Roberto Malvezzi - Correio da Cidadania | |
A sucessão de tragédias, que antes chamávamos de emergenciais, agora vai se tornando cotidiana.
Meu irmão de música e caminhada, Magalhães, é coordenador do "Setor de
Emergências" da Cáritas Brasileira. Temos um acordo comum quando nos
encontramos para reuniões das pastorais sociais: pela noite só falamos
de música, ou tocamos violão, ou vamos ver alguma apresentação de boa
música. Foi assim que vi no Clube do Chorinho, Brasília, uma
apresentação de Paulo Moura, um dos maiores saxofonistas do mundo,
falecido esses dias atrás.
Acontece que Magalhães agora não tem mais sossego. Das enchentes do
Maranhão para as enchentes de Santa Catarina, para o terremoto do Haiti,
para as enchentes do Piauí, Maranhão e Ceará, para as enchentes de
Pernambuco e Alagoas. Basta ligar a televisão e, quase rotineiramente,
lá está uma campanha emergencial da "Cáritas e CNBB".
Faz alguns anos levamos para dentro da CNBB, a partir das Pastorais
Sociais, o desafio assustador do Aquecimento Global. Nas Pastorais
Sociais, mesmo nos movimentos sociais, parecia algo absolutamente
estranho. Quantas vezes foi preciso ouvir que "a questão ambiental é um
problema da classe média". Muitas vezes é preciso ter paciência mesmo
com as populações com as quais trabalhamos.
No documento que elaboramos sobre a mudança climática "Aquecimento
Global: profecia da Terra", já alertávamos que ele tem o dom de tornar
pior tudo que já é ruim.
O aumento da temperatura gera obviamente mais calor, intensifica a
evaporação das águas, provoca, em conseqüência, chuvas torrenciais,
enquanto no outro extremo provoca secas, destrói a agricultura, provoca
enchentes, destrói cidades, arrasa a economia das famílias, força
migrações, mata pessoas.
Como prevêem os cientistas, a cada grau a mais na temperatura, o aumento
desses fenômenos extremos se agrava de forma assombrosa. O cenário mais
aterrador foi projetado por James Lovelock em sua modelação de
computador: se a concentração de CO2 na atmosfera atingir 500 ppm (parte
por milhão), a temperatura da Terra vai disparar de forma geométrica,
restando ao final um planeta tórrido, com vida apenas onde hoje estão os
pólos. Para ele, se a humanidade continuar com o nível de emissão
atual, em quarenta anos chegará a esse patamar.
Diante de tragédias tão cotidianas, parece que apenas o governo
brasileiro e a elite do agronegócio continuam "sem olhos para ver,
ouvidos para ouvir, coração para sentir". A mudança no Código Florestal
nos empurra ainda mais para o Aquecimento Global.
Mas, não é só ele. Continuar queimando energia fóssil, sobretudo
petróleo, é também uma forma de contribuir para que as tragédias se
tornem cada vez mais cotidianas. Quem vai ousar questionar o Pré-sal?
Só os loucos podem sonhar em mudar essa rota. Afinal, como já ouvi, "tem gente demais na face dessa Terra"
Roberto Malvezzi (Gogó), ex-coordenador da CPT, é agente pastoral.
|
Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
terça-feira, 27 de julho de 2010
Emergência vira rotina
Chanceler de Chávez negocia plano de paz e acusa Estados Unidos de insuflar a guerra
O chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, esteve reunido
com o presidente Lula na noite desta segunda-feira (26/7), durante breve
viagem ao Brasil. Antes de continuar seu roteiro, que inclui paradas no
Paraguai, Uruguai e Argentina, concedeu entrevista exclusiva ao Opera Mundi.
Revelou a intenção de seu governo em articular um “plano de paz
permanente com a Colombia” e analisou a escalada da crise entre as duas
nações andinas.
Maduro reiterou que seu governo “deseja ter as melhores relações
com o governo colombiano”. Mas foi contundente ao afirmar que, diante
de qualquer ação agressiva da administração Uribe, a Venezuela irá
responder com “medidas extremas de proteção”. Também acusou os Estados
Unidos de serem o “pano de fundo” da crise e repetiu o alerta do
presidente Chávez, de que o fornecimento de petróleo e derivados será
suspenso em caso de qualquer ataque colombiano. Confira, a seguir, a
íntegra da entrevista.
Opera Mundi
Maduro: "a Venezuela é vítima da guerra colombiana há 60 anos"
Qual o objetivo da sua visita ao Brasil?
Foi uma visita relâmpago, para trazer uma mensagem pessoal do presidente Chávez ao governo brasileiro, além de oferecermos mais informações sobre as ameaças do governo colombiano contra a Venezuela. O presidente Lula teve o gesto honroso de nos receber. Apresentamos os esboços do plano que vamos levar à Unasul (União das Nações Sul-Americanas), que se reúne na próxima quinta-feira em Quito, focado na necessidade de plano de paz permanente para a região. A guerra civil na Colômbia extravasou suas fronteiras e ameaça a segurança das nações andinas.
Foi uma visita relâmpago, para trazer uma mensagem pessoal do presidente Chávez ao governo brasileiro, além de oferecermos mais informações sobre as ameaças do governo colombiano contra a Venezuela. O presidente Lula teve o gesto honroso de nos receber. Apresentamos os esboços do plano que vamos levar à Unasul (União das Nações Sul-Americanas), que se reúne na próxima quinta-feira em Quito, focado na necessidade de plano de paz permanente para a região. A guerra civil na Colômbia extravasou suas fronteiras e ameaça a segurança das nações andinas.
Mas quais são as propostas centrais desse plano?
Estamos em processo de consultas. Vamos apresentá-lo formalmente na quinta-feira. Não queremos adiantar os detalhes neste momento porque acreditamos que deve ser muito discutido previamente à sua apresentação na quinta-feira, para que ganhe viabilidade. Mas temos insistido que a corrida armamentista que está acontecendo na Colômbia há varias décadas, particularmente a partir do Plano Colômbia, e agora com as bases militares norte-americanas, leva a um transbordamento da violência daquele país na direção dos países vizinhos. Queremos encerrar essa situação com um plano de paz que possa superar a guerra na Colômbia, que já causou um ataque, em março de 2008, ao território do Equador e que representa uma ameaça permanente à revolução democrática na Venezuela.
Estamos em processo de consultas. Vamos apresentá-lo formalmente na quinta-feira. Não queremos adiantar os detalhes neste momento porque acreditamos que deve ser muito discutido previamente à sua apresentação na quinta-feira, para que ganhe viabilidade. Mas temos insistido que a corrida armamentista que está acontecendo na Colômbia há varias décadas, particularmente a partir do Plano Colômbia, e agora com as bases militares norte-americanas, leva a um transbordamento da violência daquele país na direção dos países vizinhos. Queremos encerrar essa situação com um plano de paz que possa superar a guerra na Colômbia, que já causou um ataque, em março de 2008, ao território do Equador e que representa uma ameaça permanente à revolução democrática na Venezuela.
O senhor avalia que a crise entre os dois países pode levar a um conflito militar?
