sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

O governo britânico pretende construir até 10 novas usinas nucleares  nos próximos anos, deixando um legado perigoso de lixo atômico às  próximas gerações.

O governo britânico pretende construir até 10 novas usinas nucleares nos próximos anos, deixando um legado perigoso de lixo atômico às próximas gerações.


Londres, Internacional — Governo britânico comete um grande equívoco ao querer combater aquecimento global e déficit energético com reatores atômicos.

O secretário de estado britânico, John Hutton, deu carta branca nesta quinta-feira para a indústria construir novos reatores nucleares no Reino Unido. Estima-se que o governo britânico planeje construir até 10 novas usinas, deixando para a iniciativa privada a decisão sobre quando e onde construi-las. Uma nova lei de energia deverá ser editada em breve no país.

“Os políticos optam por energia nuclear para dar a impressão de que estão tomando decisões difíceis para solucionar problemas complicados, quando, na verdade, novos reatores nucleares simplesmente não irão resolver nossos problemas de energia e de combate às mudanças climáticas”, afirma o diretor-executivo do Greenpeace UK, John Sauven.

No Reino Unido, a energia nuclear pode contribuir para diminuir as emissões de carbono em apenas 4% e somente a partir de 2025.

“É uma contribuição pequena que virá muito tarde. Deixaremos às gerações futuras apenas o caro legado de ter de limpar o lixo nuclear.”

Cerca de 90% do consumo de petróleo e de gás do Reino Unido destina-se a outros fins que não a geração de eletricidade, já que a maior parte do uso energético está ligada ao aquecimento de casas e da água, além do alto consumo pelas indústrias. E a energia nuclear não pode ser usada para substituir essa demanda e muito menos para ser utilizada como combustível de veículos.

“As verdadeiras soluções são eficiência energética e o uso de energias renováveis (como mostramos em nosso relatório [R]evolução Energética), além das centrais energéticas descentralizadas, como aconteceu na Escandinávia. Essas tecnologias têm potencial para entregar energia de fontes confiáveis e mais baratas em um prazo menor, e são soluções seguras e aplicáveis em escala global", afirma Sauven, lembrando no entanto que essas fontes energéticas nunca alcançarão a escala necessária se forças políticas e investimentos financeiros forem desviados para desenvolver a indústria nuclear.

Nos últimos anos, a indústria nuclear vem se aproveitando do marketing associado ao combate ao aquecimento global para justificar o uso de uma energia ineficiente, cara, altamente suja e perigosa.

“Trata-se de uma sucessão de mentiras propagadas por um setor que vê, a cada usina construída, bilhões e bilhões de dólares vertendo para seus bolsos, e que encontrou na crescente preocupação mundial com as mudanças climáticas a desculpa perfeita para retomar seus negócios, que há muito andavam distantes da aprovação popular”, diz Beatriz Carvalho, coordenadora da campanha anti-nuclear do Greenpeace Brasil.

Para detalhar como a indústria nuclear construiu essa fachada, o Greenpeace publicou recentemente no Brasil o relatório Cortina de Fumaça – Emissões de CO2 e outros impactos da energia nuclear. O estudo demonstra que as emissões de gases de efeito estufa geradas durante todo o ciclo de exploração nuclear – que vai desde a exploração do urânio, passando por seu transporte, construção da usina, manejo dos materiais radioativos e descomissionamento do aparato nuclear ao final de sua vida útil – são significativamente maiores do que as geradas por usinas eólicas e solares, por exemplo.

"Revelamos em números a contribuição da energia nuclear para o aquecimento global, reforçando a necessidade de alimentarmos nossa matriz energética com fontes realmente limpas e renováveis”, afirma Beatriz.

Saiba mais:
Leia o documento do Greenpeace sobre a retomada do programa nuclear britânico (arquivo em PDF para baixar).

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