Paulo Metri no Correio da Cidadania | |
No processo de dominação cultural de uma sociedade, muitos de seus
membros tomam ações que não a favorecem, sem consciência do dano que
elas causam. Tomam-nas por cópia de padrão corriqueiro vindo do passado
ou influência proposital de terceiros, que são conscientes do dano. A
busca por influenciar o pensamento da sociedade é quase como uma guerra
de propaganda e muitos estratagemas são utilizados. Desta dominação, o
usufrutuário pode ficar com a melhor parte do comércio internacional ou
ter acesso a recursos minerais estratégicos e escassos ou receber
polpudos royalties por trabalhos intelectuais etc. Portanto,
está-se falando de algo de valor que influencia enormemente o bem-estar
da população de um país. A partir deste ponto, vão ser descritas várias
situações em que esta dominação está presente.
Observem o pensamento bastante elaborado que os países do mundo não
devem competir em todos os produtos comercializados mundialmente,
passando-se a evitar taxações protecionistas e subsídios, de forma que
cada um ganhe somente os mercados daqueles produtos para os quais tem
"vocação natural", ou seja, aqueles produtos para os quais possui
vantagens comparativas. E vão além dizendo que, desta forma, todos os
países saem ganhando, pois todos os produtos estarão sendo ofertados
para todos por quem os pode produzir pelos menores preços.
Uma tese do pensamento acadêmico, dentro da Teoria dos Jogos, foi
providenciada para embasar o raciocínio anterior e, ainda mais, uma
premiação do Nobel, hoje já bastante desgastada, foi entregue ao seu
autor por respaldar brilhantemente o pensamento, sem se ater ao fato que
ele é correto dentro de limites. Este posicionamento reproduz, para
todo o sempre, o instante de início de aplicação da tese. Fica vedado a
qualquer sociedade, que busca crescer, a possibilidade de migrar para
produtos com maior conteúdo tecnológico, para poder ter maior usufruto
do comércio mundial, ou seja, países ficam proibidos de adquirir
"vocações". Certamente, a teoria citada tinha beneficiários poderosos e
vingou exatamente por ir ao encontro de seus interesses. Notar que esta
tese só é válida para os subdesenvolvidos, pois, a produção de algodão
dos Estados Unidos recebe subsídios e este país ficou indignado pelo
Brasil, que tem produção de algodão mais barata, portanto, com vocação
para produzi-lo, ter levado o caso para a Organização Mundial do
Comércio.
As teses neoliberais e da globalização de interesse dos países centrais,
aquela globalização financeira e dos mercados, mas que não inclui a
globalização do mercado de mão-de-obra, eram dogmas irrefutáveis,
difíceis de serem contestados nos anos 80 e 90. A grande mídia, empresas
de marketing, políticos vendidos para o capital e prepostos remunerados
do mesmo formavam a tropa de choque do neoliberalismo, acarretando
dominação garantida dos países subdesenvolvidos, de população pouco
politizada e, na maioria das vezes, ricos em recursos naturais.
O neoliberalismo e a globalização de interesse dos desenvolvidos podem
ser vistos como instrumentos de dominação, e eles trazem como
conseqüência maior presença do capital estrangeiro na economia do país,
grande número de empresas nacionais sendo vendidas ou falindo, menos
proteção do país em virtude da desregulamentação providenciada, a
existência de legislação protetora dos interesses das empresas
estrangeiras, agências reguladoras criadas na administração do país
dominado para garantir os negócios para as empresas estrangeiras,
liberdade total de entrada e saída de dinheiro do país, a não submissão
das empresas estrangeiras aos Tribunais de Justiça do país, indo
qualquer discussão sobre a interpretação dos contratos para as
arbitragens internacionais, mesmo sendo uma disputa com o Estado etc.
Ouvia-se muito, nas décadas de 80 e 90, e ainda se ouve, hoje, em
diversos lugares, frases como: "É anacrônico falar que certa política é
entreguista. O que tem de mais existirem empresas estrangeiras atuando
em um setor?", "Nacionalismo é coisa de autoritário", "As redes sociais
no mundo de hoje integram as sociedades e passou a ser antiquado ser
nacionalista" etc. Estas frases causam grande repulsa por configurarem a
intenção de enganar o ouvinte para permitir a dominação. Sobre tantos
chavões, pode-se dizer, resumidamente, que o fluxo de caixa de longo
prazo de uma empresa estrangeira atuando no país terá sempre mais
recursos saindo do país do que entrando, pela simples razão que, se
assim não fosse, ela não teria entrado no país. Em outro comentário,
cuidar dos nacionais, os que aqui estão, é o lógico, natural e
exatamente o que é feito nos países desenvolvidos, não havendo nada de
autoritário no fato. O argumento usado exaustivamente que determinado
conceito é anacrônico, quando o certo seria exatamente o oposto, que é o
moderno, não é um raciocínio lógico. Procura-se unicamente conquistar
os mais jovens, que buscam sempre a reforma, até como uma forma de
auto-afirmação. Por isso, o neoliberalismo foi aceito por muitos como o
moderno e o bom, quando provou ser o atraso e o ruim.
Contrapondo-se a esta dominação comprometedora, deve-se destruir a
regulamentação benéfica ao capital internacional, comum para todos os
países subdesenvolvidos, implantada por imposição do mesmo e ampliada
durante a onda neoliberal, que varreu o mundo nas citadas décadas, alem
de criar barreiras protecionistas para todas as indústrias nascentes
etc. O conjunto de regulamentações neoliberais e da globalização
prejudicial trouxe danos aos Estados subservientes ao capital externo,
principalmente danos ao desenvolvimento, com reflexo na qualidade de
vida das suas populações. Decisões soberanas e benéficas para a
sociedade do país têm sido implantadas em países como China e Índia, e
não é por outra razão que as suas taxas de crescimento têm sido altas.
No Brasil, hoje, apesar do furor neoliberal ter diminuído de
intensidade, ainda há muito entulho do pensamento neoliberal em diversas
leis e instâncias do nosso poder.
