sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

GUERRA CONTRA O TERRORISMO DE BUSH POUPA EX-AGENTE DA CIA

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Blog do Azenha

WASHINGTON - No início do ano passado fui conhecer Cuba com minhas filhotas. Em nossas andanças fotografei este outdoor exigindo Justiça e lembrando o trigésimo aniversário de um atentado terrorista. Eu sabia muito pouco a respeito do episódio. Comprei um livro local relatando o caso. E fiz uma pesquisa mais extensa em São Paulo e Washington. O caso foi convenientemente "esquecido" pela mídia.

O vôo 455, da Cubana de Aviación, decolou de Barbados, no Caribe, a caminho de Havana, no dia 6 de outubro de 1976. Houve uma explosão na cabine de passageiros. O avião caiu. Foram 57 civis cubanos, 11 guianenses e 5 norte coreanos mortos. O vôo havia feito várias escalas anteriores. Em Barbados desembarcaram Freddy Lugo e Hernán Ricardo Lozano, que usou o nome falso de José Vázquez Garcia. A bordo, eles deixaram a bomba que detonou o avião. O atentado foi organizado em Caracas por um grupo que combatia o governo de Fidel Castro e tinha ligações tanto com a CIA quanto com o DISIP, o serviço de inteligência da Venezuela.

Na época, George Bush pai era diretor da Central de Inteligência Americana. Em maio de 2005 o Arquivo de Segurança Nacional da Universidade de George Washington publicou documentos oficiais do governo americano demonstrando que a CIA sabia dos planos para derrubar um avião desde junho de 1976.

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Este é um dos documentos que estão no Arquivo. Um relatório do FBI que diz: "No dia 7 de outubro, 1976, diante da prisão de Vazquez e Lugo em Trinidad, CENSURADO estava arranjando para que Luis Posada e Orlando Bosch Avila deixassem a Venezuela assim que possível. A fonte admitiu que Posada e Bosch tinham organizado a derrubada do avião e prometeu mais detalhes no dia 8 de outubro de 1976."

Outro documento mostra que o adido do FBI na embaixada dos Estados Unidos em Caracas "tinha tido vários contatos com um dos venezuelanos que colocaram a bomba no avião e deu a ele um visto para entrar nos Estados Unidos cinco dias antes do atentado, apesar da suspeita de que ele estava engajado em atividades terroristas sob o comando de Luis Posada Carriles", de acordo com texto publicado na página do Arquivo de Segurança Nacional.

Outro documento, do Escritório de Inteligência e Pesquisa do Departamento de Estado informa que uma fonte da CIA tinha ouvido de Posada em setembro de 1976: "Vamos atacar um avião cubano".

Nos documentos obtidos pelo Arquivo não há qualquer indício de que a CIA tenha avisado o governo de Fidel Castro sobre os planos para derrubar um avião civil.

Luis Posada Carriles merece um capítulo à parte neste caso. Ele fez parte da Brigada 2506, organizada pela CIA para invadir Cuba em fevereiro de 1961. Mas não chegou a desembarcar na ilha durante a fracassada operação.

Carriles serviu ao exército americano de 1963 a 1965. Foi recrutado e treinado pela CIA em demolições. Foi instrutor de grupos paramilitares. Foi desligado formalmente da agência em julho de 1967, mas recontratado quatro meses depois, quando servia à DISIP, o serviço de inteligência da Venezuela. Carriles continuou na CIA até 1974, quando se afastou. Mas manteve contatos com a agência até pelo menos julho de 1976, três meses antes do atentado ao avião da Cubana de Aviación. Tudo isso está documentado.

Nos anos 60, Posada participou de um plano para sabotar um navio soviético ou cubano no porto de Veracruz, no México, para o qual contaria com cerca de 35 quilos de explosivos C-4 e detonadores. Também teria participado de um ataque a uma biblioteca soviética na Cidade do México. Foi um dos conspiradores para derrubar o governo da Guatemala, armado com napalm, 25 quilos de explosivos C-4 e 10 quilos de explosivos C-3.

Mas a derrubada do avião foi o "ponto alto" da carreira de Posada Carriles, que trabalhava com Orlando Bosch, criador da Coordenação Unida de Organizações Revolucionárias (CORU). A CORU se dedicava a promover ataques a interesses cubanos e soviéticos na América Latina, em coordenação com outros órgãos oficiais de espionagem, no que ficou conhecido como Operação Condor.

Os planos para atacar o avião foram feitos em reuniões no Hotel Hilton de Caracas. O chefe do DISIP na época, Orlando Garcia Vazquez, hoje vive nos Estados Unidos. O serviço de inteligência da Venezuela prestou serviços à CIA em várias missões na América Central e no Caribe.

No atentado de 1976, Freddy Lugo e Vazquez Garcia foram encarregados de plantar a bomba na cabine de passageiros do avião. Um deles, depois do "sucesso" do ataque, teria ligado para Bosch e dito: "Um ônibus com 73 cães a bordo caiu de um precipício e todos morreram."

Depois do atentado, Orlando Bosch e Posada Carriles foram presos em Caracas. Em setembro de 1985, Posada escapou da prisão pagando propina. Foi para El Salvador, onde passou a atuar sob o coronel Oliver North na rota de abastecimento dos "contras" que tentavam derrubar o governo sandinista da Nicarágua. Ele usava o nome Ramon Medina.

Bosch nunca foi julgado pelo atentado contra o avião. Em 1987, com a ajuda do embaixador do Estados Unidos em Caracas, ele foi colocado em liberdade e viajou para Miami. Ficou detido durante seis meses por ser foragido da Justiça, mas foi libertado com apoio de políticos ligados à família Bush. Permanece livre.

