sexta-feira, 22 de outubro de 2010

"A tomografia da fita crepe": desabafo de um eleitor tucano envergonhado

Saul Leblon no Carta Maior

NÃO SEI SE alguém se surpreendeu com as últimas pesquisas, que parecem consolidar a caminhada de Dilma rumo ao Palácio do Planalto.
Eu não.
A campanha de Serra é repulsiva, e acabou por afugentar do PSDB gente que, como eu, tradicionalmente opta pelo partido.
O episódio de ontem no Rio é apenas mais um de uma lista de pequenas trapaças de Serras. Ele é provavelmente a primeira pessoa no mundo a fazer tomografia por receber uma fita crepe na cabeça. O médico que o atendeu disse, constrangido, que o exame acusara o que todo mundo já sabia. Não havia problema nenhum.
Serra aproveitou para fazer fotos no hospital, em meio a extemporâneas e descabidas declarações de paz e amor hippie. “Não entendo política como violência”, disse ele. Serra entende política como uma forma de triturar todo mundo para chegar à presidência. O melhor quadro do PSDB para suceder FHC era Pedro Mallan, que foi sabotado de todas as formas por Serra.
Serra quer ser muito ser presidente. O problema é que os brasileiros não querem que ele seja.
Em farisaísmo, a tomografia da fita crepe equivale à célebre frase de Monica Serra segundo a qual Dilma é a favor de matar criancinhas. Não conheceríamos a capacidade de jogar baixo de Monica se um repórter não estivesse presente para registrar a ação maldosa da candidata a primeira-dama.
Dilma deve ganhar menos pelos seus méritos e até menos pelo apoio do Lula do que pelos vícios da campanha vale-tudo de Serra.
Ele tem que sair de cena para que o PSDB se renove.
É possível que ele arraste Aécio na queda, agora que repousam sobre o mineiro as esperanças de operar uma reviravolta. Dilma bateu Serra no primeiro turno, e Aécio disse que vai mudar isso. Faz alguns mandatos já que quem ganha em Minas leva a presidência, e por isso as esperanças se reabriram.
Só falta Aécio combinar com os mineiros.
A última pesquisa mostra que a distância de Dilma sobre Serra em Minas se ampliou em vez de diminuir.
Serra talvez possa culpar Aécio se a virada não aparecer, eassim prosseguir, como um interminável Galvão da política, mais alguns anos em sua louca cavalgada rumo à presidência, num titânico duelo de vontades contra os brasileiros.

A tarefa histórica e o rídiculo das bolinhas


Brizola Neto no TIJOLACO

Acho que a farsa montada por Serra para se fingir de vítima de uma suposta agressão está definitivamente desmascarada, embora ele e parte da mídia ainda tentarão sustentar artificialmente a questão. Mas maior que a falsidade do candidato tucano é o empobrecimento que ele traz para o que é o mais importante momento político na vida do país.
Ao ver os intermináveis 7 minutos (em televisão isso é uma eternidade) que o Jornal Nacional dedicou ao suposto objeto que teria atingido Serra, e que o professor da Universidade Federal de Santa Maria (veja o  post anterior) provou não ser absolutamente nada, lastimei o desperdício a que se dedicou o principal noticiário da TV brasileira, que deveria contribuir para trazer mais informações para a população brasileira.
Sei que não se pode esperar nada disso de Serra e nem da TV Globo, mas é triste ver que ao fim da primeira década do século 21 a política ainda é feita como no século 19. Qual a relevância de um candidato ter levado uma bolinha de papel ou qualquer outro objeto na cabeça? Políticos sempre foram alvo de agressões, que não se justificam, mas jamais isso virou tema de campanha. Quantos políticos já foram atingidos por ovos e outros objetos durante processos eleitorais e seguiram em frente, sem fazer do episódio um circo?
Aliás, se a TV Globo acha o assunto importante e digno de tanto tempo no seu principal telejornal, porque foi tão breve sobre os dois balões cheios d’água atirados contra Dilma, no Paraná? Poderia aproveitar o seu perito para calcular de onde partiram os balões, os seus pesos e a força do impacto caso tivessem acertado a candidata em cheio. Mas, como sempre nessa campanha, parece que o fato só interessa se pode servir de elemento para empurrar de alguma forma a emperrada candidatura de Serra.
É mesmo lamentável que quando temos à nossa frente um extraordinário horizonte de desenvolvimento social, com as possibilidades do pré-sal que podem transformar o Brasil de uma vez por todas num grande país, a população seja submetida a assistir uma lenga-lenga de bolinha e objetos voadores não identificados atraídos por determinada careca.
Temos um país maior para construir. Devemos denunciar essa política atrasada e miúda, mas nossa tarefa é outra.
Certo que temos que exorcizar o Brasil das forças que promovem esta “despolitização da política” e a manipulação da realidade através da mídia. Mas, acima disso, temos que estar juntos para garantir a vitória de Dilma e o prosseguimento de um grande projeto de nação. A história esquecerá desses episódios menores, que, no máximo, poderão ser lembrados pelo seu ridículo.