Assim como a história conhecida é aquela contada pelos vencedores das
batalhas, pode-se dizer que modelos de economia mais difundidos são
aqueles formulados pelos vitoriosos da guerra econômica. Por exemplo, o
caso atual dos países menos desenvolvidos da Europa é bastante
contundente, pois banqueiros vão lucrar muito com a crise, enquanto, à
população destes países, restará aumento de impostos, diminuição dos
salários e dos gastos sociais, desemprego, falência de empresas
nacionais, entrada do capital externo comprando ativos do país avaliados
por baixo, visando remessas futuras de lucros para as matrizes etc.
Isto, que é pouco divulgado desta forma, é chamado de "ajuste". A nossa
economia é muito importante para ser cuidada por economistas sem visão
crítica da realidade, retidão de princípios e conteúdo de nacionalidade.
Assim como qualquer pessoa só entrega sua saúde a um médico que lhe
inspira confiança, a saúde coletiva não pode ser entregue para qualquer
economista compromissado com interesses diferentes dos da sociedade.
Algumas escolas de economia do mundo subdesenvolvido reproduzem o modelo
do capital, sem terem a preocupação de atender à sociedade, pois o
projeto do capital internacional é vencedor em quase o mundo todo, tendo
mídia, propaganda, marketing político e até exércitos a seu favor. Além
disso, há pouco sucesso de políticas econômicas revolucionárias que
vençam déficits sociais em países subdesenvolvidos, a menos de exceções
com algum sucesso, como é o caso do Brasil atual. Arrazoados econômicos
libertadores voltados aos países subdesenvolvidos existem, mas os
interesses dos desenvolvidos aliados aos de oligarquias regionais não os
deixam sair das folhas dos livros. E as escolas de economia dos
subdesenvolvidos, que poderiam ser o lócus da denúncia, mantêm-se, salvo
exceções, com discordâncias insipientes, quando não pregam o
neoliberalismo. Na verdade, devia-se deixar claro que, sem uma
estratégia nacionalista, o desenvolvimento dos retardatários do sistema
mundial não ocorrerá. Obviamente, o ensino de economia que carregasse
muita bagagem de história seria proveitoso, mas tem pouco espaço, em um
mundo em que grupos econômicos e políticos fortes boicotam a divulgação
de experiências, sorrateiramente. A própria economia é uma arma de
dominação.
Não se estão contestando deduções lógicas de teses da teoria econômica
existente. São contestadas as aplicações, muitas vezes, incorretas das
teses. Por exemplo, uma premissa é mencionada no início do
estabelecimento de uma tese econômica e, depois, ela é totalmente
esquecida à medida que a tese é repetida para o cidadão comum. Assim, a
tese passa a ser verdadeira para qualquer situação, ou seja, abandona-se
a sua premissa fundadora. Especificando com um exemplo, diz-se
freqüentemente que, em um mercado de competição perfeita, a competição é
benéfica para a sociedade por acarretar produtos e serviços pelo mínimo
preço. Depois, passa-se, rapidamente e de forma simplificada, a dizer
para a sociedade que a competição é boa para ela, sem se especificar em
que situação. Esquece-se de dizer que o mais comum, em qualquer país,
são os mercados serem imperfeitos.
Sob a ótica pobre de regulação de mercados, é considerado um fator
positivo trazer produtos e serviços estrangeiros para competir com
produtos e serviços genuinamente nacionais, dentro do princípio de que a
competição é benéfica para a sociedade, sem se olhar para nenhum dos
atendimentos de objetivos adicionais satisfeitos pelos nacionais e não
atingidos pelos estrangeiros.
No entanto, há cerca de dez anos, o órgão responsável por garantir a
concorrência nos Estados Unidos aprovou a fusão de determinada área das
empresas americanas General Electric e Honeywell, apesar da grande
concentração de mercado que a fusão acarretava. Não existia outra
empresa americana fabricando o mesmo produto, tendo pesado na decisão a
criação, com a fusão, de uma empresa americana de maior porte com mais
capacidade de competir mundialmente. O órgão regulador de mercado da
Comissão Européia não aprovou esta fusão, significando que a nova
empresa não poderia vender seus produtos no mercado europeu, pela razão
justa de que houve concentração de mercado. A Europa possuía uma empresa
que fabricava o mesmo produto. Para o governo americano, ter sua
empresa forte no mercado mundial era o maior objetivo. Para não haver
abuso de poder de mercado, internamente, iriam usar outros mecanismos,
como controle de preços.
O triste é que órgãos do setor público no Brasil fazem seus concursos
para entrada de novos funcionários de forma que a visão errada da
economia, de interesse social duvidoso, deve ser respondida pelo
candidato como a resposta certa. Isto é conseqüência de dominação
cultural, graças ao interesse de grupos econômicos estrangeiros e à
interferência da oligarquia nacional que também é controladora da
sociedade. Então, foram e estão sendo criados nichos neoliberais no
setor público.
A linha de raciocínios que fundamentou a reforma do Estado, nos anos 90,
era que ele tinha esgotado sua capacidade de investimento em
infra-estrutura, era mau administrador de empresas, era refém dos
servidores públicos, graças ao corporativismo, deveria exercer somente
as "funções típicas de Estado" etc. Para solucionar estes "problemas",
como eram chamados à época, foi privatizado um número considerável de
empresas estatais, muitas a preços irrisórios, e foram criadas as
agências reguladoras setoriais, que deveriam controlar as relações
econômicas nestes setores, agora tomados por empresas privadas,
protegendo sempre o consumidor.
Mas, hoje, existe um problema grave que precisa ser enfrentado e, para
resolvê-lo, precisa existir coragem para tomada de decisões. Trata-se
das agências reguladoras estarem, como era esperado, não satisfazendo
aos interesses superiores da sociedade brasileira. Na verdade, elas
foram criadas para garantirem os interesses do capital internacional no
Brasil, após a compra das empresas estatais. Assim, as agências, este
instrumento de dominação do capital, estão visivelmente defendendo os
interesses dos seus patrões, em detrimento de defender a sociedade.