Em 1997 Posada Carriles ajudou a organizar uma série de ataques à bomba contra hotéis e casas noturnas de Havana. Ele admitiu sua participação em entrevista a uma TV de Miami. Em 2000 ele foi preso no Panamá por organizar um atentado contra Fidel Castro quando este visitava o país. Posada Carriles foi perdoado pela presidente do Panamá. Em 2005 foi detido no Texas por entrar ilegalmente nos Estados Unidos. Pagou fiança e foi libertado. Na ocasião o próprio Departamento de Estado se referiu a ele como envolvido em ataques terroristas.

Hoje em permanece livre em território americano. Em setembro de 2005, quatro anos depois dos atentados contra o World Trade Center e o Pentágono, um juiz americano negou o pedido de extradição de Posada Carriles para a Venezuela, alegando que ele "poderia ser torturado."

  • O Espiritualismo e a Obrigação Social

  • Escreve: Alfred Russell Wallace (1823-1913)


    Traduzido do original “Spiritualism and Social Duty”, de 1898.
    Leia comentário do prof. Martin Fichman, York University, Ontário, no pé deste artigo.

    Companheiros e amigos espiritualistas,

    Nos últimos 10 anos tenho dado atenção a outros assuntos que não o Espiritualismo e, a menos de três anos, em uma nova edição de meus escritos sobre o assunto, eu declarei minhas firmes convicções com relação à realidade e importância de nossas dúvidas e a inutilidade de todos os argumentos de meus oponentes. Não tenho, portanto, nada a dizer a vocês sobre o Espiritualismo propriamente dito mas aproveitarei esta oportunidade para apresentar algumas observações sobre o que me parece ser a relação de nossas crenças como espiritualistas com o assunto que atualmente ocupa meus pensamentos a maior parte do tempo – como fazer a grande massa emergir dessa terrível situação, difícil de se livrar, em que se encontra agora, de não ter dinheiro ou posses, vivendo de forma infeliz, sem perspectiva de mudança, trabalhando longas horas pelo mínimo de subsistência, vidas encurtadas, sem ter prazer por nenhum dos refinamentos da arte ou apreciação pela natureza, sendo esses últimos essenciais ao desenvolvimento do ser humano.

    Num trabalho publicado há algumas semanas, provei que assim é, hoje, a condição de uma grande proporção de nosso povo, apesar de um aumento da riqueza e do poder gerador de riqueza melhor visto na história do mundo, aceitável, se adequadamente utilizado, para dar não apenas abundância, mas conforto, luxo e amplo lazer a todos. Sobre essas questões, entretanto, não direi mais nada. Apenas pedirei vossa atenção a algumas observações sobre o que eu considero ser a relação entre Espiritualismo e Dever Social.

    A antiga doutrina com relação à natureza da vida futura foi baseada na idéia de recompensas e castigos, os quais supostamente seriam dependentes de crenças dogmáticas e práticas cerimoniais . O ateu, o agnóstico e mesmo o unitário (the unitarian) (1), foram por séculos conduzidos a crer no castigo futuro; e a criança não batizada, a interrupção do Sabbath (2), a abstinência de freqüentar a igreja, eram todas elas ações que conduziam seus protagonistas a queimar no inferno. Crenças e rituais eram tidos como de primeira importância; disposição, conduta, saúde e felicidade não contavam.

    As novas doutrinas - fundamentadas quase que totalmente nos ensinamentos do Espiritualismo moderno, embora sejam agora amplamente aceitas, até entre não-espiritualistas – são exatamente o reverso de tudo isso. Elas são baseadas na concepção de continuidade mental e moral; que não há castigos impostos; que crenças dogmáticas são absolutamente sem importância, com exceção até agora na medida em que afetam nossas relações com nossos próximos; e que as formas e cerimônias e os complexos rituais da maioria das religiões são igualmente sem importância. Por outro lado, o que realmente importa são os motivos e as ações que deles resultam e tudo o mais que desenvolve e exercita por completo a natureza mental, moral e psíquica, resultando em vidas felizes e saudáveis para todo ser humano. A vida futura será simplesmente a continuação do presente, sob novas condições; e suas alegrias ou infortúnios dependerão de como aperfeiçoamos tudo o que temos de melhor em nossa natureza humana.

    Sob a antiga teoria, a alma poderia ser salva por uma simples mudança de crença e pelo desempenho em certos rituais religiosos. O corpo nada representava; felicidade não era nada; prazer era freqüentemente visto como pecado; assim, qualquer castigo, tortura e até mesmo morte eram considerados justificáveis para produzir a mudança de fé e salvar a alma.

    Na nova teoria é o corpo que desenvolve, e até certo ponto, salva a alma. Doença, dor e tudo que encurta e empobrece a vida são ferimentos tanto para a alma quanto para o corpo. Não apenas um corpo saudável é necessário para uma mente sã, como igualmente é necessário para uma alma totalmente desenvolvida – uma alma que está mais adequada para iniciar sua nova era de desenvolvimento no mundo dos espíritos. Ou seja, nós usamos completamente e aprimoramos todas as nossas faculdades – do corpo, da mente e espirituais – e fizemos tudo que está ao nosso alcance para facilitar aos outros um desenvolvimento semelhante. Dessa forma preparamos o futuro bem-estar de nós mesmos e dos outros.