Nei Lisboa – Hein?! (1988)

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Créditos: UmQueTenha

IV Fórum Social Mundial das Migrações



Desafios e Propostas

Luiz BassegioLuciane Udovic

Entre os dias 08 a 12 de outubro, mais de 600 pessoas provenientes de 45 países e outras tantas, do Equador, estiverem em Quito, participando do IV FSMM, que tinha como lema: “Derrubando o Modelo e Construindo Atores – Povos em Movimento pela Cidadania Universal”. Os debates, mesas, seminário e oficinas foram em torno dos eixos: crise global e migrações, direitos humanos, diversidade, convivência e transformações sócio-culturais e novas formas de escravidão. Além dos seminários, um diálogo com o Fórum de Autoridades Locais – Cidades Abertas, a Assembléia dos Movimentos Sociais e a Marcha dos Movimentos Sociais, realizada em parceria com o Congresso da CLOC– Coordenadoria Latino americana de Organizações Campesinas com o lema: “Soberania Alimentar,   Dignidade e Cidadania Universal”.
 
Constatações
 
Vivemos uma crise do capitalismo. Uma crise econômica, financeira, energética, ambiental e alimentar. Uma crise que indica o fracasso da globalização neoliberal, com graves conseqüências sociais e ambientais para toda a humanidade. A crise põe em perigo a vida e sua produção bem como a existência da humanidade e do planeta.
 
As mudanças climáticas, resultado da degradação ambiental provocada pelo desenvolvimento capitalista, hoje é uma dura realidade. Carrega consigo transformações dramáticas nos ecossistemas e na vida de milhões de pessoas. O panorama pode ser ainda mais catastrófico. Mares que se elevam, secas ou enchentes que serão devastadoras. Estudos já indicam que na metade do século atual milhões de pessoas poderão estar fugindo de desastres naturais em busca de locais mais seguros onde possam sobreviver. Poderá ser o maior processo migratório na história.
 
Nas várias etapas do ciclo econômico mundial, há uma constante e sistemática violação de direitos humanos das pessoas migrantes, refugiados e desplazados nos países de origem, trânsito e destino.
 
As migrações internacionais apresentam grandes desafios com relação a interculturalidade, a multiculturalidade e a construção de identidades. Não há e nem podem existir hierarquias entre as distintas culturas, mas pelo contrário relações de complementaridade e de solidariedade.
 
Com o avanço da globalização, a abertura acelerada das economias nacionais, desmantelamento e privatização das estruturas estatais, a indústria do crime controla o aliciamento de pessoas e do tráfico de migrantes, valorizando as suas atividades, produzindo novas formas de escravidão, exploração humana e servidão nos diferentes fluxos migratórios mundiais
 
Encontro Cidades Abertas
 
Dando continuidade a uma iniciativa do FSMM, que realizou o primeiro encontro Cidades Abertas em Rivas-Vaciamadri, Espanha/2008, foi realizado em quito o II Fórum de Autoridades Locais. Na ocasião pudemos repassar e debater com os prefeitos e outras autoridades locais de diversos países as recomendações do Fórum Social Mundial das Migrações.
 
Os participantes do Fórum demandam às autoridades políticas públicas que garantam aos imigrantes acesso à saúde, educação, habitação, trabalho e seguridade humana; demandam também a construção de cenários de coesão social, favorecendo as dimensões da tolerância, integração e interculturalidade; exigem a participação política plena, garantindo os direitos civil e políticos que são a porta de entrada para a construção coletiva de nossas cidades, em particular, o direito de votar e de ser votado; processos de educação local que impeçam o medo ao diferente, que muitas vezes consolida os preconceitos e se convertem em práticas discriminatórias e finalmente a desburocratização dos serviços prestados aos imigrantes e que os mesmos seja de qualidade.
 