O esquecimento dos dirigentes das agências com relação a quem eles devem
servir chega a ser revoltante. Como é possível a Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL) permitir o cálculo da tarifa elétrica errada
durante tantos anos, prejudicando o consumidor? Como explicar o Brasil
ter uma das mais altas tarifas de telefonia, com o beneplácito da
Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL)? Em que país do mundo, com
exceção do Brasil, um funcionário da Halliburton sairia de seu emprego,
diretamente, para ser diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP),
que cuida exatamente de contratos em que a Halliburton está envolvida? A
falta de inibição desta Agência é tamanha que, querendo aumentar a
velocidade de entrega de blocos do nosso território para empresas
estrangeiras explorarem e produzirem petróleo, ela decidiu, na oitava
rodada, tolher a apresentação de ofertas pela Petrobrás para sobrar mais
blocos para as estrangeiras.
A prática corrente em alguns setores é de os diretores das respectivas
agências serem nomeados a partir de indicações dos agentes econômicos do
setor, ou seja, de forma acadêmica, as agências foram capturadas pelos
agentes regulados. Só em uma sociedade completamente desprotegida, como
a brasileira, com baixo grau de politização, com meios de comunicação
não formadores de cidadãos conscientes, podem acontecer verdadeiras
agressões aos cidadãos comuns como estas. É interessante que as agências
reguladoras, ao não cumprirem seu mínimo papel para com a sociedade,
estão conscientizando esta mesma sociedade de como foram ruins as
privatizações ocorridas.
A lei 9.478 de 1997, que quebrou o monopólio estatal do petróleo,
permitiu a retirada do petróleo nacional por empresas estrangeiras sem
grande usufruto da sociedade brasileira, estabeleceu a possibilidade de
entrega do território nacional para estrangeiros, criou a agência
reguladora ANP, também dita as diretrizes de uma política energética
para o país. É incrível que, nesta política, há a preocupação de se
satisfazerem os consumidores e nada é dito a favor dos cidadãos, que
engloba também os ainda numerosos miseráveis, consumidores de quase
nada.
Na reforma da nossa Constituição, tiraram o artigo que privilegiava a
empresa nacional de capital nacional nas compras do Estado. Nas
privatizações que ocorreram na França, qualquer grupo francês que
concorresse a uma privatização já saía em posição vantajosa quando
comparado com as empresas estrangeiras que disputavam a mesma
privatização.
Propositadamente, ouve-se muito que "monopólio é o pior dos mundos", sem se especificar sobre que tipo de monopólio se está falando. O monopólio estatal socialmente controlado é muito benéfico para a sociedade, enquanto o monopólio privado é, verdadeiramente, o pior dos mundos.
É triste ver alguém ser manipulado. Em um noticiário de um canal de
televisão, falava-se de desemprego. Não se falou, em momento algum, que o
modelo econômico atual não privilegia o pleno emprego. Pelo contrário, o
apresentador disse que "as pessoas devem buscar ter habilidades
especiais e conhecimentos adicionais para poderem garantir seus
empregos". Logo depois, entrevistaram um cidadão que, combinado ou não
com a TV, disse, de forma muito convicta, que "ia fazer todos os cursos
que pudesse para poder conseguir emprego". O pobre manipulado, na sua
total ignorância, acha que ele próprio é o culpado por estar
desempregado. Chega a ser desumano levar uma pessoa, que sofre, a pensar
que é a causadora do próprio sofrimento. Qualquer hora, ele estará
pedindo desculpas por estar desempregado, mas dirá que se esforçará ao
máximo, fazendo cursos e tudo mais, de forma a melhorar seu currículo,
para poder conseguir um emprego.
As pessoas precisam entender que isto não tem que ser assim. Todo
cidadão tem o direito a um emprego. O Estado tem o dever de
providenciá-lo. Se ele estudar, o que será bom para ele, facilitará a
obtenção de um emprego. Mas, mesmo sem estudo, a economia deve estar
gerando empregos para todos. No laissez faire da economia do
nosso país do período liberal, "espertos" retinham a mais valia dos
operários na época de grandes lucros. Na época da recessão, houve cortes
frenéticos de pessoal para reduzir o custo de mão-de-obra. O drama de
cada operário demitido não é considerado. O salário "economizado"
correspondente a um mês de um empregado demitido pode ser gasto na
compra de uma bolsa Louis Vuitton da executiva da empresa. O salário e a
bolsa trazem felicidades nas duas pessoas bem diferentes.
Pior que a dominação imposta pelo mais forte é a irracional entrega
voluntária feita pelos nossos pares, reproduzindo razões que não são
relevantes para a sociedade. E não se está falando da entrega consciente
dos bandidos.
Paulo Metri é conselheiro da Federação Brasileira de Associações de Engenheiros.
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Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Dominação cultural
Ordem judicial capaz de matar não ressuscita
Jacques Tavora Alfonsin (*)
No dia 21 deste mês de agosto completou-se um ano do assassinato
praticado contra o agricultor Elton Brum da Silva, como conseqüência de
uma ordem judicial determinada em ação movida contra agricultores
sem-terra, como ele, no município de São Gabriel. A agilidade que o
Poder Judiciário mostrou para defender o direito de propriedade, no
processo que assassinou Elton, é geometricamente desproporcional aos
males que esse direito causa, mesmo quando descumpre a sua função
social.
Para se ter uma idéia desse fato, é suficiente uma busca de internet no site do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, comarca de São Gabriel, para se constatar que nem data de audiência para coleta de possíveis provas foi designada, no processo 20900023900, que apura a responsabilidade criminal do policial militar que matou o Elton.
Para se ter uma idéia desse fato, é suficiente uma busca de internet no site do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, comarca de São Gabriel, para se constatar que nem data de audiência para coleta de possíveis provas foi designada, no processo 20900023900, que apura a responsabilidade criminal do policial militar que matou o Elton.
Enquanto a ordem letal teve execução imediata, o processo crime segue
a passo de gente que caminha a pé e cansada de promessas legais
traídas, bem como ele caminhava… Elton engrossa a lista macabra de
gaúchos mortos em defesa de sua dignidade e cidadania, direito de acesso
à terra, reforma agrária, ora pelos efeitos das ordens judiciais, ora
pela repressão violenta dos seus protestos coletivos. Ah, não vai faltar
quem diga: “Tudo certo, mas onde se lembra aí o soldado da BM, Valdeci
de Abreu Lopes, que morreu na esquina democrática de Porto Alegre, num
outro agosto, esse de 1990, durante um protesto dos sem-terra”? – Com a
dor que se lamenta a morte do Elton e de tantos outros que não vivem
mais, tem de se chorar a desse brigadiano, mas sem se esquecer, sob pena
de cumplicidade com a versão tendenciosa que a mídia produziu na época,
duas diferenças notáveis, pelo menos.
