áudio: Russo
IMDB: www.imdb.com/title/tt1925421/
Qualidade de Vídeo: BR Rip / DVD Rip
Vídeo Codec: V_MPEG4 ISO AVC / XviD
Vídeo Bitrate: 4 200 Kbps / 1 737 Kbps
Áudio Codec: A_DTS / AC3
Áudio Bitrate: 1 510 Kbps / 384 kbps CBR 48 KHz
Resolução: 1 280 x 544 / 688 x 288
Aspect Ratio: 2.35:1 / 2.389
Formato de Tela: Widescreen
Frame Rate: 24.000 FPS / 25.000 FPS
Tamanho: 4.35 GiB / 1.560 GiB
Legendas: Em anexo
Premiações
Vencedor do Prêmio do Júri da mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes
Crítica
Premiado em Cannes, Elena mostra peso da família

Elena é um dos melhores filmes da 35ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Com roteiro, direção e interpretação afiadas, o filme coloca em xeque o peso de nossas decisões, o papel da família, o amor e a submissão.

Um casamento pouco explicado é o que sustenta o começo dessa produção russa. Elena (Evgenia Konushkina) acorda, vai até o quarto do marido, abre as cortinas. “Bom dia”, diz. Prepara o café da manhã sob silêncio. À mesa, tentam conversar sobre algo. “O que você fará hoje?”. Pergunta retórica. Um relacionamento que parece se pautar pela conveniência de ambos.

Ambos têm uma família complicada. Abastado, Vladimir (Andrey Smirnov) tem parte de seu dinheiro sugado por uma filha que pouco vê. Pobre, Elena também vê sua renda apropriada por seu filho preguiçoso e desempregado, Sergei (Aleksey Rozin).

Mesmo casados há dez anos, há um fosso entre Elena e Vladimir. Mais cedo ou mais tarde, o buraco se tornará visível. O que encanta em Elena, vencedor do Prêmio do Júri da mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes, é a maneira sinfônica com que o filme é conduzido.

Com uma encenação primorosa, acompanhamos o prelúdio, o interlúdio e o poslúdio. Correndo o risco de cair em fáceis soluções morais, o filme de Andrei Zvyagintsev (O Retorno) toma o caminho mais difícil: o de, após estabelecida uma relação de empatia com a personagem, questionar se ela tomou a decisão certa.

Elena é um filme que pode ser lido sobre o peso da família em nossas decisões, o apoderamento de uma mulher submissa, o buraco entre ricos e pobres, a distância de um casamento, a juventude sem rumo. Basta escolher qual filme você prefere.


 
 
Os Torrents poderão ser recebidos por email: turcoluis@gmail.com   

Irã: O que está por detrás do embargo Europeu


Anna Malm*  no ODIARIO
Os caminhos da agressão à Síria passam através do Líbano. Os caminhos que estrategicamente agridem o Irão passam através da Síria. Os caminhos que agridem ou afectam estrategicamente a Rússia e a China passam através da Síria e do Irão.


