quarta-feira, 5 de março de 2008

Não em nosso nome!!!

Nós que assinamos esse manifesto, cidadãos de origem judaica residentes noBrasil, pretendemos dar um grito de alerta.

Os inaceitáveis ataques do Estado de Israel sobre o Líbano, e a persistência da opressão sobre o povo palestino são uma agressão contra toda a humanidade.

A bola de neve de violência propagada por Israel, atenta contra a paz e contra a fraternidade entre os povos.

Os povos libanês e palestino não são nossos inimigos, e logo não podemos ficar impassíveis às imagens de mulheres, velhos e crianças sendo despedaçados, vendo centenas de milhares fugindo de suas casas, vagando como refugiados.

Não aceitamos que a própria população israelense se torne refém de uma implacável máquina de guerra dirigida pelos senhores Olmert e Peretz, com o sempre pernicioso aval de George Bush e do governo norte-americano, que esperam que Israel complete no Líbano e na Palestina o trabalho sujo que eles começaram no Iraque.

Aceitamos menos ainda que essa guerra se faça em nome da luta contra o anti-semitismo, que esta guerra se faça em defesa das populações judias de todo o mundo.
Muito pelo contrário, o genocídio perpetrado por Israel serve como combustível para a volta das mais reacionárias formas de anti-semitismo.

A guerra que se faz fraudulentamente em nome do povo judeu, na verdade atenta contra o povo judeu.

Não em nosso nome!!

Nós que nos posicionamos pela paz, pela democracia, e pela autodeterminação dos povos não aceitamos a chantagem que nos é proposta. Somos contra todos aqueles que em nome do anti-sionismo, propagam o ódio indiscriminado aos judeus.

Somos contra os métodos do Hizbollah e do Hamas - e de qualquer outra organização que atente contra civis - que colocam a fé islâmica como programa político. Mas não podemos deixar de constatar que Israel tem sido o maior opressor, que Israel vem praticando atos terroristas de Estado.

Somos contra "judaizar", como somos contra "islamizar" a Palestina.

Somos a favor da mais ampla liberdade religiosa,
somos pelo fim de toda e qualquer perseguição de caráter nacional,
somos pelo convívio amistoso fraterno e civilizado que respeite as culturas de todos os povos do Oriente Médio,
somos pela total separação entre Estado e Religião, conquista da humanidade desde a Revolução Francesa.

Por isso tudo, nos somamos a todos aqueles que protestam contra estes massacres, contra essa guerra hedionda, exigindo o fim dos ataques e a retirada de Israel do Líbano e dos territórios ocupados, independentemente das resoluções dúbias ou omissas da ONU.

Bombardear vilas de civis no Sul do Líbano é um crime contra a humanidade como foi o bombardeio do Gueto de Varsóvia.

Atirar em crianças palestinas é um crime contra a humanidade como foram os progroms da Rússia, odioso assim como a estigmatização sofrida pelos judeus ao longo de séculos.

Paz- Salam-Shalom

Assinam:Daniel Feldmann, professor
Fernando Kleiman, economista
Luciana Worms, professora
Tali Feld Gleiser, professora e tradutora
Alberto Bentzion
Natan Cohen
Novas adesões: dafeldbr@yahoo.com.br
União sul-americana já

Locução da apresentadora do Jornal da Globo Christiane Pelajo na última segunda-feira, durante a apresentação das imagens do dia, comentava que a Colômbia invadiu território equatoriano, mas, em seguida, engatou uma pergunta: o que o telespectador faria se um ladrão invadisse sua casa e corresse para o quintal do vizinho?

Foi dessa forma que a apresentadora e seu companheiro Willian Waack começaram a dar as últimas notícias do dia sobre a crise protagonizada pelos presidentes da Colômbia, Alvaro Uribe, do Equador, Rafael Correa, e da Venezuela, Hugo Chávez.

