quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Os frutos da terra



Os frutos da terra, novela que deu o Prêmio Nobel de Literatura ao escritor norueguês Knut Hamsum em 1917, deveria ser livro-texto nos cursos de economia e de sociologia rural.

Através da história de um posseiro que desbrava uma terra até então inexplorada, nos confins da Noruega, Hamsum encadeia, um por um, os passos que seu personagem principal - Isak, o infatigável trabalhador - segue para transformar a terra virgem da qual se apossou em uma unidade agrícola produtiva. livro_os_frutos_da_terra_pq.jpg

Desde o primeiro plantio (com sementes que carregou nas costas durante a longa viagem a pé desde sua terra natal ao ermo em que decidiu fixar-se) até a realização desse projeto, Isac toma decisões atinadas: levantamento das cercas; aquisição dos primeiros animais; edificação do curral, construção do celeiro, da serraria, da forja, dos canais de irrigação; a compra do trator. A seqüência mostra a preocupação principal do camponês: primeiro a produtividade da sua terra, depois as melhorias destinadas ao conforto.

Mas este roteiro não é mais do que o leito sobre o qual flui um rio de reflexões a respeito da grandeza e da mesquinharia do ser humano; da condição feminina; da modernidade; da cidade e do campo; da relação do homem com a natureza; do sentido da existência. Como em todas as grandes novelas, isto se faz através de envolventes histórias nas quais seus personagens vão ganhando vida.

"Os frutos da terra" é um livro para ser lido e relido por aqueles que querem conhecer melhor o ser humano e entender um pouco mais o universo mental das pessoas que vivem no meio rural.


terça-feira, 21 de outubro de 2008

Alemães procuram Marx para explicar a crise


Karl Marx está de volta. Ao menos, este é o veredito dos editores e livreiros da Alemanha, que asseguram que suas obras estão voando nas estantes. A crescente popularidade é creditada, naturalmente, à crise econômica em curso. ''Marx entrou de novo na moda'', diz Jörn Schütrumpf, da editora Karl-Dietz, que publica as obras de Marx e Engels em alemão.


Por Kate Connolly no jornal britânico The Guardian*



Marx no traço do americano David Baldinger

''Estamos assistindo a um crescimento muito visível da procura por seus livros, procura que esperamos que cresça ainda mais pronunciadamente até o fim do ano'', diz ele.


Onde está a felicidade neoliberal?


A obra mais popular é o primeiro volume da obra mais marcante, O Capital. Conforme Schütrumpf, os leitores típicos são ''aqueles da nova geração acadêmica, que chegaram à conclusão de que as promessas neoliberais de felicidade não se mostraram verdadeiras''.


As livrarias pelo país afora estão registrando marcas semelhantes: aumento de mais de 300% nas vendas (embora o fato de não especificarem números sugiram que não eram vendas tão elevadas).


Fenômenos literários vêm e vão, e é bom constatar que o mercado nem sempre é direcionado por superficiais campanhas de marketing. Assim como [o escritor inglês] Rudyard Kipling se rejubilaria ao ver que voltou à moda o seu poema The Gods of the Copybook Headings – que contém os certeiros versos ''Tombaram então os deuses do mercado / e recuaram seus bruxos de lábia sutil'' (''Then the Gods of the Marked tumbled / and their smooth-tongued wizards withdrew'') –, também Marx se sentiria aliviado com a idéia de que uma crise econômica reacendeu o interesse por seus livros (Não, ao que percebo, devido aos incrementados direitos autorais que teria recebido nos últimos meses, caso ainda vivesse).


''Marx está vencendo o páreo''


Alemães em número crescente parecem dispostos a se proclamarem fãs de Marx, numa época em que virou moda repetir a crença do filósofo, de que o capitalismo com seus excessos de cobiça terminaria por se destruir. Quando Oskar Lafontaine, líder do crescente partido de esquerda alemão Die Linke (A Esquerda), disse que incluiria a teoria marxista no manifesto da nova sigla, para sublinhar seus planos de estatização parcial das finanças e do setor energético da nação, foi taxado pelo tablóide Bild de ''maluco esquerdista'' que ''perdeu o rumo''. Mas agora o ministro das Finanças da Alemanha, Peer Steinbrück, que deve ter perdido algumas noites de sono nas últimas semanas, que se declarou também um fã: ''Em geral, é preciso admitir que certas partes da teoria de Marx na verdade não são tão ruins assim'', disse ele cautelosamente à revista Der Spiegel.

''Por estes dias Marx está vencendo o páreo para encantar o público'', comentou Ralf Dorschel no Hamburger Abendblatt.


Para aqueles que não estão prontos para mergulhar na teoria marxista, a correspondência entre Marx e Friedrich Engels durante uma crise econômica americana daquele tempo pode servir como literatura mais amena: ''O crash americano dá gosto de ver e está longe de ter acabado'', escrevia ele em 1857, prevendo para breve o iminente e completo colapso de Wall Street.


* Os intertítulos são do Vermelho; foram conservadas as ironias da colunista, que não parece lá muito entusiasmada com a moda Marx



segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Os Sete Mandamentos*















Bourdoukan

Conta-se, mas Allah sabe mais, que há muitos e muitos anos quando a humanidade era oprimida por governantes sem alma e governados sem consciência, um asceta, cansado de pregar no deserto, resolveu que era chegada a hora de cobrar do Altíssimo uma solução para colocar um fim ao sofrimento dessa humanidade.
E assim ele fez.

Invocou o Altíssimo e jejuou durante quarenta dias e quarenta noites. Esquelético, a beira da morte havia perdido as esperanças quando uma voz poderosa se fez ouvir.

-Asceta, resolvi atender o seu apelo. Anote aí os sete mandamentos que resolverão todos os problemas da humanidade.

Feliz, o asceta retirou do alforje um papiro e com a mão trêmula começou a escrever.

1- Pegue os políticos neoconservadores, os "neocons" estadunidenses, defensores da "guerra total" no Oriente Médio, no Iraque e no Afeganistão;

2- Junte a eles os defensores do apoio irrestrito às ditaduras militares na América Latina e da guerra nuclear mundial.

3- Localize os membros da direita européia, racista e xenófoba, dedicada a segregar, localizar, prender e expulsar os imigrantes dos países que durante séculos eles colonizaram.

4- Acrescente os grupos oligárquicos que buscam rearticular suas forças para bloquear os avanços da luta indígena e popular na Bolívia, Equador, Venezuela, Paraguai e Brasil.

5- Coloque todos num liquidificador e deixe o aparelho ligado por quarenta minutos, nem mais nem menos.