Não são só as vastas reservas de energia e recursos naturais do Irão que atiçam a cobiça dos dirigentes dos países economicamente impotentes da União Europeia assim como do líder deles todos, os Estados Unidos. Sabemos que foi sempre essa cobiça, de mãos dadas com a debilidade económica, que esteve por detrás das guerras ilegais dos últimos vinte anos, a mais recente das quais a da Líbia.
Agora temos que os caminhos que levam a Moscovo e a Pequim passam por Teerão, capitais localizadas respectivamente na Rússia, China e Irão. O que se tem passado em relação às atitudes agressivas ocidentais dos últimos anos em relação à Síria e ao Irão insere-se também num quadro de considerações políticas geo-estratégicas mais amplas. [1]
No estudo apresentado em [1] considera-se que os caminhos que levam a Moscovo e a Pequim passam por Teerão do mesmo modo que os caminhos que levam à Teerão passam por Damasco na Síria, Bagdad no Iraque e Beirute no Líbano.
Destaca-se que os Estados Unidos querem controlar o Irão por razões políticas e económicas bem como para satisfazer as suas próprias necessidades de energia. E querem também poder controlar a forma de pagamento das exportações do petróleo do país. Querem que o pagamento das exportações de petróleo do Irão seja feito em dólares.
E isso para que o uso global e permanente do dólar nas transações internacionais seja mantido e não posto em causa, como tem sido nos últimos tempos. Deve lembrar-se que o uso do dólar como moeda de pagamento internacional é uma das duas pernas em que o controlo americano sobre o mundo se sustenta, apesar de tudo. Digo apesar de tudo porque o dólar não tem valor nenhum por si mesmo. Poderia e deveria ser trocado por sistemas de pagamento mais condizentes com a realidade de 2012 e não condizentes com a realidade de 1945, como é o caso. A outra perna em que se sustenta o poder americano sobre o mundo é a força militar.
Controlando o Irão através de um regime de fantoches posto no poder através de uma guerra dirigida pelos Estados Unidos e executada pelos seus aliados (como foi o caso na Líbia e como estão ameaçando fazer na Síria) Washington também estaria a pôr uma corda no pescoço da China.
Essa corda iria ser apertada ou afrouxada de acordo com os interesses norte americanos, dando-lhes o controle da segurança energética da China. Se a China não se comportasse de acordo com os interesses americanos lá estariam eles a asfixiá-la através do estrangulamento do fornecimento do petróleo. Estrangulamento esse que seria garantido pelos fantoches estabelecidos no Irão à custa do sangue de muitos milhares e milhares de inocentes no Irão e no Oriente Médio, assim como à custa de uma desestabilização económica no mundo inteiro, se não de uma catástrofe global.
É um facto do conhecimento geral que a ameaça de guerra aberta hoje visível é uma continuação dos acontecimentos desencadeados por acções encobertas há já uns anos. Essas acções encobertas incluem serviços de informação específica, ataques e vírus cibernéticos, grupos militares secretos, espiões, assassinos, agentes de provocação e sabotadores agindo contra o Irão em favor dos interesses ocidentais.
O sequestro e assassínio de cientistas iranianos e de comandantes militares é do conhecimento público. Sabe-se de diplomatas iranianos sequestrados no Iraque e de iranianos visitando a Arábia Saudita e a Turquia que foram detidos e sequestrados. Sabe-se de oficiais sírios, assim como de vários palestinos e representantes do Hezbollah que também foram assassinados. Destaque-se que foram assassinados e não detidos e colocados perante um tribunal de justiça.
Pressupõe-se que Israel tenha atacado o Líbano não só para exterminar ou pelo menos enfraquecer o Hezbollah, mas também para atingir estrategicamente a Síria. Como já foi dito anteriormente, os caminhos que agridem a Síria passam através do Líbano. Os caminhos que estrategicamente atingem o Irão passam através da Síria. Os caminhos que agridem ou afectam estrategicamente a Rússia e a China passam através da Síria e do Irão.
A Síria é o apoio e o eixo do bloco da resistência contra os abusos ocidentais na região. Essa resistência é apoiada pelo Irão. Há já cinco ou seis anos que os Estados Unidos, acompanhados pelos seus “irmãos de armas” locais tentam desligar a Síria do Irão. Essa tentativa vinha sido feita através de esforços para seduzir a Síria. Uma vez que a Síria não se deixou seduzir pelas ofertas ocidentais, as tentativas de sedução transformaram-se em ameaças e em preparativos para a guerra.
Combater a Síria é combater o Irão. Esse é um ponto central a ser tido em conta no contexto actual. A balança do poder e da influência política hoje na região pende a favor do Irão, mas nada enfraqueceria mais o Irão do que a perda da Síria.
Há aqui cenários potencialmente devastadores. Iria o Irã manter-se passivo frente a um ataque à Síria, ataque esse liderado pelos interesses ocidentais? Podemos pressupor que não. Os Estados Unidos não desejam que esse potencial cenário se concretize. O que eles querem é atacar a Síria e depois atacar o Irão, não atacar os dois juntos. Seria demasiado até mesmo para os EUA-UE-OTAN. Isto já para não se mencionar a cadeia de acontecimentos imprevisíveis que uma tal acção desencadearia.
A marcha para uma guerra total e devastadora prossegue enquanto os Estados Unidos intensificam a guerra política e económica, da qual a decisão de embargo da União Europeia é apenas um passo mais. É uma marcha fúnebre dirigida por loucos falidos e letalmente armados.