A primeira, a de que o assassino do Elton, além de somente ter sido
identificado pela sua corporação mais de mês depois do assassinato, está
gozando de plena liberdade, não havendo chance de se saber nem quando
será julgado, enquanto os sem-terra denunciados criminalmente pela morte
de Valdeci foram presos em seguida e aguardaram, nessa condição de
confinamento, mais de ano antes do júri que os condenou. a segunda, de
que o tiro que matou o Elton foi dado pelas costas, sem possibilidade
alguma de defesa da vítima, enquanto o instrumento que matou o
brigadiano deu-se em reação imediata ao tiro que ferira no abdome uma
agricultora sem-terra que participava do protesto.
A “explicação” que se dá para tudo isso, já que justificativa não
existe, é da mais variada espécie e artifício, como costuma acontecer
com aquelas doutrinas jurídicas rubricistas que sustentam formulismos
enredados na tramitação dos processos judiciais. Há prazos diversos para
acusações, há prazos para defesas, para recursos, para sentenças. Só
não há prazo para se perseguir, prender e, se as circunstâncias exigirem
(?), matar gente pobre, lutando por seus direitos. Elton não é a
primeira e, pelo rumo que a história vem demonstrando, não será a última
vítima dessas injustiças perpetradas “em nome da lei e do direito”. São
tantos os conflitos gerados pela concentração da propriedade privada
sobre terra, em nosso Estado e no país, o inexplicável atraso na
execução da reforma agrária, provado pelo número das ações judiciais de
desapropriação de terra paradas nos tribunais, que isso provocou até
mudança em um dos dispositivos do Código de Processo civil.
Foi no intuito de não deixar juízas e juízes quase sozinhas/os, para
decidir sobre matéria que sempre envolve multidão, interesse social,
conflito grave entre direitos, risco de acontecer coisas como a que
eliminou a vida do Elton, que o art. 82 daquele Código, em seu inc. III,
passou a exigir que o Ministério Público sempre fosse ouvido nos casos
que “envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais
causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou
qualidade da parte.” Era de se esperar que essa mudança na lei
processual determinaria mais cuidado, uma cautela maior no deferimento
de liminares, especialmente daquelas que são executadas sem chance de
defesa dos réus, como ocorre quase sempre quando esses são sem-terra ou
sem-teto. Aqui no Estado, não é o que tem acontecido, na maior parte das
vezes. Dependendo do agente ministerial que atua nesses casos, o
“público” da sua denominação, bem ao contrário, tem reforçado o que há
de pior no “privado” das demandas que chegam em juízo.
Com um agravante, como ocorreu durante o ano passado. Agora, os
latifundiários gaúchos nem precisam se mexer. É o próprio Ministério
Público que sai em sua defesa, como aconteceu em Canoas, Carazinho,
Pedro Osorio e São Gabriel. Em algumas execuções das ações judiciais que
dois dos seus representantes propuseram nessas comarcas, foi tal a
violência empregada contra acampadas/os, que só não morreu nenhum/a
sem-terra, por sorte. Como essas ordens judiciais não têm o poder de
ressuscitar, a ínfima chance que se abre de, pelo menos, alguém poder
mitigar o mal feito é a de, mais tarde, um/a outro/a juiz/a, com um
pouco mais de sensibilidade humana e social, “indenizar” (?) as/os
herdeiras/os da vítima, que dela dependiam para viver.
É o que está acontecendo agora com a família do Elton. Em julho
passado, atendendo pedido da advogada Cláudia M. Avila, que atua em
defesa dessa família, numa ação judicial proposta contra o Estado do Rio
Grande do Sul, pleiteando reparação de danos morais e materiais que a
morte causou, o juiz Gilberto Schafer, do 2º Juizado da 3ª Vara da
Fazenda Pública de Porto Alegre, já deferiu uma liminar em favor da
mesma família, em tudo diferente daquela que causou a morte do Elton. Em
seu despacho já se antecipa o direito dos/as familiares receberem do
Estado 70% do salário mínimo nacional, sob a seguinte justificativa: “O
Estado do Rio Grande do Sul tem responsabilidade de ordem objetiva pelos
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros [...],
devendo assim responder pelos atos omissivos e comissivos, dolosos ou
culposos, que resultem em prejuízo a outrem, sendo plenamente aplicada a
teoria do risco administrativo”.
A viúva, a filha pequena e o pai de Elton, evidentemente, não
estariam sofrendo agora dessa necessidade, se a decisão judicial
anterior não tivesse provocado a sua morte. Pouco lhes consola o fato de
que o seu sangue foi derramado em defesa da vida de milhões de outros
brasileiros que, como ele, são vítimas de uma injustiça social que, ao
lado de produzir riqueza para alguns, gera pobreza e miséria para a
maioria de quantas/os precisam do acesso a terra legalmente previsto em
seu favor.
Por isso mesmo, todos os movimentos sociais que atuam em favor de
trabalhadoras/es pobres, como o MST, por exemplo, não deixam morrer a
esperança. A de que esse tipo de tratamento que elas/es sofrem há de ser
vencido, por ser desumano, cruel, ilegal, profundamente injusto. Um
dia, justamente por força de sua luta político-jurídica, esse tratamento
não continuará se refletindo em cada processo judicial apenas para
registrar mais um número e mais um nome.
Já enfrentaram no passado, e continuarão enfrentando a violência que
assassinou o seu companheiro Elton, como a própria causa da infidelidade
que grande parte da sociedade civil e do Poder Publico dedicam à
interpretação e à aplicação da lei como se ela não existisse,
exatamente, para proteger e defender os direitos humanos fundamentais de
quantas/os, embora desses sejam os verdadeiros titulares, por ora não
passem de vítimas da sua violação. Pelo menos esse poder de ressuscitar,
que as sentenças não têm, o povo pobre sem-terra e sem-teto tem provado
ter.
(*) Procurador do Estado do Rio Grande do Sul aposentado
domingo, 22 de agosto de 2010
Rede Globo na mira da Justiça....