É isso que queremos evitar. Já estamos em conflito político e diplomático contra uma doutrina que causou os ataques ao Equador. Uma doutrina que viola o direito internacional em relação à soberania e à inviolabilidade territorial dos países. Faremos todos os esforços para impedir seu desdobramento militar. Mas repudiamos a agressão diplomática do governo colombiano e defenderemos nosso território diante de qualquer tentativa de violação.
Leia mais:
É isso que queremos evitar. Já estamos em conflito político e diplomático contra uma doutrina que causou os ataques ao Equador. Uma doutrina que viola o direito internacional em relação à soberania e à inviolabilidade territorial dos países. Faremos todos os esforços para impedir seu desdobramento militar. Mas repudiamos a agressão diplomática do governo colombiano e defenderemos nosso território diante de qualquer tentativa de violação.
Análise: Por que Chávez rompeu relações com a Colômbia
“Não há saída para a Colômbia fora da política e da democracia”
EUA interpretam erroneamente a política externa do Brasil
O debate da política externa: os progressistas
Após a eleição de Juan Manuel
Santos para presidir a Colômbia, parecia que as relações com a Venezuela
poderiam entrar em distensão. A que o senhor atribui a súbita mudança
de situação?
Temos que relembrar que o presidente Chávez, no dia 14 de julho, anunciou o desejo de normalizar relações diplomáticas com a Colômbia, determinando que eu procurasse a futura chanceler do país vizinho para tratarmos dos termos de reaproximação. No dia seguinte apareceram notícias, na imprensa colombiana, de que o presidente Uribe apresentaria provas contundentes de presença guerrilheira em território venezuelano. A partir daí foi deslanchada campanha intensa contra nosso governo, repercutindo também na mídia internacional, por meio da CNN e outras empresas de comunicação. Uma semana depois o embaixador colombiano foi à OEA (Organização dos Estados Americanos) e passou horas ofendendo o presidente Chávez e nossas instituições democráticas. Mostrou umas fotos e simplesmente afirmou que guerrilheiros estavam escondidos na Venezuela, sem provar nada. O presidente Uribe parece movido pelo interesse de manter seu espaço como chefe dos grupos mais conservadores e belicistas de seu país. Não tivemos outra opção que não o rompimento das relações diplomáticas.
Temos que relembrar que o presidente Chávez, no dia 14 de julho, anunciou o desejo de normalizar relações diplomáticas com a Colômbia, determinando que eu procurasse a futura chanceler do país vizinho para tratarmos dos termos de reaproximação. No dia seguinte apareceram notícias, na imprensa colombiana, de que o presidente Uribe apresentaria provas contundentes de presença guerrilheira em território venezuelano. A partir daí foi deslanchada campanha intensa contra nosso governo, repercutindo também na mídia internacional, por meio da CNN e outras empresas de comunicação. Uma semana depois o embaixador colombiano foi à OEA (Organização dos Estados Americanos) e passou horas ofendendo o presidente Chávez e nossas instituições democráticas. Mostrou umas fotos e simplesmente afirmou que guerrilheiros estavam escondidos na Venezuela, sem provar nada. O presidente Uribe parece movido pelo interesse de manter seu espaço como chefe dos grupos mais conservadores e belicistas de seu país. Não tivemos outra opção que não o rompimento das relações diplomáticas.
Mas o próprio presidente Chávez disse que os grupos paramilitares e guerrilheiros de fato cruzam as fronteiras venezuelanas.
Nós somos vítimas da guerra colombiana há 60 anos. Temos quatro milhões de colombianos vivendo na Venezuela, foragidos de guerra. E por que não voltam para a Colômbia? Porque se sentem inseguros, enquanto na Venezuela, a partir do governo Chávez, reconhecemos seus direitos ao trabalho e à seguridade social, ao progresso e à proteção do Estado. Nessas décadas todas fomos constantemente invadidos por guerrilheiros, paramilitares e narcotraficantes, que se apropriaram de terras nossas. Mas usamos nossas formas armadas e policiais, comandadas pelo presidente Chávez, e hoje todos os 2,3 mil quilômetros que temos de fronteira com a Colômbia estão livres da produção de drogas ou laboratórios de processamento. Foi um esforço que fizemos no combate também aos grupos armados. Mas esses quilômetros de fronteiras estão abandonados pela Colômbia. É muito difícil que não soframos mais risco de invasões enquanto não acabar a guerra na Colômbia.
Nós somos vítimas da guerra colombiana há 60 anos. Temos quatro milhões de colombianos vivendo na Venezuela, foragidos de guerra. E por que não voltam para a Colômbia? Porque se sentem inseguros, enquanto na Venezuela, a partir do governo Chávez, reconhecemos seus direitos ao trabalho e à seguridade social, ao progresso e à proteção do Estado. Nessas décadas todas fomos constantemente invadidos por guerrilheiros, paramilitares e narcotraficantes, que se apropriaram de terras nossas. Mas usamos nossas formas armadas e policiais, comandadas pelo presidente Chávez, e hoje todos os 2,3 mil quilômetros que temos de fronteira com a Colômbia estão livres da produção de drogas ou laboratórios de processamento. Foi um esforço que fizemos no combate também aos grupos armados. Mas esses quilômetros de fronteiras estão abandonados pela Colômbia. É muito difícil que não soframos mais risco de invasões enquanto não acabar a guerra na Colômbia.
Leia mais:
Venezuela rompe com Colômbia
Embaixador da Venezuela protesta contra editorial do Estadão
Venezuela desmente informações da Colômbia sobre guerrilheiros
Chávez acusa EUA de estarem por trás de nova denúncia colombiana
O presidente Chávez anunciou que, se houver agressão militar da Colômbia contra a Venezuela, haverá medidas contra os EUA.
O presidente Chávez há muito tempo denuncia a agressiva movimentação norte-americana contra a Venezuela, com o apoio da Colômbia. As sete bases instaladas na Colômbia estão estrategicamente voltadas contra nosso território, para não falar na reativação da 4ª Frota e outras medidas. Não temos dúvidas de que existe uma estratégia elaborada pelo Pentágono e pelo Departamento de Estado norte-americano para recuperar a hegemonia política que os EUA perderam na região por conta do avanço das correntes progressitas. Todas essas provocações da Colômbia e todas essas intenções agressivas têm, como pano de fundo, esse plano norte-americano. Se a Venezuela for agredida, tomaremos medidas de proteção, a começar pelo cancelamento do comércio de petróleo e derivados com os EUA.
O presidente Chávez há muito tempo denuncia a agressiva movimentação norte-americana contra a Venezuela, com o apoio da Colômbia. As sete bases instaladas na Colômbia estão estrategicamente voltadas contra nosso território, para não falar na reativação da 4ª Frota e outras medidas. Não temos dúvidas de que existe uma estratégia elaborada pelo Pentágono e pelo Departamento de Estado norte-americano para recuperar a hegemonia política que os EUA perderam na região por conta do avanço das correntes progressitas. Todas essas provocações da Colômbia e todas essas intenções agressivas têm, como pano de fundo, esse plano norte-americano. Se a Venezuela for agredida, tomaremos medidas de proteção, a começar pelo cancelamento do comércio de petróleo e derivados com os EUA.
O senhor não acha que a postura de seu governo pode aprofundar a tensão?