Marcha dos Movimentos Sociais e dos Migrantes
 
Merece destaque neste processo o fato da Marcha ter sido realizada em conjunto com a CLOC – Coordenadoria Latinoamericana de Organizações Campesinas, que realizou seu V Congresso, também em Quito, sob o lema: “Soberania Alimentar,   Dignidade e Cidadania Universal”.  A marcha foi uma articulação entre movimentos de campesinos e de imigrantes. A sintonia e unidade de luta foi visível durante a Marcha.  A diversidade de movimentos sociais não impediram que as bandeiras de luta fossem unificadas e reforçadas. Cerca de 5 mil vozes fizeram-se ouvir pelas ruas de Quito com gritos de guerra unificados como: “Si queremos e si nos da la gana, uma tierra unida, livre y soberana”; “ninguna persona es ilegal”; “migrantes unidos jamás serán vencidos”; ou ainda, “no queremos y no nos dá la gana, de ser uma colônia norte americana y si queremos y si nos da la gana América Latina, socialista y soberana”. Enfim, a luta era uma só: contra toda a forma de opressão. A Marcha unificada sinaliza que a articulação dos movimentos sociais é fato e fortalece a caminha para a construção de outro mundo possível.
 
Momento do Grito
 
Sendo o dia 12 de outubro a data que marca as mobilizações continentais do Grito dos Excluídos/as, pela simbologia da luta e resistência dos povos contra o colonialismo, ao final da marcha houve uma mística preparada pela delegação do Grito para marcar a data e se somar as inúmeras mobilizações que estavam ocorrendo em outros países. O Grito Equatoriano construiu um gigantesco protótipo de um avião e um barco, simbolizando os meios de transporte utilizados hoje pelos migrantes. Uma encenação mostrou ainda a dor de quem parte e a dor de quem fica a espera de que um dia se reencontrem e vivam com dignidade. Foi um momento de muita emoção e também de alegria quando os marchantes  migrantes desfilaram pela Praça São Francisco com o barco e o avião, dançando e cantando, e gritando: “Derrumbando el modelo, nadie es ilegal, pueblos em movimiento, por la ciudadania universal”.
 
Conclusões
 
Ao processo do FSMM apresenta-se o desafio de construir um novo paradigma civilizatório que garanta uma relação harmônica entre os direitos dos seres humanos e a mãe terra.
 
É necessária a construção de poderes locais, regionais, nacionais e mundiais, que permitam gradualmente ir conquistando espaço na definição de agendas públicas, programas e projetos.
 
Outro desafio, na construção de novos atores, aponta para a incorporação de crianças, adolescentes e jovens assegurando a incorporação de suas propostas e a participação efetiva no processo.
 
É preciso o respeito irrestrito aos direitos humanos das pessoas migrantes e o fechamento de todos os centros de internamento e de detenção no mundo e que sejam suprimidas as “redadas” e as deportações de milhares de migrantes nos países de trânsito e de destino; devem ser denunciados todos os meios de comunicação que criminalizam os migrantes e que incitam à xenofobia e o racismo.
 
O FSMM deve reiterar sua solidariedade aos povos do mundo especialmente ao povo palestino, colombiano e iraquianos.
 
Exigir que os países assinem, ratifiquem e ponham em prática a Convenção Internacional sobre os Direitos de todos os Trabalhadores Migrantes e de suas Famílias.
 
Cabe ao Fórum também o compromisso da contribuir na construção de um novo modelo civilizatório que privilegie a vida, a integração dos povos, a harmonia entre as mulheres, os homens e a natureza garantindo a sustentabilidade da humanidade e da Madre Terra para os próximos milênios.
 
Próximo Fórum
 
Durante a Assembléia dos Movimentos Sociais foi oficializado que a sede da quinta edição do FSMM será na Coréia do Sul.  Ao receber a noticia, o trabalhador migrante, representando a rede de movimentos sociais da Coréia, sensibilizado, fez um pronunciamento. Ainda que em coreano, a plenária se emocionou com sua reação. Uma colega também coreana, traduzia para o inglês e um imigrante dos EUA, traduzia para o espanhol. Porém o espírito de luta, garra e compromisso evidenciado neste migrante coreano dispensou palavras e traduções. Nos fez ver e sentir que a luta e o desejo de cidadania plena não tem fronteiras. A assim segue o Forum Social Mundial das Migrações: povos em movimento, ultrapassando fronteiras, por cidadania universal.
 