Na terça-feira (dia 24), acontecerá o julgamento pelo
Superior Tribunal de Justiça (STJ) - instância máxima da Justiça no Brasil -, da
fraude cometida pela família Marinho (RJ) contra as Organizações Victor
Costa (SP).
Superior
Tribunal de Justiça julga na semana que vem suposta fraude na compra da
Globo
Documentos
de herdeiros de Roberto Marinho são apontados como provas 'montadas’;
uma das alegações é a de falsificação de assinaturas de pessoas mortas
uma das alegações é a de falsificação de assinaturas de pessoas mortas
A
terça–feira da semana que vem, dia 24, será decisiva para os rumos da Rede
Globo. Nesse dia
será julgada pelo Superior Tribunal de Justiça a compra da emissora
em novembro de 1964 por Roberto Marinho.
A
ação foi proposta pelos antigos herdeiros dos acionistas da empresa que hoje
atende por Rede Globo, a Rádio Televisão Paulista S/A, que eram controladores de
52% do capital social inicial da empresa (espólios dos já falecidos Manoel
Vicente da Costa, Hernani Junqueira Ortiz Monteiro, Oswaldo J. O. Monteiro,
Manoel Bento da Costa e outros).
No
processo, os advogados de Roberto Marinho alegaram que ele comprou, em novembro
de 1964, ações que pertenciam a Victor Costa Junior, sendo que este jamais fora
acionista da emissora, mas sim herdeiro do então diretor-presidente, Victor
Costa.
Os
herdeiros de Roberto Marinho alegam terem perdido as procurações originais e os
recibos da compra. Analisados pelo Instituto Del Picchia de Documentoscopia, os
documentos apresentados pelos herdeiros de Roberto Marinho foram apontados como
provas “anacrônicas, falsificadas, montadas”.
Houve
duas assembleias Gerais para tentativa de legalização da transferência do
controle majoritário da emissora realizadas por Roberto Marinho. A primeira foi
em 10 de fevereiro de 1965 e a segunda, em 30 de junho de 1976. Ambas são
rechaçadas pelos herdeiros dos antigos acionistas, pois apontam que o negócio
com Victor Costa Junior não teria validade. Na Assembleia de 1965 apenas um
acionista esteve presente. Ele disse ser representante de dois acionistas
majoritários anteriores, mortos em junho de 1962 e dezembro de 1964.
ORGANIZAÇÕES VICTOR COSTA
Wikipédia*
Na década de
1950, quando a televisão
chegou, eram três os principais grupos de radiodifusão:
Diários
Associados (da TV
Tupi), Grupo Paulo
Machado de Carvalho (da TV
Record) e também a OVC (Organização Victor
Costa).
A trajetória deste último grupo começa antes dele. Victor
Costa era diretor da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, principal
emissora de rádio do país e de propriedade do Governo Federal. Ele, que começou
como ponto, depois foi radioator, cresceu rapidamente no rádio (sua maior
paixão). Em 1953,
ele vem a São
Paulo na tentativa de criar um negócio. É quando ele adquire a Rádio
Excelsior de Paulo
Machado de Carvalho, dono da Rádio
Record e fundador nesse ano da Rede
Record e monta a Rádio
Nacional de São
Paulo (sem vínculos com a do Rio).
Adquiriu também a Rádio
Cultura. E aos poucos começou a comprar diversas emissoras de rádio
pelo país. Onde os outros viam a dificuldade de manter uma estação, Victor Costa
enxergava oportunidades e negócios pertinentes na área. Era o grande
profissional. Foi ainda em 1953 que fundou a OVC (Organização Victor Costa), que
estabeleceu uma ordem para consolidação e construção do grupo.
Com seus diversos contatos, Victor Costa trouxe do Rio de Janeiro os
principais nomes da Rádio Nacional. As "cantoras do rádio", orquestras, os
humoristas da PRK-30, entre outros. Começou a fazer transmissões em "pool" entre
as rádios.
Em 1954
começou a negociar com o deputado Ortiz Monteiro a compra da TV
Paulista, canal 5. Um ano depois comprou a emissora. O canal, que
estava com pouquíssimos recursos era prejudicado pela ascensão e a estrutura da
TV Tupi e TV Record. Com a chegada da OVC, a TV Paulista se transformou. E criou
programas de sucesso como "Teledrama Três Leões" e "Hit Parade". E com o tempo,
a OVC passou a criar novas emissoras de TV, como a TV Santos, a TV Bauru e uma
emissora em Recife. A OVC chegou a obter uma concessão para ter outro canal em
São Paulo, o 9, que no entanto foi vendida, antes mesmo da emissora ser
inaugurada, para um grupo de empresários que mantiveram o nome escolhido pelos
donos originais da concessão (TV
Excelsior).
Em 22 de
dezembro de 1959,
faleceu Victor Costa. Sua esposa e um enteado começaram a gerir os negócios da
OVC. A emissora começou a ser sucateada, com o intuito de venda. E foi assim que
em 1966
Roberto
Marinho adquiriu toda a OVC, inclusive as rádios, criando a Rede
Globo juntamente com sua emissora, a TV
Globo (canal 4 do Rio de Janeiro). A TV Paulista se transformaria em
TV Globo
São Paulo, a Rádio Nacional em Rádio Globo de São Paulo, a Rádio
Excelsior manteria o nome, transformando-se em CBN
em 1991.
A OVC teve uma passagem meteórica, que deixou sua marca na história da
radiodifusão nacional.
Recebido via email por:
vidalonga@linkbr.com.br
Carlos Latuff, um "artivista" militante da causa palestina
O cartunista Carlos Latuff tem 41 anos e viveu quase toda vida em São
Cristóvão, no Rio de Janeiro. Solteiro, não tem ideia de quantas horas
trabalha por dia, sobrevive dos desenhos e charges para a imprensa
sindical e dedica quase todo seu tempo livre aos palestinos e à luta
pelos direitos humanos mundo afora. Apaixonado por fotografia e fã
ferroviário, mantém o blog Ferrovias do Brasil, além de uma galeria online com seu trabalho e uma página no Twitter.