A cobertura do telejornal foi toda marcada pela aceitação tácita das acusações do presidente Uribe de que Correa e Chávez seriam aliados das Farc.

O interessante nessa forma de fazer jornalismo é que ela dispensa fundamentos para tomadas de posição por quem a pratica. Pode-se influir na opinião do consumidor desse tipo jornalismo sem se preocupar em ter certeza se o que se está fazendo é informar ou desinformar.

Em seguida, aparece Arnaldo Jabor, com seus cabelos de cientista maluco, gesticulando, ocupado com suas facécias, obviamente dando conotação ideológica à notícia:

"O problema todo é a herança sagrada de Lenin. O Mao Tsé-Tung matou milhões, Stalin mais ainda, mas ainda há uma pretensa "santidade" nos socialistas.(...) Querem que o Paquistão seja aqui. Marx, quem diria, acabou como bandeira do tráfico de cocaína."
Para o telespectador alheio ao fato de que os meios de comunicação brasileiros deformam as notícias de acordo com suas convicções, não resta dúvida: a Colômbia invadiu o Equador e reagiu como o cidadão que é assaltado dentro de casa e persegue o criminoso até o quintal do vizinho, com o agravante de que o vizinho é cúmplice do assaltante. Vejam só. E, como se não bastasse, ainda fica sabendo que Hugo Chávez e Rafael Correa são traficantes de drogas.
O Jornal Nacional, no dia seguinte, faz extensa reportagem em que as acusações da Colômbia a Hugo Chávez e a Rafael Correa predominam, mas, de forma geral, apresenta todas as versões sobre o conflito. No entanto, esconde, deliberadamente, o isolamento da Colômbia na América do Sul, onde Brasil, Argentina, Bolívia, Chile e outros condenaram a invasão colombiana. Em vez disso, o telejornal opta por dar grande destaque ao apoio dos EUA àquela invasão.
A ação colombiana é daqueles crimes que não há como suavizar. É o crime do ladrão ou do estuprador que deixam suas marcas indeléveis no local do crime ou no corpo da vítima.
O próprio conceito de nação fundamenta-se na premissa de inviolabilidade territorial. A diplomacia, os tratados internacionais, os organismos multilaterais, tudo que se refere ao conceito de Estados Nacionais está baseado na soberania dos povos sobre seus territórios.
A mídia brasileira, embriagada pela ideologia, trata de relativizar o que é pétreo, imutável entre a comunidade das nações. Difunde, assim, a ignorância, a burrice, gerando mentalidades como a daquele leitor que disse, em comentário aqui neste blog, que "não vê nada demais" num país invadir outro e cometer assassinato em massa.
Como o lado agressor afirma isto ou aquilo sobre o lado agredido para se justificar, o jornalismo brasileiro diz que bastam essas acusações para justificar a agressão, sem investigação, sem fatos, só com base em suposições, testando hipóteses.
Os EUA, acostumados a ignorar tratados e convenções internacionais e, ao arrepio até da ONU, invadirem nações, massacrarem inocentes e roubarem suas riquezas, apóiam a Colômbia contra praticamente toda América do Sul, que já condenou a Colômbia.
Está se agravando a guerrilha ideológica armada pelos Estados Unidos na América Latina. E como se sabe que a potência hegemônica não titubeia ante o que for necessário para impor seus interesses, Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Equador, Venezuela, Peru, Uruguai, Paraguai, todos precisam se unir e condenar publicamente a Colômbia e os EUA num documento único. Do contrário, a invasão do Equador terá sido só o começo.



terça-feira, 4 de março de 2008

Deu na Newsweek

Uribe entre os 100 aliados do traficante Pablo Escobar



Vejam o que diz a revista Newsweek estadunidense (portanto, não é do PT nem comunista, certo?) sobre o atual presidente da Colombia, Álvaro Uribe, o novo queridinho da direita internacional....

