segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Golpe de Misericórdia da Classe Política e Caos Urbano em Bagé

da Silva

Neste domigo de eleições, quem acordou cedo para votar ou para justificar o voto, como eu, pôde desfrutar de uma bela visão: as ruas cheias de colas de candidatos jogadas ao chão.
 Já não bastasse os carros-de-som terem atormentado nossos ouvidos durante os últimos meses, hoje, no dia das eleições a classe política de Bagé dá seu golpe de misericórdia, espalhando seu material de campanha que sobrou pelas ruas em uma festa da hipocrisia sanitária.

 A democracia pregada por todos os candidatos é a democracia que leva impressos gráficos aos montes para os bueiros, contribuindo para o acúmulo de lixo que leva as enxentes e transbordamento de esgotos. Sorte irônica das vilas que não têm saneamento básico, pois os panfletos jogados nas suas ruas de areia não vão para o esgoto, vão para a vala aberta mesmo.
 Da burrice onisciente dos cidadãos bageenses e sua corja política atual, nem um candidato sobrou no meio do lixo, podemos ver todos no chão e assim escolhermos o que menos fora pisoteado para votar! Destaques ao Lara no seu cavalo, simbolizado no mito do gaúcho ( algo como aquela pedância antropológica que a nova novela Araguaia da rede Globo faz com os gaúchos ) e para um panfleto sem assinatura que coloca Pimenta e Mainardi como agentes do mensalão, onde Mainardi seria um traficante de influência da tosca e mafiosa URCAMP.
 Um espetáculo de passeio pelo centro de Bagé pude fazer, avistando latifundiários travestidos de gaúchos testosterônicos, parando com suas Hylux e Rangers na frente do Clube Comercial, antes de votar, e um bispo católico fazendo sua cerimônia de recepção democrático-abraâmica da CNBB do anti-pró-aborto em frente ao Colégio Auxiliadora, maior "lobista" da UNIPAMPA, alugando suas salas por preços extraordinários. O mão pesada do clero e dos "senhores do engenho" demonstrando sua civilidade em público.

 Os trabalhadores mal-remunerados da Secretaria de Atividades Urbanas do município estão desde cedo fazendo a limpeza estética das ruas do centro, porém dúvido que cheguem as ruelas do Ivo Ferronato e do Bairro Ivone, já que aquele lixo marginalizado não interessa aos poderosos esconder.
 Por fim, uma imagem conhecida nos dias de chuva em Bagé, a ponte baixa dos cabeças pequenas, da cidade ridícula chamada Bagé, tão carente de uma reforma urbana:

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