    A mim me parece que, acreditando nessas condições com relação à vida futura e ao que parece ser a única preparação para ela, nós, espiritualistas, devemos nos sentir obrigados a trabalhar energicamente por melhores condições sociais, de modo a tornar possível a todos uma vida de completa felicidade, de desenvolvimento e utilização das várias faculdades que todos possuímos e, conseqüentemente, estarmos todos preparados para atingir de uma vez a vida mais elevada e progressiva do mundo dos espíritos. Sabemos que uma vida de contínuo trabalho do corpo para se ter o mínimo necessário para viver materialmente; uma vida quase que necessariamente desprovida de beleza, de requintes, de comunhão com a natureza; uma vida sem o adequado descanso e sem nenhuma oportunidade de se alcançar a cultura; uma vida cheia de tentações e sem nenhuma esperança de se ter uma velhice em paz, com alegrias é prejudicial tanto para o bem-estar da alma como o do corpo.

    Se as descrições que obtemos do mundo dos espíritos têm qualquer verdade, a recuperação e educação de milhões de espíritos não desenvolvidos ou degradados, que anualmente deixam a Terra, é um fardo dolorido, uma fonte de problemas e tristeza para aqueles mais evoluídos. Essa carga deve necessariamente ser pesada, por conta do número de raças e povos ainda na Terra; mas que nós, que nos chamamos de civilizados, que aprendemos tanto dos poderosos segredos e mistérios do universo, que por meio desses poderes poderíamos facilmente prover uma vida decente, racional e feliz para toda a população – que devemos enviar ao mundo dos espíritos dia após dia, ano após ano, milhões de homens e mulheres, de crianças, todos enviados para lá antes da hora devido à falta de meios para uma vida saudável, a doenças e acidentes advindos das condições vis que lhes oferecemos – isso é uma desgraça e um crime!

    Eu acredito firmemente – e esse fato é baseado em evidências abundantes – que as classes mais pobres de nossas cidades, aquelas que vivem constantemente sob a margem de pobreza, que são desprovidas de conforto, de necessidades e mesmo de decências da vida, são, apesar disso, uma classe tão evoluída moral e intelectualmente quanto as classes médias e altas que olham para elas de cima para baixo, como se fossem inferiores. Suas condições, sociais e morais, são frutos da sociedade; e ainda que pareçam piores do que os outros, são assim feitas pela própria sociedade. O que teria sido de nós se não tivéssemos tido educação, escolaridade, repouso, lares decentes e refinados, nenhuma forma de higiene, se tivéssemos sido forçados a todo tipo de tentação, quando não forçados ao crime? E uma consequência direta dos milhões que são compelidos a conduzir suas vidas dessa maneira são as crianças que morrem prematuramente – um massacre mil vezes pior do que aquele de Herodes, acontecendo ano após ano entre nós; certamente seus pais inocentes gritam contra nossas regras, contra nós todos, que escolhemos estas regras; e mais especificamente contra nós, espiritualistas, que conhecemos a lei superior, se não trabalharmos com todas as nossas forças por uma reforma radical.

    Como muitos de meus amigos aqui sabem, eu, contra todas as minhas pré-concepções, acredito agora que alguma forma de Socialismo é o único remédio para esse estado das coisas; e defino Socialismo simplesmente como a organização do trabalho para o bem comum. Assim como o Correio é o trabalho organizado em um departamento para o benefício de todos igualmente; assim como as linhas de trem são organizadas como um todo para o benefício da comunidade; assim como os números da grande maioria das indústrias são organizados, mais especialmente na América, para o benefício exclusivo do círculo de capitalistas – assim todo trabalho necessário e útil deve ser organizado para o benefício de todos. Peço a vocês que pensem sobre essa questão; e acima de tudo, peço-lhes que considerem a necessidade de remediar essa situação, não com paliativos, que já foram tentados com energia e boa vontade ao longo do século e que absolutamente falharam. Essa força poderosa e prejudicial tem crescido, como se nenhum remédio tivesse sido aplicado contra ela. A caridade tem crescido enormemente e tem falhado. É hora agora de tentarmos a justiça. Há alguns anos, um talentoso escritor usou, e imediatamente popularizou, um novo termo – igualdade de oportunidade. Expressa brevemente e forçosamente o que pode ser considerado o mínimo de justiça social. A mesma idéia já tinha sido levantada por outros escritores, principalmente por Herbert Spencer (3) em seu volume “Justiça”, quando declarou que a justiça requer a cada homem que receba “os resultados de sua própria natureza e conseqüentes ações” - isso e apenas isso. Fundamentalmente as duas idéias são a mesma coisa, mas “igualdade de oportunidade” é a expressão mais simples e inteligente disso.

    Para os espiritualistas, que têm a capacidade de perceber que toda criança nascida neste mundo é uma alma viva, que aqui vem para se preparar para a vida mais elevada no mundo dos espíritos, deve parecer um crime contra o mundo e contra a humanidade não ver que cada criança tenha a melhor educação e cuidado no mínimo até que atinja a idade adulta e se transforme numa unidade independente do organismo social. E se a cada um é devido o melhor, ninguém pode ter mais do que o melhor, e aqui nós chegamos novamente à igualdade de oportunidade.

    Obviamente muitos de vocês dirão: “Isso é impossível. Como podemos dar essa igualdade de educação, cuidado e escolaridade a cada criança?” Admito que isso é difícil – mas não impossível. Deve, com certeza, ser realizado de forma gradual; e onde há um desejo, há uma maneira. Como dito por Herbert Spencer a respeito de outro assunto – a nacionalização da terra – “a justiça pede duramente que isso seja feito”, e se nós, gabando-nos de nossa civilização, declaramos que não pode ser feito, então muito pior para nós e para nossa falsa civilização. É necessário apenas querer. E é nossa obrigação, como espiritualistas, ajudarmos a criar esse desejo.