REFERÊNCIAS E NOTAS:
[1] Mahdi Darius Nazemroaya é sociólogo e autor consagrado especializado em questões do Oriente Médio e da Ásia Central. Tendo estudado e analisado extensamente a situação actual, argumentou no sentido núcleo das ideias que aqui retransmitimos. Originalmente o núcleo sequencial de ideias e conclusões aqui apresentadas foi publicado em “News”- “Obama´s Secret Letter to Tehran: Is the war against Iran on hold?”, em www.strategic-culture.org - Strategic Culture Foundation, Moscovo.
*De Estocolmo para o Irã News, em www.iranews.com.br

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Imagens da Marcha de Abertura do FST 2012

Inglaterra em tempos de crise: luta por paz e liberdade



Aproximei-me dos militantes para perguntar se tinham alguma ação direta programada para aquele dia. Em seguida, uma garota alta de cabelos longos me ofereceu uma cadeira ao seu lado e se despiu da máscara para dizer que o único plano concreto do movimento era seguir com a acampada
por Fabíola Munhoz no LeMondeBrasil
(Acampamento dos "Indgnados" em Londres)
Se, por um lado, o que é novo tem a capacidade de reciclar nosso olhar mais puro, por outro, deparar-se com o diferente é também lançar-se à crítica e ao distanciamento. Tive essas percepções quando, em vésperas de natal, pisei pela primeira vez em solo inglês. Ali, conheci uma Londres bonita, limpa e incrivelmente organizada. Em toda sua qualidade de vida avessa ao caos das metrópoles latinoamericanas, com as quais estou acostumada, a cidade me pareceu perfeita demais para ser real. Seus pubs aconchegantes, ônibus em estilo retrô de dois andares, edifícios históricos bem preservados e prédios modernos e climatizados causavam deslumbre sem que eu me sentisse parte de tudo aquilo.
Foi assim, como forasteira cética e ingênua, que perdi boa parcela do dinheiro que havia levado, na conversão de euros para libras esterlinas. O Pound era vendido a 1,33 euros no aeroporto, mais a cobrança de uma taxa pelo serviço de câmbio. Soube depois que, caso tivesse sacado minhas libras diretamente de algum banco, usando um cartão de débito internacional, teria economizado um valor considerável das minhas preciosas divisas.
E, de fato, qualquer moeda de 5 centavos (ou cinco coins) é bem raro para o turista que chega a Londres. O custo de vida na capital inglesa é altíssimo, um dos maiores do mundo. É verdade que os salários locais também são mais altos e, para quem recebe em unidades dessa moeda tão forte, viver ali deve ser como estar em qualquer outro lugar. Mas, tive a impressão de que por essa estabilidade da economia os cidadãos pagam o preço de serem reféns do trabalho. Por metrôs, ruas e lojas, homens e mulheres transpiram pressa por fazer ou consumir algo. Os caixas de supermercado são máquinas de atendimento automático para poupar tempo. E não se manter ao lado direito da escada rolante por distração é emperrar o ritmo frenético da cidade. 
Loucuras como essa podem ser sentidas e sofridas em qualquer metrópole moderna, mas soaram piores, naquela ocasião, porque se aproximava o dia 25 de dezembro, com seu apelo comercial transformador de populações em formigueiros desvairados, e também pelo frio que fazia na capital inglesa, para mim motivo de mau humor. A Oxford Street, rua famosa por sua diversidade de lojas, via-se infestada de consumidores e, enquanto caminhei por ali, observando mais os prédios e luzes decorativas que os produtos expostos nas vitrines, recordei a notícia publicada naquele mesmo dia (12/12) pelos principais jornais europeus, de que o primeiro-ministro britânico, David Cameron, não havia concordado em ratificar o último pacto proposto pela União Europeia para recuperação das economias do continente.
