segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Entendendo o Irã



Luiz Eça

Há 2.500 anos, quando os antepassados de George Bush habitavam as florestas da Europa, vestindo peles de animais e comendo carne crua, o Irã (o império dos persas) era a mais poderosa nação do mundo.

Conquistado pelos árabes no século 7, o Irã adotou a religião deles e integrou-se no império islâmico como uma parte importante, distinguindo-se nas ciências, literatura, filosofia e arquitetura, daquela que foi a principal civilização da Idade Média.

A dinastia Safavida, que reinou no Irã depois que ele se separou do império muçulmano, foi outro momento de glória do país.

Estes fatos criaram uma identidade nacional e tornaram o povo iraniano orgulhoso de seu país. Mas, a partir do século 19, líderes corruptos permitiram que durante muitos anos a Rússia e a Inglaterra dominassem o Irã e explorassem sua economia. O povo iraniano sempre se rebelou contra as concessões feitas a essas potências e, em 1906, uma revolução constitucional tornou o Irã uma monarquia parlamentarista. Mas os russos e os ingleses não se tocaram. Em 1907 assinaram um tratado que dava à Inglaterra o controle do sul e à Rússia, do norte.

Nessa época, descobriu-se que o Irã tinha muito petróleo e uma empresa inglesa, a Anglo-Iranian Oil Company, assenhorou-se de sua exploração.

Em 1919,os ingleses impuseram o Acordo Anglo-Iraniano que dava a eles o controle do exército, do tesouro, dos transportes e das comunicações do país.

Novamente o povo iraniano revoltou-se e dois anos depois foi revogado o Acordo. Assumiu o poder Reza Shá que procurou modernizar o Irã. Suas boas relações com a Alemanha foram pretexto para os russos e ingleses invadirem o país, em 1941, e forçarem Reza Shá a abdicar em favor de seu sobrinho, Reza Palevi.

Depois da guerra, o nacionalismo empolgou os iranianos. Em 1951, seu parlamento elegeu o primeiro-ministro Mohamed Mossadegh, com a proposta de nacionalizar a indústria petrolífera. Ele declarou ser inaceitável que o Irã fosse um dos povos mais miseráveis do mundo enquanto a Anglo-Iranian ganhava fortunas, explorando as imensas reservas de petróleo do país.

Os ingleses reagiram, aliados aos americanos. E a CIA promoveu a "Operação Ájax", um golpe de Estado contra Mossadegh, tendo o xá Reza Pahlevi assumido poderes ditatoriais. Sem demora, ele devolveu o petróleo às companhias estrangeiras. Reprimiu violentamente a oposição, com sua polícia secreta, a Savak, matando e torturando. Os adversários do regime só podiam reunir-se nas mesquitas, o que deu força política aos clérigos.

Nos anos subseqüentes, os Estados Unidos apoiaram o xá, enviando imensos carregamentos de armas e equipamentos militares. Com isso, o anti-americanismo, nascido na crise que destruiu Mossadegh e a democracia iraniana, radicalizou-se.

Em 1979, o descontentamento contra o governo do xá provocou uma insurreição popular que levou ao poder o aiatolá Komeini e os fundamentalistas xiitas. 30 dias depois de sua posse, houve o episódio em que estudantes seqüestraram 465 pessoas na embaixada dos Estados Unidos. Komeini não apoiou, mas também não fez nada e o governo americano rompeu relações com Teerã.

Em 1980, o governo Ronald Reagan ajudou Sadam Hossein quando ele atacou o Irã, fornecendo helicópteros e informações de satélites para localizar os pontos a serem bombardeados. Nessa guerra, morreu 1 milhão de iranianos. Para o povo: com a cumplicidade dos Estados Unidos.

Estas intervenções americanas condensaram-se numa herança de ódio que tornou o Irã hostil aos Estados Unidos.

Eleito em 1998, o moderado presidente Khatami defendeu a liberdade de expressão, os direitos humanos e uma política econômica que atraísse capitais estrangeiro. Tentou melhorar as relações com os Estados Unidos, mas desistiu quando Bush colocou o Irã no "eixo do mal". Diante da fúria nacional, as eleições seguintes foram ganhas pelo ultra-conservador Ahmadinejad.