Nós queremos ter as melhores relações com o governo da Colômbia e estamos trabalhando nesse sentido. Mas não se pode continuar essa campanha permanente contra o chefe de estado, as instituições e a democracia venezuelana. A revolução bolivariana tem de ser respeitada assim como o governo da Colômbia. Queremos voltar a desenvolver o comércio, os investimentos conjuntos, o intercâmbio em todas as áreas -- cultural, energética etc. Mas a partir de uma retificação profunda, do respeito mútuo e absoluto. Se isso não existir, não temos como fazer o diálogo avançar.
Nós queremos ter as melhores relações com o governo da Colômbia e estamos trabalhando nesse sentido. Mas não se pode continuar essa campanha permanente contra o chefe de estado, as instituições e a democracia venezuelana. A revolução bolivariana tem de ser respeitada assim como o governo da Colômbia. Queremos voltar a desenvolver o comércio, os investimentos conjuntos, o intercâmbio em todas as áreas -- cultural, energética etc. Mas a partir de uma retificação profunda, do respeito mútuo e absoluto. Se isso não existir, não temos como fazer o diálogo avançar.
Afeganistão: Relatórios secretos vazam e revelam conflito brutal
Guardian, UK (editorial) via Viomundo
Tradução Caia Fittipaldi
A névoa da guerra é excepcionalmente densa no Afeganistão. No momento
em que se dissipa, como hoje, com a publicação, pelo Guardian, de
excertos de relatos secretos de militares dos EUA, revela-se paisagem
muito diferente daquela a que nos habituamos. São relatos de guerra
escritos no calor da hora e mostram um conflito no qual reinam a mais
brutal confusão e todos os desacertos, sem qualquer plano ou projeto. Há
muitas diferenças entre o que mostram esses documentos e a guerra
organizada, bem embalada, da versão ‘pública’ dos comunicados oficiais e
dos flashes necessariamente resumidos de jornalistas incorporados à
tropa.
No material agora publicado há mais de 92 mil relatórios de ações dos
militares norte-americanos no Afeganistão entre janeiro de 2004 e
dezembro de 2009. Os arquivos foram distribuídos por Wikileaks, website
que publica material não rastreável de várias fontes. Em colaboração com
o New York Times e Der Spiegel, o Guardian trabalhou durante semanas
nesse oceano de dados, até extrair deles a textura oculta e as histórias
de horror humano que são o dia a dia da guerra.
Esse material teve de ser tratado como o que é: um relato
contemporâneo ao conflito. Alguns dos relatórios de inteligência não têm
fonte confirmada: alguns dos aspectos da contagem do número de mortes
entre civis não parecem confiáveis. São relatos – classificados como
secretos – enciclopédicos, mas incompletos. Foram removidas do que
adiante se lê todas as informações que ponham em risco a segurança dos
soldados, de informantes locais e de agentes colaboradores.
O quadro geral que emerge é extremamente perturbador. Há relatos de
cerca de 150 incidentes nos quais as forças da coalizão, inclusive
soldados britânicos, mataram e feriram civis, a maioria dos quais jamais
divulgados; de centenas de confrontos de fronteira entre soldados
afegãos e paquistaneses, de dois exércitos supostamente aliados; da
existência de uma unidade de forças especiais cuja única missão é
assassinar líderes Talibã e da al-Qaeda; do massacre de civis apanhados
em locais onde aconteçam explosões das bombas de fabricação caseira dos
Talibã; e uma longa lista de incidentes nos quais os soldados da
coalizão atiraram uns contra os outros, também envolvendo soldados
afegãos, com mortos e feridos.
Ao ler esses relatos, é fácil suspeitar de que reine por lá o mais
absoluto descaso pela vida de inocentes. Um ônibus que não para para uma
patrulha a pé é metralhado (4 passageiros mortos e 11 feridos). Os
documentos contam como, na caça a um guerrilheiro local, uma unidade das
Forças Especiais executou sete crianças. As crianças não eram
prioridade. Relato assinalado “Noforn” (ing. not for foreign elements of
the coalition, “proibido para elementos estrangeiros [não da coalizão,
locais, portanto]”) sugere que a prioridade daquela unidade foi
esconder, o mais rapidamente possível, o sistema de mísseis móveis que
haviam usado na ação.
Nesses documentos, as agências de inteligência do Irã e do Paquistão
organizam manifestações e tumultos. O Serviço Secreto do Paquistão
(Inter-Services Intelligence, ISI) tem ligações com os mais conhecidos
senhores-da-guerra. Diz-se que o ISI teria entregue 1.000 motocicletas a
Jalaluddin Haqqani, um desses senhor-da-guerra, para serem usadas em
ataques suicidas nas províncias de Khost e Logar, e que estariam
implicados em sequência impressionante de ações, desde atentados contra a
vida do presidente Hamid Karzai até o envenenamento dos carregamentos
de cerveja para os soldados ocidentais. São relatos que não há como
comprovar e é possível que sejam parte de uma barreira de falsa
informação distribuída pelo serviço secreto afegão.
Mas a resposta da Casa Branca ontem – que negou que o exército
paquistanês seja tão direta e especificamente ligado aos guerrilheiros
locais – basta, para que se tenha de definir como inaceitável o status
quo na guerra do Afeganistão.
Para a Casa Branca, os “paraísos seguros” para “terroristas” em
território paquistanês continuam a ser “ameaça intolerável” às forças
dos EUA. Sejam ou não, esse não é um Afeganistão que EUA ou Grã-Bretanha
estejam a alguns meses de entregar, embrulhado em papel de presente e
fitas cor-de-rosa, a um governo nacional soberano em Cabul. Antes,
exatamente o contrário. Depois de nove anos de guerra, o caos, sim,
ameaça tornar-se incontrolável. Guerra ostensivamente feita para
conquistar corações e mentes afegãs não será vencida do modo como as
coisas parecem estar, por lá.
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Multa abre caminho para punir multi poluidora
Brizola Neto em seu blog Tijolaco
Uma notícia que não saiu, que eu visse, em qualquer jornal brasileiro, é importantíssima. A Justiça da Holanda condenou a multinacional Trafigura -
que opera na comercialização de petróleo e derivados – em 1 milhão de
Euros por ter ocultado a natureza tóxica de uma carga de gasolina com
alto teor de enxofre, transportada no navio Probo Koala e
tê-la exportado para Abdijan, na Costa do Marfim, sem antes saber se
haveria condição de tratar lá este lixo tóxico. A multa é menos
importante pelo seu valor em dinheiro – a Trafigura teve um lucro 340
vezes maior, ano passado – do que pelo caminho que abre para que a
empresa responda em diversas cortes pela intoxicação que seu produto
causou em milhares de marfinenses, levando 16 deles à morte, em 2006.
No ano seguinte, a empresa teria feito um acordo com o governo da
Costa do Marfim para evitar processos e iniciou uma ofensiva contra os
meios de comunicação para abafar o escândalo.