6- Tempere a receita com aqueles que insistem em frear os avanços democráticos e que são contrários à demarcação das terras indígenas e ao debate sobre a imprescritibilidade dos crimes de tortura cometidos por agentes da repressão durante o regime militar.

Houve uma pequena pausa. Uma eternidade para o asceta que, aflito, pergunta pelo sétimo mandamento.

-Altíssimo, o sétimo mandamento! O Senhor esqueceu o sétimo mandamento!..

A voz fez-se ouvir, mais poderosa do que nunca. A terra tremeu.

-O Sétimo Mandamento deixo sob a sua responsabilidade. Não me decepcione.

O asceta ficou empolgado e sem pestanejar, anotou aquele que seria o sétimo mandamento:

7 – Após juntar e temperar o produto dos seis mandamentos, despeje o conteúdo no vaso sanitário e dê a descarga!

*Publicado em Caros Amigos de outubro

domingo, 19 de outubro de 2008

A Hora do Banco do Sul


Emir Sader

A UNASUR deveria convocar imediatamente uma reunião de caráter excepcional, para discutir como os países do continente devem reagir diante da crise internacional. Não há outra atitude que não seja aprofundar os processos de integração, para diminuir a fragilidade e os riscos da região diante da crise, forjada no centro do capitalismo e que deseja fazer com que os pobres de cada país e os países da periferia do sistema, paguem o preço pelos remédios cavalares que os governos centrais colocam em prática.

Uma série de supostos consensuais requerem que o nosso continente fortaleça seus mecanismos de defesa diante da crise internacional. Esta está caracterizada claramente como resultado da farra especulativa dos países do centro do sistema, dos EUA em particular. A desregulação financeira é a fonte dessa gigantesca bolha especulativa. Desregulamentando – segundo as fórmulas do FMI, da OMC e do Banco Mundial – promoveu-se rapidamente a hegemonia do capital financeiro sob sua forma especulativa, ao mesmo tempo em que se propiciou a livre circulação de capitais.

Os resultados estão à mostra. Os países que participam dos processos de integração regional na América Latina estão menos expostos à crise, porque incrementaram o comércio e os intercâmbios entre si, porque diversificaram suas relações internacionais. Agora se trata de dar novos passos adiante, para não serem vitimas passivas da crise internacional.

É a hora de avançar e aprofundar o processo de integração. É a hora de avançar na construção do Banco do Sul, na direção da criação da moeda única regional, de um Banco Central único, de mecanismos de controle da circulação do capital financeiro, de proteção dos mercados internos, de avançar para políticas econômicas únicas, de desenvolver projetos de integração industrial e tecnológica, de elaborar um plano de desenvolvimento regional.

É a resposta latino-americana à crise, fortalecendo os mecanismos de integração, a diversificação das relações internacionais, o desenvolvimento dos mercados internos de consumo, acentuando a coordenação dos sistemas bancários e financeiros dos países da UNASUR.

Os países centrais do capitalismo, responsáveis pela exportação das políticas de livre comércio e de livre circulação dos capitais, desejam comprometer-nos com suas soluções, que consistem apenas em injetar grande quantidade de capital para resgatar um sistema falido, sem introduzir modificações fundamentais nas políticas que levaram à gigantesca crise atual.

Devemos ter nossa própria resposta que, no plano internacional, deve propor formas de regulação da circulação do capital financeiro – impostos sobre essa circulação, da forma como a ATTAC propõe, como um imposto cidadão para políticas sociais -, de controle estatal sobre o sistema financeiro, de penalização dos responsáveis pelos processos especulativos que conduziram à crise atual.

Mas nada substitui nossas alternativas que, coerentemente com o que tem sido o processo de integração regional, devem fazer desse processo nossa forma de defesa e de ação autônoma diante de um sistema financeiro internacional falido. Avançar na construção de um mundo multipolar política e economicamente e a hora é a de avançar na construção do Banco do Sul, com reservas próprias, moeda única e Banco Central único. Chega de termos nossas reservas a perigo nos bancos do norte, é hora de que elas financiem diretamente nosso desenvolvimento, sob nosso controle. Avançar ao mesmo tempo em todas as formas de integração do desenvolvimento regional.

Senão seremos vítimas, uma vez, das soluções dos próprios responsáveis pela crise, que tratam de socializar os prejuízos de um sistema baseada na privatização dos lucros. Ficou claro como não se pode ter nenhuma confiança nos supostos do sistema financeiro internacional fundado na chamada “livre circulação de capitais”.

É a hora do Banco do Sul, a hora de aprofundar e consolidar todos os mecanismos de integração regional, hora de impedir que exportem sua crise e de fazer prevalecer o desenvolvimento regional sobre as ruínas do neoliberalismo e da hegemonia imperial estadunidense.

Decálogo, de Kieslowski

Dekalog, Krzysztof Kieslowski



Formato: RMVB
Áudio: Polonês
Legenda: Português (sobre as legendas fixas em inglês)
Tamanho Total: 1.77 GB
Servidor: RapidShare
Créditos: F.A.R.R.A. - fishii1411
Código para descompactar
http://farra.clickforuns.net

Em 1988, o diretor Krzysztof Kieslowski (1941-96) realizou a minissérie de televisão O Decálogo, em dez episódios. Apesar de inspirados nos Dez Mandamentos, nenhum dos capítulos traz o preceito religioso indicado, tendo apenas o número como indicação no título original. O filme foi consagrado no 46º Festival de Veneza como uma obra-prima. A série nunca saiu em vídeo. Nos Estados Unidos, em 2000 foi apresentada no circuito de salas de arte com sucesso notável de crítica e público. Em toda a série foi utilizada a mesma equipe técnica, com apenas uma exceção marcante: o diretor de fotografia, diferente a cada episódio. Para se situar melhor, é bom para o colecionador entender o momento que a Polônia, país intensamente católico, vivia quando a obra foi realizada, ainda sob o jugo do regime comunista. Kieslowski apresenta uma maneira particular de filmar, sempre atento a detalhes - um copo que cai, um menino olhando uma pomba, uma goteira no hospital - com uma extraordinária sensibilidade, que parece ser única entre seus contemporâneos. O trabalho dos atores é de uma enorme naturalidade, sem jamais cair nas armadilhas clichês do telefilme americano. Embora praticamente todas as histórias tenham um final surpreendente ou irônico, elas constituem antes de tudo um grande painel do comportamento humano. No contraponto ao que o cinema norte-americano nos ensinou a ter certas expectativas, Kieslowski surpreende sempre - de forma tão extraordinária, tão pouco usual e infelizmente ainda quase desconhecida - que fica difícil escolher um preferido. Este filme singelo e delicado é das mais belas histórias de amor ao cinema.