Parece estranho que os Estados Unidos tenham sido responsáveis ou co-responsáveis pela queda de um regime democrático (Mossadegh) e de um governo reformista (Khatami). Mas tem lógica, considerando-se os objetivos estratégicos de sua política externa. Como império, eles não podem admitir governos que não aceitem sua hegemonia (Eisenhower: "Quem não está conosco está contra nós"). Sobretudo no caso do Irã que ocupa uma posição geográfica favorável para controlar o fluxo do petróleo dos produtores da península arábica, podendo cortar os fornecimentos necessários à economia americana. Além disso, as reservas do Irã, na OPEP só suplantadas pelas da Arábia Saudita, são extremamente apetitosas para as petrolíferas americanas. Ora, tanto Mossadegh quanto Khatami defendiam uma política externa independente e a exploração do petróleo pelos iranianos. Eram inaceitáveis, portanto.

Ahmadinejad também é. A Casa Branca tem um plano para derrubá-lo: agravar cada vez mais as sanções contra o Irã até levar sua economia a um ponto próximo do colapso, o que forçaria o governo iraniano a interromper a produção de urânio puro.

Derrotado e com o país afundado em problemas econômicos profundos, o regime dos aiatolás perderia apoio popular e poderia ser derrubado. Caso o Irã não cedesse, restaria sempre a opção militar.

Há evidências de que o Irã não pretenda produzir bombas nucleares. O próprio serviço secreto americano já admitiu que isso atualmente não acontece. E o governo iraniano atendeu a quase todas as solicitações feitas pela agência atômica da ONU.

De outro lado, ele se recusa a admitir certas inspeções. Tem justificativas aceitáveis: teme que os inspetores informem aos Estados Unidos segredos militares. Há precedentes históricos para o Irã desconfiar do Ocidente.

Mas se o Irã não pretende ter bombas atômicas por que não aceita importar urânio puro, em vez de produzi-lo?

Aí entra uma questão de orgulho nacional. O Irã é um grande país, com 72 milhões de habitantes e uma indústria em fase de expansão, além de sua liderança na área do petróleo. Tem uma rica herança cultural e um passado glorioso.

Seu povo não aceita que os Estados Unidos e Israel desenvolvam programas nucleares enquanto isso lhes seja proibido.

Washington alega que, tendo Ahmenadabad declarado que Israel seria varrido do mapa, não seria surpresa se ele usasse bombas atômicas para isso.

Na verdade, o presidente do Irã esclareceu que não pretende fazer nada contra o povo de Israel. Somente acha que seu regime racista acabará desaparecendo, sendo substituído por uma sociedade, sem distinções de religião ou raça. E, convenhamos, os iranianos nunca seriam tão loucos de atacar um país que já tem 200 bombas, mais o apoio dos Estados Unidos e seu arsenal nuclear.

Como os iranianos não devem mesmo pedir água, restaria a opção militar. A crise econômica que assola o mundo a inviabilizou, por agora. Bombardeado, o Irã fecharia o estreito de Ormuz, bloqueando a passagem do petróleo das nações da Arábia e levando seu preço às alturas.

Quando o furacão passar, talvez o novo presidente americano terá condições para encarar uma guerra. Pelas palavras dos candidatos, estão dispostos. "Bomb, bomb, bomb", é a palavra de ordem de McCain.

Já Obama fala em mais pressões diplomáticas, "sem tirar da mesa" a opção militar. Como ele deve vencer, resta esperar que suas ameaças não passem de demagogia para ganhar os votos de um público que a mídia convenceu a temer o Irã.

Luiz Eça é jornalista.

“DONOS DA MÍDIA”: NASCE UMA FERRAMENTA PODEROSA A FAVOR DA DEMOCRATIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO

Por Leandro Uchoas

Produzido pelo Instituto de Estudos e Pesquisas em Comunicação (Epcom), instituição ligada ao Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), o sítio “Donos da Mídia” tende a se tornar uma das mais importantes ferramentas virtuais para pesquisas relacionadas à comunicação.



A equipe de pesquisadores – jornalistas, estudantes e professores – rastreou toda a mídia brasileira, levantando dados que escancaram sua concentração e suas relações com o poder político. Foram estudados dados dos 9475 veículos de comunicação do país – do jornalismo impresso à radiodifusão. Brilhante, o trabalho deixa à mostra a urgência da democratização dos meios de comunicação brasileiros.



Segundo os dados, existem 35 grupos de abrangência nacional no Brasil, controlando 516 veículos de comunicação. O grupo Abril controla 74 desses veículos; as organizações Globo dominam 69. No ranking das corporações, são seguidas de perto por Band e Record, com 47 e 34 veículos, respectivamente.