A Trafigura entrou com uma ação judicial para proibir o jornal britânico The Guardian de publicar um documento – conhecido como Relatório Milton – no qual especialistas atribuíam os problemas em Abidjan aos resíduos do Probo Koala. O jornal foi proibido de mencionar não só o relatório, como o próprio recurso judicial da Trafigura. Mas os detalhes do Relatório Milton,
e o próprio documento, rapidamente começaram a circular na Internet. A
ação foi movida também contra a BBC, que teve censurada, no final do
ano passado, uma peça jornalística anterior, com o título “Dirty tricks
and toxic waste in the Ivory Coast” (“Jogos sujos e lixo tóxico na
Costa do Marfim”). A estatal, porém, não parou de noticiar o caso.
A nossa imprensa, que diz estar tendo sua liberdade “ameaçada” –
ninguém sabe como nem porque – não se interessou em noticiar nem o caso,
nem a tentativa de abafá-lo na imprensa.
O Novo Transcendente
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Frei Betto * Adital
A história da humanidade é uma história de sujeições. No período
pré-moderno, sujeição aos deuses do politeísmo, ao Deus do monoteísmo,
ao Rei da monarquia e ao Povo (sujeito abstrato) da República. Havia
sempre uma figura do Outro ao qual todos deveriam se reportar.
* Escritor e assessor de movimentos sociais
Esse Grande Outro prescrevia o certo e o errado, o bem e o mal, a
graça e o pecado, a lei e o crime. O mundo se configurava de acordo com
os preceitos do Grande Outro. As alternativas eram simples: sujeitar-se
sob promessa de recompensa ou rebelar-se sob risco de punição.
Na modernidade, o Outro se multiplicou, adquiriu várias faces, descentralizou-se na diversidade de ideologias, sistemas de governo e crenças religiosas. Tanto a antiguidade quanto a modernidade nos remetiam à transcendência, ainda que fundada na razão. Se não era Deus, era o Partido, o líder supremo, as ideias inquestionáveis. Algo ou alguém nos precedia e determinava o nosso comportamento, incutindo-nos gratificação ou culpa.
A pós-modernidade, em cuja porta de entrada nos encontramos, promete fazer de nós sujeitos livres de toda sujeição. Seria a volta ao protagonismo exacerbado, em que cada indivíduo é a medida de todas as coisas. Já não se vive em tempos de cosmogonias e cosmologias, teogonias e ideologias. Agora todos os tempos convergem simultaneamente ao espaço reduzido do aqui e agora. Graças às novas tecnologias de comunicação, tempo e espaço ganham dimensão holográfica: cabem em cada pequeno detalhe do aqui e agora. Será que, de fato, a pós-modernidade nos emancipa do transcendente e da transcendência? Introduz-nos no "desencantamento do mundo" apontado por Max Weber?
A resposta é não.
Há um novo Grande Outro que nos é imposto como paradigma inquestionável: o Mercado. As sedutoras imagens deste deus implacável são disseminadas por seu principal oráculo: a publicidade. À semelhança de seu homólogo de Delfos, nos adverte: "Dize o que consomes e eu te direi quem és".
O grande teólogo desse novo deus foi Adam Smith. Inspirado na física de Newton, em "A riqueza das nações" e "A teoria dos sentimentos morais", Smith aplicou à economia a metáfora religiosa do Grande Relojoeiro que preside o Universo.
O relógio funciona graças à precisão mecânica fabricada por alguém fora dele e invisível a quem o porta: o relojoeiro. Assim, na opinião de Newton, seria o Universo. Na de Smith, a vida social regida por interesses econômicos. A diferença é que o Deus Relojoeiro de Newton é chamado de Mão Invisível por Smith. Segundo este, o egoísmo de cada um, guiado pela Mão Invisível, promoveria o bem de todos...
É exatamente o que afirma Milton Friedman, líder da Escola de Chicago: "Os preços que emergem das transações voluntárias entre compradores e vendedores são capazes de coordenar a atividade de milhões de pessoas, sendo que cada uma conhece apenas o próprio interesse".
Esse o fundamento do pensamento liberal e do sistema capitalista. É o principio do laisser faire, deixar (deus) fazer. O que, traduzido em termos políticos, significa desregulamentar, não apenas as esferas econômicas e políticas, mas também a moral. Abaixo a ética de princípios e viva a ética de resultados! Nesse protagonismo pós-moderno, cada ego é a medida de todas as coisas. O que imprime ao sujeito (no sentido latino de sujeição, submissão) a impressão de autonomia e liberdade.
O resultado do novo paradigma centrado no deus Mercado todos conhecemos: degradação ambiental; guerras; gastos exorbitantes em armas, sistemas de defesa e segurança; narcotráfico e dependência química; esgarçamento dos vínculos familiares; depressão, frustração e infelicidade.
Ainda é tempo de professarmos o mais radical ateísmo frente ao deus Mercado e, iconoclastas, apelarmos à ética para introduzir, como paradigma, a generosidade, a partilha dos bens da Terra e dos frutos do trabalho, a felicidade centrada nas condições dignas de vida e no aprofundamento espiritual da subjetividade.
Isso, contudo, só será possível se não ficarmos restritos à esfera da autoajuda, das terapias tranquilizadoras da alma para suportarmos o estresse da competitividade, e nos mobilizarmos comunitariamente para organizar a esperança em novo projeto político fundado na globalização da solidariedade.
Eis o desafio ético que, como assinalou José Martí, será capaz de articular emancipação política e emancipação espiritual.
[Autor de "A arte de semear estrelas" (Rocco), entre outros livros. www.freibetto.org twitter:@freibetto
Na modernidade, o Outro se multiplicou, adquiriu várias faces, descentralizou-se na diversidade de ideologias, sistemas de governo e crenças religiosas. Tanto a antiguidade quanto a modernidade nos remetiam à transcendência, ainda que fundada na razão. Se não era Deus, era o Partido, o líder supremo, as ideias inquestionáveis. Algo ou alguém nos precedia e determinava o nosso comportamento, incutindo-nos gratificação ou culpa.
A pós-modernidade, em cuja porta de entrada nos encontramos, promete fazer de nós sujeitos livres de toda sujeição. Seria a volta ao protagonismo exacerbado, em que cada indivíduo é a medida de todas as coisas. Já não se vive em tempos de cosmogonias e cosmologias, teogonias e ideologias. Agora todos os tempos convergem simultaneamente ao espaço reduzido do aqui e agora. Graças às novas tecnologias de comunicação, tempo e espaço ganham dimensão holográfica: cabem em cada pequeno detalhe do aqui e agora. Será que, de fato, a pós-modernidade nos emancipa do transcendente e da transcendência? Introduz-nos no "desencantamento do mundo" apontado por Max Weber?
A resposta é não.
Há um novo Grande Outro que nos é imposto como paradigma inquestionável: o Mercado. As sedutoras imagens deste deus implacável são disseminadas por seu principal oráculo: a publicidade. À semelhança de seu homólogo de Delfos, nos adverte: "Dize o que consomes e eu te direi quem és".
O grande teólogo desse novo deus foi Adam Smith. Inspirado na física de Newton, em "A riqueza das nações" e "A teoria dos sentimentos morais", Smith aplicou à economia a metáfora religiosa do Grande Relojoeiro que preside o Universo.
O relógio funciona graças à precisão mecânica fabricada por alguém fora dele e invisível a quem o porta: o relojoeiro. Assim, na opinião de Newton, seria o Universo. Na de Smith, a vida social regida por interesses econômicos. A diferença é que o Deus Relojoeiro de Newton é chamado de Mão Invisível por Smith. Segundo este, o egoísmo de cada um, guiado pela Mão Invisível, promoveria o bem de todos...