Ficha Técnica:
Título Original: Dekalog
Gênero: Drama
Tempo de Duração Total: 562 minutos
Ano de Lançamento (Polônia): 1989
Estúdio: Sender Freies Berlin (SFB) / Telewizja Polska (TVP) / Zespol Filmowy "Tor"
Direção: Krzysztof Kieslowski
Roteiro: Krzysztof Piesiewicz, Krzysztof Kieslowski
Produção: Ryszard Chutkowski
Trilha Sonora: Zbigniew Preisner
Edição: Ewa Smal

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

DECÁLOGO 1

Tamanho: 172 MB

Arrow http://rapidshare.com/files/154128227/D-I_F.A.R.R.A.rar

Sinopse: O primeiro episódio trata das emoções a que o ser humano está exposto durante sua passagem pela Terra. Neste, um professor universitário que acredita na razão e nas forças das leis da ciência, convive com seu filho de 10 anos, dividido entre a crença científica paterna e a fé religiosa de uma tia.



Ficha Técnica:
Título Original: Dekalog jeden
Tempo de Duração: 53 minutos
Fotografia: Wieslaw Zdort
Direção de Arte: Halina Dobrowolska

Elenco: Henryk Baranowski, Wojciech Klata, Maja Komorowska, Artur Barcis, Maria Gladkowska, Ewa Kania, Aleksandra Kisielewska, Aleksandra Majsiuk, Magda Sroga-Mikolajczyk, Maciej Slawinski

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

DECÁLOGO 2

Tamanho: 184 MB

Arrow http://rapidshare.com/files/154370000/D-II_F.A.R.R.A.rar

Sinopse: Mulher engravida de seu amante e resolve abortar, caso seu marido, gravemente enfermo, se recupere. Uma reflexão profunda sobre morte e uma nova vida, quando elas conflitam entre si, e a visão do grande diretor polonês.



Ficha Técnica:
Título Original: Dekalog dwa
Tempo de Duração: 57 minutos
Fotografia: Wieslaw Zdort
Direção de Arte: Halina Dobrowolska

Elenco: Krystyna Janda, Aleksander Bardini, Olgierd Lukaszewicz, Artur Barcis, Krystyna Bigelmajer, Karol Dillenius, Ewa Ekwinska, Jerzy Fedorowicz, Stanislaw Gawlik, Krzysztof Kumor

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

DECÁLOGO 3

Tamanho: 182 MB

Arrow http://rapidshare.com/files/154440646/D-III_F.A.R.R.A.rar

Sinopse: Para procurar seu marido, desaparecido durante a véspera do Natal, mulher pede ajuda a um antigo amante, relembrando, durante o encontro, o relacionamento tumultuado que tiveram no passado.



Ficha Técnica:
Título Original: Dekalog trzy
Tempo de Duração: 56 minutos
Fotografia: Piotr Sobocinski

Elenco: Daniel Olbrychski, Maria Pakulnis, Joanna Szczepkowska, Artur Barcis, Krystyna Drochocka, Zygmunt Fok, Jacek Kalucki, Barbara Kolodziejska, Maria Krawczyk, Krzysztof Kumor

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

DECÁLOGO 4

Tamanho: 179 MB

Arrow http://rapidshare.com/files/154641017/D-IV_F.A.R.R.A.rar

Sinopse: O relacionamento afetuoso entre um viúvo e sua filha de 20 anos sofre alterações quando esta descobre, por meio de cartas escritas pela mãe, que ele não é seu verdadeiro pai.



Ficha Técnica:
Título Original: Dekalog cztery
Tempo de Duração: 56 minutos
Fotografia: Kyzysztof Pakulski

Elenco: Adrianna Biedrynska, Janusz Gajos, Artur Barcis, Adam Hanuszkiewicz, Jan Tesarz, Andrzej Blumenfeld, Tomasz Kozlowicz, Elzbeta Kilarska, Helena Norowicz

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

DECÁLOGO 5

Tamanho: 185 MB

Arrow http://rapidshare.com/files/154728385/D-V_F.A.R.R.A.rar

Sinopse: Um crime ocorrido em Varsóvia une três personagens: um desocupado, um taxista e um advogado em início de carreira. Episódio que deu origem, posteriormente, ao longa Não Matarás.



Ficha Técnica:
Título Original: Dekalog piec
Tempo de Duração: 57 minutos
Fotografia: Slawomir Idziak

Elenco: Miroslaw Baka, Krzysztof Globisz, Jan Tesarz, Zbigniew Zapasiewicz, Barbara Dziekan-Wadja, Artur Barcis, Aleksander Bednarz, Krystyna Janda, Olgierd Lukaszewicz, Zdzislaw Tobiasz

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

DECÁLOGO 6

Tamanho: 190 MB

Arrow http://rapidshare.com/files/154765107/D-VI_F.A.R.R.A.rar

Sinopse: Jovem tímido declara seu amor a uma vizinha e fica decepcionado ao descobrir que ela encara com extrema liberdade uma possível relação entre eles. Foi posteriormente transformado no longa Não Amarás.



Ficha Técnica:
Título Original: Dekalog szesc
Tempo de Duração: 58 minutos
Fotografia: Witold Adamek

Elenco: Grazyna Szapolowska, Olaf Lubaszenko, Stefania Iwinska, Artur Barcis, Stanislaw Gawlik, Piotr Machalica, Rafal Imbro, Jan Piechocinski, M. Chojnacka, T. Gradowski

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

DECÁLOGO 7

Tamanho: 177 MB

Arrow http://rapidshare.com/files/154926550/D-VII_F.A.R.R.A.rar

Sinopse: Garota entrega sua filha para a avó criar, e se passa por sua irmã. Quando a criança está com 6 anos, a verdadeira mãe resolve aproximar-se, levantando antigas mágoas entre as duas mulheres.



Ficha Técnica:
Título Original: Dekalog siedem
Tempo de Duração: 55 minutos
Fotografia: Dariusz Kuc

Elenco: Anna Polony, Maja Barelkowska, Wladyslaw Kowalski, Boguslaw Linda, Bozena Dykiel, Katarzyna Piwowarczyk, Stefania Blonska, Dariusz Jablonski, Miroslawa Maludzinska, Jan Mayzel

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

DECÁLOGO 8

Tamanho: 173 MB

Arrow http://rapidshare.com/files/154996347/D-VIII_F.A.R.R.A.rar

Sinopse: Pesquisadora judia encontra-se com uma professora de Ética da universidade que, há 45 anos, negara-lhe ajuda durante a Segunda Guerra Mundial, pois sendo católica, não podia cometer falso testemunho.