Para quem não entende inglês:
"DA LISTA NEGRA PARA A LISTA A"
Outrora rotulado de vilão, Uribe é agora um aliado de primeira (dos EUA)

A matéria cita Uribe entre os 100 mais importantes capangas, assassinos, traficantes e advogados obscuros que trabalham para o traficante Pablo Escobar. A lista é do Departamento de Defesa dos EUA...

BLACKLIST TO THE A LIST
ONCE DEEMED A BAD GUY, URIBE IS NOW A TOP ALLY

By JOSEPH CONTRERAS AND STEVEN AMBRUS - NEWSWEEK

Clique aqui para ler a matéria original em inglês.
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A Árvore dos Tamancos - (L’Albero Degli Zoccoli)


Obra-prima de Ermanno Olmi, vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes em 1978.
É um filme surpreendentemente belo que reconstrói de modo contemplativo e minimalista a vida dos camponeses da Provincia di Bergamo (norte da Itália) no final do séc. XIX. Aspectos de uma Itália ainda feudal, onde as relações de trabalho são pautadas pela servidão ao senhor das terras, chegam ao espectador através do olhar poético-biográfico do cineasta que nasceu nesta região.
Legenda: M C L

Créditos: Makingoff - Cris_bsb
Gênero:
Drama
Diretor: Ermanno Olmi
Duração: 178 minutos
Ano de Lançamento: 1978
País de Origem: Itália / França
Idioma do Áudio: Italiano
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0077138/

Qualidade de Vídeo:
DVD Rip
Vídeo Codec: DivX
Vídeo Bitrate: 118 Kbps
Áudio Codec: MPEG Layer
Áudio Bitrate: 160
Frame Rate: 25.000 FPS
Tamanho: 1,20 Gb
Legendas: No torrent

14 prêmios

- Palma de Ouro em Cannes

Além do roteiro e direção, o cineasta-autor também assinou a direção de fotografia e montagem.

A preferência de Olmi pela verdade na representação utilizando como atores os próprios habitantes da região, assim como as locações do lugar, a sua luz natural, etc, é a força dramática da obra.

É um filme-manifesto de rememoração e legitimação da cultura campesina milenar e porta consigo as suas belezas plásticas e humanas contrastantes, feitas de dor e de cor, de sangue e perfume.

Olmi se aproxima um pouco de Pasolini (...), ambos são cineastas de origem campesina que buscaram, em muitas de suas obras, religarem-se às tradições ou valores simbólicos provenientes do campo tais como a pureza de caráter, a humanidade e a sacralidade como condição primordial de suas personagens, o respeito pela natureza e a ingenuidade e beleza no viver dos humildes. E claro, no papel de militantes de esquerda, ambos os cineastas são fortemente atrelados ao conceito de cinema político e suas obras exibem a intercepção do discurso estético com o de crítica às relações sociais baseadas nas relações de poder entre o patrão e o camponês/operário. fonte


Downloads abaixo:

Arquivo anexado lalbero.degli.zoccoli_ITA.1978_DvdRip_eng.it.pt_br.torrent ( 12.82KB ) filme
Arquivo anexado lalbero.degli.zoccoli_pt_br.rar ( 38.41KB ) legendas



''A mentira se revela'' e Equador rompe relações com Colômbia


O governo do Equador anunciou nesta segunda-feira o rompimento de relações diplomáticas com a Colômbia, ''depois de descobrir a realidade dos fatos que ocorreram na província de Sucumbíos'', vítima de uma incursão do exército da Colômbia para matar o porta-voz das Farc, Raúl Reyes, e mais 16 guerrilheiros, no que o presidente equatoriano, rafael Correa, descreveu como ''massacre''. Correa anunciou que falaria ao seu país esta noite, em cadeia nacional de TV.


Correa na coletiva: ''Tudo falso''

''Esta decisão foi adotada diante da evidente violação da soberania nacional e integridade territorial do Equador'', diz a nota de rompimento. Durante a verificação dos fatos ocorridos na madrugada de sábado, tropas do exército equatoriano encontraram uma patrulha militar da Colômbia – a mesma que supostamente teria sido cercada por 200 guerrilheiros das Farc, descreveu Correa.