É exatamente o que afirma Milton Friedman, líder da Escola de Chicago: "Os preços que emergem das transações voluntárias entre compradores e vendedores são capazes de coordenar a atividade de milhões de pessoas, sendo que cada uma conhece apenas o próprio interesse".
Esse o fundamento do pensamento liberal e do sistema capitalista. É o principio do laisser faire, deixar (deus) fazer. O que, traduzido em termos políticos, significa desregulamentar, não apenas as esferas econômicas e políticas, mas também a moral. Abaixo a ética de princípios e viva a ética de resultados! Nesse protagonismo pós-moderno, cada ego é a medida de todas as coisas. O que imprime ao sujeito (no sentido latino de sujeição, submissão) a impressão de autonomia e liberdade.
O resultado do novo paradigma centrado no deus Mercado todos conhecemos: degradação ambiental; guerras; gastos exorbitantes em armas, sistemas de defesa e segurança; narcotráfico e dependência química; esgarçamento dos vínculos familiares; depressão, frustração e infelicidade.
Ainda é tempo de professarmos o mais radical ateísmo frente ao deus Mercado e, iconoclastas, apelarmos à ética para introduzir, como paradigma, a generosidade, a partilha dos bens da Terra e dos frutos do trabalho, a felicidade centrada nas condições dignas de vida e no aprofundamento espiritual da subjetividade.
Isso, contudo, só será possível se não ficarmos restritos à esfera da autoajuda, das terapias tranquilizadoras da alma para suportarmos o estresse da competitividade, e nos mobilizarmos comunitariamente para organizar a esperança em novo projeto político fundado na globalização da solidariedade.
Eis o desafio ético que, como assinalou José Martí, será capaz de articular emancipação política e emancipação espiritual.
[Autor de "A arte de semear estrelas" (Rocco), entre outros livros. www.freibetto.org twitter:@freibetto
Copyright 2010 - FREI BETTO - Não é permitida a reprodução deste artigo
em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem
autorização do autor. Assine todos os artigos do escritor e os receberá
diretamente em seu e-mail. Contato - MHPAL - Agência Literária (mhpal@terra.com.br)].
* Escritor e assessor de movimentos sociais
Banrisul instala em agência sensor que limita uso de banheiro
Equipamento foi instalado em unidade na zona sul de Pelotas-RS. Sindicato dos Bancários denuncia nova forma de assédio moral e constrangimento no trabalho.
Algumas agências do Banrisul da
região Sul do Estado estão adotando uma prática que, apesar de
inconcebível no mundo atual, é cada vez mais frequente em algumas
empresas: o assédio moral, conduta abusiva que pode ser praticada
através de gestos, palavras, comportamentos, atitudes.
O Assédio Moral atenta, seja por sua repetição ou sistematização, contra a dignidade ou integridade física de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o ambiente de trabalho.
A situação numa determinada agência da região é talvez a que foi mais longe em termos de assédio: A gerência simplesmente instalou um sensor de presença nos banheiros da agência, onde os funcionários não podem permanecer por mais de um minuto, pois a luz se apaga após esse tempo.
Este é um inacreditável exemplo de onde o assédio pode chegar em termos de humilhação dos trabalhadores.
Essa exposição à tirania é mais frequente em relações hierárquicas autoritárias, nas quais predominam condutas negativas, relações desumanas de longa duração, exercidas por um ou mais chefes contra os subordinados, ocasionando a desestabilização da vítima com o ambiente de trabalho.
Veja algumas atitudes que caracterizam assédio moral:
O Assédio Moral atenta, seja por sua repetição ou sistematização, contra a dignidade ou integridade física de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o ambiente de trabalho.
A situação numa determinada agência da região é talvez a que foi mais longe em termos de assédio: A gerência simplesmente instalou um sensor de presença nos banheiros da agência, onde os funcionários não podem permanecer por mais de um minuto, pois a luz se apaga após esse tempo.
Este é um inacreditável exemplo de onde o assédio pode chegar em termos de humilhação dos trabalhadores.
Essa exposição à tirania é mais frequente em relações hierárquicas autoritárias, nas quais predominam condutas negativas, relações desumanas de longa duração, exercidas por um ou mais chefes contra os subordinados, ocasionando a desestabilização da vítima com o ambiente de trabalho.
Veja algumas atitudes que caracterizam assédio moral:
- Controlar o tempo de permanência no banheiro através de sensor de presença (mais de um minuto a luz se apaga)
- Funcionários humilhados por meio de broncas, gritos e até xingamentos, levando-os ao choro e muitas vezes ao desgaste emocional;
- Quando há prática antisindical. É atribuída ao Sindicato e seus dirigentes a culpa por questões que são legítimas de serem defendidas, como cumprimento de leis, boas condições de trabalho, melhores salários, manutenção do emprego;
- Relações interpessoais hierárquicas que dividem os colegas entre colaboradores e não colaboradores, prática que piora substancialmente o ambiente de trabalho.
Vocês produzem, nós ganhamos!
Waldemar Rossi - Correio da Cidadania | |
A euforia toma conta do mercado financeiro e a mídia nos mostra isso
como uma grande vitória do país. Muita gente, desabituada a ver as
notícias com olhos críticos, acaba por recebê-las com um grande sorriso
nos lábios. Segundo a crença popular, cuja opinião é formada pelos meios
de comunicação, isso é um sinal de que o país caminha certo e que nosso
povo, finalmente, "terá paz e sossego na vida", como se canta durante a
passagem do dia 31 de dezembro para o primeiro de janeiro. Desabituado a
acompanhar no dia a dia o "vai e vem da valsa" financeira, não percebe
que isto é um mero jogo fiscal e que quem ganha é exatamente quem vive
como urubu que se nutre da carniça dos outros.
No último dia 19 a imprensa nos revelou que grandes empresas investiram
12 bilhões de dólares no país, entre janeiro e maio, na ciranda
financeira dos altos juros que nosso governo garante e que são, segundo a
mesma imprensa, os juros mais altos de todo o planeta.
A idéia que passa pela cabeça do povo é que a entrada de mais dinheiro
no país significa mais produção, mais emprego e melhores condições de
vida para todos. Infelizmente, inúmeros militantes partidários crêem que
isto é bom para o país ou simplesmente repassam a "boa nova" como
mérito do governo, até porque estão encastelados em gabinetes de
parlamentares e se vêem forçados a aceitar a versão dos chefes, que lhes
garantem uma renda mensal, também tirada do bolso do povo a quem
enganam.
Muito ruim para o povo que vai se alimentando da ilusão. Não sabem que o
enorme lucro que tais empresas financeiras obtêm da noite para o dia é
fruto da espoliação aplicada em cima do próprio povo; que em vez de
gerar mais desenvolvimento e distribuição de renda o que tais
investimentos fazem é retirar lucro daquilo que é produzido pelos que
trabalham; que o governo compra esses dólares com "papéis" oficiais,
pagando os tais juros mais altos do planeta, e que esses dólares são
aplicados no criminoso "superávit primário", que por sua vez serve para
pagar os serviços da dívida pública, sem, porém, fazê-la baixar. Até
pelo contrário, porque a dívida pública continua crescendo a passos de
elefantes e velocidade de guepardo.