Ficha Técnica:
Título Original: Dekalog osiem
Tempo de Duração: 55 minutos
Fotografia: Andrzej Jaroszewicz

Elenco: Maria Koscialkowska, Teresa Marczewska, Artur Barcis, Tadeusz Lomnicki, Wojciech Asinski, Marek Kepinski, Janusz Mond, Marian Opania, Bronislaw Pawlik, Krzysztof Rojek

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

DECÁLOGO 9

Tamanho: 187 MB

Arrow http://rapidshare.com/files/155065042/D-IX_F.A.R.R.A.rar

Sinopse: Ao descobrir que o marido é impotente, mulher envolve-se com um jovem amante, criando uma situação conflituosa para si e seu marido.



Ficha Técnica:
Título Original: Dekalog dziewiec
Tempo de Duração: 58 minutos
Fotografia: Piotr Sobocinski

Elenco: Ewa Blaszczyk, Piotr Machalica, Artur Barcis, Jan Jankowski, Jolanta Pietek-Gorecka, Katarzyna Piwowarczyk, Jerzy Trela, Renata Berger, Malgorzata Boratynska, Joanna Cichon

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

DECÁLOGO 10

Tamanho: 185 MB

Arrow http://rapidshare.com/files/155100729/D-X_F.A.R.R.A.rar

Sinopse: Com a morte de um filatelista que em vida mal se dedicava a sustentar a família, uma verdadeira fortuna em selos é descoberta. Seus dois filhos são obrigados a tomar medidas de segurança para proteger a inesperada herança.



Ficha Técnica:
Título Original: Dekalog dziesiec
Tempo de Duração: 57 minutos
Fotografia: Jacek Blawut

Elenco: Jerzy Stuhr, Zbigniew Zamachowski, Henryk Bista, Olaf Lubaszenko, Maciej Stuhr, Anna Gronostaj, Cezary Harasimowicz, Dariusz Kozakiewicz, Henryk Majcherek, Elzbieta Panas

Fonte: http://www.2001video.com.br/


sábado, 18 de outubro de 2008

A REVOLUÇÃO DE EMILIANO ZAPATA

Aqui a Lista

1. Al Pie De La Montaña
2. Bajo Los Cielos
3. Ciudad Perdida
4. Como Te Extraño
5. Melinda
6. Mi Forma De Sentir
7. Nasty Sex
8. Platicas De Un Rey
9. Quiero Saber
10. Si Tu Lo Quieres
11. Todavia Nada

Download abaixo:

http://rapidshare.com/files/148314300/_revemza.rar

senha para descomprimir: aluminca


http://www.maph49.galeon.com/avandaro/revolemilzapata3.jpg

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Os ricos dos EUA já tentaram derrocar seu Presidente


Nelson Lucena.

General Butler

Cada vez que se investiga em profundidade a história negada e oculta dos Estados Unidos qualquer um sente medo; definitivamente há dois Estados Unidos: o primeiro, um país de supostas liberdades onde todo o mundo é boa gente, onde há trabalho e onde tudo é meu amor, é bom lembrar “O American Dream”; e outro país – o verdadeiro- no qual as duzentas ou trezentas famílias ricas dominam e submetem não só ao seu povo senão ao orbe inteiro com a enorme ajuda que se emprestam assim mesmas devido à manipulação mediática das maiorias. Basta lembrar que faz poucos dias em meio da estrepitosa queda de Wall Street, a qual vinha sendo insistentemente anunciada, crack que arrastou a quase todas as bolsas do mundo, menos aquelas que sempre estão em baixa, situação que permitiu que o governo norte-americano, em cumplicidade com governos Europeus e os novos imperialistas Asiáticos como são os chineses, permearam aos donos e diretivos bancários e financeiros, ao auxiliar-lhes com uma soma hiper- super- multimilionária, inventada por Mister Poulson. De tal sorte que, quem sai perdendo por agora são os quem têm poupança e os pequenos devedores de todos esses bancos, quem já começaram a guindar-se da primeira corda que encontram porque estão perdendo suas casas e agora perderam os empregos e as famílias; caso contrário ao dos responsáveis da crise, que estão celebrando em hotéis cinco estrelas em piscinas de champanha sem limite, tal como o resenha a prensa estadunidense.

Mas, vamos um pouquinho atrás, sempre a resposta está na história, já Walter Graciano e outros apressados investigadores, nos provaram que um bom grupo de ricos empresários norte-americanos aliou-se com Hitler para inventar a segunda guerra mundial, pois aos gringos não lhes foi suficiente com a primeira; lá aparecem entre outros nomes os de Prescott Bush (avô de o atual mandatário gringo), fazendo negócios com os nazistas para acabar com a revolução russa; por isso Ingleses, Franceses e Americanos se contiveram tanto para declarar-lhe a guerra a Hitler, pois este lhes voltou, e o resto, ou a melhor parte, já o sabemos. De igual maneira sabemos que o Presidente americano Hoover, tratava com Mussolini, e até o admiravam e apoiavam, com tal que assumisse uma postura anticomunista, de lá o financiamento tanto dos cachorros da guerra americanos, ingleses, franceses e italianos para que “Il ducce” se metesse na Espanha junto com Hitler a desbarrancar a legitima república espanhola eleita democraticamente, e logo este palhaço italiano junto ao “füherer” começasse uma nova guerra que na sobremesa, tal como o antecipou Trotsky, só beneficiaria aos capitalistas, sobretudo aos Americanos. É por ali que aparece o nome do General americano Smedley Butler, o único general com duas medalhas de honra do Congresso, já na Itália, foi quem se negou a render reverência a Mussolini, pelo que foi castigado.

Quem era o general Smedley Butler? Nasceu em West Chester, Pensilvânia, em 1881, filho de duas proeminentes famílias republicanas e quáqueras, já em lista como Suboficial, se incorporou aos marines, e atuou na guerra hispano – norte-americana, na guerra dos boxers na China, no Panamá, nas Filipinas, na Nicarágua, no México, no Haiti, no Porto Rico e na França durante a primeira Guerra Mundial. Fica ativo, mas sem mando, diante de suas críticas contra o sistema militar, lhe correspondia o mando supremo do corpo da marinha, à morte inesperada do comandante dessa força, mas o Presidente Hoover lhe negou seu direito, pelo qual pediu demissão, e em 1931 se parou ao frente de vinte mil veteranos de guerra que exigiam o pronto pagamento de seus bônus de guerra, já que eram desempregados devido à grande depressão e Butler os arengou, pois era muito popular diante da tropa, ao qual o democrático governo norte-americano respondeu com violência e a bala dissolveu aos famintos soldados destruindo-lhes os barracões que construíram para proteger-se do sol.