Segundo a pesquisa, a Rede Globo detém hoje 340 veículos de comunicação em todo o Brasil. As sete principais redes detêm 1110 dos 1553 veículos de comunicação brasileiros – 71,5%. Entre as sete, cinco são exatamente as mesmas de 30 anos atrás, quando os estudos começaram, durante a ditadura militar.



A segunda constatação é a escancarada proximidade com o poder político, o que talvez explique a produção conservadora da maioria desses veículos, e sua defesa intransigente dos valores de mercado. A Constituição Federal proíbe que políticos eleitos sejam sócios ou diretores de veículos de comunicação. Entretanto, segundo dados oficiais, 271 políticos controlam 324 meios. Um notório desrespeito à lei máxima do país.



Segundo os dados, o partido com maior domínio dos meios é o DEM. 58 deputados, senadores e prefeitos do partido são sócios ou diretores de empresas de mídia. Em segundo lugar vem o governista PMDB, com 48 políticos. O PSDB, com 43, e o PP, com 23, completam a lista dos quatro principais. O sítio também aponta o estado de Minas Gerais como aquele em que há mais políticos detentores de veículos midiáticos. São 38, contra 28 em São Paulo e 24 na Bahia.



A pesquisa começou há trinta anos, com a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa da Comunicação (Abepec). Foi por muito tempo comandada por Daniel Herz, que nos anos 80 detectou a avassaladora concessão de outorgas do governo Sarney, através do ministro das Comunicações Antonio Carlos Magalhães (em menos de três anos, Sarney concedeu 527 concessões de rádio e TV). Herz morreu há dois anos, mas como se vê, o trabalho de sua vida foi ampliado e publicizado. É tarefa de todos os que sonham com uma comunicação mais democrática divulgar o endereço, e utilizar suas informações.



Acesse em www.donosdamidia.com.br

domingo, 16 de novembro de 2008

Revista 'Princípios' destaca os desafios da renovação do socialismo




Foi uma coincidência irônica o fato de que, ao mesmo tempo em que China e Vietnã completam respectivamente 30 e 20 anos da adoção de caminhos novos rumo à construção do socialismo, tenha eclodido a grande crise financeira que, partindo da venda de hipotecas nos Estados Unidos, revertendo-se para um processo de quedas de ações da bolsa, que repercutiu no mundo todo. Ao analisar e comemorar as conquistas da Ásia, a edição 98 da revista Princípios não poderia deixar de considerar essa grave crise.
Capa da edição de número 98 da revista 'Princípios' Segundo o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, em entrevista nesta edição, é impossível compreender o desenvolvimento da Ásia sem entender o papel de economia cêntrica dos Estados Unidos e a sua forma de desenvolvimento. Na avaliação dele, o crescimento da Ásia é um subproduto da expansão americana do pós-guerra. Mas, por outro lado, a China se transformou no grande centro manufatureiro global, o que, segundo Belluzzo, coloca em xeque a capacidade dos Estados Unidos de avançar sem alterar as relações.
Muitos fatores foram apontados e muitas análises foram tecidas neste processo de crise dos Estados Unidos e expansão dos chamados países emergentes. A situação colocou em xeque dogmas econômicos e políticos, evidenciando a fragilidade do neoliberalismo e das políticas nele inspiradas, e ressaltando a solidez econômica, social e política aplicadas por países que, há pouco tempo atrás, eram vistos como impotentes.
Colaboradores da revista contribuíram para esta complexa análise levantando pontos importantes sobre os fundamentos desta situação que ora se coloca. Sobre o debate acerca do possível fim do modelo neoliberal, o economista Lecio Morais apontou que o modelo econômico já admite a crítica marxista e keynesiana de que o funcionamento independente dos mecanismos de mercado como único agente organizador da sociedade tende à desorganização e ao desastre.
Para Belluzzo, é preocupante a idéia de que chegamos ao fim do neoliberalismo visto que os Bancos e as instituições financeiras buscam subterfúgios para contornar a crise. Segundo ele nos próximos meses a luta política é que determinará o grau e a natureza da regulação nos próximos meses.
Sobre a China, a revista traz o artigo do historiador Augusto Buonicore sobre a Revolução e o surgimento de Mao Tse-tung como um líder político. Ainda sobre a China, a revista traz o texto do geógrafo Elias Jabbour, que fala sobre as estratégias que fizeram do país uma potência em desenvolvimento a despeito de dificuldades como a densidade demográfica, o modo de produção extensivo e o impacto ambiental.
Além disso, o artigo do primeiro ministro da República Popular da China, Wen Jiabao, aponta conquistas do país nestes últimos trinta anos, como: a superação do secular isolamento da nação chinesa, a maior liberdade do povo chinês etc, refletindo-se em um rápido crescimento econômico.
Sobre o Vietnã, o jornalista José Carlos Ruy lembra que, ao longo do século 20, o país foi vitorioso nas vezes em que foi duramente atacado por potências imperialistas. O Vietnã expulsou o Japão, que havia invadido o país durante a Segunda Guerra, derrotou a França quando esta tentou recolonizar, e venceu os Estados Unidos ao fim da guerra que devastou o país. Entretanto, o este foi o país mais bombardeado nas guerras do século 20, tendo sofrido seqüelas profundas e ficado marcado pela história com uma das mais trágicas histórias do século.
O contraponto interessante, abordado na revista, é registrado no artigo do embaixador do Vietnã no Brasil, Nguyen Thac Dinh. A situação atual, decorrente do processo de renovação vietnamita, aponta índices de desenvolvimento econômico e social. Segundo ele, a aprovação da chamada Doi Moi (Renovação Política), no 6º Congresso do Partido Comunista do Vietnã, em 1986, foi o ponto de partida que viabilizou as atuais conquistas do país. Tanto China quanto Vietnã ressaltaram a importância da democracia como condição a ser cada vez mais aprimorada no processo de construção do socialismo.
A nova edição da revista traz também um balanço dos Jogos Olímpicos e Para-olímpicos de Pequim, feito pelo ministro do Esporte, Orlando Silva; uma entrevista com o curador da polêmica 28ª Bienal de Artes de São Paulo; uma análise apontando as perspectivas que se abrem com a descoberta do chamado pré-sal, desenvolvida pelo diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima; uma entrevista com o físico Olival Freire, sobre a criação do Grande Colisor de Hádrons (LHC); outra entrevista, com a presidenta do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes, sobre a reativação da 4ª frota estadunidense e o cerco militar global estabelecido por esse país; uma análise da crise abordando o colapso da Rodada de Doha, do sociólogo Ronaldo Carmona; a segunda parte do artigo sobre história urbana, dos professores Luiz Sergio Duartte e Adriana Mara Vaz de Oliveira.