''Era uma patrulha que participara do massacre''


''Dei imediatamente a ordem para que se protegesse por todos os meios essa patrulha, se é que ocorria um ataque das Farc. 'Protejam a vida dos soldados colombianos'. Mas depois verificamos que era tudo falso, que era uma patrulha que participara do massacre e que estava ganhando tempo para poder regressar ao seu país'', narrou Correa, indignado. ''Inclusive foram interceptadas comunicações neste sentido; eles perguntavam 'Por que não vêm nos resgatar?'''.


''Quando nossos soldados chegaram ao lugar dos acontecimentos, nos demos conta de que tinha sido quase 2 quilômetros adentro do território equatoriano, e não é um local onde haja um paralelo, uma linha geodésica, há um acidente geográfico como o Rio Putumayo, que fica em nosso território. Quer dizer, sabiam claramente que era nosso território. Tampouco foi algo imprevisto, pois seguiam Reyes há dias, através do telefone por satélite, de formas que sabiam perfeitamente que este era território equatoriano'', prosseguiu o presidente.


Correa disse que, ''apesar de todas as coisas que aconteceram anteriormente'', tratava de manter uma boa relação com a Colômbia e falara com Álvaro Uribe por telefone na sexta-feira. ''Hoje, quando a mentira se revela, tratam de nos envolver com as Farc, supostamente a partir de documentos, não assinados, que encontraram em três computadores que capturaram no acampamento e permaneceram intactos'', disse ainda Correa.


A íntegra da nota do rompimento


Veja a íntegra do comunicado do Ministério das Relações Exteriores equatoriano:


''O Ministério das Relações Exteriores, Comércio e Integração informou que, por indicação do presidente da República, convocou no dia de hoje o senhor Héctor Arenas Neira, ministro conselheiro da Embaixada da Colômbia no Equador, para entregar-lhe a comunicação pela qual se notifica, em conformidade com o estabelecido na Comissão de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961, que o governo do Equador decidiu romper relações diplomáticas com o governo da Colômbia, a partir desta data.


Esta decisão foi adotada diante da evidente violação da soberania nacional e integridade territorial do Equador, e das gravíssimas acusações contidas no Comunicado difundido nesta data pela Presidência da Colômbia – que insinua acordos entre as Farc e o governo do Equador – assim como as asseverações cínicas e temerárias do general Oscar Naranjo, diretor da Polícia Nacional da Colômbia.
Estas infundadas acusações constituem um ato inamistoso e uma deliberada tentativa de desviar a atenção do fato da violação da soberania nacional equatoriana, reconhecido pelo próprio governo colombiano em comunicados e notas diplomáticas.


O Ministério das Relações Exteriores decidiu o retorno a Quito dos funcionários diplomáticos da Embaixada do Equador em Bogotá. Conforme os acordos internacionais quanto ao tema, o Consulado Geral do Equador em Bogotá assumirá a proteção dos interesses da República do Equador, assim como dos interesses de seus conterrâneos nesse país.


Ministério das Relações Exteriores
Segunda-feira, 3 de março de 2008.''

Fonte:www.vermelho.org.br
"O mandato de sangue de Uribe"


A libertação dos quatro parlamentares colombianos confirma qual é a via da pacificação da Colômbia: a negociação política, com a participação de mediadores internacionais. O sucesso do presidente venezuelano Hugo Chávez e da senadora colombiana Piedad Córdoba é a única tentativa de sucesso de abrir canais para levar a paz à Colômbia.