Mas, não todo fica assim, ante a fome desatada pelo artificioso crack de 1929, tão igual como o de agora, a gente nos Estados Unidos perdeu as casas e granjas com as hipotecas, não tinham água nem comida, os vinte mil soldados que foram humilhados e massacrados pelas tropas em 1931 eram pais de família famintos, esfarrapados, desempregados e sem casas nem futuro, ao igual que suas famílias eram presas de piolhos e carrapatos, se comiam aos cachorros e vagavam de trem em trem. Diante desta situação desoladora, a qual acontecia de igual forma na Europa, sobre todo na Alemanha, as máfias brancas e sionistas inventaram a guerra para que se mataram entre si os famintos americanos e europeus, e eles, os potentados, poder botar a mão nos territórios que ainda conservavam como resquício, as potências sobreviventes da primeira guerra mundial, e de passo buscar mais mercado para seguir expandindo seu poder.

O que sucede é que sem querer salvar por salvar a ninguém, há que esclarecer que uns eram os planos das máfias de Harvard e de Sión, e outros os planos do presidente Franklin D. Roosevelt, o qual traçou o new deal, ou novo trato, o qual incluía ajuda social para o faminto e desempregado, mas, isto pela sua vez lhe soou aos multimilionários americanos a comunismo, e preferiam provar a receita fascista de Mussolini e de Hitler, pelo qual olharam em Roosevelt um inimigo e um comunista, ao igual que dizem agora de Chávez, pelo qual nem curtos nem preguiçosos, acostumados bota no mesmo saco a todo o mundo, planejaram “UM GOLPE DE ESTADO”, mas necessitavam um homem com ascendência sobre a tropa, e este era o Maior General do Corpo de Marines Smedley Butler, a quem lhe mandaram soprar-lhe na orelha ao chefe da legião estrangeira General Mac Guire, quem esteve elogiando Mussolini, Butler escutou a Mac Guire.

Que lhe propôs Mac Guire a Butler? Que como o Presidente Roosevelt estava severamente afetado pela poliomielite, que Butler lhe desse um ultimato, explicando-lhe que necessitava “um secretário geral de Governo”, para aliviar a pesada carga do presidente, propõe-lhe um governo forte de estilo fascista para governar, e sim se negava, então, Butler entraria em Washington com QUINIENTOS MIL HOMENS e até ali chegaria Roosevelt com seu novo trato. O que aconteceu é que não contaram com que Butler era popular com os soldados porque se sentia um a mais de eles e era severo crente e praticante das Leis, pelo que no ano seguinte fez pública a denuncia, o qual foi silenciado deliberadamente pelos meios, ponto que lhe foi advertido com antecipação ao general Butler pelo fanático Mac Guire, quem era um servil de um dos homens mais ricos da América do Norte para esse então, Robert Clark, homem de Wall Street. Entre s conspiradores indicados por Butler estão: Irenee Du Pont – (Pinturas Du – Pont), setor químico industrial, fundador, American Liberty League, definido para executar a tarefa.

Grayson Murphy – Diretor de Goodyear, e grupos de bancos JP Morgan.

William Doyle – O ex-comandante estado da Legião Americana e um conspirador e ator central do golpe.

John Davis – Democrata ex-candidato presidencial e um alto advogado de JP Morgan.

Al Smith – Inimigo político de Roosevelt, ex-governador de Nova York, Codiretor da Liga Ameican Liberty.

John J. Raskob * - Um alto funcionário de Du Pont e um ex-presidente do Partido Democrata.

Robert Clark –Um dos banqueiros mais ricos de Wall Street...

Gerald MacGuire – Vendedor de Clark, ex-comandante da Legião Americana de Coneticut.

O general revelou os detalhes do golpe diante do comitê Mc Cormack- Dickstein do Congresso dos Estados Unidos, que mais tarde se converteria na famosa Casa de América – Um Comitê de Atividades. O Comitê escutou o testemunho de Butler e do jornalista Frances, mas não para chamar a qualquer um dos golpistas e serem interrogados, exceto Mac Guire. De fato, o Comitê branqueou a versão pública de seu informe final, a supressão dos nomes de poderosos homens de negócios cuja reputação se tratou de proteger. A razão mais provável desta resposta é: Wall Street teve uma influencia indevida no Congresso.

Tem aqui as palavras textuais do exímio General Butler diante do comitê do congresso, nomeado para investigar a intromissão do fascismo em Norte-américa, o qual no fim resultou num encobrimento... “Passei trinta e três anos e quatro meses em serviço ativo e durante esse período ocupei a maior parte de meu tempo fazendo de jagunço de luxo para as grandes empresas, Wall Street e os banqueiros. Em definitivo, fui um meliante, um gangster do capitalismo. Ajudei a fazer do México, e especialmente Tampico, um lugar seguro para os interesses da American Oil em 1914. Ajudei a fazer do Haiti e Cuba lugares decentes para que os garotos do National City Bank obtivessem benefícios neles. Ajudei no espólio de media dúzia de repúblicas centro-americanas em beneficio de Wall Street. Ajudei a purificar Nicarágua para o International Banking House dos irmãos Brown entre 1902 e 1912. Levei a luz à República Dominicana para os interesses açucareiros americanos em 1916. Ajudei a fazer Honduras bom para as companhias frutícolas americanas em 1903. Na China em 1927 ajudei para que a Standard Oil fizesse seus negócios sem ser incomodada. A verdade é que refletindo sobre aqueles anos, poderia haver-lhe dado alguns conselhos a Al Capone. O melhor que ele conseguiu foi fazer seus negócios sujos num par de distritos, eu os fiz em três continentes...”

Sendo assim as coisas, porque temos de ver esquisita, alheia, distante,estranha ou inverossímil, a possibilidade de que a mão peluda norte-americana, de que a mesma bala que matou Allende, Sandino, Emilio Zapata, o mesmo Kennedy, o Che, Thomas Sankara, e tanto revolucionário no mundo, não está prestes a cair sobre a cabeça do presidente Chávez, se existe um atalho de meliantes com suficientes recursos e suficientes furadores e covardes, para atacar Chávez e qualquer que se lhes atravesse em seus perversos planos, qual é o problema, qual é a dúvida, pois não deve haver nenhuma, devemos estar pendentes, atentos e defender com todo, incluso a vida para defender este processo de mudanças e o comandante da revolução.