É, em geral, pouco conhecido e reconhecido no Brasil. Mas seus
desenhos estão presentes em toda manifestação pró-Palestina em qualquer
lugar do mundo e os carros dos comboios de ajuda humani tária à Faixa de
Gaza são cobertos com seus cartuns, como mostra este post, publicado no blog de Maria Frô.
Falando às vésperas de viajar para Atenas — onde é o único “artivista” brasileiro presente ao Resistance Festival,
Latuff respondeu a uma verdadeira sabatina virtual em dois momentos.
Primeiro, uma entrevista concedida via MSN, numa madrugada de
sábado; depois, via Twitter num domingo à noite com a participação
direta de mais de vinte internautas. Conheça um pouco mais de sua vida,
ideias e trabalho e leia a entrevista na íntegra no blog outraspalavras
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Em 26 de Julho o sítio web
Wikileaks
divulgou milhares de ficheiros
militares secretos dos EUA sobre a guerra no Afeganistão. Encobrimentos,
uma unidade secreta de assassinatos e a matança de civis são ali
documentados. Ficheiro após ficheiro, as brutalidades reflectem o
passado colonial. Desde a Malásia e o Vietname até o Domingo
Sangrento e Bassorá, pouco mudou. A diferença é que hoje
há um modo extraordinário de saber como sociedades remotas
são assoladas rotineiramente em nosso nome. O Wikileaks obteve registos
de seis anos de mortes civis tanto para o Afeganistão como para o
Iraque, dos quais aqueles publicados no
Guardian, Der Spiegel
e
New York Times
são apenas uma parte.
Há uma histeria compreensível nos altos escalões, com o pedido de que o fundador do Wikileaks, Julian Assange, seja "perseguido e capturado" e "entregue" ("rendered"). Em Washington, entrevistei um oficial superior do Departamento da Defesa e perguntei: "Pode o sr. dar uma garantia de que os editores do Wikileaks e o seu editor-chefe, que não é americano, não será sujeito à espécie de caçada humana a que se referem os media?" Ele respondeu: "Não é minha posição dar garantias sobre qualquer coisa". Ele mencionou-me à "investigação criminal em curso" de um soldado estado-unidense, Bradley Manning, um alegado informante. Num país cuja constituição afirma proteger os que dizem a verdade, a administração Obama está a perseguir e processar mais informantes do que qualquer dos seus modernos antecessores. Um documento do Pentágono declara sem rodeios que a inteligência dos EUA pretende "marginalizar mortalmente" o Wikileaks. A táctica preferida é enlamear, com jornalistas corporativos sempre prontos a desempenhar a sua parte.
Em 31 de Julho, a célebre repórter americano Christiane Amanapour entrevistou o secretário da Defesa Robert Gates na rede ABC. Ela convidou Gates a descrever aos telespectadores a sua "ira" acerca da Wikileaks. Ela reflectia a linha do Pentágono de que "esta fuga tem sangue nas suas mãos", com isso instando Gates a considerar o Wikileaks "moralmente culpado". Tal hipocrisia vinda de um regime encharcado no sangue do povo do Afeganistão e do Iraque – como os seus próprios ficheiros tornam claro – aparentemente não é para inquérito jornalístico. Isto é dificilmente surpreendente agora que uma nova e destemida forma de responsabilidade pública, representada pelo Wikileaks, ameaça não só os feitores da guerra como os seus apologistas.
A sua propaganda actual é que o Wikileaks é "irresponsável". Anteriormente a este ano, antes de libertar o vídeo de cabine da metralhadora de um [helicóptero] Apache americano a matar 19 civis no Iraque, incluindo jornalistas e crianças, o Wikileaks enviou pessoas a Bagdad para encontrar famílias das vítimas a fim de prepará-las. Antes da divulgação dos Registos da Guerra Afegã no mês passado, o Wikileaks escreveu à Casa Branca pedindo-lhe que identificasse nomes que pudessem provocar represálias. Não houve resposta. Mais de 15 mil ficheiros foram retidos e estes, diz Assange, não serão divulgados até terem sido examinados "linha a linha" até que os nomes daqueles em risco possam ser removidos.
A pressão sobre o próprio Assange parece implacável. Na sua pátria, a Austrália, a ministra dos Estrangeiros sombra, Julie Bishop, disse que se a sua coligação de extrema direita ganhar a eleição geral de 21 de Agosto, será tomada "acção apropriada se um cidadãos australiano efectuou deliberadamente uma actividade que pudesse por em risco as vidas de forças australianas no Afeganistão ou minar de qualquer forma as nossas operações". O papel australiano no Afeganistão, efectivamente mercenário ao serviço de Washington, provocou dois resultados gritantes: o massacre de cinco crianças numa aldeia na província de Oruzgan e a esmagadora desaprovação da maioria dos australianos.
Em Maio último, a seguir à divulgação da filmagem do Apache, Assange teve o seu passaporte australiano confiscado temporariamente quando retornou ao seu país. O governo trabalhista em Canberra nega que tenha recebido pedidos de Washington para detê-lo e espionar a rede do Wikileaks. O governo Cameron também nega isto. Eles o fariam, não é? Assange, que veio a Londres no mês passado para trabalhar na revelação de registos de guerra, teve de deixar a Grã-Bretanha apressadamente para, como ele diz, "climas mais seguros".
Em 16 de Agosto, o Guardian, citando Daniel Ellsberg, descreveu o grande denunciante israelense Mordechai Vanunu como "o proeminente herói da era nuclear". Vanunu, que alertou o mundo para as armas nucleares secretas de Israel", foi sequestrado pelos israelenses e encarcerado durante 18 anos depois de ser deixado sem protecção pelo London Sunday Times, o qual publicou os documentos que ele lhe forneceu. Em 1983, outra denunciante heróica, Sarah Tisdall, uma responsável administrativa do Foreign Office, enviou documentos aos Guardian, que revelou como o governo Thatcher planeou adiar a chegada de mísseis de cruzeiro à Grã-Bretanha. O Guardian cumpriu uma ordem do tribunal para entregar os documentos e Tisdall foi para a prisão.