E ainda falam mal de CUBA...

Cuba patenteia vacina terapêutica contra o câncer de pulmão

POR IRIS ARMAS PADRINO

• A primeira vacina terapêutica para o tratamento do câncer avançado de pulmão foi patenteada em Cuba e é a única registrada no mundo para este tipo de tumor maligno, noticiou a Agência de Informação Nacional.

Cuba patenteia vacina terapêutica contra o câncer de pulmão"Sob o nome de Cimavax EGF, esta vacina imunogênea é de provada eficácia e aumenta a possibilidade de sobrevida e a qualidade de vida dos pacientes que sofrem esta doença", disse a gerente do projeto, a doutora em ciências biológicas, Gisela González.

A especialista explicou à imprensa que esta vacina foi fabricada no Centro de Imunologia Molecular (CIM), uma das instituições insígnias do Pólo Cinetífico da capital do país.

"O primeiro teste clínico em Cuba foi feito, em 1995, a mais de 400 pacientes com esta doença em estágio avançado, que receberam com antecedência tratamento convencional com quimioterapia ou radioterapia", enfatizou.

"Entre as vantagens do medicamento sobressaem a diminuição ou eliminação da falta de ar, os doentes ganham peso, melhoram o apetite, a dor torna-se controlável, podendo se inserir na vida social", disse.

Sublinhou que a vacina, que provoca resposta imune e não tem efeitos severos, é composta por proteínas, uma pelo fator de crescimento epidérmico e pela P-64 K, da membrana, as duas obtidas a partir de recombinantes no Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia.

González afirmou que se realizaram cinco testes fase I, dois testes fase II terminados um em Cuba e outro no Canadá e na Inglaterra.

De acordo com os resultados dos testes clínicos da fase II, constatou-se benefício clínico nesses pacientes, em comparação com os que não foram vacinados, razão pela qual foi solicitado patenteá-la na empresa regularizadora cubana.

Anunciou que se está realizando o terceiro teste clínico a 579 pacientes em onze hospitais do país e prevê-se, para gosto deste ano, dar início às pesquisas da fase II no Peru e, posteriormente, na China.