O acordo anunciado pelo Parlamento Europeu, em Bruxelas, no dia 9 de dezembro, tinha como meta exigir dos Estados-membros da zona do euro maior disciplina orçamentária, com o objetivo de enfrentar a crise econômica. Essa unidade em política fiscal foi rejeitada por Cameron sob os argumentos de que o pacto não garante proteção aos países e a rejeição da Inglaterra ao seu conteúdo seria uma salvaguarda necessária ao mercado financeiro inglês.
É de se compreender a decisão do primeiro-ministro. Em Londres, não pude observar qualquer sinal de crise financeira ou pobreza, e a moeda circulante, mais forte que o euro, refletia essa preocupação do governo britânico em manter como prioridade a defesa dos interesses internos, independentemente de sua posição ou influência dentro da Europa. Porém, embora formalmente a Inglaterra se resguarde de uma integração mais profunda à zona do euro, na prática, muitos londrinos sabem que a transnacionalização de políticas é inevitável no atual contexto de interdependência econômica que caracteriza o planeta. Inclusive, Londres tem sabido bem como mostrar-se aberta a essa interação com outros países sempre que lhe convém.
A partilha internacional de prejuízos econômicos e ambientais, bem como dos danos decorrentes de guerras lucrativas, realizadas ao redor do mundo, sucede desde que esse país se tornou potência. Sabendo disso, e descontentes com o atual modelo político e econômico adotado por seu país, um grupo de jovens indignados ingleses, acampados desde a manifestação internacional do dia 15 de outubro deste ano, passam o frio cortante do inverno londrino abrigados em tendas de lona instaladas frente à catedral de St. Paul, com o propósito de reivindicar participação política.
No dia 13 de dezembro, fui até o local, onde pude ver dezenas de barracas espalhadas pelo pátio frente à porta principal da igreja. A maioria delas estava decorada com mensagens contra as desigualdades sociais, a fome, a dominação dos mercados sobre os governos e o capitalismo financeiro. Poucos passantes paravam para ler esses reclames, talvez devido ao mau tempo. Com o frio excessivo, a maioria dos manifestantes também estava ausente.
Apenas três tendas centrais maiores tinham a presença de ativistas, uma destinada à informação sobre o movimento, outra onde aconteciam as assembleias gerais e uma terceira, que era cozinha comunitária. Depois de passar por esse último stand, onde jovens comiam pães e bolachas, enquanto um senhor sentado sobre uma cadeira de madeira lia poesias de sua autoria, voltei a caminhar entre as barracas menores. Nesse instante, encontrei um grupo de quatro jovens usando máscaras de anônimos. Um deles era entrevistado por três garotas, que se identificaram como estudantes de Audiovisual da Westminster School, interessadas em fazer um documentário sobre os indignados ingleses.
Aproximei-me dos militantes para perguntar se tinham alguma ação direta programada para aquele dia. Em seguida, uma garota alta de cabelos longos me ofereceu uma cadeira ao seu lado e se despiu da máscara para dizer que o único plano concreto do movimento era seguir com a acampada. “Aqui é território da Igreja, e temos permissão dela para permanecer acampados pelo tempo que a gente quiser. Não temos previsão de partida”.
Nossa conversa foi interrompida por outro ativista que me ofereceu um cobertor, enquanto convidava as estudantes documentaristas para uma conversa que, segundo ele, poderia ser gravada com tranqüilidade e proteção contra o frio num pub próximo dali. Seguimos então até o bar: eu e as três documentaristas, além de três garotas e cinco garotos que usavam máscaras de anônimos mais como identificação de sua militância que para preservar a própria identidade. Num papo regado a grandes canecas de uma cerveja encorpada, um dos indignados criticou o controle de grandes grupos econômicos e instituições financeiras sobre a política mundial, enquanto uma das estudantes, de cabelo negro e curto, dividia a atenção entre a fala do rapaz e os cuidados com o enquadramento da cena. Pouco depois, um militante magro e de movimentos rápidos (o mesmo que havia me oferecido o cobertor na praça da catedral) disse lutar por liberdade e por uma participação política que o permita discordar dos gastos de recursos públicos com a compra de material bélico. “O dinheiro que gastamos com a guerra hoje seria mais que suficiente para acabar com a fome no mundo”, falou antes de pedir licença e se dirigir ao jardim de inverno onde tinha permissão para fumar.