- Luiz Bassegio e Luciane Udovic, da Secretaria Continental do Grito dos Excluídos/as

A mais imunda campanha no período pós-redemocratização

Charge de Latuff


José Dirceu no Patria Latina

Episódios de baixaria mostram como age José Serra...
Depois das filhas do engenheiro Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto - uma contratada no gabinete de governador de José Serra e a outra num escritório de advocacia que tem entre seus clientes empreiteiras que trabalham com a DERSA - temos nessa questão dos panfletos (veja nota acima) mais uma prova de como agem o tucanato e o presidenciável da oposiçã, José Serra (PSDB-DEM-PPS). Paulo Preto é acusado de sumir com R$ 4 milhões da campanha eleitoral dos tucanos.
Agora, é descobrir quanto custa a impressão de 20 milhões de panfletos, como ia ser paga e quem pagaria. Apesar do responsável pela encomenda Kelmon Luís de Souza, da Diocese de Guarulhos (SP), afirmar que seria por "doações pesadas de quatro ou cinco fiéis", o mais provável é que isto fosse pago pelo Caixa Dois da campanha de José Serra.
A propósito da apreensão dos panfletos, os bispos da Regional Sul 1 da CNBB - São Paulo (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) divulgaram nota na qual antecipam que não patrocinam a impressão e a difusão de folhetos. "A Regional Sul 1 da CNBB desaprova a instrumentalização de suas declarações e notas e enfatiza que não patrocina a impressão e a difusão de folhetos a favor ou contra candidatos", diz a nota da CNBB divulgada em Indaiatuba (SP) e assinada pelo bispo de Santo André (SP) dom Nelson Westrupp.
Regional da CNBB exime-se de responsabilidade
A nota da Regional 1 - CNBB foi divulgada após reunião de 50 bispos que a integram, por duas horas, no sábado, quando concluíram que a entidade cometeu um erro em texto divulgado em agosto (já retirado do site da regional) sobre a eleição, quando fez referências ao PT e a nossa candidata, Dilma Rousseff (governo-PT-partidos aliados).
"O erro foi a apresentação de siglas partidárias. Isso não poderia ter acontecido", explicou o bispo de Limeira, d. Vilson Dias de Oliveira.
Eu espero que as investigações policiais descubram por que o panfleto com calúnias contra Dilma foi impresso na gráfica de uma militante do PSDB? Quem realmente pagou a impressão? Onde seriam distribuídos os panfletos? Onde estão os outros milhões de folhetos, se foi apreendido um milhão e a encomenda foi para imprimir 20 milhões?
Independente das conclusões, vivemos, assim, mais um capítulo da guerra suja travada nessa que já é a mais imunda campanha presidencial, desde a redemocratização do Brasil em 1985.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Tibetanos protestam por livre uso do idioma seja permitido


Pelo menos mil estudantes de origem tibetana fizeram um protesto na última terça-feira no oeste da China contra as restrições ao uso da sua língua nativa, segundo moradores e entidades de direitos humanos.
tibet livre
O Free Tibet afirmou, baseado em relatos,que a passeata reuniu de 5 mil a 9 mil jovens
A manifestação ocorreu na cidade de Tongren (também conhecida como Rebkong), sem interferência policial, de acordo com moradores ouvidos por telefone e com o relato da entidade londrina Free Tibet.
Tongren fica na província chinesa de Qinghai, e tem forte presença tibetana. O Dalai Lama, líder espiritual tibetano no exílio, nasceu nessa região.
Três moradores disseram que pelo menos mil estudantes participaram da passeata, gritando slogans pela proteção da sua cultura.
– A polícia não se envolveu.(Os manifestantes) foram para casa no começo da tarde, depois que funcionários do governo vieram conversar com eles. Disse um morador, pedindo anonimato.
Esse morador acrescentou que não há uma presença policial mais ostensiva na cidade depois do incidente. Procurados pela Reuters, os governos municipal e provincial não se manifestaram.
O Free Tibet afirmou, com base no relato de testemunhas, que a passeata reuniu de 5 mil a 9 mil jovens, motivados por uma nova regra que limita o uso do idioma tibetano nas escolas, e impõe o chinês mandarim como língua a ser usada no ensino da maioria das disciplinas.
– Os chineses estão impondo reformas que me lembram a Revolução Cultural –, disse, segundo relato do grupo, um ex-professor de Tongren, não-identificado, aludindo ao período mais radical do regime comunista chinês, entre 1966 e 76.
– Esta reforma é não só uma ameaça à nossa língua materna, mas também uma violação direta da Constituição chinesa, que deveria proteger nossos direitos. Concluiu.
A China governa o Tibete com mão de ferro desde que o Exército de Libertação Popular (comunista) ocupou a região, em 1950. Mas em geral o regime dá uma liberdade muito maior a tibetanos em outras regiões, como Qinghai.
O tibetano é idioma oficial no Tibete e em partes da China onde os tibetanos são tradicionalmente o principal grupo étnico. O governo chinês há décadas promove o mandarim como uma forma de unificar este país tão diversificado, e muitos tibetanos dizem não ter opção senão aprender o mandarim se quiserem progredir na China moderna.
Em março de 2008, pelo menos 19 pessoas morreram em protestos contra o domínio chinês em áreas tibetanas. Grupos tibetanos no exílio dizem que mais de 200 pessoas morreram na repressão subsequente, e protestos esporádicos continuam ocorrendo desde então.