Por Emir Sader



A posição dos quatro parlamentares, além do reconhecimento do papel de Hugo Chávez e de Piedad, é a de acusar o presidente da Colômbia Alvaro Uribe de ser o obstáculo hoje para a troca pacífica de prisioneiros, ao insistir em não aceitar a liberação temporária de um território para que se efetuem as trocas. Um deles pergunta a Uribe se lhe parece que sua política de pacificação tenha tanto sucesso como ele anuncia, se não consegue ceder por um tempo determinado um território para salvar vidas humanas? Pergunta também se vidas humanas não valem mais do que uma cessão temporária de territórios.


Os familiares dos que ainda permanecem prisioneiros insistem nessa direção, reiterando que ofensivas militares só levam a colocar em risco aos reféns, além de não haver solução militar, só solução política para a Colômbia.


Existe a proposta da formação de um Grupos de Amigos da Colômbia, para tentar intermediar a troca humanitária dos reféns pelos presos que tem o governo colombiano, de que participariam governos como os do Brasil, da Argentina, da Nicarágua, da França, entre outros.


O presidente colombiano demonstra toda sua inflexibilidade e reitera sua linha de ação militar – a mesma da “guerra infinita “ de Bush -, recusando os termos da negociação e retomando ofensivas militares. Numa delas foi morto o segundo dirigente das Farc, Raul Reyes, que atuava também como porta-voz da organização. O temor é que as Farc tomem represálias e aí o processo possível de negociações para a troca de prisioneiros se torne completamente inviável.


É a linha dura de Uribe, que precisa dos enfrentamentos militares para manter sua popularidade interna e conseguir reformar de novo a Constituição e poder obter um terceiro mandato. Ele perdeu as eleições municipais internas nas principais cidades do país, como Bogotá, Medellin, Cali, por isso precisa desviar a atenção dos colombianos para que não avaliem seu governo, mas se mantenham sob a chantagem da guerra, com ele supostamente representando a paz. Quando na realidade Uribe representa e precisa da continuidade da guerra.


Esse o jogo de Uribe, o de produzir mais sangue, como combustível para um terceiro mandato, às custas da paz e da solução política para a já tão sofrida Colômbia. Resta que os governos dos países preocupados com a paz e próprio povo colombiano, na manifestação convocada pelo fim de todo tipo de violência, atuem para obrigar o governo colombiano a parar com as ações militares e aceitar os únicos termos possíveis para que a Colômbia possa voltar a viver em paz.


Fonte: Blog do Emir, hospedado na Agência Carta Maior

segunda-feira, 3 de março de 2008

Kenny Burrell & John Coltrane (1958)

http://i32.tinypic.com/2qdc0ed.jpg


Kenny Burrell & John Coltrane (1958)



Personagens:
Kenny Burrell (guitar);
John Coltrane (tenor saxophone);
Tommy Flanagan (piano);
Paul Chambers (upright bass);
Jimmy Cobb (drums)

Gravado no Van Gelder Studio, Nova Jersey, em 07 de março de 1958


Músicas:
1. Freight Trane (7:21)
2. I Never Knew (7:05)
3. Lyresto (5:44)
4. Why Was I Born? (3:13)
5. Big Paul (14:04)

Tribunal condena Israel por
crimes contra o povo do Líbano

O objetivo da violência irracional
não foi só matar civis desarmados;
Israel queria expulsar a população
das fronteiras. Não conseguiu.

*Miguel Urbano Rodrigues – Brasil de Fato

Um Tribunal Internacional de Consciência reuniu-se em Bruxelas entre sábado e terça-feira (27), sob a presidência da juíza colombiana dra Lilia Solano, para apreciar os crimes cometidos pelo Estado de Israel contra o povo do Líbano.

A escritora e jornalista libanesa Leila Ghanem, em nome da organização, abriu o evento com um discurso em que expôs os objectivos da iniciativa e saudou as delegações vindas de países da Ásia, da Europa, da África e da América.

Seguiu-se uma declaração do prof. belga Jean Bricmont e a leitura por John Catalinotto, dos EUA, de um documento do International Action Center , de Ramsey Clark-ex Procurador Geral da Republica dos EUA, sobre a cumplicidade do imperialismo norte-americano na agressão ao povo do Líbano.