ESTENÓGRAFOS DO ESTADO
Num certo sentido, as revelações do Wikiliaks envergonham a secção dominante do jornalista dedicada meramente a registar o que lhe contam poderes cínicos e malignos. Isto é uma estenografia do Estado, não jornalismo. Olhe o sítio Wikileaks e leia um documento do Ministério da Defesa que descreve a "ameaça" do jornalismo real. Ele é considerado uma ameaça. Tendo publicado com maestria revelações do Wikileaks de uma guerra fraudulenta, o Guardian deveria agora dedicar o seu apoio editorial mais poderoso e sem reservas à protecção de Julian Assange e seus colegas, cujas revelações de verdades são tão importantes como quaisquer outras que já vi na minha vida.
Gosto do humor seco de Julian Assange. Quando lhe perguntei se estava mais difícil publicar informação secreta na Grã-Bretanha, ele respondeu: "Quando olhamos documentos etiquetados "Official Secrets Act" vemos que eles declaram ser transgressão reter a informação e uma transgressão destruir a informação. De modo que a única coisa que podemos fazer é publicá-la ".
Há uma histeria compreensível nos altos escalões, com o pedido de que o fundador do Wikileaks, Julian Assange, seja "perseguido e capturado" e "entregue" ("rendered"). Em Washington, entrevistei um oficial superior do Departamento da Defesa e perguntei: "Pode o sr. dar uma garantia de que os editores do Wikileaks e o seu editor-chefe, que não é americano, não será sujeito à espécie de caçada humana a que se referem os media?" Ele respondeu: "Não é minha posição dar garantias sobre qualquer coisa". Ele mencionou-me à "investigação criminal em curso" de um soldado estado-unidense, Bradley Manning, um alegado informante. Num país cuja constituição afirma proteger os que dizem a verdade, a administração Obama está a perseguir e processar mais informantes do que qualquer dos seus modernos antecessores. Um documento do Pentágono declara sem rodeios que a inteligência dos EUA pretende "marginalizar mortalmente" o Wikileaks. A táctica preferida é enlamear, com jornalistas corporativos sempre prontos a desempenhar a sua parte.
Em 31 de Julho, a célebre repórter americano Christiane Amanapour entrevistou o secretário da Defesa Robert Gates na rede ABC. Ela convidou Gates a descrever aos telespectadores a sua "ira" acerca da Wikileaks. Ela reflectia a linha do Pentágono de que "esta fuga tem sangue nas suas mãos", com isso instando Gates a considerar o Wikileaks "moralmente culpado". Tal hipocrisia vinda de um regime encharcado no sangue do povo do Afeganistão e do Iraque – como os seus próprios ficheiros tornam claro – aparentemente não é para inquérito jornalístico. Isto é dificilmente surpreendente agora que uma nova e destemida forma de responsabilidade pública, representada pelo Wikileaks, ameaça não só os feitores da guerra como os seus apologistas.
A sua propaganda actual é que o Wikileaks é "irresponsável". Anteriormente a este ano, antes de libertar o vídeo de cabine da metralhadora de um [helicóptero] Apache americano a matar 19 civis no Iraque, incluindo jornalistas e crianças, o Wikileaks enviou pessoas a Bagdad para encontrar famílias das vítimas a fim de prepará-las. Antes da divulgação dos Registos da Guerra Afegã no mês passado, o Wikileaks escreveu à Casa Branca pedindo-lhe que identificasse nomes que pudessem provocar represálias. Não houve resposta. Mais de 15 mil ficheiros foram retidos e estes, diz Assange, não serão divulgados até terem sido examinados "linha a linha" até que os nomes daqueles em risco possam ser removidos.
A pressão sobre o próprio Assange parece implacável. Na sua pátria, a Austrália, a ministra dos Estrangeiros sombra, Julie Bishop, disse que se a sua coligação de extrema direita ganhar a eleição geral de 21 de Agosto, será tomada "acção apropriada se um cidadãos australiano efectuou deliberadamente uma actividade que pudesse por em risco as vidas de forças australianas no Afeganistão ou minar de qualquer forma as nossas operações". O papel australiano no Afeganistão, efectivamente mercenário ao serviço de Washington, provocou dois resultados gritantes: o massacre de cinco crianças numa aldeia na província de Oruzgan e a esmagadora desaprovação da maioria dos australianos.
Em Maio último, a seguir à divulgação da filmagem do Apache, Assange teve o seu passaporte australiano confiscado temporariamente quando retornou ao seu país. O governo trabalhista em Canberra nega que tenha recebido pedidos de Washington para detê-lo e espionar a rede do Wikileaks. O governo Cameron também nega isto. Eles o fariam, não é? Assange, que veio a Londres no mês passado para trabalhar na revelação de registos de guerra, teve de deixar a Grã-Bretanha apressadamente para, como ele diz, "climas mais seguros".
Em 16 de Agosto, o Guardian, citando Daniel Ellsberg, descreveu o grande denunciante israelense Mordechai Vanunu como "o proeminente herói da era nuclear". Vanunu, que alertou o mundo para as armas nucleares secretas de Israel", foi sequestrado pelos israelenses e encarcerado durante 18 anos depois de ser deixado sem protecção pelo London Sunday Times, o qual publicou os documentos que ele lhe forneceu. Em 1983, outra denunciante heróica, Sarah Tisdall, uma responsável administrativa do Foreign Office, enviou documentos aos Guardian, que revelou como o governo Thatcher planeou adiar a chegada de mísseis de cruzeiro à Grã-Bretanha. O Guardian cumpriu uma ordem do tribunal para entregar os documentos e Tisdall foi para a prisão.
ESTENÓGRAFOS DO ESTADO
Num certo sentido, as revelações do Wikiliaks envergonham a secção dominante do jornalista dedicada meramente a registar o que lhe contam poderes cínicos e malignos. Isto é uma estenografia do Estado, não jornalismo. Olhe o sítio Wikileaks e leia um documento do Ministério da Defesa que descreve a "ameaça" do jornalismo real. Ele é considerado uma ameaça. Tendo publicado com maestria revelações do Wikileaks de uma guerra fraudulenta, o Guardian deveria agora dedicar o seu apoio editorial mais poderoso e sem reservas à protecção de Julian Assange e seus colegas, cujas revelações de verdades são tão importantes como quaisquer outras que já vi na minha vida.