    Mas, novamente, vocês dirão: “Quais são os meios de fazê-lo? Nós já somos taxados no limite do que podemos suportar”. É verdade, somos vergonhosamente sobretaxados, mas ao invés de aumentarmos os impostos, há uma correlação necessária da “igualdade de oportunidade” que nos dará não apenas fundos amplos de fazê-la acontecer, como irá ao mesmo tempo reduzir a taxação e, por fim, aboli-la totalmente. Porque, se a cada criança é dada igualdade de oportunidades e cada homem e mulher recebem somente “os resultados de sua própria natureza e conseqüentes ações”, então é evidente que não deve haver desigualdade de herança: e para oferecer igualdade de herança, o Estado, isto é, a comunidade, deve ser o herdeiro universal de toda a riqueza e bem-estar. A princípio, é claro, seria necessário apenas tomar o excedente sobre um máximo fixo; e longe disso ser um castigo para os herdeiros de um milionário, seria um grande benefício, já que é admitido que nada tem um efeito tão desmoralizante para um jovem como a certeza de herdar uma grande riqueza; e exemplos disso surgem diante de nós todo ano e quase todo mês. Esse é o verdadeiro ensinamento da parábola de Lázaro; isso nos dá o real significado das palavras de Cristo ao dizer que um homem rico dificilmente entrará no reino dos céus.

    Agora, muitos de vocês que não apreciam a idéia de Socialismo – principalmente, penso eu, por não entender o que ela realmente implica – irão talvez parecer mais favoráveis ao princípio de “igualdade de oportunidade”, já que o individualismo ficaria intocado, tornar-se-ia mais completo e efetivo do que é agora. Nosso estado atual de sociedade não é o verdadeiro individualismo porque as desigualdades de oportunidade no começo da vida são tão grandes que, com freqüência, os piores são forçados ao topo, enquanto muitos dos melhores lutam pela vida inteira sem uma chance de usar suas mais altas faculdades, ou de desenvolver a parte melhor de suas naturezas. Mesmo Tennyson, cuja mente possuía traços aristocráticos, pôde dizer:

    Lavradores, pastores, tenho encontrado, e mais que uma vez, e ainda poderia encontrar mais, Filhos de Deus e reis dos homens em total nobreza de espírito; Verdadeiro, confiante, olhando na direção dos treinados mentirosos no púlpito; Assim o Superior exerce seu poder sobre o Inferior, sendo que o Inferior é o Superior.
    Aqui e acolá a criança de um ocupante de terra é nascida como um rei por direito divino; Aqui e acolá meu senhor é inferior a seu bovino ou seu suíno.
    (Tradução livre)

    A igualdade de oportunidade colocaria tudo isso em seu devido lugar; todos seriam capazes de mostrar que poder para a eternidade eles possuíam e a sociedade, em conseqüência, seria enormemente beneficiada. Ao mesmo tempo, haveria todo estímulo derivado do esforço individual. O homem que conseguisse ultrapassar seus companheiros sob condições iguais e justas seria verdadeiramente um grande homem. Alguns alcançariam a honra, outros a riqueza; mas tudo seria devido a sua própria “natureza e conseqüentes atitudes”, e nem a honra, nem a riqueza seriam distribuídas a indivíduos que não fossem dignos de uma ou de outra.

    Eu acredito que tal competição, perfeitamente justa, na qual todos dão partida nas mesmas condições, socialmente falando, seria um treino admirável e, com certeza, conduziria finalmente a uma cooperação voluntária e a uma organização de trabalho que produziria os melhores resultados do Socialismo propriamente dito. Sendo assim ou não, eu afirmo que essa situação incorpora o grande e verdadeiro princípio de Justiça Social; e proporciona a única fuga não-socialista do horroroso lamaçal social em que nos encontramos. Como espiritualistas devemos defender a justiça; e igualdade de oportunidade para todos é apenas uma amostra de justiça. Sabendo que a vida aqui é a escola para o desenvolvimento do espírito, devemos sentir como nossa obrigação que o espírito nascente em cada criança tem a mais completa e livre oportunidade de desenvolver suas faculdades e poderes sob as melhores condições que pudermos proporcionar para este fim. E eu me aventurei a levantar este assunto diante de vocês porque é a esperança mais próxima de meu coração; e tenho a certeza de que se o grande grupo, que vem rapidamente crescendo, de espiritualistas pode ser levado a considerar essa idéia, e a sentir que a miséria e degradação em volta deles pode e deve ser excluída, e que é especialmente o seu papel e sua obrigação ajudar a se livrar delas, o grandioso trabalho em breve será iniciado.

    O que precisamos, acima de tudo, é educar o povo e criar uma opinião pública adequada ao trabalho. Neste movimento pela justiça e pelo direito, os espiritualistas devem tomar a liderança, já que eles, mais do que qualquer outro grupo, conhecem sua vital importância tanto para este mundo como para o próximo. As várias seitas religiosas estão todas trabalhando de acordo com suas idéias e capacidades no campo social; mas suas forças são quase que exclusivamente dirigidas ao alívio de situações individuais de necessidade e miséria, por meio da caridade em suas várias formas. E esse método fracassou até mesmo para diminuir a massa de miséria humana que está em todo lugar a nossa volta, uma vez que lida com os sintomas apenas e ignora a causa do problema. Eu não diria uma única palavra contra essa forma de caridade para aqueles que não vêem nenhuma lei superior; porém queremos mais da verdadeira caridade de São Paulo – a caridade que não pensa em nenhum mal, que sofre por muito tempo e se rejubila na verdade – não apenas a caridade mais fácil de se praticar, que apenas alimenta os pobres e que São Paulo não permite que se chame de caridade, de modo algum.