Em ano eleitoral, tudo o que se pode usar para alavancar candidaturas é
usado e tido pelos espertos como válido, num condenável raciocínio de
que os fins justificam os meios. Fala-se muita mentira e outro tanto de
meias verdades para enganar os menos informados. Assim, o governante de
plantão é tido como um estadista porque se locomove com desenvoltura no
cenário internacional. E como não é nada bobo, e até muito "raposa",
aproveita dessa popularidade plantada pelos meios de comunicação para se
legitimar.
Mal compreende a maioria dos brasileiros que tal popularidade é também, e
muito, fruto de um belo plano do capital nacional e internacional para
garantir sua continuidade (seja com "A" ou com "B"), para que não se
mate "a galinha de ovos de ouro" dos juros e da dívida eterna. Afinal,
como nos informou o próprio presidente, "nunca antes neste país os ricos
ganharam tanto dinheiro como neste governo". Lembram-se desta frase?
"Há dezesseis anos que faço viagens internacionais para ‘vender’ Brasil e
essa é a primeira vez que venho exclusivamente para trabalhar renda
fixa" (altos ganhos com juros assegurados), relatou Dalton Gardman,
responsável pela área de pesquisa em renda fixa do Bradesco. Precisa
dizer mais?
Pois é isto o que pensa o capital. Os donos do dinheiro querem e
planejam para que aconteça: os povos de países como o Brasil devem
trabalhar e produzir ao máximo, pagar bons impostos porque essa é a
fonte dos nossos interesses.
Nós produzimos e eles faturam às nossas custas! E o povo torce por "S" ou por "D" chegar ao governo!
Waldemar Rossi é metalúrgio aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.
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sábado, 24 de julho de 2010
Palavras de Mujica, presidente do Uruguai
Nesta vida, não se trata somente de produzir: também é preciso desfrutar.
Fonte: http://www.elfinancierocr.com/
Tradução: Renzo Bassanetti
Vocês sabem melhor do que ninguém que no conhecimento e na cultura não há só esforço, mas também prazer.
Dizem que as pessoas que correm pela Rambla (avenida à beira-mar em
Montevidéu) chegam num ponto em que entram em uma espécie de êxtase,
onde já não existe o cansaço e fica somente o prazer.
Creio que com o conhecimento e a cultura acontece a mesma coisa.
Chega-se a um ponto onde estudar, ou pesquisar, ou aprender, já não são
um esforço, mas sim um prazer.
Que bom seria se esses manjares estivessem à disposição de muitas pessoas!
Que bom seria se, na cesta de qualidade de vida que o Uruguai pode
oferecer à sua gente houvesse uma boa quantidade de consumos
intelectuais, não para ser elegante, mas sim para dar prazer.
Porque pode se desfrutar disso com a mesma intensidade com que se pode desfrutar um prato de talharim.
Não há uma lista obrigatória das coisas que nos fazem felizes!
Alguns podem pensar que o mundo ideal é um local repleto de shoppings centers. Nesse mundo, as pessoas são felizes porque todos podem sair cheios de sacolas de roupa nova e de caixas de eletrodomésticos.
Alguns podem pensar que o mundo ideal é um local repleto de shoppings centers. Nesse mundo, as pessoas são felizes porque todos podem sair cheios de sacolas de roupa nova e de caixas de eletrodomésticos.
Não tenho nada contra essa visão, digo somente que essa não é a única possível.
Digo que também podemos pensar em um país onde as pessoas escolhem
arrumar as coisas em vez de jogá-las fora, escolher um carro pequeno em
vez de um grande, escolher agasalhar-se em vez de aumentar a intensidade
da calefação.
Desperdiçar não é o que fazem as sociedades mais maduras.
Vão para a Holanda e vejam as ruas repletas de bicicletas.
Lá vocês vão se dar conta de que o consumismo não é a escolha da verdadeira aristocracia da humanidade.
É a escolha dos noveleiros e dos frívolos.
Os holandeses andam de bicicleta, usam-na para trabalhar mas também para ir aos concertos ou aos parques.
Isso é por que chegaram a um nível em que sua felicidade quotidiana se alimenta tanto de consumos materiais como intelectuais.
Dessa forma, amigos, vão e contagiem o prazer pelo conhecimento.
Paralelamente, minha modesta contribuição será de tratar de que os uruguaios andem de bicicletada em bicicletada.
A EDUCAÇÃO É O CAMINHO
E, amigos, a ponte entre este hoje e este amanhã que queremos tem um
nome e chama-se EDUCAÇÃO (com maiúsculas). E olhem que essa é uma ponte
comprida e difícil de atravessar, porque uma coisa é a retórica da
educação e outra coisa é que nos decidamos a fazer os sacrifícios que
implicam em lançar um grande esforço educativo ou sustentá-lo através do
tempo.
Os investimentos em educação são de lento rendimento, não atraem a
nenhum governo, mobilizam resistências e obrigam postergar outras
demandas, mas é necessário fazê-los.
Devemos isso a nossos filhos e nossos netos.
E é preciso fazê-lo agora, quando ainda está fresco o milagre
tecnológico da Internet e abrem-se oportunidades nunca vistas de acesso
ao conhecimento.
Eu me criei com o rádio, vi nascer a televisão, depois a televisão colorida, depois as transmissões via satélite.
Depois, resultou que na minha televisão apareciam quarenta canais,
incluindo os que transmitiam diretamente desde os Estados Unidos,
Espanha e Itália.
Depois, vieram os celulares e depois o computador, que no início só servia para processar números.
Em cada uma dessas vezes, fiquei com a boca aberta.
Mas agora, com a Internet, esgotou-se a capacidade da minha surpresa.
Sinto-me como aqueles humanos que viram a roda pela primeira vez.
Ou como os que viram o fogo pela primeira vez.
Estão se abrindo as portas de todas as bibliotecas e de todos os
museus; vão estar à disposição todas as revistas científicas e todos os
livros do mundo.
Provavelmente também todas os filmes e todas as músicas do mundo.
É estarrecedor.
Por isso, necessitamos que todos os uruguaios e, sobretudo, os uruguaiozinhos, saibam nadar nessa corrente.
É preciso entrar nessa corrente e navegar nela como um peixe na água.
Conseguiremos isso se está sólida a matriz intelectual da qual falamos antes.
Se nossas crianças sabem raciocinar nesse sentido e sabem fazer-se as perguntas que valem a pena.
É como uma rodovia de duas pistas, lá em cima o mundo do oceano da
informação, aqui em baixo preparando-nos para a navegação
transatlântica.
Escolas de turno integral, faculdades no interior, ensino superior
massificado. E, provavelmente, inglês desde o pré-escolar no ensino
público, porque o inglês não é o idioma que falam os ianques, é o idioma
com o qual os chineses se entendem com o mundo. Não podemos ficar de
fora.
Essas são as ferramentas que nos habilitam a interagir com a explosão
universal do conhecimento. Esse mundo novo não nos simplifica a vida,
mas a complica. Nos obriga a ir mais longe e mais fundo na educação.