"Serra representa Brasil submisso aos interesses dos EUA"


Em entrevista à Carta Maior, o historiador Luiz Alberto Moniz Bandeira afirma que o processo eleitoral brasileiro está infectado por uma intensa campanha terrorista e uma guerra psicológica promovido pela direita e por grupos de extrema-direita, como TFP, Opus Dei e núcleos nazistas do Sul do país. Para Moniz Bandeira, projeto representado por José Serra é o "do Brasil submisso às diretrizes dos Estados Unidos, com sua economia privatizada e alienada aos interesses aos estrangeiros".
CM: Qual a sua avaliação sobre o processo eleitoral brasileiro e sobre a disputa que ocorre agora no segundo turno? Como o sr. caracterizaria os dois projetos em disputa?

Moniz Bandeira: O atual processo eleitoral está infectado por uma intensa campanha terrorista, uma guerra psicológica, promovida não apenas direita, mas pela extrema-direita, como a TFP, OPUS DEI e núcleos nazistas do Sul, e sustentada por interesses estrangeiros, que financiam a campanha contra a política exterior do presidente Lula , pois não querem que o Brasil se projete mais e mais como potência política global. Os dois projetos em disputam são definidos: o Brasil como potência econômica e política global, socialmente justo, militarmente forte, defendido pela candidata do PT, Dilma Roussef; o outro, representado por José Serra candidato do PSDB-DEM, é o do Brasil submisso às diretrizes dos Estados Unidos, com sua economia privatizada e alienada aos interesses aos estrangeiros.

Evidentemente, os Estados Unidos, quaisquer que seja seu governo, não querem que o Brasil se consolide como potência econômica e política global, integrando toda a América do Sul como um espaço geopolítico com maior autonomia internacional.

CM: Falando sobre política externa, o sr. poderia detalhar um pouco mais o que, na sua visão, as duas candidaturas representam?

MB: A mudança dos rumos da política externa, como José Serra e seus mentores diplomáticos pretendem, teria profundas implicações para a estratégia de defesa e segurança nacional. Ela significaria o fim do programa de reaparelhamento e modernização das Forças Armadas, a suspensão definitiva da construção do submarino nuclear e a paralisação do desenvolvimento de tecnologias sensíveis, ora em curso mediante cooperação com a França e a Alemanha, países que se dispuseram a transferir know-how para o Brasil, ao contrário dos Estados Unidos. Essa mudança de rumos, defendida pelos mentores de José Serra em política externa, levaria o Brasil a aceitar a tese de que o conceito de soberania nacional desaparece num mundo globalizado e, com isto, permitir a formação de Estados supostamente indígenas, em regiões da Amazônia, como querem muitas 100 ONGs que lá atuam.

CM: E na América Latina? O Brasil aparece hoje como um fator estimulador e fortalecedor de um processo de integração ainda em curso. Que tipo de ameaça, uma eventual vitória de José Serra representaria para esse processo?

MB: José Serra já se declarou, desde a campanha de 2002, contra o Mercosul, como união aduaneira, e sua transformação em uma área de livre comércio, compatível com o projeto da ALCA, que os Estados Unidos tratavam de impor aos países da América do Sul e que o Brasil, apoiado pela Argentina, obstaculizou. Se a ALCA houvesse sido implantada, a situação do Brasil seria desastrosa, como conseqüência da profunda crise econômica e financeira dos Estados Unidos, como aconteceu com o México.

José Serra também criou recentemente problemas, fazendo declarações ofensivas à Argentina, Bolívia e Venezuela, países com os quais o Brasil tem necessariamente de manter muitos boas relações, goste ou não goste de seus governantes. Trata-se do interesse nacional e não de idiossincrasia política.

CM: Na sua avaliação, quais foram as mudanças mais significativas da política externa brasileira, que devem ser preservadas?