A entrevista durou cerca de uma hora. Depois, as documentaristas agradeceram pela ajuda e se separaram do grupo. Segui com os militantes de volta à Basílica de St. Paul e, durante esse caminho, pude conversar com uma jovem alemã de cabelos vermelhos, que vive em Londres há mais de uma década e não pensa em voltar ao seu país. Ela disse que conheceu o movimento dos indignados ingleses via internet, mas não acredita que as mídias sociais são as responsáveis pela atual onda de acampadas espalhadas por todo o mundo. “Essas ferramentas facilitaram o encontro entre as pessoas, mas a vontade de protestar e de mudar as coisas já existia dentro de cada um de nós”.
De volta ao alojamento, os indignados se separaram para realizar diferentes atividades, e eu me detive um minuto a observar a igreja que acumulava em sua porta principal uma fila gigantesca de turistas e devotos. “O que toda essa gente quer ver aí dentro?” – perguntou-me um rapaz cabeludo. Respondi que tampouco compreendia tanto interesse pelo edifício, já que não me considero devota a nada. Ele sorriu, dizendo que devia ser o Natal despertando a busca pela religião dentro da gente. Depois se apresentou como Willian, DJ, artista de rua e imigrante húngaro. Disse passar todos os dias pelo acampamento por concordar com os motivos da luta, embora não acreditasse muito na eficácia da realização de assembleias gerais. “É muito blá, blá, blá, e pouca ação concreta. Às vezes passam uns filmes interessantes, e eu acho legal a ideia. Mas, só se reunir aqui para falar não vai resolver nada”.
Decidi acompanhar uma dessas reuniões para saber se compartilharia a crítica de Willian. Eram 19h00 do dia 13 de dezembro, e o encontro havia acabado de começar, com um senhor de barba branca falando sobre a necessidade de se expandir o movimento para que cada vez mais pessoas tenham o direito de se expressar. A tenda onde a discussão ocorria foi se enchendo de gente, até o lugar se tornar pequeno. A assembleia, então, transcorreu como um debate sem fim entre idealistas radicais que queriam mudar o mundo e pediam o respeito de todos aos interesses comuns, e manifestantes mais preocupados em reclamar de temas internos, como a dúvida entre chamar ou não a polícia diante de um conflito particular entre acampados.
A discussão foi longa, com muitas interrupções, desrespeito a turno de palavras e um constante embate entre imigrantes e ingleses. Sentia-se também certa segmentação em grupos: negros, brancos, jovens de classe média e menos abastados mantinham relativa distância entre si. Foram tantas as discordâncias, os confrontos interpessoais e os desvios de tema, que nada foi decidido. Tive a impressão de que todos perdiam tempo quando em posse do microfone e poucos apresentavam disposição em ouvir. Um bebê, que permaneceu durante toda a assembleia quieto no colo de seu pai, apesar de gritos dos mais exaltados, mostrava-se o mais civilizado do ambiente. Devidos aos ânimos acirrados, a reunião terminou antes do previsto. Um garoto de gorro e olhos azuis, que se identificou como participante da organização da acampada, percebeu que eu era estrangeira e foi logo se desculpando pelo tumulto. “Nossas assembleias não são sempre assim. Hoje a situação fugiu um pouco do controle”. Nesse instante, o artista de rua húngaro interrompeu a conversa, discordando do jovem inglês, sem disfarçar certa intenção em hostilizá-lo. “Como eu te disse, quem está aqui não sabe muita coisa, eles estão protestando há muito pouco tempo. Você devia mesmo era conhecer aqueles que estão acampados há anos em frente ao Parlamento”, sugeriu Willian.