A diretora de Pesquisas Clínicas do CIM, doutora Tania Crombet, ressaltou que cientistas cubanos pesquisam a Cimavax EGF para aplicá-la a outros tumores de origem epidemóide (sólidos) e demonstraram sua utilidade em neoplasmas de pulmão, de cabeça e garganta, de cérebro, gástrico, de mama, de ânus, de próstata, de colo do útero, de bexiga, de ovário e de pâncreas.

Cuba, desde 1992, começou a fazer estudos com esta vacina, que incluiu os testes pré-clínicos, de animais de laboratório e, em 1995, o primeiro teste clínico. •

Comissão aprova rádios comunitárias para universidades e escolas

A Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática aprovou, na quarta-feira (5), o Projeto de Lei 5172/05, do deputado Celso Russomanno (PP-SP), que permite às instituições de ensino superior obter autorização para operar rádios comunitárias.
Foi aprovado o substitutivo do relator, deputado Fernando Ferro (PT-PE), que amplia o projeto, fazendo-o abranger também escolas de nível médio, instituições particulares de ensino, escolas técnicas federais e centros vocacionais tecnológicos.
Além disso, o substitutivo permite a outorga de mais de uma emissora para universidades que tenham mais de um campus; e prevê a possibilidade das universidades operarem canal próprio de televisão educativa.
Importante suporte
O relator argumenta que muitas escolas de nível médio, em especial as públicas, situam-se em regiões carentes de infra-estrutura. Para essas regiões, diz Fernando Ferro, a emissora de rádio da escola será um importante suporte para acelerar o processo de desenvolvimento sócio-econômico.
Pelo substitutivo, a entidade de ensino particular que quiser operar uma rádio comunitária deverá comprometer-se a dar preferência a finalidades educativas, artísticas,culturais e informativas.
"Essas mudanças modernizadoras no marco legal vigente vão enriquecer a educação, a cultura e a cidadania no País", resume Fernando Ferro.
Preparação acadêmica
Segundo o autor, deputado Russomanno, o objetivo do projeto é contribuir para a preparação acadêmica e para o aperfeiçoamento profissional do estudante.
A legislação vigente já autoriza as universidades a operar emissoras educativas. Mas os altos custos de uma rádio educativa, diz Russomanno, inviabilizam o seu funcionamento nas instituições de ensino públicas. A rádio comunitária, mais barata, é mais compatível com a realidade universitária, argumenta o autor do projeto.
Tramitação
A proposta já havia sido rejeitada pela Comissão de Educação e Cultura. Agora, ela segue para o exame da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Se aprovada, vai à votação em plenário.

Créditos: IZB

(Fonte: Dióges Santos, em http://www2.camara.gov.br/internet/homeagencia/materias.html?pk=128264)

Cuba exibirá filme de Soderbergh sobre 'Che' Guevara


Cuba exibirá em dezembro o filme Che, obra do norte-americano Steven Soderbergh que fala sobre Ernesto "Che" Guevara, disse na última quinta-feira (13) o diretor do Festival de Cinema Latino-Americano de Havana.


Del Toro, no papel de Che: restrições para filmar

Ivan Giroud, diretor do festival que acontecerá entre os dias 2 e 12 de dezembro, disse a jornalistas que não sabe se Soderbergh, o ator Benício Del Toro e outros membros do elenco irão a Havana, devido às restrições impostas pelo governo dos Estados Unidos às viagens para a ilha.


O filme de Soderbergh tem duas partes ("O argentino" e "guerrilha") e quatro horas de duração. "Em uma apresentação especial, vamos exibir as duas partes", disse Giroud durante uma coletiva de imprensa sobre o festival.


Em julho, Alfredo Guevara, presidente do festival de cinema de Havana, que chega à 30ª edição, disse a jornalistas que Cuba não iria exibir o filme caso ele tivesse "algum ataque" ao ex-presidente de Cuba Fidel Castro.


O filme foi rodado na Espanha e na Bolívia, onde Guevara foi capturado e executado no dia 9 de outubro de 1967, enquanto tentava expandir a guerrilha pela América Latina.


Giroud disse a jornalistas que os atores norte-americanos envolvidos no filme precisam de autorização de seu governo para viajar a Cuba. "Estão tratando (de sua vinda) (...) estão envolvidas aqui figuras do cinema norte-americano, então isso depende um pouco das permissões e das autorizações para a viagem", comentou.


O governo Bush aumentou o embargo comercial e as restrições de viagens à ilha.


O chanceler cubano, Felipe Pérez Roque, disse em 2007 que Soderbergh não pôde filmar na ilha devido ao embargo comercial aplicado pelos Estados Unidos desde 1962.