Advogado Nelson Lucena- nelsonjlucena@hotmail.com.

Versão em português: Allisson Gabrielle de América Latina Palavra Viva.

depoimento de uma jornalista séria

Blog da Paula

Fui para casa trocar as sapatilhas por um bom par de tênis. Bloquinho e gravador em mãos, me mandei para o jornal encontrar o fotógrafo e o outro repórter que iam junto cobrir a Marcha dos Sem. Antes de sair, angariei um crachá, que mesmo virado ao contrário deveria servir como forma de evitar que os brigadianos me confundissem com os manifestantes. Manifestação em Porto Alegre, nunca se sabe.
Para a brigada militar gaúcha a palavra manifestação virou sinônimo de baderna. Qualquer agrupamento de pessoas reinvindicando algo já é considerado caso de polícia e tratado a base de tropa de choque para cima. Foi assim quando os professores protestaram por maiores salários no mês passado, foi assim hoje de manhã quando os bancários da agência central do Banrisul se negaram a trabalhar e não mudou muita coisa hoje à tarde, durante a tradicional Marcha dos Sem.
As cerca de 3 mil pessoas que caminhavam pacificamente do centro administrativo até o Palácio Piratini foram acompanhadas por nada menos que 500 PM´S, 120 policiais da guarda especial da Brigada e um helicóptero. A tensão era palpável.
Quando o carro de som ia se dirigir para a frente do palácio a Brigada interviu. Em segundos os soldados do batalhão de choque formaram uma barreira, supostamente por "questão de segurança". O inciso 4 do artigo 5º é claro. Todos tem o direito de se manifestar. Acho que faltou avisar o governo. Nessa hora dei um pé quente e peguei toda a discussão entre a direção da manifestação, o brigadiano que não deixava o carro passar e o deputado Raul Carrion.

– Quem autorizou isso?
– Foi ordem do comando superior.
– Mas vocês tem que respeitar a lei, não a governadora. Isso é inconstitucional!

Bate boca vai, bate boca vem o deputado gritava, "rasgaram a Constituição, rasgaram a Constituição!". Pouco depois, os manifestantes foram tentar furar o bloqueio. De novo, a Brigada usou da "força necessária". "Agora é hora da guerra", comentaram três brigadianos. E a orientação deveria ser essa mesmo, pois não pouparam nem o deputado, que levou uma cacetada no estômago.
Três bombas de efeito moral, algumas balas de borracha e doze manifestantes feridos encaminhados para o HPS depois, o circo estava armado. "Eu não fiz duas faculdades, pós graduação, para ganhar R$ 800,00 e ter que apanhar de Brigadiano!", comentava emocionada uma professora de Pelotas. "Isso é resultado da irresponsabilidade desse governo", protestava Enilson da Silva, um dos feridos.
Atrás do cordão de isolamento e cercado por três fileiras de brigadianos o Coronel Mendes sorria e evitava conversar com repórteres e com os deputados. "Isso é normal em uma manifestação desse porte. A coisa tem que ser pacífica e ordeira, se não a Brigada tem a obrigação e vai intervir."
No meio da história toda, eu olhava chocada os brigadianos com as armas engatilhas e apontadas para a população . Ninguém começou nada. Sem paus. Sem pedras. Quase sem provocações. E mesmo assim a polícia foi para cima. De novo, eu vi. Era quase uma cena de filme. A fumaça das bombas de "efeito moral" ao fundo, a raiva dos dois lados e o fotógrafo gritando para eu sair dali para não me machucar.
Depois de quase uma hora de negociação entre os deputados e a Brigada deixaram o carro de som passar. Mendes, a estrela do show, olhava tudo dos degrais da Catedral, cercado de brigadianos que o impediam até de conversar com a imprensa. Na praça da Matriz o povo gritava "fascista! fascista!".
Que tipo de defesa da ordem é essa que coloca a polícia contra os cidadãos que deveria defender? Não existem mais direitos constitucionais no Rio Grande do Sul?

Na Mauritânia, uma “Guantánamo” européia

Com múltiplas ofertas, Espanha e França aliciam governos africanos para que reprimam, eles mesmos, a migração rumo à Europa. Símbolo da cooptação: na capital de um dos países mais pobres do mundo, uma antiga escola transforma-se em prisão para os que buscavam acesso à banda rica do planeta

Zoé Lamazou - Diplo-Brasil

Com um humor pouco convencional, os moradores de Nouadhibou, cidade portuária da Mauritânia, batizaram alguns de seus bairros com nomes de capitais estrangeiras como Acra, Bagdá e Dubai. Em 2006, quando as autoridades espanholas instalaram lá um centro de detenção para imigrantes clandestinos, a tradição se manteve e a prisão recebeu o apelido de “Guantánamo”.

O local escolhido é estratégico: Nouadhibou fica a apenas 800 quilômetros, em linha reta, da Espanha, via Ilhas Canárias. A forma mais comum de tentar a travessia é em barcos de pesca. Algumas vezes, os imigrantes ainda nem haviam deixado o litoral da Mauritânia quando foram pegos pela guarda costeira local, com o auxílio de oficiais espanhóis. Onde hoje funciona o presídio, existia uma escola. Atrás de muros de concreto muito altos e cercados de grades há um grande pátio de areia, vazio. Nouadhibou faz fronteira com o Saara ocidental. Ao fundo, uma longa construção rosa que antes abrigava estudantes e professores.

Os habitantes da periferia vizinha entram e saem livremente para encher garrafões de água na torneira central. Dois jovens policiais mauritanos fazem a vigia, sem grande preocupação. Nos últimos dias do mês de junho, uma cela foi ocupada. Era uma antiga sala de aula de 8 por 5 metros, agora com camas de campanha amontoadas. Uma dezena de homens amedrontados emerge da penumbra. Quase todos dizem ser malineses. Um deles pergunta ao policial quando será repatriado. “Não podemos esperar mais!”, diz. outro se queixa: “Faz dez dias que estamos aqui!”. “Uma semana”, corrige o guarda. Segundo o presidente do comitê local da Cruz Vermelha, Mohamed Ould Hamada, os detentos não podem ficar mais de 72 horas entre os muros da antiga escola.

Um preso aponta para o seu estômago, demonstrando que tem fome. O mais jovem diz ter 18 anos. Caminha com dificuldade, pois suas pernas estão machucadas. As feridas, ainda em carne viva, podem ser vistas através do curativo feito algumas horas antes por um médico da Cruz Vermelha espanhola.