MB: O governo do presidente Lula, tendo o embaixador Celso Amorim como chanceler, considerado pela revista Foreign Policy, dos Estados Unidos, como o melhor do mundo, na atualidade, alargou as fronteiras diplomáticas do Brasil. Seus resultados são visíveis em números: sob o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, as exportações do Brasil cresceram apenas 14 bilhões, subindo de 47 bilhões de dólares em 1995 para 61 bilhões em 2002. No governo do presidente Lula, as exportações brasileiras saltaram de 73 bilhões de dólares, em 2003, para 145 bilhões em 2010: dobraram. Aumentaram 72 bilhões , cinco vezes mais, do que no governo de Fernando Henrique Cardoso.

Essas cifras evidenciam o êxito da política externa brasileira, abrindo e diversificando os mercados no exterior. Mas há outro fato que vale ressaltar, para mostrar a projeção internacional que o Brasil. Em dezembro de 2002, último ano do governo de Fernando Henrique Cardoso, as reservas brasileiras eram de apenas 38 bilhões de dólares... Sob o governo Lula, as reservas brasileiras saltaram de 49 bilhões de dólares, em 2003, para 280 bilhões de dólares em outubro de 2010. Aumentaram sete vezes mais do que no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Tais números representam uma enorme redução da vulnerabilidade do Brasil.

É bom recordar que, logo após o presidente Fernando Henrique Cardoso inaugurar seu segundo mandato, em apenas seis dias, entre 6 e 12 de janeiro de 1999, o Brasil perdeu mais de 2 bilhões de dólares para os especuladores e investidores, que intensificaram o câmbio de reais por dólares, aproveitando ainda a taxa elevada, e suas reservas caíram mais de 4,8 bilhões bilhões, em apenas dois dias, ou seja, de 13 para 14 de janeiro.

Os capitais, em torno de 500 milhões de dólares por dia, continuaram a fugir ante o medo de que o governo congelasse as contas bancárias e decretasse a moratória. E os bancos estrangeiros cortaram 1/3 dos US$ 60 bilhões em linhas de crédito interbancário a curto prazo, que haviam fornecido ao Brasil desde agosto de 1998. A fim de não mais perder reservas, com a intensa fuga de capitais, não restou ao governo de Fernando Henrique Cardoso alternativa senão abandonar as desvalorizações controladas do real e deixá-lo flutuar, com a implantação do câmbio livre.

CM: O sr. poderia apontar uma diferença que considera fundamental entre os governos Lula e FHC?

MB: Comparar os dois governo ocuparia muito espaço na entrevista. Porém apenas um fato mostra a diferença: o chanceler Celso Amorim esteve nos Estados Unidos inúmeras vezes e nunca tirou os sapatos, ao chegar no aeroporto, para ser vistoriado pelos policiais do serviço de controle. O professor Celso Lafer, chanceler no governo de Fernando Henrique Cardoso, submeteu-se a esse vexame, humilhando-se, degradando sua função de ministro de Estados e o próprio país, o Brasil, que representava. E é este homem que ataca a política exterior do presidente Lula e é um mentores de José Serra, cujo governo, aliás, seria muito pior do que o de Fernando Henrique Cardoso.

Bloqueio dos EUA castiga em dobro cubanos com câncer

Escrito por Erica Soares  no Prensa Latina 
miércoles, 20 de octubre de 2010
Imagen activa O bloqueio econômico, financeiro e comercial imposto pelos Estados Unidos a Cuba desde há quase meio século incide de maneira severa sobre os que padecem de câncer, impossibilitados de prolongar sua vida por falta de tecnologias e medicamentos.

  Essa pertinaz política já ocasionou à maior das Antilhas perdas valorizadas em 751 bilhões 363 milhões de dólares.

Uma das entidades mais golpeada em todos estes anos é o Instituto de Oncologia e Radiobiologia.

De acordo com o relatório "Necessidade de pôr fim ao bloqueio econômico, financeiro e comercial imposto pelos Estados Unidos contra Cuba" que apresentará Havana no próximo dia 26 de outubro na Assembleia Geral das Nações Unidas, esse prestigioso centro científico está privado de obter vários medicamentos, equipamentos médicos e reposições.

Dita entidade não tem possibilidade alguma de empregar placas de Iodo Radioativo no tratamento de crianças e adultos que padecem do tumor retinoblastoma porque apenas são vendidas nos Estádios Unidos, assinala o texto.

Esta tecnologia é largamente utilizada nos menores, dado que permite tratar o tumor de retina, conservando a visão do olho afetado e a estética do rosto.

Ante esta carência, a única alternativa é a extirpação de um olho e em outros casos os dois, procedimento que, ademais invasivo, acarreta sérias limitações para a vida.

Cuba -assinala o documento- não tem acesso ao medicamento de Temozolomide (Temodar), citostático específico para o uso de tumores do sistema nervoso central (glioma e astrocitomas).