Não há tarefa maior diante de nós.
Boicote Acadêmico contra Israel? Umberto Eco não entendeu nada
por PACBI
Este artigo de opinião tem uma história por trás. Quando o
duro artigo de opinião de Umberto Eco contra o boicote cultural a Israel
apareceu no jornal italiano
L'espresso
, a PACBI (The Palestinian Campaign
for the Academic and Cultural Boycott of Israel, A Campanha Palestina
para o Boicote Acadêmico e Cultural a Israel) decidiu que seria
necessário refutá-lo. Dois membros da PACBI contataram o jornal
através de um colega italiano para pedir que fosse publicada uma
refutação no jornal. Depois de muita negociação e
muitos emails trocados com um dos editores, a refutação foi
reduzida a um mínimo, e o jornal concordou em publicá-la em 2 de
julho de 2010 na sua
secção de cartas
. Todavia, ficou
aparente que a versão publicada fora ainda mais reduzida, e que as
identidades dos autores não haviam sido incluídas. Isto é
na realidade um triste comentário sobre o estado da liberdade de
imprensa na Itália, onde se permite que figuras influentes defendam
livremente Israel e seus atos criminosos enquanto àqueles que se
opõem não é concedido espaço para expressar sua
oposição a essas opiniões.
Em 14 de maio de 2010, nas páginas do L'espresso
[1]
, Umberto Eco atacou os crescentes esforços na Itália em apoio
à Palestinian Campaign for the Academic and Cultural Boycott of Israel
(PACBI), argumentando que "qualquer posição política,
qualquer polêmica contra um governo, não deveria envolver todo um
povo e uma cultura inteira”. Nós concordamos, Mas quão
relevante é isto para o debate sobre os méritos de um boicote
acadêmico contra Israel? Nossa campanha tem consistentemente mirado
Israel e suas instituições cúmplices, e não
indivíduos.
Uma das mais importante lições aprendidas a partir da luta global contra o apartheid na África do Sul é que recusar tratar nos termos habituais com instituições que são cúmplices em violações graves e persistentes dos direitos humanos não é somente justificado; é um dever ético para intelectuais conscientes em todo o mundo. Ao se tornarem coniventes com políticas contrárias à lei internacional e que infringem direitos fundamentais, as instituições tornam-se responsáveis e portanto imputáveis. Todas as instituições acadêmicas de Israel, sem exceção, estão nesta categoria, tornando imperativo o apelo ao seu boicote a fim de para apoiar os direitos palestinos e por fim à ocupação de Israel e ao sistema de discriminação racial que se enquadra na definição de apartheid da Convenção para a Supressão e Punição do Crime de Apartheid da ONU.
Numa época em que Israel está desconsiderando a lei internacional com completa impunidade, atacando embarcações civis que transportam ajuda humanitária para 1,5 milhões de palestinos que sofrem sob anos de um sítio ilegal israelense, matando e ferindo grande número de trabalhadores voluntários desarmados e outros ativistas, o silêncio acadêmico israelense é mais ruidoso que nunca. Mas isso era previsível. Nunca na sua história as instituições acadêmicas, associações profissionais ou organizações de acadêmicos de Israel condenaram a ocupação. Nunca vocalizaram qualquer oposição aos repetidos encerramentos militares de universidades palestinas, muitas vezes por quatro anos consecutivos, para não falar da negação de direitos sancionados pela ONU aos refugiados palestinos. Quando estudantes palestinos foram detidos durante a primeira intifada (1987-92) por portar livros técnicos ou professores presos por dar aulas "clandestinas", a academia israelense permaneceu vergonhosamente silenciosa, e os acadêmicos israelenses na maior parte continuaram a propagar a imagem enganosa de Israel como uma "democracia" esclarecida.
Israel, de fato, impôs um cerco estrito a instituições palestinas de educação superior durante as últimas três décadas. Que estas instituições tenham sobrevivido e estejam florescendo é um testemunho de sua determinação e perseverança em resistir a seu modo a um opressivo regime militar determinado a silenciar a voz da academia palestina. Em Gaza, Israel impõe um boicote acadêmico geral, entre outras formas de cerco, ao evitar a quase todos os estudantes entrarem ou sairem da Faixa. A última manifestação do cerco a universidades palestinas – boicote, na verdade – foi o ato arrogante e desdenhoso de Israel ao negar entrada ao renomado intelectual Noam Chomsky para falar na Birzeit University.
Compreendendo a arraigada conivência da academia israelense com as estruturas de opressão naquele país, o eminente historiador israelense Ilan Pappe declarou já em 2005 que "o boicote atingiu a academia porque a academia em Israel optou por ser oficial" [2] Citando a pesquisa de outro acadêmico israelense que mostrou que "de 9000 membros da academia em Israel, somente 30 a 40 estão ativamente engajados na leitura de críticas significativas, e um número menor, apenas três ou quatro, estão ensinando aos seus alunos de maneira crítica sobre o sionismo e assim por diante". Pappe conclui que "a academia escolheu ser a propaganda oficial de Israel. ... A academia é o mais importante embaixador de Israel na alegação de que somos a única democracia no Oriente Médio".
Durante a guerra de agressão de Israel a Gaza em 2008-2009, quando mais de 1400 pessoas, predominantemente civis, foram mortos, milhares de lares foram destruídos junto com dezenas de escolas e abrigos da ONU, hospitais e clínicas foram alvejados e a maior universidade palestina foi bombardeada por F-16's, a academia israelense não foi somente um "observador neutro". Várias universidades contribuíram ativamente para os crimes de guerra cometidos contra palestinos.
Por exemplo, a Universidade de Tel Aviv colaborou diretamente no desenvolvimento de armas e doutrinas militares que foram usadas na agressão maciça de Israel a Gaza, uma guerra que foi condenada pelo Relatório Goldstone e pela Assembléia Geral das Nações Unidas como constituindo crimes de guerra e possivelmente crimes contra a humanidade. [3]
Outras universidades em Israel não fizeram melhor. Um estudo [4] encomendado pelo Israeli Alternative Information Center (AIC – Centro de Informação Alternativa Israelense) documenta inúmeras facetas da cumplicidade acadêmica em Israel. O Ariel College foi construído em território ocupado palestino, tornando-o uma colônia "acadêmica" ilegal. Da mesma forma um dos dois campi da Universidade Hebraica, construído na Jerusalém Leste ocupada, em violação direta à Quarta Convenção de Genebra. O Technion desempenha um papel chave no desenvolvimento de sistemas de armamento usados contra civis palestinos. De fato, a cumplicidade institucional com as instituições militares e de segurança israelenses são a norma em toda a academia, que se orgulha abertamente desta parceria.
Mesmo a defesa das mais básicas exigências de liberdade acadêmica para palestinos sofre a oposição da esmagadora maioria dos acadêmicos israelenses. Ao expressar "grande preocupação com respeito à deterioração em curso do sistema de educação superior na Cisjordânia e na Faixa de Gaza", quatro acadêmicos judeus-israelenses em 2008 redigiram uma petição [5] pedindo ao seu governo que "permitisse a estudantes e professores livre acesso a todos os campi nos territórios...". Tendo sido a petição enviada para todos os 9.000 principais acadêmicos israelenses, somente 407 a assinaram – pouco mais de 4%.