Segundo Giroud, o Festival de Havana terá neste ano 114 filmes. Os países mais representados no festival são a Argentina, o México, o Brasil, a Venezuela, o Chile e a Guatemala.


O festival começou em 1978. Além deste, a ilha organiza outros dois festivais internacionais.


Fonte: Reuters

Créditos:Vermelho

CPERS organiza greve em todo o Estado

O Comando de Greve do CPERS/Sindicato reuniu-se neste sábado para avaliar a assembléia geral de ontem, e para preparar a mobilização da categoria em todo o Estado. A assembléia decidiu pela greve como forma de pressionar pela retirada do projeto encaminhado na terça-feira passada pelo Governo Yeda que cria um piso estadual. Na avaliação do CPERS, a proposta de piso apresentada pela governadora “é uma tentativa de enganar a sociedade e a categoria de que se trata da mesma lei federal”.

“Essa tentativa não se sustenta, já que o governo está contestando na justiça o piso nacional. De semelhante tem apenas o valor de R$ 950,00 já que a proposta do governo gaúcho é na verdade um teto e não um básico. O projeto, se aprovado, significaria um congelamento de salários, pois sobre ele não seria aplicado aquilo de mais caro que a categoria tem: sua carreira, garantida através do seu esforço para se qualificar e então mudar de nível”, diz o sindicato em nota distribuída hoje.

Os professores também rejeitam a proposta do governo de elaborar um novo plano de carreira para o magistério. “A categoria não aceita alterações no plano, principalmente porque a intenção do governo é encurtar as distâncias entre os níveis, achatando os vencimentos dos educadores e com isso gastando menos com o pagamento de salários”, diz o CPERS. A primeira reunião do Comando de Greve definiu que até segunda (17) deverão estar constituídos todos os comandos de greve regionais e que durante o fim de semana os deputados estaduais serão procurados em suas regiões de origem. O CPERS pedirá aos parlamentares para que pressionem pela retirada do projeto e que assumam o compromisso de não votarem durante o recesso escolar qualquer projeto que retire direitos dos trabalhadores em educação.

Ainda na segunda-feira, o Comando de Greve encaminhará ao governo um pedido formal de audiência para o dia 18, à tarde. Os partidos políticos também serão procurados para que se manifestem em relação ao projeto e para agendar uma reunião com os deputados federais e senadores.

Foto: João Manoel de Oliveira

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

CHEGA, GREVE JÁ.....


João dos Santos e Silva, assessor de imprensa do CPERS/Sindicato, escreve:

"A governadora Yeda Crusius e sua equipe de governo estão extrapolando na arte de debochar do bom senso da sociedade gaúcha, em especial com o dos trabalhadores em educação. As últimas medidas deixam isso claro. Primeiro teve a insensatez de ingressar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), no Supremo Tribunal Federal (STF), contra o Piso Nacional do Magistério. Essa ação já contabiliza dois pareceres contrários. A exemplo do que fez a Advocacia Geral da União, o Ministério Público Federal recomendou a extinção do processo. O pedido de arquivamento foi feito pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, ao ministro Joaquim Barbosa.

Não satisfeita com a Adin, e numa clara provocação ao magistério gaúcho, encaminhou à Assembléia Legislativa projeto prevendo a criação de um Piso Salarial Estadual que não apresenta nenhum benefício para a categoria e que engessa os vencimentos da categoria. Atinge apenas 0,7% da categoria. Na justificativa fica clara intenção de alterar o Plano de Carreira do Magistério.

Atualmente, 86% dos membros do magistério em atividade encontram-se nos níveis 5 e 6 da carreira, correspondentes à formação em licenciatura plena e especialização, tela estrutura tem tornado inviável a fixação do vencimento inicial, correspondente à formação em nível médio, modalidade normal, em valores compatíveis com a importância das funções do magistério, pois a elevação desse vencimento tem significativa repercussão no conjunto da folha de pagamento", diz o texto encaminhado ao Legislativo.

O deboche chega ao limite quando, no mesmo dia em que propõe um piso salarial rebaixado em comparação com a lei federal que estabelece os R$ 950 como básico da carreira, encaminha à Assembléia Legislativa projeto propondo uma gratificação de R$ 6.938,85 para os secretários com origem nos quadros do serviço público. Vale para aqueles que optarem pelos salários do órgão de origem. “Como é que os deputados vão pedir paciência aos professores e aprovar para os secretários uma gratificação sete vezes superior ao piso do magistério?”, questiona a editora de política do jornal Zero Hora, Rosane de Oliveira, em sua coluna".