Esta doença afeta aproximadamente 250 pacientes por ano, dos quais ao redor de 30 são crianças, indica o texto.

O uso deste medicamento aumentaria significativamente a sobrevivência e qualidade de vida dos pacientes, já que o mesmo tem poucos efeitos adversos e é de relativa fácil administração em comparação com outros.

Fundação denuncia esquema golpista patrocinado pela CIA no Brasil



Não bastasse o governador eleito do Rio Grande do Sul e ex-ministro da Justiça, Tarso Genro, denunciar “uma campanha de golpismo político só semelhante aos eventos que ocorreram em 1964 para preparar as ofensivas” contra o então governo estabelecido, o jornal da Strategic Culture Foundation – a partir de sua seção norte-americana, especializada em geopolítica – publicou, nesta semana, reflexão na qual avalia o esforço dos setores mais conservadores dos EUA para denegrir as “imaturas” democracias da América Latina e do Caribe.
No artigo intitulado “Elections in Brazil and the US Intelligence Community” (Eleições no Brasil e a comunidade de inteligência dos EUA), assinado pelo analista Nil Nikandrov, a instituição lembra que “o Brasil nunca pediu permissão para afirmar o seu direito à soberania e à posição de independência na política internacional em causa ao longo dos oito anos da presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, e era amplamente esperado que G. Bush acabaria por perder a paciência e tentar domar o líder brasileiro. Nada disso aconteceu, embora, evidentemente, porque os EUA se sentiram sobrecarregados demais com problemas com a Venezuela para ficar trancado em um conflito adicional na América Latina”.
A Estrategic Cultural Foundation aborda a questão geopolítica mundial
A Estrategic Cultural Foundation aborda a questão geopolítica mundial
Leia os principais trechos do artigo:
“Falando aos diplomatas e agentes de inteligência na Embaixada dos EUA no Brasil em março de 2010, a Secretária de Estado, Hillary Clinton enfatizou: ‘na administração Obama, estamos tentando aprofundar e alargar as nossas relações com um certo número de países estratégicos e o Brasil está no topo da lista. Este é um país que realmente importa. E é um país que está tentando muito duro para cumprir a sua promessa ao seu povo de um futuro melhor. E assim, juntos, os Estados Unidos e o Brasil tem que liderar o caminho para os povos deste hemisfério”.
“Vale ressaltar que H. Clinton credita ao Brasil nada menos do que o direito de mostrar o caminho para outras nações, embora de mãos dadas com Washington. Para este último, o caminho é o de suprimir as iniciativas socialistas em todo o continente, de se abster de juntar projetos de integração regional a menos que sejam patrocinados pelos EUA, para se opor aos esforços dos populistas que visam formar um bloco latino-americano de defesa, e para impedir a crescente expansão econômica chinesa.
“Os EUA nomeou o ex-chefe do Departamento de Estado de Assuntos do Hemisfério Ocidental e um passaporte diplomático, com uma reputação dúbia Thomas A. Shannon como novo embaixador para o Brasil às vésperas das eleições no país. Ele se esforçou para convencer o presidente do Brasil para alinhar o país com os EUA e a adotar políticas internacionais menos independentes. Washington ofereceu vantagens ao Brasil como maior cooperação na produção de combustíveis renováveis, consentiram em que estabelece uma divisão da Boeing no país, e assinou uma série de acordos com as indústrias de defesa brasileira, incluindo a comissão de 200 aviões Tucano para a Força Aérea dos EUA.
“O presidente Lula não aceitou. Ele teimosamente manteve a parceria com a H. Chavez e Morales J. esteve em Havana e Teerã, condenou o golpe pró-EUA em Honduras, e até mesmo se comprometeu a desenvolver um setor nacional de energia nuclear. Ele propôs Dilma Rousseff – uma candidata séria, para esperar para orientar um curso da mesma forma independente – como seu sucessor. É alarmante para Washington, Dilma era membro do Partido Comunista e integrou a Vanguarda Armada Revolucionária – nomeadamente, com o pseudônimo de Joana d’Arc, na década de 1970. Ela foi traída por um agente do governo, depois presa, torturada sob os métodos que a CIA ensinou na Escola das Américas, e teve que passar três anos na cadeia. Por isso, mesmo décadas depois Rousseff não é a pessoa da qual se possa esperar que seja um grande fã dos EUA.
“A campanha de Dilma ganhou força gradualmente e as sondagens começaram a dar-lhe um lugar na corrida à frente do candidato de direita, José Serra. Jornalistas ‘amigos-da-américa (do norte)’ e agentes da CIA sondaram a sua disponibilidade para forjar um acordo secreto com Washington e então descobriu-se que o plano não teve chance porque Rousseff firmemente prometera fidelidade ao curso do presidente Lula. A CIA reagiu a tentativa de manchar Rousseff, e os meios de comunicação de imediato lançaram o mito sobre o seu extremismo. Encontraram informantes da polícia, que posaram como “testemunhas” de seu envolvimento em assaltos a bancos para os quais pretendia pegar o dinheiro para apoiar o terrorismo no Brasil. A mídia conservadora travara uma guerra de classificações e elogios em coro pró-EUA, José Serra como o incontestado favorito e Dilma – como um rival puramente nominal. Estabilizada a situação, no entanto, Dilma Rousseff finalmente emergiu como a líder da campanha, graças a um apoio pessoal do presidente Lula.
“Ainda assim, a pontuação de Rousseff caiu de 3% a 4%, tirando a chance de vencer ainda no primeiro turno das eleições. O resultado do segundo turno dependerá em grande parte os defensores de Marina da Silva Vaz de Lima, do Partido Verde, que ocupou o terceiro lugar nas eleições, com 19% dos votos. A guerra entre os militantes do PV está declarada e Shannon irá tentar de todos os meios para quebrar uma aliança entre Serra e Silva.
“O time de Dilma visivelmente perdeu o tom triunfalista inicial – o segundo turno é um jogo difícil, e o adversário de seu candidato está implicitamente apoiado por um império poderoso e cheio de recursos que é conhecido por ter impulsionado rotineiramente candidatos à esperança para a vitória. A mídia no Brasil – O Globo, as editoras Abril, como Folha de S. Paulo e a revista Veja – estão ocupados em lavagem lavagem cerebral do eleitorado do país.
“A equipe de Shannon está enfrentando a missão de ajudar ‘novas forças’ menos propensas a desafiar Washington e ajudar a obter um controle sobre o poder no Brasil.  A CIA emprega ex-policiais brasileiros demitidos de seus cargos por várias razões, para fazer o trabalho de campo como a vigilância, as invasões a apartamentos, roubos de dados de computador, e chantagem. Na maioria dos casos, estes são os indivíduos com tendências ultradireitistas que consideram Serra como seu candidato.  Ministérios do Brasil, comunidades de inteligência e complexo militar-industrial estão fortemente infiltradas por agentes dos EUA. A embaixada dos EUA e do pessoal do consulado no Brasil inclui cerca de 40 dentre a CIA, DEA, FBI, agentes de inteligência e do exército, e têm planos para abrir dez novos consulados nas principais cidades do Brasil, como Manaus, na Amazônia.
“Embora o Departamento de Estado dos EUA esteja empenhado em reduzir o tamanho da representação diplomática no mundo, em um esforço para cortar despesas orçamentais, o Brasil continua sendo uma exceção à regra. O país tem um potencial para se estabelecer como uma força contrária na geopolítica para os EUA no Hemisfério Ocidental dentro dos próximos 15 a 20 anos e as administrações dos EUA – tanto republicanos quanto democratas – estão preocupados com a tarefa de impedi-la de assumir o papel”.