Apesar da cumplicidade generalizada, a PACBI tem sistematicamente feito distinção clara entre visar instituições e visar acadêmicos individualmente; rejeitamos a segunda opção, focando todas as nossas energias num boicote institucional. Isso decorre da nossa oposição, de princípio, a testes políticos ou "listas negras".
Inspirados pela luta da África do Sul pela liberdade, a PACBI e o crescente número de campanhas de boicote acadêmico ao redor do mundo acreditam que a academia israelense não deveria ser automaticamente isentada do boicote, especialmente quando seu papel em disfarçar e perpetuar crimes de Guerra está fora de dúvida.
Uma das mais importante lições aprendidas a partir da luta global contra o apartheid na África do Sul é que recusar tratar nos termos habituais com instituições que são cúmplices em violações graves e persistentes dos direitos humanos não é somente justificado; é um dever ético para intelectuais conscientes em todo o mundo. Ao se tornarem coniventes com políticas contrárias à lei internacional e que infringem direitos fundamentais, as instituições tornam-se responsáveis e portanto imputáveis. Todas as instituições acadêmicas de Israel, sem exceção, estão nesta categoria, tornando imperativo o apelo ao seu boicote a fim de para apoiar os direitos palestinos e por fim à ocupação de Israel e ao sistema de discriminação racial que se enquadra na definição de apartheid da Convenção para a Supressão e Punição do Crime de Apartheid da ONU.
Numa época em que Israel está desconsiderando a lei internacional com completa impunidade, atacando embarcações civis que transportam ajuda humanitária para 1,5 milhões de palestinos que sofrem sob anos de um sítio ilegal israelense, matando e ferindo grande número de trabalhadores voluntários desarmados e outros ativistas, o silêncio acadêmico israelense é mais ruidoso que nunca. Mas isso era previsível. Nunca na sua história as instituições acadêmicas, associações profissionais ou organizações de acadêmicos de Israel condenaram a ocupação. Nunca vocalizaram qualquer oposição aos repetidos encerramentos militares de universidades palestinas, muitas vezes por quatro anos consecutivos, para não falar da negação de direitos sancionados pela ONU aos refugiados palestinos. Quando estudantes palestinos foram detidos durante a primeira intifada (1987-92) por portar livros técnicos ou professores presos por dar aulas "clandestinas", a academia israelense permaneceu vergonhosamente silenciosa, e os acadêmicos israelenses na maior parte continuaram a propagar a imagem enganosa de Israel como uma "democracia" esclarecida.
Israel, de fato, impôs um cerco estrito a instituições palestinas de educação superior durante as últimas três décadas. Que estas instituições tenham sobrevivido e estejam florescendo é um testemunho de sua determinação e perseverança em resistir a seu modo a um opressivo regime militar determinado a silenciar a voz da academia palestina. Em Gaza, Israel impõe um boicote acadêmico geral, entre outras formas de cerco, ao evitar a quase todos os estudantes entrarem ou sairem da Faixa. A última manifestação do cerco a universidades palestinas – boicote, na verdade – foi o ato arrogante e desdenhoso de Israel ao negar entrada ao renomado intelectual Noam Chomsky para falar na Birzeit University.
Compreendendo a arraigada conivência da academia israelense com as estruturas de opressão naquele país, o eminente historiador israelense Ilan Pappe declarou já em 2005 que "o boicote atingiu a academia porque a academia em Israel optou por ser oficial" [2] Citando a pesquisa de outro acadêmico israelense que mostrou que "de 9000 membros da academia em Israel, somente 30 a 40 estão ativamente engajados na leitura de críticas significativas, e um número menor, apenas três ou quatro, estão ensinando aos seus alunos de maneira crítica sobre o sionismo e assim por diante". Pappe conclui que "a academia escolheu ser a propaganda oficial de Israel. ... A academia é o mais importante embaixador de Israel na alegação de que somos a única democracia no Oriente Médio".
Durante a guerra de agressão de Israel a Gaza em 2008-2009, quando mais de 1400 pessoas, predominantemente civis, foram mortos, milhares de lares foram destruídos junto com dezenas de escolas e abrigos da ONU, hospitais e clínicas foram alvejados e a maior universidade palestina foi bombardeada por F-16's, a academia israelense não foi somente um "observador neutro". Várias universidades contribuíram ativamente para os crimes de guerra cometidos contra palestinos.
Por exemplo, a Universidade de Tel Aviv colaborou diretamente no desenvolvimento de armas e doutrinas militares que foram usadas na agressão maciça de Israel a Gaza, uma guerra que foi condenada pelo Relatório Goldstone e pela Assembléia Geral das Nações Unidas como constituindo crimes de guerra e possivelmente crimes contra a humanidade. [3]
Outras universidades em Israel não fizeram melhor. Um estudo [4] encomendado pelo Israeli Alternative Information Center (AIC – Centro de Informação Alternativa Israelense) documenta inúmeras facetas da cumplicidade acadêmica em Israel. O Ariel College foi construído em território ocupado palestino, tornando-o uma colônia "acadêmica" ilegal. Da mesma forma um dos dois campi da Universidade Hebraica, construído na Jerusalém Leste ocupada, em violação direta à Quarta Convenção de Genebra. O Technion desempenha um papel chave no desenvolvimento de sistemas de armamento usados contra civis palestinos. De fato, a cumplicidade institucional com as instituições militares e de segurança israelenses são a norma em toda a academia, que se orgulha abertamente desta parceria.
Mesmo a defesa das mais básicas exigências de liberdade acadêmica para palestinos sofre a oposição da esmagadora maioria dos acadêmicos israelenses. Ao expressar "grande preocupação com respeito à deterioração em curso do sistema de educação superior na Cisjordânia e na Faixa de Gaza", quatro acadêmicos judeus-israelenses em 2008 redigiram uma petição [5] pedindo ao seu governo que "permitisse a estudantes e professores livre acesso a todos os campi nos territórios...". Tendo sido a petição enviada para todos os 9.000 principais acadêmicos israelenses, somente 407 a assinaram – pouco mais de 4%.
Apesar da cumplicidade generalizada, a PACBI tem sistematicamente feito distinção clara entre visar instituições e visar acadêmicos individualmente; rejeitamos a segunda opção, focando todas as nossas energias num boicote institucional. Isso decorre da nossa oposição, de princípio, a testes políticos ou "listas negras".
Inspirados pela luta da África do Sul pela liberdade, a PACBI e o crescente número de campanhas de boicote acadêmico ao redor do mundo acreditam que a academia israelense não deveria ser automaticamente isentada do boicote, especialmente quando seu papel em disfarçar e perpetuar crimes de Guerra está fora de dúvida.
[2] Meron Rapoport, "Alone on the Barricades" (entrevista com Ilan Pappe), Haaretz. 6 May 2005
[3] www.electronicintifada.net/downloads/pdf/090708-soas-palestine-society.pdf
[4] alternativenews.org/images/stories/downloads/Economy_of_the_occupation_23-24.pdf
[5] www.pacbi.org/etemplate.php?id=792&key=407
O original encontra-se em www.odsg.org/... . Tradução de RMP.
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
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