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Canhoto da Paraíba - O Violão Brasileiro Tocado Pelo Avesso (1977)

Capa do disco

Downloads abaixo:

CD
Capa


Canhoto da ParaíbaSe a escola de violões é a melhor do mundo, Francisco Soares de Araújo, o Canhoto da Paraíba, é um dos mais surpreendentes expoentes. Seus choros têm um sotaque nordestino delicioso. Seu estilo de tocar é único. Como era obrigado a compartilhar o instrumento com os irmãos, não podia inverter as cordas, o que o fez tocar em um instrumento afinado para destros. O pai não conseguia ensinar-lhe: "Ih, meu filho, tem jeito não. Pra lhe ensinar tem que botá de cabeça pra baixo ou diante de um espelho". Teve que aprender tudo sozinho.

Em 1959, uma legendária excursão de músicos nordestinos viajou dias de jipe com destino à casa de Jacob do Bandolim no bairro de Jacarepaguá no Rio de Janeiro, onde aconteciam os maiores saraus da época. Reza a lenda, que no primeiro sarau em que se apresentaram para a nata dos músicos brasileiros, Radamés Ganttali ficou tão impressinado que gritou um palavrão e jogou seu copo de cerveja no teto. Para recordar o momento, Jacob nunca limpou a mancha no teto. Considerando o temperamento explosivo de Radamés e o virtuosimo de Canhoto, a história até é factível, pena que parece que é falsa. Histórias saborosas assim todo mundo deveria acreditar. O fato é que esta reunião foi tão impactante, que um moleque que a assistiu, filho de um dos músicos participantes, resolveu por causa disso aprender música. Hoje ele é conhecido como Paulinho da Viola.

Estabelecido em Recife, desde 1958, somente dez anos depois, Canhoto da Paraíba conseguiu gravar seu segundo disco, Único Amor pela finada gravadora Rozenblit. Este disco é que está sendo agora relançado em CD, com apoio de João Florentino, dono da rede de lojas Aky Discos e do selo Polysom. Entre tantos ótimos violonistas na cidade na época, Canhoto surpreendeu na escolha de quem iria acompanhá-lo. Escolheu o jovem Henrique Annes, de 22 anos e formação clássica. Francisco Soares sabia das coisas. Henrique veio a se tornar um dos maiores violonistas brasileiros, e fez parte de alguns dos mais interessantes projetos instrumentais, como a Orquestra de Cordas Dedilhadas de Pernambuco (que tem um maravilhoso disco relançado em CD) e lidera o grupo Oficina de Cordas. Se achou esta dupla pouco, é que ainda não sabe quem foi o produtor musical do disco. Nada menos do que o maestro Nelson Ferreira, o maior maestro/orquestrador de frevos que já existiu.

Canhoto veio a gravar apenas mais dois discos de carreira, ambos antológicos. Em 77, Paulinho da Viola produziu para a Discos Marcus Pereira o "Com mais de Mil". Esse disco já foi lançado em CD, mas os babacas da EMI trataram de tirar de catálogo quando compraram o acervo da Copacabana. Pela finada Caju Music gravou em 1993, seu último disco, "Pisando em Brasa", com as participações especiais de Rafael Rabello e Paulinho da Viola. Ainda pode-se encontrar este disco em CD pela Kuarup. Recentemente saiu em CD sua entrevista para o programa Ensaio da TV Cultura. Em 1998, Canhoto sofre uma isquemia cerebral e fica com o lado esquerdo do corpo paralizado, impossibilitando-o de tocar.

Se você não tá levando fé no que estou escrevendo -- Ora, como um violonista que quase ninguém ouviu falar pode ser tão bom? -- vou transcrever aqui a opinião de duas pessoas que entendem muito mais de música do que eu. Uma é o Paulinho da Viola, que não só produziu seu primeiro disco, como rodou o país com Canhoto pelo Projeto Pixinguinha.