Tradução: CdB

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

10 coisas que devemos fazer para garantir a vitória da Dilma

Emir Sader no Carta Maior


1. Conversar com quem não pretende votar nela, argumentar sobre as razões pelas quais você vai votar, ouvir as razões do voto da pessoa e contra argumentar.

2. Sair com plásticos, bandeiras, bottons, tudo o que identifique nosso voto.

3. Acionar redes de internet com freqüência, reenviar mensagens, responder outras, escrever e mandar – em suma, fazer circular ao máximo as mensagens que acredita que possam favorecer o voto na Dilma.

4. Denunciar sistematicamente, multiplicando pelos endereços já existentes, a rede de calúnias que a direita continua a fazer circular.

5. Fazer circular especificamente as declarações da Dilma e do Lula.

6. Tomar a iniciativa de marcar atividades – seja com grupos de propaganda nas ruas, seja em debates nos setores onde exista certo número de indecisos, de gente que pensa votar em branco ou passível de ser convencido do voto pela Dilma.

7. Fazer campanha sistematicamente para que as pessoas votem, só viajando depois de fazê-lo, caso pensem viajar.

8. Ir votar, se possível, com algo de vermelho na roupa.

9. Reiterar a necessidade dos eleitores terem que levar algum documento com foto.

10. Não nos fiarmos nas expectativas geradas pelas pesquisas e disputar votos até o último momento, para garantirmos a vitória da Dilma.