Por coincidência, eu já havia visitado essa outra acampada. Passando por volta das 14h00 daquele mesmo dia (13/12), frente ao portão principal do Parlamento inglês, onde se encontra o Big Ben, constatei a presença de cerca de quinze barracas instaladas da outra banda da rua. Os cartazes pregados ao lado das tendas indicavam que a luta daquelas pessoas estava diretamente relacionada com sua discordância em relação à participação da Inglaterra em guerras, como as iniciadas pelos países aliados contra o Iraque e o Afeganistão.
Billy, um senhor com cerca de 70 anos de idade, que recolhia assinaturas num abaixo-assinado pelo fim dos gastos do erário inglês em campanhas belicistas, contou-me que aquela acampada, conhecida como Peace Strike Parliamente Square (Greve pela paz da Praça do Parlamento) já existe há dez anos, e essa resistência tem rendido algumas conquistas, como a promessa do governo inglês de que as tropas do país que atualmente se encontram no Afeganistão regressarão a casa a partir de 2014. Essa informação me foi dada com otimismo por Billy, que é escocês e disse ter abandonado a profissão de engenheiro para se dedicar ao ativismo pela paz.
Curiosamente, o militante já foi soldado. Aos 17 anos de idade, quando atuava num embate entre Escócia e Islândia (1950-1960) por uma disputa de território marítimo, foi obrigado a cometer seu primeiro assassinato legalmente justificável. “Eu poderia ter atirado na perna do inimigo quando caiu no chão sem defesa. Mas, não fiz isso. Sem pensar, simplesmente atirei para matar”. Seus olhos se encheram de água à medida que voltou ao passado, revelando uma mescla de culpa e sensibilidade para transformar traumas em ação por mudanças. Faz isso atualmente como diretor da Remind, organização de caridade e apoio a ex-servidores do Exército, com sequelas físicas e psicológicas decorrentes da guerra, e suas famílias.
Billy também é um dos principais incentivadores da acampada pela paz frente ao Parlamento, cuja última ação foi organizar um strike internacional, com o objetivo de chamar a atenção da sociedade mundial para os cortes em educação, saúde, liberdades civis, pensões, emprego, assistência legal e moradia, realizados pelo governo inglês, em consequência dos seus gastos com a guerra contra o Afeganistão. A iniciativa, prevista para durar do dia 30 de novembro a 3 de dezembro de 2011, abrangeu greve trabalhista; boicote a shoppings, supermercados e distribuidoras de petróleo; paralisação de enfermarias, instituições de ensino e sistemas de transporte não essenciais, e o corte de audiência à TV, em protesto contra o sensacionalismo e o retrato da guerra como espetáculo.
Além disso, o foco maior da luta das pessoas que ali se encontram com suas barracas é o risco de que Estados Unidos, Israel e Europa iniciem uma guerra contra o Irã. “Sabemos que esse país é o próximo da lista e que a guerra é lucrativa. Mas não podemos permitir que isso aconteça. O povo não decidiu a favor desses conflitos, foram eles”, disse Billy apontando ao Parlamento.
O movimento, apesar do muito tempo em que se mantém ocupando um passeio público, jamais sofreu repressão policial ou tentativa de desalojo porque sua ação é permitida por lei. Essa liberdade para protestar e a qualidade de vida do cidadão inglês, que, quando desempregado, tem acesso a uma bolsa mensal, contrastam com a torre luxuosa do Parlamento, que parece alcançar o céu enquanto se distancia das pessoas comuns e da realidade das ruas, controlando o tempo a cada badalada do seu imenso relógio. Divago assim até ser acordada por outra fala de Billy, temperada com o senso prático de um verdadeiro escocês: “Embora diferente do seu país, Londres também é realidade”.