Os membros do júri, magistrados de prestigio internacional- Lilia Solana(Colômbia), Adolfo Abascal(Cuba-Belgica),Cláudio Moffa(Itália ) e Rajindar Sachar (Índia) abriram a audiência, com breves declarações sobre as normas processuais que seriam adoptadas pelo Tribunal.
A sentença condenou o Estado sionista de Israel por crimes contra a humanidade, genocídio e outros punidos pelo direito internacional.

Cobertura silenciosa

A rede de televisão Al Jazeera transmitiu os trabalhos do Tribunal na íntegra para os países de idioma árabe. A chamada grande imprensa européia ignorou o acontecimento; os jornais belgas também.

Para esse silêncio contribuíram pressões da Embaixada dos EUA em Bruxelas e sobretudo da Embaixada de Israel que desenvolveu intensa atividade na tentativa de evitar que o Tribunal pudesse reunir-se na capital belga.

O lugar inicialmente previsto para a realização da audiência teve de ser alterado em conseqüência de manobras de intimidação. Pressões israelenses tornaram também inevitável uma mudança do hotel inicialmente previsto para as delegações estrangeiras.

Membros destacados da comissão organizadora receberam repetidas ameaças pelo telefone. Foi transparente que elementos da Mossad, a polícia política israelense, estiveram muito ativos antes e durante o acontecimento.

Cabe ainda esclarecer que a recusa de vistos impediu a presença de advogados e magistrados que deveriam ter participado no Tribunal. As tentativas de sabotagem não conseguiram, porém, impedir que o Tribunal cumprisse a sua missão com êxito.

Depoimentos pungentes

O sábado (dia 23) foi preenchido por depoimentos das testemunhas, isto é de vitimas da agressão do Estado sionista, e por intervenções de especialistas em armamentos proibidos e questões relacionadas com o ambiente.

Advogados, procedentes também de diferentes países interrogaram as testemunhas e os peritos. O tempo reservado para a defesa não foi utilizado. A embaixada de Israel se negou a qualquer contato com a organização.

A apresentação de vídeos e de slides sobre as atrocidades israelenses contribuiu para a atmosfera de intensa emoção que envolveu a audiência. Uma onda de quente solidariedade inundou o grande salão da Casa das Associações Internacionais de Bruxelas onde funcionou o Tribunal.

Raramente em acontecimentos similares senti como ali a transformação em solidariedade colectiva dos sentimentos de revolta e dor suscitados pela revelação de crimes tão monstruosos como os cometidos no Líbano pela barbárie neonazi isrealense.

E revelação por quê, se os fatos são conhecidos?

Vivemos numa época tão desumanizada, sob o bombardeio de um sistema mediático de tamanha perversidade, que mesmo militantes veteranos das lutas antiimperialistas têm dificuldade em captar todo o horror de crimes como os que atingiram o povo do Líbano.

Ouvir as pessoas que perderam filhos ou pais, algumas toda família, recordar em depoimentos comoventes as horas trágicas do verão de 2007 –por vezes com a ajuda de imagens - é diferente do acompanhamento pela imprensa e pela televisão do que então ali ocorreu.

Mães cujos filhos nasceram deformados pelos efeitos do urânio empobrecido, camponeses cujos familiares tiverem braços ou pernas serrados por armas monstruosas, ou o fígado ou o pâncreas destruídos por partículas minúsculas de bombas de fragmentação quase desconhecidas, desfilaram pela tribuna como testemunhas e vitimas de ações de barbárie concebidas e executadas pelas forças armadas de um Estado neonazi que se apresenta como democrático e conta com o apoio irrestrito de Washington.