O policial explica que uma embarcação transportando 76 pessoas afundou. Em um relatório de julho de 2008, a Anistia Internacional criticou o tratamento aos imigrantes clandestinos na Mauritânia, insistindo sobre a arbitrariedade das expulsões coletivas e sobre a situação em “Guantánamo” [1] Para Ahmed Ould Kleibp, presidente da Associação de Proteção do Meio Ambiente e da Ação Humanitária (Apeah), “as condições de detenção são terríveis”.

De outubro de 2006 a junho de 2008, 6.745 pessoas passaram pelo centro de detenção. Em média, 300 por mês, segundo. Em julho último, porém, o número passou de 500

O representante da Cruz Vermelha contesta essas declarações “alarmistas”, mas revela também que os comentários mordazes de seu predecessor lhe custaram o posto. Ould Hamada preocupa-se principalmente com as condições de recondução à fronteira: “Na estrada, de Nouadhibou à fronteira senegalesa, os migrantes não recebem nenhuma assistência”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol prometeu, em visita oficial a Nouadhibou em 8 de julho, que uma delegação de seu ministério, acompanhada por funcionários do ministério do Interior, iria ao centro “para verificar de perto a questão dos direitos humanos”.

De outubro de 2006 a junho de 2008, 6.745 pessoas passaram pelo centro de detenção. Em média são 300 por mês, segundo os números da Cruz Vermelha espanhola. Em julho último, porém, o número de detentos passou de 500.

Desde 2005, ano marcado pela intensificação da repressão, a travessia para a Europa é mais controlada no estreito de Gibraltar, onde apenas 15 quilômetros separam o Marrocos da Espanha. Os enclaves espanhóis no Marrocos, em Ceuta e Melilla tornaram-se quase inacessíveis e praticamente todos os campos informais de migrantes instalados nos arredores dessas cidades desapareceram.

Por isso, as embarcações estão partindo da costa sul do Marrocos, em Tarfaya, Laayoune e Dakhla. Ou até mesmo de Saint-Louis e de Dacar, no Senegal, que ficam a 1.500 quilômetros das Ilhas Canárias. A viagem torna-se ainda mais perigosa porque os barcos que fazem trajetos mais longos pelo mar aberto, para evitar as águas territoriais patrulhadas.

Na metade do caminho entre o oeste da África e o Magreb, Nouadhibou é considerada um ponto de partida privilegiado. As indústrias da pesca e da mineração atraem, desde o início dos anos 1950, a mão-de-obra subsaariana. O trecho mauritano da rodovia transaariana Senegal–Marrocos, concluído em 2004, estimulou ainda mais os movimentos migratórios para o porto.

Em 2006, como reação ao rápido recrudescimento dos desembarques clandestinos, a Espanha reativou um acordo de deportação assinado com a Mauritânia três anos antes: qualquer pessoa suspeita de ter passado pelo solo mauritano para alcançar ilegalmente as Ilhas Canárias seria obrigatoriamente reenviada a Nouadhibou ou a Nouakchott, a capital.

O plano parece não estar funcionando. Na Mauritânia, a idéia fixa sobre segurança é motivo de preocupação para as associações locais. Mas não desencoraja os “clandestinos”

Em abril do mesmo ano, a agência européia Frontex, encarregada do controle das fronteiras externas da União Européia, implantou um sistema de vigilância em Nouadhibou. Duas vedetes – um avião de patrulha e um helicóptero – foram colocadas à disposição das autoridades mauritanas. A cooperação com os países ditos “de origem” ou “de trânsito” dos imigrantes clandestinos é parte essencial das políticas européias adotadas, principalmente, pela França e Espanha. O Pacto Europeu para a Imigração, apresentado em 7 de julho pelo ministro francês da Imigração e da Identidade Nacional, Brice Hortefeux, a seus colegas encarregados da Justiça e dos Assuntos Internos da União Européia, reforça esse tipo de acordo e ressalta o papel central da agência Frontex. “Guantánamo”, na verdade, é apenas uma parte do dispositivo de dissuasão.

Em resposta às recentes críticas da Anistia Internacional, o secretário de estado espanhol encarregado da segurança, Antonio Camacho, observou que “a Espanha não fez, em momento algum, pressão sobre a Mauritânia ou sobre qualquer outro Estado soberano para que reforçassem sua política em matéria de imigração”. Segundo o jornal El País [2], isso não impediu Madrid de entregar, pela quantia simbólica de cem euros, três aviões de patrulha C-212 ao Senegal, à Mauritânia e a Cabo Verde.

O plano parece não estar funcionando. Na Mauritânia, a idéia fixa sobre segurança é motivo de preocupação para as associações locais. Mas não desencoraja os “clandestinos”. “Pelo menos uma embarcação parte toda semana para a Europa e esse é um segredo de polichinelo”, declara Ba Djibril, jornalista de Nouadhibou e secretário-geral da Apeah. “Os imigrantes se instalam aqui para trabalhar, às vezes por um longo período, mas, para eles, a partida para a Europa é uma certeza”, completa.

Armelle Choplin, geógrafa e mestra de conferências da Universidade de Paris-Est, observa que, “nem todos os 20 mil estrangeiros que vivem em Nouadhibou desejam partir. Mas é difícil estabelecer categorias de migrantes. Aquele que acredita apenas passar por Nouadhibou pode muito bem ver-se forçado a se estabelecer ali para sempre, enquanto o estrangeiro que não tem como projeto a travessia para a Europa pode, de repente, decidir tentar a sorte, porque apareceu uma oportunidade”. Claro, agora estamos longe das cinco partidas de imigrantes por noite, observadas pela geógrafa em 2006. Mas, para ela, “o dispositivo de controle implantado pela União Européia opera mais como um filtro do que como um obstáculo”.

Para a maioria, a repressão e os cadáveres não acabam com o sonho. Novos migrantes se dirigem a Nouadhibou: “Dizem que daqui é possível ver as luzes da Europa refletidas na água”

Em Nouadhibou, os relatos de travessias clandestinas são freqüentes. Certamente, existem aqueles que não querem mais ouvir falar da Europa. É o caso de Salimata, comerciante de peixe seco: como outros tantos senegaleses, malineses ou guineanos que vivem em Nouadhibou há anos, ela não tem nenhuma intenção de deixar a Mauritânia. “Meu marido e meu filho de 9 anos morreram no mar. Como eu poderia querer partir? Ele trabalhava no porto. Um dia, um homem veio lhe propor ser capitão e conduzir uma embarcação para a Espanha. Disseram que os espanhóis precisavam de braços para colher frutas. Eu tentei dissuadi-lo, mas ele partiu levando nosso filho único, acreditando que a Cruz Vermelha cuidaria dele, que poderia estudar.”

