A imprensa brasileira foge desse debate como o diabo da cruz. O debate
sobre a regulação do setor da comunicação. A mínima menção sobre o mesmo
provoca gritos tão eloqüentes quanto ignorantes sobre as ameaças à
liberdade de expressão e de imprensa que o mesmo traria. É uma mentira
deslavada. E a população brasileira precisa ser informada disso. A
imensa maioria dos países apontados por essa mesma imprensa como modelos
de liberdade de expressão (EUA e os países europeus) possuem
legislações nesta área, algumas delas bastante restritivas no que diz
respeito, por exemplo, à publicidade em horário nobre nos canais de
televisão. Leis que existem em países com Suécia e Holanda, por exemplo,
aqui seriam taxadas de chavismo ou algo do gênero. Esse comportamento,
na verdade, não é exclusividade da imprensa brasileira, reproduzindo-se
também em outros países.
Não se trata, na verdade, de um problema de imprensa ou de
comunicação exatamente, mas sim de um problema político-econômico. As
grandes empresas de comunicação no mundo inteiro, como se sabe, são
hoje, em sua esmagadora maioria, braços midiáticos de interesses
corporativos e ideológicos poderosos e mito bem identificados. Esses
interesses seqüestraram os conceitos de liberdade de imprensa e de
liberdade de expressão. E o que pior: trata-se de um seqüestro sem
pedido de resgate. Querem manter os reféns em prisão perpétua.
Seguem duas sugestões de leitura que mostram que esse problema não é exclusivamente brasileiro.
O jornalista Ignácio Ramonet,
ao receber o Prêmio Antonio Asensio, em Barcelona, criticou aqueles que
fazem “entretenimento domesticado” ao invés de fazer jornalismo. “A
imprensa escrita”, assinalou, “vive um dos momentos mais difíceis, e o
jornalismo atravessa uma grave crise de identidade. O importante se
dilui no trivial e o sensacionalismo substitui a explicação. A
informação é algo muito sério, pois de sua qualidade depende a qualidade
da democracia. Para ele, ainda há muitas injustiças no mundo que
justificam uma concepção do jornalismo a favor de mais liberdade,
justiça e democracia”. (leia mais aqui)
No Chile, a revista Punto Final
publicou dia 15 de outubro um artigo de Paul Walder denunciando o que
chama de “obsceno poder da imprensa chilena”. Os problemas apontados são
muito similares:
É o provincianismo em sua pior expressão. Porque é a ignorância
manipulada e conduzida. Hoje é o governo argentino, personalizado na
presidenta Cristina Fernández, outro dia é Hugo Chávez. Há algumas
décadas era o comunismo internacional e, numa determinada ocasião, foi
um foguete sinalizador brasileiro. Os meios de comunicação chilenos, tal
como ouvimos durante mais de uma década, estão aí (supostamente) para
mostrar a verdade. Mas sua versão da realidade é o lugar dos interesses
do poder. (leia mais aqui)
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