Escrito por Wladimir Pomar no Correio da Cidadania | |
Se antes poderia haver alguma dúvida, entre alguns setores da campanha
Dilma, de que a guerra contra a candidata petista se tornaria aberta,
suja e sem qualquer limite, talvez a última semana tenha sido a
demonstração clara de que tais dúvidas não passavam de ilusões infantis.
Veja, Globo, Folha de S. Paulo, Estadão e outros órgãos da famosa grande
imprensa, o chamado quarto poder, não demonstram qualquer preocupação
em serem vistos como a artilharia pesada dessa guerra. Suas manchetes
diárias e semanais são sempre, inexoravelmente, a pirita garimpada em
investigações cuja credibilidade dificilmente pode ser comprovada. Para
quem criou o escândalo da Escola Base e outros, forjados nas cozinhas
das redações, que diferença faz criar estes, em que se joga o destino da
política que essa grande imprensa defende?
"Cartas abertas", assinadas por "personalidades" que talvez não saibam
que seus nomes estão sendo utilizados, repetem pela Internet os antigos e
surrados argumentos anti-Lula e anti-PT, que pareciam enterrados desde
2002. Bolsões reacionários de militares da reserva saem a público para
ameaçar golpes. FHC compara Lula a Mussolini e apela a forças ocultas
para barrar a caminhada do petismo. E, em drops da imprensa, repetem-se
os comentários que sustentam as possíveis semelhanças do governo Lula
com Vargas e seu fim.
Se a campanha Dilma e a direção do PT continuarem ignorando esse
conjunto de sinais de desespero de uma direita reacionária que tinha
como certa sua volta ao governo, o caminho para o segundo turno e até
para uma derrota podem estar traçados. Essa direita não vai se contentar
com a saída de Erenice da Casa Civil e quase certamente jogará novos
pacotes podres sobre a mesa, na expectativa de que o governo, o PT e a
campanha Dilma continuem cometendo erros, e ignorando a natureza da
atual ofensiva oposicionista.
Os dados do Instituto Datafolha, divulgados no dia 16/9, parecem
moldados de forma que o PT e a campanha Dilma continuem acreditando que
vencerão no primeiro turno, sem necessidade de qualquer reação maior.
Dilma marcou 51% das preferências eleitorais, enquanto Serra se manteve
com 27% das intenções de voto, e Marina seguiu com 11%. Aparentemente, o
melhor dos mundos.
No entanto, podem-se descobrir algumas surpresas nessa pesquisa, desde
que se coloque de lado a euforia e se busquem as tendências reais. Entre
os eleitores bem informados, a intenção de votos em Dilma desceu para
46%, enquanto em Serra subiu para 33%, e em Marina para 14%. Com isso
compreende-se por que a grande imprensa vem martelando incessantemente
para ‘informar’ o eleitorado sobre os ‘fatos’ que tem criado nos
bastidores, mesmo que tais ‘fatos’ não passem de falsificações. Se
conseguir que o conjunto do eleitorado se deixe convencer por essas
informações falsas, o segundo turno estará configurado.
É significativo que Dilma tenha caído na preferência do eleitorado, em
caso de segundo turno, em estados como Rio Grande do Sul e Paraná, assim
como em Brasília. E que sua subida em outros estados e cidades
importantes tenha se mantido dentro da margem de erro. Este pode ser um
sinal de que o ritmo de crescimento da candidatura Dilma foi afetado
pelas denúncias e escândalos criados pela aliança do tucano-pefelismo
com a grande imprensa, embora ainda não de forma avassaladora.
Nos próximos quinze dias antes das eleições, se a campanha Dilma e o PT
não forem suficientemente ágeis para criar mobilizações massivas, passar
ao contra-ataque na diferenciação entre seu projeto político e o
projeto de Serra e Marina, e gerar fatos políticos de repercussão, a
corrosão da candidatura Dilma pode chegar àquele nível procurado pelo
quarto poder.
Feito isso, a grande imprensa continuará convencida de que é capaz de
moldar a opinião pública com mentiras e falsificações, da mesma forma
que Goebbels e outros gurus da comunicação de massa acreditavam. E,
certamente, configurado o segundo turno, virá com armas ainda mais
letais. Se a meta da campanha Dilma é evitar que isso aconteça, esta é a
semana decisiva para revirar o jogo.
Wladimir Pomar é analista político e escritor.
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Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Guerra aberta
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