O Tribunal ouviu médicos e autarcas das cidades do Sul do Líbano arrasadas pela metralha israelense evocar o cenário de horrores das semanas da agressão. Tomou conhecimento das conseqüências da maré negra provocada por Israel, o flagelo que cobriu de petróleo mais de 100 quilômetros do litoral de um pequeno país. Milhares de pescadores foram lançados na miséria pela destruição por muitos anos da vida animal e vegetal nessas águas agora envenenadas. O turismo nas praias libanesas tornou-se impossível por muito tempo.

Objetivo frustrado

Como avaliar o sofrimento dos que entre ruínas ainda fumegantes encontraram os corpos de filhos degolados pela soldadesca israelense? Porque o objetivo da violência irracional não foi apenas destruir aldeias e matar civis desarmados. O Estado sionista, ao semear um terror apocalíptico no Sul do Líbano, pretendia também que as populações abandonassem para sempre as regiões fronteiriças. Não conseguiu!

De 12 de julho a 24 de agosto, data do cessar fogo tardiamente imposto pelo Conselho de Segurança, o povo do Líbano foi alvo de uma agressão monstruosa. A heróica resistência dos combatentes da Hezbollah e dos que a seu lado se bateram contra os invasores transformou em derrota militar – a primeira infligida ao Estado sionista aquilo que Tel Aviv e Washington haviam concedido como prólogo de uma estratégia mais ambiciosa para o Oriente Médio.

Os sofrimentos do povo libanês não são quantificáveis. Os prejuízos materiais devem rondar os 2800 bilhões de dólares.

A leitura da sentença foi precedida de uma Mesa Redonda na qual intelectuais revolucionários da Europa e da América, entre os quais Georges Labica e John Catalinotto fizeram a apologia da uma solidariedade internacionalista militante contra a barbárie imperialista e sionista.

Identificado com ambos, recordei uma evidência trágica: o rumo de uma comunidade religiosa perseguida durante séculos a judaica, alvo do genocídio nazi e que no espaço de décadas se transformou numa metamorfose dramática, passando do papel de vítima ao de agressora, assumindo no Estado de Israel contornos neonazis.

A solidariedade contra os crimes desse Estado monstruoso, instrumento do imperialismo no Médio Oriente, tornou-se dever para a humanidade progressista.

*Miguel Urbano Rodrigues é escritor, jornalista e membro do Partido Comunista Português
Equador e Venezuela condenam ação militar de Uribe


Os presidentes Rafael Correa, do Equador, e Hugo Chávez, da Venezuela, repudiaram em termos duros a ação do exército da Colômbia que violou a fronteira equatoriana para matar o dirigente guerrilheiro Raúl Reyes. "É uma agressão a nosso território e a nossa pátria", disse Correa. Chávez chamou o governo Álvaro Uribe de "Israel da América Latina". Os dois países retiraram seus embaixadores de Bogotá, "para consultas".


Correa denuncia na coletiva a agressão à sua pátria

O presidente equatoriano declarou, em uma coletiva de imprensa à noite, que Uribe, ao lhe telefonar no sábado para falar da ação, "estava mal informado, ou mentiu descaradamente ao presidente do Equador". E prosseguiu: "Mas o governo equatoriano não vai permitir mais ultrajes do governo colombiano. Vamos até as últimas conseqüências para que se esclareça esse escandaloso fato, que é uma agressão a nosso território e a nossa pátria."


Massacrados enquanto dormiam


Correa informou ainda que os soldados equatorianos enviados ao local do bombardeio encontraram ali 15 cadáveres de guerrilheiros e duas guerrilheiras feridas, em território do Equador, a 2 quilômetros da fronteira. Os corpos de Reyes e outro guerrilheiro célebre morto no ataque, o cantor guerrilheiro Juan Conrado, foram levados para Bogotá pelos agressores.


Os corpos vestiam pijamas, esclareceu ainda o presidente equatoriano, e não havia sinais de perseguição nem combate. Correa disse que foram massacrados enquanto dormiam, com o uso de "tecnologia de ponta", seguramente com a colaboração de "potências estrangeiras".


