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Laerte Braga
O ex-senador George McGovern, democrata que disputou e perdeu as eleições presidenciais nos Estados Unidos em 1972 contra Richard Nixon, publicou um artigo no jornal Washington Post, reproduzido aqui pelo Jornal do Brasil.
McGovern pede o impeachment de Bush acusando-o de fraudes diversas, a começar pela que resultou em sua primeira eleição, em 2000. Aos 85 anos de idade McGovern afirma que o governo Bush é mentira do princípio ao fim e toda a sorte de trapaças, mentiras e absurdos foram e têm sido cometidos.
Cerca de 75 bilhões de dólares, por ano, sai do Brasil para paraísos fiscais. Dinheiro sujo, produto de operações ilegais. Com certeza não sai por conta de nenhum trabalhador, muito menos da chamada classe média. Sai de gente como Paulo Stak, presidente da FIESP (Federação das Indústrias de São Paulo).
A grande expectativa no dia de hoje, terça-feira, oito de janeiro de 2008, é pelo começo do BBB-8. Em cada dez pessoas com quem você conversar, pelo menos sete vai puxar o assunto sobre o participante que resolveu desistir por não agüentar as pressões.
O brasileiro é um dos que mais assistem tevê em todo o mundo, média de horas por dia. Televisão ou é “fábrica de doidos” como dizia Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto) ou, instrumento maior do processo de alienação.
Ou seja, a média de horas passadas à frente de um televisor é das mais altas do mundo e a imensa e esmagadora maioria dos cidadãos não tem a menor idéia do que se passa de real, no seu próprio País.
Um motorista de táxi comentava sobre o estado deplorável do IML (Instituto Médico Legal) de sua cidade e deixou claro que não conseguia entender a razão desse descaso. O governador de Minas, Aécio Neves, a cidade é em Minas, mora no Rio de Janeiro e vive em tratamento médico no exterior (desintoxicação). A mídia não diz uma palavra sobre isso, mas vende a “administração Aécio” como uma das maiores da história do Estado.
O degelo de boa parte das grandes geleiras da Groenlândia, propriedade da Dinamarca na América do Norte, deve significar algo em torno de 60 a 80 centímetros a mais no nível dos oceanos e pode, num espaço de tempo menor que os cientistas imaginavam, todo o século XXI, alcançar esses índices.
Cidades como Olinda no Brasil (PE), ou países como Holanda e Bélgica, para citar três exemplos, vão enfrentar problemas de sobrevivência com o fenômeno. Todo o mundo será afetado, está sendo afetado pelo descontrole da questão ambiental, pois além da Groenlândia, a Antártica também está sofrendo o mesmo processo.
Estados Unidos e China, no desvario do que chamam progresso, são os principais responsáveis pela emissão de poluentes, degradação dos oceanos e aí se inclui o Japão na caça predatória de baleias e na pesca indiscriminada em águas de todos os oceanos do planeta.É comum ouvir de pessoas comuns que esse é um problema que “não vou ver, estarei morto quando isso acontecer”. É o nível máximo da estupidez e da perda do sentido mínimo de humanidade. De ser. De estar objeto. Coisa.
Mas vai assentar à frente da televisão, dar uma espiadinha, torcer por quem “conspira e trai” e deliciar-se no voyeurismo sugerido em cada minuto do BBB-8.
As mentiras de Bush, as fraudes, as guerras por poder, dinheiro. A destruição do ambiente, o abandono dos serviços públicos, tudo em todas as dimensões e que diz respeito à vida, isso não importa. Importa que o cara que desertou do BBB-8 está gerando uma “profunda” discussão sobre se agiu certo, agiu errado, sobre se “compreendeu a realidade dos dias atuais” ou exatamente, desertou. Fugiu.
That is the question. Estar no BBB-8 ou não estar. Fazer sucesso a qualquer preço ou ser um “zé mané”, na definição do especialista em ovos podres em “vagabundas”, por acaso (sic), diretor do programa.
Declaração de um desses alienados, sem a menor idéia de onde fica a cabeça, ou os pés, mas certo que é paradigma de qualquer coisa no mundo, feita em resposta a uma observação sobre ser fumante ou não, ter a companhia fabricante de cigarros culpa ou não.
“O Sapiens não é pretensão nenhuma. Só QI alto mesmo. Fazer o quê, a filha da p* da natureza é burguesa e elitista.
Lendo desde os quatro anos de idade, já tendo lido muito e, modéstia às favas, muito orgulhoso do meu domínio da língua pátria (algo de deixar muito jornalista, advogado e outros "donos da língua" por aí roxos de inveja), só há uma possibilidade de eu não entender uma mensagem escrita: quem escreveu não soube passá-la adiante”.
O “Sapiens” em questão acrescentou ao próprio nome para mostrar ao mundo o tal QI alto.
É preciso investigar o efeito Xuxa em quem tem mais de 20 anos hoje e menos de 35. Avaliar os verdadeiros estragos causados pelo tsunâmi louro. Existem milhares de “xuxas” nas tevês do mundo e todas cumpriram e cumprem o mesmo papel – o de proporcionar QIs altos.
Qualquer cidadão que saiba andar e falar tem idéia precisa e clara que o consumidor de drogas, na grande maioria, está nas classes média e alta. É quem pode pagar os altos preços de cocaína, ecstasy e outras cositas mais. Pobre fuma crack que é mais barato. E até nisso leva chumbo, crack mata mais depressa.
É o tal ordenamento jurídico, institucional, democrático, cristão e ocidental que querem impor ao mundo inteiro e como uma espécie de raio emitido por cada GLOBO de cada canto, transformar cada cidadão num imbecil pronto a chorar no drama dos futuros eliminados do BBB-8 e a gritar pula, para o desesperado que não sabe se pula ou se fica no desespero, no prédio mais alto da rua principal de sua cidade.
Esse, ao ser salvo, vai ser vaiado.
O ser humano “fabricado” nesse contexto não tem a menor idéia das luas verdes e dos sóis amarelos.
Acredita piamente que William Bonner é o enviado divino com as instruções do “senhor” (deles não é?). Por isso os guerrilheiros das FARCs são “terroristas” e George Bush é “quem esparge a democracia pelo mundo”.
Não percebe que a chuva de ovos podres está caindo sobre quase todos (as elites não, optam por condomínios fechados) e o BBB-8 é apenas um instante do modelo que vendem.
Se lido com atenção o artigo do ex-senador George McGovern ninguém vai ter dúvidas disso.
Vai chorar de “esguicho”, como dizia Nelson Rodrigues.
> Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, trabalhou no Estado de Minas e no Diário Mercantil.
Ilustração: Táia Rocha
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