Para a maioria, a repressão e os cadáveres encontrados no litoral não acabam com o sonho. Há aqueles que fracassaram várias vezes, enganados por atravessadores ou presos pelos guardas. Todavia, basta juntarem novamente a soma necessária para a passagem – que pode chegar a mil euros – para voltarem ao mar. “Eu tentei a travessia duas vezes, com meu bebê de 2 anos. Na primeira vez, nos perdemos no mar. Navegamos por cinco dias e voltamos. Na segunda vez, a guarda costeira marroquina nos pegou”, conta Aissata, uma jovem guineana de 27 anos. Interrogada sobre sua determinação, ela responde, sorrindo: “Vocês sabem, a gente pode escolher entre o sofrimento e a morte”.

É impossível ter a conta exata de quantas pessoas desapareceram no mar. O governo espanhol arrisca a cifra de 67 afogamentos ao longo da costa da Península Ibérica e das Ilhas Canárias em 2007, mas o número de mortos estimado é muito mais elevado. Apesar das tragédias, algumas belas histórias bastam para sustentar o mito da partida fácil. “Aqueles que querem partir se baseiam na experiência dos que chegaram à Espanha, não nos naufrágios ou prisões”, diz Ba Djibril. Novos migrantes se dirigem a Nouadhibou, atraídos por um sonho de força irresistível, como testemunha Salimata: “Dizem que daqui é possível ver as luzes da Europa refletidas na água”.



[1] Mauritanie. ‘Personne ne veut de nous’. Arrestations et expulsions collectives de migrants interdits d’Europe, Londres, 1º de julho de 2008.

[2] “España despliega en África una armada contra los cayucos”, El País, Madri, 17 de julho de 2008.

Soberania alimentar e a agricultura


Atualmente, não mais do que 30 conglomerados transnacionais controlam toda a produção e o comércio agrícola mundial

Em 1960, havia 80 milhões de seres humanos que passavam fome em todo o mundo. Um escândalo! Naquela época, Josué de Castro, que agora completaria 100 anos, marcava posição com suas teses, defendendo que a fome era conseqüência das relações sociais, não resultado de problemas climáticos ou da fertilidade do solo.

O capital, com as suas empresas transnacionais e o seu governo imperial dos Estados Unidos, procurou dar uma resposta ao problema: criou a chamada Revolução Verde. Ela foi uma grande campanha de propaganda para justificar à sociedade que bastava "modernizar" a agricultura, com uso intensivo de máquinas, fertilizantes químicos e venenos. Com isso, a produção aumentaria, e a humanidade acabaria com a fome.

Passaram-se 50 anos, a produtividade física por hectare aumentou muito e a produção total quadruplicou em nível mundial. Mas as empresas transnacionais tomaram conta da agricultura com suas máquinas, venenos e fertilizantes químicos. Ganharam muito dinheiro, acumularam bastante capital e, com isso, houve uma concentração e centralização das empresas. Atualmente, não mais do que 30 conglomerados transnacionais controlam toda a produção e comércio agrícola.

Quais foram os resultados sociais?

Os seres humanos que passam fome aumentaram de 80 milhões para 800 milhões. Só nos últimos dois anos, em função da substituição da produção de alimentos por agrocombustíveis, de acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), aumentou em mais 80 milhões o número de famintos. Ou seja, agora são 880 milhões.

Nunca a propriedade da terra esteve tão concentrada e houve tantos migrantes camponeses saindo do interior e indo para as metrópoles e mudando de países pobres para a Europa e os Estados Unidos.

Somente neste ano, a Europa prendeu e extraditou 200 mil imigrantes africanos, a maioria camponeses. Há oito milhões de trabalhadores agrícolas mexicanos nos Estados Unidos. Setenta países do Hemisfério Sul não conseguem mais alimentar seus povos e estão totalmente dependentes de importações agrícolas.

Perderam a auto-suficiência alimentar, perderam sua autonomia política e econômica.

O pior é que, em todos os países do mundo, os alimentos chegam aos supermercados cada vez mais envenenados pelo elevado uso de agrotóxicos, provocando enfermidades, alterando a biodiversidade e causando o aquecimento global. Isso acontece porque as empresas transnacionais padronizaram os alimentos para ganhar em escala e lucros. Os alimentos devem ser produzidos de acordo com a natureza, com a energia do habitat.

A comida não pode ser padronizada, uma vez que faz parte de nossa cultura e de nossos hábitos. Diante disso, qual é a saída? O Estado, em nome da sociedade, deve desenvolver políticas públicas para proteger a agricultura, priorizando a produção de alimentos. Cada município, região e povo precisa produzir seus próprios alimentos, que devem ser sadios e para todos. Assim nos ensina toda a história da humanidade. A lógica do comércio e intercâmbio dos alimentos não pode se basear nas regras do livre mercado e no lucro, como pretende impor a OMC.

Por isso, consideramos o alimento um direito de todo ser humano, e não uma mercadoria, como, aliás, já defende a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Cada povo e todos os povos devem ter o direito de produzir seus próprios alimentos. Isso se chama soberania alimentar. Não basta dar cesta básica, dar o peixe. Isso é a segurança alimentar, mas não é soberania alimentar. É preciso que o povo saiba pescar!

No Brasil, com um território e condições edafoclimáticas tão propícias, não temos soberania alimentar. Importamos muitos alimentos, do exterior e entre as regiões do país. Mesmo em nossas "ricas" metrópoles, o povo depende de programas assistenciais do governo para se alimentar. A única forma é fortalecer a produção dos camponeses, dos pequenos e médios agricultores, que demandam muita mão-de-obra e têm conhecimento histórico acumulado.

A chamada agricultura industrial é predadora do ambiente, só produz com agrotóxicos. É insustentável a longo prazo. Por isso, neste 16 de outubro, Dia Mundial da Alimentação, as organizações camponesas, movimentos de mulheres, ambientalistas e consumidores faremos manifestações em o todo mundo para denunciar problemas e apresentar propostas para que a humanidade, enfim, resolva o problema da fome no mundo.

Artigo de João Pedro Stedile, economista, integrante da coordenação nacional do MST e da Via Campesina, e Dom Tomás Balduíno, mestre em teologia, bispo emérito da Diocese de Goiás, é conselheiro permanente da CPT (Comissão da Pastoral da Terra), órgão vinculado à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).