O governo de Quito enviou uma enérgica nota de protesto contra a agressão. "Se não tivermos uma explicação contundente nos próximos dias, onde o presidente Uribe diga que foi enganado, então ele mentiu mais uma vez ao povo equatoriano e violou sem escrúpulos a sua soberania", afirmou.


Além de chamar seu embaixador em Bogotá, o Equador colocou suas tropas em estado de alerta na fronteira com a Colômbia, conforme informou o ministro da Defesa, Wellington Sandoval. O governo Correa já fizera reiteradas queixas de violação de seu espaço aéreo por aviões militares colombianos.


"Mafioso, paramilitar e criminoso"


Não menos duras foram as palavras de Hugo Chávez, presidente de um país que possui extensa fronteira com a Convulsionada Colômbia, e que tenta mediar um processo, hotilizado por Uribe, de intercâmbio humanitário de prisioneiros entre Bogotá e as Farc. "O governo da Colômbia se converteu no Israel da América latina", denunciou Chávez neste domingo, em seu programa de TV Alô Presidente.


"Esperamos que os governos da América Latina se pronunciem a respeito. Não podemos calar diante de uma situação tão grave como esta, que afeta a todos, sobretudo os vizinhos da Colômbia, [que é] um Estado terrorista", advertiu Chávez.
Chávez atacou frontalmente Uribe, com quem já mantinha relações tensas e em agravamento. Acusou-o de chefiar um governo "mafioso, paramilitar e criminoso". Para ele, Uribe "não é apenas um lacaio do império, não apenas é um mentiroso, é um criminoso, é um mafioso. Dirige um narcogoverno, um governo paramilitar. É um subordinado de Bush. Dirige um bando de criminosos no Palácio de Nariño", entafizou.


Dirigindo-se a Rafael Correa, Chávez manifestou sua solidariedade e apoio. "Correa, conte com a Venezuela para o que quer que acontecer. Em qualquer circunstância", sublinhou.


Também as forças armadas venezuelanas incrementaram as medidas de segurança na fronteira com a Colômbia. Quanto à embaixada da venezuela em Bogotá, foi fechada, com a retirada de todos os funcionários.


www.vermelho.org.br





Vendaval

Fernando Pessoa


Ó vento do norte, tão fundo e tão frio,

Não achas, soprando por tanta solidão,

Deserto, penhasco, coval mais vazio

Que o meu coração!


Indômita praia, que a raiva do oceano

Faz louco lugar, caverna sem fim,

Não são tão deixados do alegre e do humano

Como a alma que há em mim!


Mas dura planície, praia atra em fereza,

Só têm a tristeza que a gente lhes vê

E nisto que em mim é vácuo e tristeza

É o visto o que vê.


Ah, mágoa de ter consciência da vida!

Tu, vento do norte, teimoso, iracundo,

Que rasgas os robles - teu pulso divida

Minh'alma do mundo!


Ah, se, como levas as folhas e a areia,

A alma que tenho pudesses levar -

Fosse pr'onde fosse, pra longe da idéia

De eu ter que pensar!


Abismo da noite, da chuva, do vento,

Mar torvo do caos que parece volver -

Porque é que não entras no meu pensamento

Para ele morrer?


Horror de ser sempre com vida a consciência!

Horror de sentir a alma sempre a pensar!

Arranca-me, é vento; do chão da existência,

De ser um lugar!


E, pela alta noite que fazes mais'scura,

Pelo caos furioso que crias no mundo,

Dissolve em areia esta minha amargura,

Meu tédio profundo.


E contra as vidraças dos que há que têm lares,

Telhados daqueles que têm razão,

Atira, já pária desfeito dos ares,

O meu coração!


Meu coração triste, meu coração ermo,

Tornado a substância dispersa e negada

Do vento sem forma, da noite sem termo,

Do abismo e do nada!