Fabíola Munhoz - Jornalista

FST 2012: Boaventura de Sousa Santos analisa o processo do Fórum Social Mundial

Fórum Mundial de Educação abre atividades discutindo a crise capitalista


 Texto: Ane Nunes / Comunicação FST2012

O Salão de Eventos da Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul recebeu nesta terça-feira, 24, mais de 300 pessoas para a abertura do Forum Mundial de Educação (FME), evento que integra a programação do Fórum Social Temático. Além dos representantes de movimentos ligados à educação de diversos estados brasileiros, participaram também educadores de Portugal, Peru, Chile, Bélgica, Espanha, Itália, África, Haiti, Uruguai, Bolívia e Argentina. Sob a coordenação de Leslie Campaner de Toledo a primeira atividade do FME contou com a participação de educadores ligados a atividades alternativas de educação.

Sérgio Haddad, do movimento Ação Educativa (Brasil), abriu a primeira mesa de debates, cujo eixo central tratou da crise capitalista, suas causas, impactos e conseqüências para o mundo da educação. Haddad contextualizou a evolução histórica do sistema capitalista e destacou a importância de analisar com calma a crise e como os movimentos sociais que estão em constante organização tem ocupado papel importante no processo de identificação de soluções potenciais.
Ele disse, ainda, que essa crise converge num momento muito particular e que seus reflexos ainda não chegaram aos países emergentes como Brasil, China, África do Sul e Índia porque esses povos estão buscando mecanismos econômicos que permitem sua colocação no mercado internacional. Entretanto, alguns sinais da crise já podem ser observados nesse cenário, como a onda de imigração de haitianos para o Brasil que está se formando devido à intensa redução da qualidade de vida no Haiti. “Sem serviços públicos adequados a distância de cada país é maior a cada ano e as diferenças entre os indivíduos também aumentam. A mídia internacional tem mostrado o aumento do número de pobres e de milionários, o que cria um espaço muito grande entre esses dois tipos de indivíduos. Além disso, com a qualidade e o nível de consumo que a população realiza hoje não há bens naturais suficientes de maneira sustentável”.
Haddad criticou ainda o quanto o modelo capitalista tem criado também uma crise de natureza conceitual onde o valor das pessoas se dá pelo consumo e sua relação com o mercado, que por sua vez produz bens para satisfazer cada vez mais essa falsa necessidade. “O valor está naquilo que indivíduo tem, aquilo que ele usa, quanto ele tem no banco e não no que ele realmente é. Esse modelo está criando uma crise civilizatória”, completa.

Haddad chamou a atenção também que o sistema capitalista é insustentável em relação à questão ambiental, social e econômica por se pautar na separação dos povos entre os países e entre indivíduos do mesmo país. Sobre o modelo de “esverdear”a economia, Haddad colocou que há um grande avanço no movimento que é válido, mas que a profundidade da crise exige que se pense em outro modelo com outros valores alternativos . “Ações individuais são importantes, mas as grandes corporações devem assumir suas responsabilidades sócio-ambientais. Não podemos nos satisfazer apenas com uma roupagem ambiental. Temos que trabalhar para que o ser humano e o ambiente existam em harmonia para um modelo realmente sustentável”.

Nélida Cespedes (CEAAL, Perú), iniciou sua participação focando na preocupação que os educadores devem ter para não formarem apenas consumidores. Ela reforçou a idéia de que a crise civilizatória se expressa em todos os aspectos da vida, em todo o planeta e conseqüentemente será também percebida na educação. Nélida compartilhou experiências com o público e questionou “Que articulações estamos fazendo ou propondo no âmbito local ou nacional em termos de justiça, democracia e justiça ambiental?”. Além disso, comentou que são muitas perguntas e que devemos seguir formulando novas perguntas para que mais respostas surjam e cada vez mais se criem políticas que sustentem outra forma de educação. “Precisamos conjugar eu, tu e nós com um único sonho social e com a mesma intensidade”, destacou a educadora peruana.
Finalizando a primeira mesa de debates a educadora das Filipinas Gigi Francisco, destacou que o modelo capitalista de educação que é baseado em acúmulo financeiro e contratos sociais voltados para o consumo está se quebrando em diversos lugares do mundo. O modelo de educação atual ainda está voltado apenas para a formação de indivíduos em áreas que contemplem essa necessidade de consumo e isso tem criado níveis intermediários de trabalho. “Outro modelo de educação que valorize mais cursos com questões mais humanas seria uma forma mais produtiva de formação”, ressaltou Gigi Francisco.
O FME segue nesta quarta-feira, 25, com a mesa “Justiça ambiental: práticas educativaspara a construção de um outro mundo possível”. Confira a programação completa aqui.

Assista a marcha de Abertura do FST ao vivo....

Fórum Social num mundo de incertezas

Por Altamiro Borges

Teve início hoje, em Porto Alegre (RS), o Fórum Social Temático-2012. O evento, que faz parte do Fórum Social Mundial inaugurado nesta mesma cidade em 2001, deve reunir cerca de 40 mil ativistas de várias partes do planeta. Eles participarão de cerca de 900 oficinas, debates, marchas e shows, num rico processo de reflexão sobre os desafios dos movimentos sociais na atualidade.



O debate de abertura, realizado no Palácio Piratini, contou com as presenças de José Graziano, recém-empossado diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, e do presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alberto Broch, entre outros convidados.