Paulinho dizia que era comum Chico Soares roubar o show, sendo muito mais aplaudido do que ele. Paulinho também gravou em seu primeiro disco de 1971 o belíssimo choro "Abraçando Chico Soares", que fez no estilo de composição do amigo. Veja o que Paulinho diz sobre ele:

"Eu não queria participar daquelas rodas (de choro) como músico. Quando vi o Canhoto tocar fiquei tão entusiasmado que me toquei. Era tão sublime, tão tecnicamente perfeito. Acho que o Canhoto me influenciou a tocar, mais do que meu pai e Jacob (do Bandolim)."
Paulinho da Viola

Quer mais? Então veja este trecho de entrevista de um dos mais perfeccionistas músicos brasileiros, Jacob do Bandolim. Ele está mostrando uma gravação e falando de 1959, quando recebeu a excursão de músicos nordestinos em sua casa. Veja que ele se refere a Canhoto por seu apelido de "Sacristão", que ganhou quando criança como assistente do padre de sua cidade. Fala aí, Jacob:

"... O problema aqui nesta gravação do Chico Soares reside apenas em que vocês pra executarem estas músicas gravadas, vocês vão virar canhotos de uma hora para outra. E só assim, porque o homem tem o diabo no corpo. ... Nós vivíamos a correr de um lado para outro, a tocar para uns, para outros, e todos queriam conhecer o Sacristão, que aliás era o vedete do grupo. E observe bem que você não vai encontrar qualquer erro da parte dele. Quero afirmar a você, sob palavra, que durante os 15 dias que esse homem permaneceu aqui, em nossa casa em Jacarépaguá, este homem repetiu estas músicas várias vezes, dezenas e dezenas de vezes, em vários lugares, nas condições mais absurdas, sentado confortavelmente ou não, num ambiente agradável ou não ... , nas condições mais absurdas. De manhã cedo, às 6h da manhã, ele às vezes me acordava tocando violão. Adormecia tocando violão. Dentro de uma simplicidade tremenda sem errar nem uma nota! Eu nunca vi Sacristão errar uma nota! ... o homem tocava mesmo, não era brincadeira. Os outros tinham suas falhas, suas emoções, suas emotividades, mas o Chico Soares, não. Tocava rindo na minha cara, com um sorriso muito ingênuo de quem não estava fazendo nada de mais. Um artista enterrado lá em Recife ... é digno de toda nossa admiração, de todo nosso respeito, porque ele encarna nesta figura, uma porção de brasileiros que vivem enterrados por estes rincões afora, verdadeiros valores completamente no ostracismo ..."
Jacob do Bandolim

E viva Canhoto da Paraíba!

Paulo Eduardo Neves - extraído do site Agenda do Samba & Choro

Descriminalização da interrupção da gravidez

O Senado do Uruguai aprovou a descriminalização do aborto até ás 12 semanas de gravidez, confirmando uma decisão anteriormente tomada pela Câmara dos Deputados, embora o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, tenha prometido vetar a medida. E os bispos uruguaios avisaram que todos os deputados que votassem a favor seriam automaticamente excomungados.

Uruguai: Senado aprova descriminalização do aborto

Descriminalização da interrupção da gravidez

O Senado do Uruguai aprovou a descriminalização do aborto até ás 12 semanas de gravidez, confirmando uma decisão anteriormente tomada pela Câmara dos Deputados, embora o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, tenha prometido vetar a medida. E os bispos uruguaios avisaram que todos os deputados que votassem a favor seriam automaticamente excomungados.


A Lei de Saúde Reprodutiva e Sexual foi aprovada por 17 dos 30 senadores uruguaios. Na Câmara dos Deputados, o texto tinha passado á tangente, por 49 a 48. Com a nova lei, as mulheres podem abortar até às 12 semanas, alegando dificuldades económicas, motivos familiares ou de idade.

"Esta lei é um grande avanço e permite saldar uma dívida com as mulheres uruguaias em matéria de direitos sexuais", explicou uma das senadoras à France Press

No entanto, o presidente Tabaré Vázquez, que também é médico, anunciou que vai vetar a medida porque não concorda com o aborto "nem filosoficamente, nem biologicamente". No caso de se confirmar o veto, será necessária uma maioria de três quintos para aprovar a medida.

A Igreja empenhou-se fortemente numa campanha contra a Lei da Saúde Reprodutiva e Sexual. Num comunicado emitido no passado sábado, os bispos uruguaios afirmavam que todos os parlamentares que apoiassem a medida seriam automaticamente excomungados

Vários estudos revelam que perto de 33 mil abortos são realizados no país anualmente, a um custo de perto de 800 dólares cada. Três médicos uruguaios foram presos este ano por realizarem abortos.

A maioria dos países da América Latina permite o aborto apenas em casos de violação, quando a mãe corre risco de morte ou nos casos de mal-formação do feto. Apenas Cuba e Guiana permitem o aborto sem restrições. Na Cidade do México o aborto sem limitações foi aprovado no primeiro trimestre, porém é proibido no resto do país.