    Mas vamos nós, espiritualistas, tomar um caminho mais elevado. Vamos exigir justiça social. Este será um trabalho merecedor de nossa causa, para a qual ele trará dignidade e importância. Mostrará a nossos compatriotas que não somos meros exploradores à procura de milagres, meros inquisidores dos menos favorecidos do mundo dos espíritos; mas que nossa fé, fundada no conhecimento, tem uma influência direta sobre nossas vidas; que nos ensina a trabalhar arduamente pela ascensão e permanente bem-estar de nossos companheiros. A fim de realizarmos isso, nossa palavra chave deve ser – NÃO APENAS CARIDADE, MAS TAMBÉM JUSTIÇA.

    NOTAS

    (1) Adepto do Unitarianismo, seita herética de origem cristã que defende a idéia de Deus como o pai único, superior, segundo essa corrente religiosa, ao dogma da chamada Santíssima Trindade, de três pessoas em uma só (Pai, Filho e Espírito Santo).
    (2) Para o judaísmo, o Dia do Senhor, o sétimo dia, quando Jeová descansou. Segundo os judeus, não se deve trabalhar nesse dia, que deve ser voltado para preces, meditação e inteiramente devotado ao Senhor.
    (3) Herbert Spencer (1820-1903), filósofo e sociólogo inglês, considerado o fundador da filosofia evolucionista.

    Alfred Russell Wallace (1823-1913)
    , naturalista inglês, é internacionalmente conhecido por suas pesquisas em relação à origem e evolução das espécies. Foi contemporâneo de Charles Darwin. Adepto do moderno espiritualismo, que veio a se transformar no Espiritismo, e das idéias socialistas, deixou inúmeras obras e escritos sobre todos esses campos do conhecimento. Este texto que o site Pense publica é inédito em língua portuguesa. A tradução é de Patrícia de Domênico Rodrigues Grijó.

    Comentários feitos pelo prof. Martin Fichman, York University, Ontário:
    O discurso de Wallace, apresentado no Congresso Internacional de Espiritualistas, em 1898, é, posteriormente, um documento crucial para sua carreira. Demonstra que, embora Wallace continuasse a ser um firme seguidor das doutrinas espiritualistas, ele estava agora integrando o Espiritualismo ao contexto mais amplo de sua visão de mundo político-social. Tendo declarado abertamente ser um socialista em 1890, em seu ensaio sobre “Seleção Humana”, Wallace agora queria mostrar ao público que os ensinamentos éticos do Espiritualismo eram totalmente compatíveis com sua filosofia político-socialista, assim como outras causas não-socialistas como a nacionalização da terra. Em seu ensaio, Wallace argumenta que um dos mais potentes ensinamentos do Espiritualismo era que todos os homens e mulheres deveriam se unir para trabalhar pela melhoria das condições sociais para a humanidade nesta vida, e não somente pelo benefício após a morte. Não é por acidente que Wallace se refere nessa palestra a seu livro publicado recentemente, “O Século Maravilhoso” (1898). Naquele livro, Wallace apresenta uma crítica devastadora da sociedade vitoriana capitalista, a qual ele sentiu que promovia o militarismo, um abismo crescente entre o rico e o pobre em sociedades industrializadas e um crescimento desenfreado da ciência e tecnologia que começavam a ameaçar as condições ambientais e ecológicas, tanto na Europa como no mundo todo. Wallace endossava plenamente a ênfase espiritualista de que a “lei superior” demandava que todas as pessoas deveriam ter garantidas a igualdade de oportunidade e justiça social em suas vidas. Wallace argumentava eloqüentemente que o compromisso do Espiritualismo com a reforma social era um exemplo notável e necessário para uma ação realmente civilizada no início do século 20 – ainda que não se aceitasse totalmente os aspectos espiritualistas. As idéias expressadas em seu ensaio de 1898 devem, sem dúvida, ter mais relevância hoje do que quando Wallace originariamente as apresentou.

    Notas elaboradas pelo PENSE.

    Governo dos USA não é somente cúmplice e patrocinador senão potência mundial do narcotráfico.


    Por: Alberto Pérez Visnapuu



    Segundo os USA no negócio do narcotráfico existem dois elementos a seguir: produtores( os mais conhecidos na América Latina) e os consumidores( os indefesos cidadãos norteamericanos). os primeiros, cultivam, processam, empacotam, transportam, oferecem e vendem; os segundos, compram para seu consumo.


    O governo dos USA alega que combatendo o produtor, acabará com o narcotráfico. porém, que eu saiba, o falecido Pablo Escobar, não pegava seu avião carregado de drogas para os USA e parava em uma esquina com seus ajudantes para vendê-la aos consumidores norteamericanos.



    Colocam em nós o problema como se lá não existisse uma grande organização criminosa, tão igual ou mais poderosa que os cartéis de drogas Colombiano, que compra a droga e distribui nos USA.


    Eu nunca escutei que o governo dos USA enviasse um porta-aviões desde o porto de Nova York para averiguar e prender aos grandes "capos" da droga em seu país, nem que deslocasse os 100mil marines que tem no Iraque, ou os 6mil efetivos da guarda nacional que são equipados com a mais moderna tecnologia anti-imigrantes na fronteira com o México, onde não escapa nehuma pessoa, mas entram toneladas de drogas, nem tampouco eu ví que solicitassem à comunidade internacional fazer umas manobras conjuntas dentro de seu território para os ajudar a combater e capturar os traficantes.



    O governo dos USA destina grandes recursos militares e políticos na luta contra o narcotráfico internacional, porém não entendemos porque não emprega nenhum desses recursos para combater contundentemente seu próprio narcotráfico.



    Parece que a intenção do governo dos USA quando manda uma força tarefa ao caribe e mantém uma força de ocupação na Colômbia para lutar contra o narcotráfico não é combater o narcotráfico e sim ajudar à mafia norteamericana a eliminar seus concorrentes latinoamericanos.