Três temas centrais

Ainda na manhã desta terça-feira, teve início o Fórum Mundial da Educação, que ocorre paralelamente ao Fórum Temático. Já no período da tarde, acontece a tradicional marcha de abertura do evento. Ativistas sociais, intelectuais de renome e governantes de vários países participarão da rica programação do FST. A presidente Dilma Rousseff, num gesto positivo, confirmou a sua participação.

Entre outros temas, três deverão concentrar as atenções dos participantes: a crise mundial do capitalismo, as novas ameaças de guerra e a defesa do meio ambiente. Inaugurado em janeiro de 2001, o Fórum Social Mundial já deu importantes contribuições às lutas dos povos no planeta. Ele serviu como plataforma programática para a vitória de vários governos progressistas na América Latina.

Crise capitalista e risco de guerra

Estes onze anos, porém, não verificaram apenas avanços da humanidade. Muito pelo contrário. O mundo hoje está mais perigoso e carregado de incertezas. Nos EUA e Europa, os trabalhadores são as principais vítimas da prolongada e sistêmica crise capitalista, com a explosão do desemprego, a regressão de direitos e a ascensão de governos dos banqueiros, num novo tipo de fascismo.

Na crise, as potências capitalistas se tornam mais agressivas. Barack Obama frustrou todas as expectativas de mudança e aguçou a política belicista e expansionista dos EUA. Na Europa, os governos de direita também acionam a Otan na carnificina imperialista. Há fortes indícios de que está em curso uma nova guerra de rapina, desta vez no Irã, com efeitos imprevisíveis.

Nesta semana, de 24 a 29 de janeiro, os lutadores sociais que tomam Porto Alegre e outras cidades da região metropolitana serão chamados a refletir sobre estes enormes desafios e a adotar plataformas e planos de ação contra esta onda regressiva e destrutiva do capitalismo. A unidade e ousadia nas respostas serão decisivas para concretizar o lema de que “Outro mundo é possível”.

Dilma Rousseff defende Enem como deselitização da universidade


Da Redação do SUL21

A presidenta Dilma Rousseff aproveitou cerimônia nesta segunda-feira (23) ao lado do ministro da Educação, Fernando Haddad, para reagir às críticas feitas nos últimos meses ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
“Quero fazer a defesa do Enem como a forma mais democrática de acesso dos jovens brasileiros ao ensino universitário”, afirmou Dilma, durante cerimônia pela concessão de um milhão de bolsas de estudo do Programa Universidade para Todos (ProUni). O ato transformou-se em uma despedida antecipada de Haddad, que deixa Brasília nesta terça-feira (24/01) para ser o candidato do PT à prefeitura de São Paulo.
“Acredito que o Enem é o exemplo da determinação do ministro Fernando Haddad no sentido de assegurar uma transformação e uma deselitização do ensino universitário no Brasil.” Dilma também fez questão de lembrar da mudança no foco da educação iniciada no governo Lula, deixando de enxergar cada nível como separado dos demais e apostando na valorização de todos os ciclos. “Hoje achamos óbvio (…). Teve uma época que esse foi o tema da discussão e isso explica por que nossas universidades foram sucateadas.”
Mais tarde, em conversa com jornalistas, Dilma informou que a ideia é que duas edições do Enem sejam realizadas em 2013. O cancelamento da prova em abril deste ano foi o último motivo para críticas ao trabalho de Haddad. O ministro culpou a decisão judicial que deu acesso de estudantes a provas do exame realizadas no ano passado pela dificuldade em realizar duas edições já neste ano.
O Enem entrou no centro das críticas desde que teve alterado seu objetivo, deixando de ser um instrumento para estabelecer uma espécie de ranking de universidades para ser o principal método, em termos numéricos, para o acesso ao ensino superior. A nota do Enem vale para o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que dá vagas em universidades federais, e para o ProUni, que distribui bolsas de estudo em instituições privadas.
Nas últimas semanas, as críticas ganharam força com a confirmação da saída de Haddad para ser candidato em São Paulo. Alguns veículos de comunicação consideram que o fato de ser novato em disputas eleitorais pode ser a grande fraqueza do ministro, apesar de não haver denúncias sobre sua atuação política.