    O feito de processar toneladas da droga de alta pureza para obter produtos ou derivados, já converte os USA em um importante produtor da droga. Porém alguém se preocupou em verificar se os USA produz algum tipo de droga sintética ou natural?


    Qual a proporção de benefício ao produto interno bruto dos USA que a droga propicia?


    Quanto gera em impostos aos governos estaduais e federal dos USA?


    Como a economia norteamericana seria afetada se não houvesse o narcotráfico?


    Quantos empregos diretos e indiretos gera?


    É conveniente para os USA combater o narcotráfico?



    Será que o governo dos USA é cúmplice ou sócio do narcotráfico?


    traduzido do espanhol por Gerson Yamin

    Guernica

    No dia 26 de abril de 1937 A pequena cidade basca de Guernica foi bombardeada pela frota aérea alemã. 2.000 civis morreram. Picasso chocou-se com o evento e transformou sua perplexidade em um quadro que chamou de guernica, em homenagem à cidade. Partindo dessa pintura e de outras obras de Picasso, Alain Resnais e Robert Hessens fazem também sua pequena homenagem aos mortos de guernica. Os textos são do poeta Paul Éluard.


    Créditos:Makingoff - kerouac
    Gênero:
    curta/experimental
    Diretor: Alain Resnais/Robert Hessens
    Duração: 12 minutos
    Ano de Lançamento: 1950
    País de Origem: França
    Idioma do Áudio: Francês
    IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0042528/

    Qualidade de Vídeo:
    DVD Rip
    Tamanho: 108 Mb
    Legendas: No torrent

    Downloads abaixo:
    Arquivo anexado Alain.Resnais._.Guernica.PtBr.makingoff.rar ( 3.05KB ) Legendas
    Arquivo anexado Alain_Resnais___guernica___1950.torrent ( 8.9KB ) Filme

    Cubanos que vivem nos EUA defendem legado de Fidel e soberania da ilha

    Onde já se viu um
    agente de inteligência
    dizer publicamente o
    que pensa?
    Max Lesnik,
    diretor da Radio Miami


    Nunca combateram, mas se definem como "revolucionários" cubanos que defendem em Miami a obra de Fidel Castro a ferro e fogo, enquanto vivem rodeados por uma massa de exilados furiosos, que fugiram da ilha e esperam o final do governo do velho líder. Max Lesnik costumava tomar café nos bares de Miami com uma pistola na cintura e sempre olhando a rua, por temor de que o matem. Ele é acusado de ser um espião cubano e um colaborador do governo da ilha. É amigo de Fidel Castro desde a adolescência, mas decidiu sair de Cuba e instalar-se em Miami há 47 anos quando a revolução cumpria dois anos no poder. Esteve desiludido com o governo cubano, mas rapidamente recompôs sua relação com Fidel, com quem se reunia periodicamente em Havana. ­ Sempre fui revolucionário. Um revolucionário que cultua a inteligência, por isso não sou comunista. Em 1961 quando o governo cubano se aproximou da União Soviética e adotou o comunismo, deixei o país ­ contou.

    Da ilha aos EUA


    Lesnik, de 77 anos, viajou a Cuba assim que se inteirou da renúncia de Fidel. E assim vive permanentemente, saltando da ilha a Miami. ­ Venho a Cuba para ver a situação de perto porque sou jornalista e sempre trabalhei como tal em Cuba e Miami ­ disse. Mas nos EUA, muitas organizações de exilados o consideram um traidor que defende Fidel Castro e se opõe ao embargo dos EUA. ­ Em Miami, há muitos que me odeiam e querem me incriminar dizendo que trabalho para o governo cubano ou que sou da inteligência. Mas eu expresso minhas opiniões pelo rádio. Onde já se viu um agente de inteligência que diz publicamente o que pensa? A História vai demonstrar que Fidel é um homem sábio, que deu plena independência e soberania a Cuba, acrescenta Lesnik: ­ Muitos daqueles que estão no exílio não são suficientemente cubanos, não sabem valorizar a soberania de seu país. Editor do jornal La Nación Cubana, Pedro González-Munne também diz sentir-se um revolu- cionário e ferrenho defensor das conquistas da revolução cubana, mas esclarece na calçada em frente a Radio Miami, de Lesnik: ­ Eles (da rádio) têm uma postura extrema. Não criticam o governo cubano porque lhes interessa fazer negócios com Cuba. Sou um revolucionário cubano. Isto ninguém me tira. Sei que há um legado de Fidel que ninguém pode negar. Nós, cubanos, somos o que somos nos EUA e no mundo, por Fidel e pela dignidade do povo de Cuba. O jornalista recorda que seu pai foi preso em 1971 e assim ficou por cinco anos tachado de opositor: ­ Eu trabalhava como jornalista na televisão cubana, mas um dia me deixaram sem trabalho e me forçaram ao exílio, ainda que diga que sou um imigrante por decisão. Para González, "a revolução significou algo importante" para todos os cubanos: ­ Há coisas que devem mudar, mas não se pode esquecer que Cuba é um país comunista e os fatos se medem de outra forma, não como crêem estes grupos da rua 8, na pequena havana de Miami, onde centenas de cubanos festejaram terça-feira a renúncia de Fidel e pediram uma Cuba livre.

    Font:Jornal do Brasil


    Alex Buck - Luz da Lua (2006)




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    quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

    A cultura hacker: uma ética de cooperação pós-capitalista


    Os hackers surgiram no ambiente universitário. A cultura hacker tem origens no MIT - Instituto de Tecnologia de Massachussets - e em outros laboratórios norte-americanos, como o Parc, da Xerox. O movimento hacker coloca o ser humano no centro do universo e passa a desenvolver toda uma nova relação para satisfazer esta nova variável. Estes são os caras dos softwares de códigos livres, estes são os seres humanos do Linux.

    Por Hernani Dimantas e Dalton Martins, no Le Monde Diplomatique Brasil



    Com as contas balanceadas é fácil, muito fácil, romper com as estruturas impostas pelo capitalismo. Richard Stallman, o guru da Free Software Foundation, podia priorizar o desenvolvimento de um driver para a impressora. E quebrar os modelos da indústria de software. No Brasil ele morreria de fome.

    As originalidades das conversações que acontecem no baixo hemisfério devem ser analisadas por outro viés. Ser hacker é uma forma de sobrevivência. Essa análise se descola da cibercultura e entra nas relações que acontecem na sociedade brasileira. A colaboração é uma estratégia de sobrevivência nas periferias. Não vou me alongar nas perversidades das classes dominantes; vou focar na forma como os brasileiros descobrem o atalho para o futuro.

    A internet é a obra-prima hacker. Este movimento não vai ficar restrito à arena tecnológica. Ser hacker independe do conhecimento inerente da computação. Faz mais sentido pensar no artífice. Na criatividade do ser humano catalisada pela digitalidade da rede.

    É lógico que o debate na sociedade virtual está osmoticamente invadindo a sociedade estabelecida. Alguns princípios do ser humano estão sendo transformados. O novo bom-senso aceita a revolução digital como propulsora de uma nova ordem. Aceita a anarquia como uma forma viável de balanço entre os poderes. Aceita que o conhecimento deve ser livre, e o direito das pessoas comuns a compartilhar esse conhecimento.

    Empresas e governos tornam-se muito mais frágeis frente a essa realidade. Construíram um verdadeiro muro de Berlim, que divide a sociedade em castas de opressores e oprimidos, de poderosos e fracos, de produtores e consumidores, de bem e mal. Não acredito numa sociedade tão maniqueísta.

    A multidão hiperconectada rompe a ética protestante, que ajudou a evolução da sociedade industrial. Na era do conhecimento, esses valores devem ser sobrepujados por outra ética. A proposta da sociedade da informação é a ética hacker, que está sendo adotada pelo movimento do software livre.

    Para entender esta ruptura dos paradigmas, temos que pensar e participar. Um novo sistema está nascendo. Esqueça o velho comando e controle. Está surgindo uma consciência inequívoca de que a construção de baixo para cima tem muito para oferecer para o desenvolvimento do processo coletivo. Uma sociedade que sobrevive e se recria na sua própria diversidade.

    Tudo muda. Crianças aprendem a colaborar, a desenvolver projetos online e a espelhar os sonhos no ambiente web. O mundo virtual não é diferente do nosso bom e querido mundo real. A internet está ensinando os usuários a se inter-relacionarem neste espaço virtual. Não existe segredo, apenas boa vontade e obstinação.

    Criar para a sociedade. Fazer acontecer independentemente do retorno financeiro a curto prazo. É esta a grande novidade. A metodologia de trabalho é simples e virtual. Qualquer pessoa com um computador conectado na rede e com um pouco de conhecimento tem a possibilidade de participar voluntariamente de alguns projetos importantes. Sem dúvidas, é a melhor opção.

    Por trás deste discurso hacker existe uma filosofia. O conhecimento deve ser livre. Isto é muito diferente da ética protestante, para a qual o dinheiro enobrece o ser humano. De acordo com o jargão hacker, "a original ética hacker significa a crença que o compartilhamento da informação é um bem um poderoso e positivo". Na prática isso significa um dever ético de se trabalhar sob um sistema aberto de desenvolvimento, no qual o hacker disponibiliza a sua criação para outros usarem, testarem e continuarem o desenvolvimento.

    Colaboração é a palavra do século 21. Linus Torvalds causou um alvoroço enorme ao liberar o código numa lista de debates. Release early and release often, ou "Libere logo (os resultados do trabalho) e libere com freqüência" passou a redesenhar um modelo de produção. Colaboração como capital social. Colaboração para fazer qualquer coisa que o desejo provoque. Colaboração como condição de sobrevivência.

    E com estas prerrogativas uma outra lógica emerge das entranhas da rede. Pois a visão tradicional não corrobora com os anseios da rede e das pessoas. Estamos buscando o diferencial. A possibilidade de trocar informações, de opinar, de desenvolver nossos projetos com liberdade. Utilizar a voz.

    Bem-vindo à Era do Conhecimento Livre.


    PROPAGANDA CONTRA CUBA NO BRASIL NÃO VISA FIDEL CASTRO; O ALVO SÃO OS PRÓPRIOS BRASILEIROS

    Blog do Azenha

    WASHINGTON - Jon Lee Anderson, biógrafo de Che Guevara, há alguns meses detonou uma reportagem de capa da revista Veja sobre Guevara. Anderson escreve para a revista New Yorker. Seus livros vendem milhões de cópias em todo o mundo. Como é que ele avaliou o texto de Diogo Schelp?

    "O que você escreveu foi um texto opinativo camuflado de jornalismo imparcial, coisa que evidentemente não é. Jornalismo honesto, pelos meus critérios, envolve fontes variadas e perspectivas múltiplas, uma tentativa de compreender a pessoa sobre quem se escreve no contexto em que viveu com o objetivo de educar seus leitores com ao menos um esforço de objetividade. O que você fez com Che é o equivalente a escrever sobre George W. Bush utilizando apenas o que lhe disseram Hugo Chávez e Mahmoud Ahmadinejad para sustentar seu ponto de vista. No fim das contas, estou feliz que você não tenha me entrevistado. Eu teria falado em boa fé imaginando, equivocadamente, que você se tratava de um jornalista sério, um companheiro de profissão honesto. Ao presumir isto, eu estaria errado."

    Anderson não é comunista. Não recebe dinheiro de Fidel Castro. É simplesmente um grande jornalista.

    A resposta indigente do repórter da Veja incluiu uma ameaça de que o nome do escritor não apareceria mais nas páginas da revista brasileira - o que é indicativo da falta de noção de Diogo Schelp. Estou curioso para saber qual o impacto que a ameaça de Schelp teve nas vendas do escritor americano.

    É esse jornalismo vagabundo, contaminado por objetivos políticos e ideológicos, que infelizmente tornou-se o principal produto da grande mídia brasileira - especialmente de Veja, O Globo e TV Globo.

    Tive duas experiências marcantes em minha carreira. Uma delas foi ao desembarcar em Moscou, em 1985. Linda a cidade, especialmente a praça Vermelha, de madrugada. Mas a paranóia de um estado policial era evidente. E o estado de decomposição das instituições estava no ar. Embora Mikhail Gorbatchev já tivesse assumido o poder, a União Soviética tinha a feição de Leonid Brezhnev, o morto-vivo que foi mantido no poder muito além de quando ainda tinha capacidade física e mental para governar.

    Mais recentemente, fiquei surpreso ao desembarcar em Havana. Arquitetura dilapidada, transporte público caótico mas uma população surpeendentemente relaxada e alegre. Filmei à vontade. Conversei com os cubanos à vontade. E eles falaram mal do governo à vontade. E bem também. Conversei com dezenas de pessoas nas ruas.

    Todas demonstraram grande admiração por Fidel Castro. Muitas se diziam amedrontadas com a ascensão de Raul Castro, visto no país como o "homem do paredão". Um dos momentos mais impressionantes foi a conversa que eu e minhas filhas tivemos com o dono de um pequeno restaurante. Ele lamentava que, aos 48 anos de idade, não tinha podido ainda sair do país.

    "Não quero fugir para os Estados Unidos. Quero visitar o México, a Jamaica, quem sabe o Brasil". Fiquei com a clara impressão de que Fidel Castro produziu uma classe média educada e saudável que quer ir além dos slogans revolucionários. Os jovens não viveram o clima de guerra que cercou a ascensão de Fidel ao poder. Experimentam, sim, o boicote econômico dos Estados Unidos, que tenta estrangular a ilha desde os anos 60.

    Os cubanos admiram as conquistas sociais, especialmente na Saúde e Educação. Eles são orgulhosos. Eu conheço quase toda a América Central. E digo, sem qualquer chance de errar, que os cubanos têm o melhor padrão de vida da região, comparável apenas ao da Costa Rica. Em comparação com a Guatemala, por exemplo, Cuba é um paraíso. E a Guatemala é uma "democracia plena" se considerarmos os padrões de Washington. E não há boicote americano à Guatemala.

    O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Cuba é superior ao do Brasil, que tem um dos piores índices de distribuição de renda do mundo. A classe média de Cuba seria pobre no Higienópolis e no Leblon, mas seria rica na periferia das grandes cidades brasileiras. Rica, saudável e educada.

    E isso não é irrelevante. Se fosse, a TV Globo não continuaria até hoje com suas peças de propaganda disfarçadas de Jornalismo. Depois de quase 50 anos no poder, a contínua necessidade de demonizar Fidel Castro é sinal de que ele continua incomodando. Mais recentemente, já afastado do governo, ele cantou a pedra: a produção de álcool de milho provocaria desabastecimento de alimentos. Na época, Fidel foi surrado pela mídia. Hoje está constatado que a produção de álcool a partir de milho fez disparar o preço do produto e causou inflação nos Estados Unidos. A fonte é o New York Times.

    Dizer que os cubanos não querem liberdade de ir e vir ou de desenvolver suas próprias atividades econômicas é mentira. Cuba não é o paraíso vendido pela esquerda. Nem o inferno vendido pela direita. É um país de gente alegre, educada e saudável que tem grande ressentimento por não poder freqüentar as mesmas praias que os turistas estrangeiros - hoje a grande fonte de moeda forte do país. Fidel plantou as sementes que resultaram em uma geracão que quer mudanças. Mas elas não virão de Washington, nem de Miami, nem de Brasília.

    Se a sociedade cubana fosse vulnerável à propaganda do tipo que você vê hoje na TV Globo Fidel Castro já teria sido derrubado. O objetivo da propaganda não é derrubar Fidel. Ainda é a de evitar que ele sirva de exemplo. Isso diz mais sobre o Brasil e sua democracia para poucos do que sobre Cuba e Fidel Castro.

    *****

    A mídia americana se comporta hoje como se o povo cubano fosse se levantar e derrubar o governo esta noite... É muita desinformação. Eles aqui se perguntam: como é que as emissoras da América Latina continuam no ar normalmente, sem interromper a programação para transmitir o que está acontecendo em Cuba? É que depois de tantos anos os americanos - e o Ali Kamel - passaram a acreditar na propaganda que promovem.

    ana Caymmi - Chora Brasileira (1985)




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    protesto contra a industria peleira da China



    Pelo terceiro ano consecutivo, o grupo "Pelo fim do Holocausto Animal" membro da International Anti-Fur Coalition, realizou no dia 13 de fevereiro o protesto contra a indústria de peles da China. Durante quase 3 horas, cerca de 50 manifestantes distribuíram panfletos e promoveram um apitaço em frente ao consulado da China em São Paulo. Ao som de "Boicote a China já" os ativistas pediam o boicote aos jogos olímpicos de Pequim, turismo e comércio chinês.