Gosto do humor seco de Julian Assange. Quando lhe perguntei se estava mais difícil publicar informação secreta na Grã-Bretanha, ele respondeu: "Quando olhamos documentos etiquetados "Official Secrets Act" vemos que eles declaram ser transgressão reter a informação e uma transgressão destruir a informação. De modo que a única coisa que podemos fazer é publicá-la ".
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
Encontro nacional de blogueiros "homenageia" Judith Brito e Serra
Uma proposta do jornalista Paulo Henrique Amorim levou ao riso
os mais de 300 participantes do 1º Encontro Nacional de Blogueiros
Progressistas, neste sábado (21/8), em São Paulo. Em resposta ao
presidenciável tucano José Serra — que na quinta-feira (19) classificou
as páginas alternativas da web de “blogs sujos” —, PHA propôs que a
próxima edição do Encontro, em 2011, agracie Serra com uma premiação
nada lisonjeira.
Por André Cintra via vermelho
“Serra é um tuiteiro medíocre e
merece o prêmio de blog mais sujo da internet. Proponho dar a ele o
Troféu Cascão”, ironizou o jornalista da TV Record e do Conversa Afiada,
numa referência ao personagem imundo da Turma da Mônica que não tomava
banho. “Vamos ajudar o financiar o Cloaca News, que entrará na Justiça
para que Serra diga quem são os blogs sujos”, agregou Paulo Henrique.
Luis Nassif minimizou igualmente a baixaria do candidato do PSDB à Presidência. “A declaração do Serra é o melhor diploma — o melhor reconhecimento — que nós podemos ter”, disse ele, que também chamou Serra de “babaca”. E afirmou mais: “Me perguntam em quem vou votar nestas eleições. Eu quero impedir a vitória de Serra. Se ele vencer, terá nas mãos o poder da mídia e o poder do Estado”.
As relações entre imprensa e política justificaram outra escolha do dia. Enquanto a premiação a Serra fica para o ano que vem, o troféu “O Corvo de 2010”, oferecido também pela blogosfera progressista, já tem dono. Na verdade, uma dona. Por aclamação, os blogueiros presentes ao encontro elegeram Judith Brito como símbolo do que há de mais conservador e agourento na grande mídia.
Concorrência não faltava à diretora-superintendente da Folha de S.Paulo e presidente recém-reeleita da ANJ (Associação Nacional dos Jornais). Mas o fator decisivo para a “vitória” de Judith foi sua confissão de que hoje a grande mídia — e não o PSDB ou o DEM — é que realmente desempenha o papel de oposição ao governo Lula. Com Judith, o chamado PiG (Partido da Imprensa Golpista) mostrou, sem cerimônias, sua verdadeira face.
Diversidade
A resistência à mídia hegemônica e a oposição ao ideário direitista de Serra são pontos consensuais num Encontro que, contraditoriamente, demonstrou e enalteceu a diversidade da blogosfera, bem como seu caráter democrático. Nem todos os participantes são de blogs que se debruçam sobre as eleições presidenciais ou os abusos da grande imprensa. É o caso de Débora Maria da Silva, líder do movimento Mães de Maio.
À frente de um blog que leva o mesmo nome de seu movimento, a ativista aderiu à mídia alternativa devido aos acontecimentos que abalaram o estado em maio de 2006. Em retaliação à ofensiva do PCC (Primeiro Comando da Capital) sobre o sistema penitenciário e policial no estado, agentes de segurança exterminaram 562 pessoas naquele mês – “mais do que a ditadura” liquidou em 21 anos. Uma das vítimas, lembra Débora, foi uma mulher grávida que estava a três dias de fazer cesariana.
“São Paulo é um estado capitalista e autoritário”, denunciou Débora, ao lado de Nassif e PHA, na mesa de abertura do Encontro. Segundo ela, é à blogosfera que os movimentos devem recorrer para lançar seus pontos de vista e tentar sensibilizar a opinião pública. “O blog é um espaço democrático para nos manifestarmos. Não podemos deixar que barrem o direito de pensar do brasileiro, e a luta só se ganha com pressão.”
Triunfo do campo de cá
Nassif, ao analisar a relevância da blogsfera, também saudou o “momento histórico” da mídia alternativa, de que o Encontro é um contundente exemplo. Para ele, a frente de blogueiros ajudou a derrubar uma ofensiva da grande mídia, iniciada em 2005 com o proósito de derrubar, via impeachment, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nassif não poupou críticas à irresponsabilidade da grande mídia, especialmente da Veja e de seus “blogs intolerantes, divulgando o preconceito”.
Segundo Nassif, essa guerra acabou – com triunfo do campo progressista. “É o fim de um de um ciclo em que a mídia se tornou uma máquina de triturar reputações. O que nos uniu foi a luta monumental contra a ultradireita, para garantir os direitos básicos da sociedade civil”, afirma. “Vem um grande país pela frente, e nós temos o orgulho de dizer que participamos dessa construção.”
Já Paulo Henrique Amorim acredita que, apesar da “derrota fragorosa de Serra”, a grande mídia segue poderosa e influente. “Temos pela frente uma batalha pela liberdade de expressão. O PiG resiste, tem bala na agulha e vai resistir. Nós temos de lutar contra ele”, discursou.
A seu ver, o enfrentamento requer financiamento e resultados práticos. “Não podemos ser uma indústria que não encontra seus mecanismos de sustentação financeira”, diz PHA. As verbas, segundo ele, servirão para pagar eventuais advogados – mas também para buscar a notícia em primeira mão. “Os blogs precisam informar. Opinião não ganha jogo. O que ganha jogo é a informação.”
Luis Nassif minimizou igualmente a baixaria do candidato do PSDB à Presidência. “A declaração do Serra é o melhor diploma — o melhor reconhecimento — que nós podemos ter”, disse ele, que também chamou Serra de “babaca”. E afirmou mais: “Me perguntam em quem vou votar nestas eleições. Eu quero impedir a vitória de Serra. Se ele vencer, terá nas mãos o poder da mídia e o poder do Estado”.
As relações entre imprensa e política justificaram outra escolha do dia. Enquanto a premiação a Serra fica para o ano que vem, o troféu “O Corvo de 2010”, oferecido também pela blogosfera progressista, já tem dono. Na verdade, uma dona. Por aclamação, os blogueiros presentes ao encontro elegeram Judith Brito como símbolo do que há de mais conservador e agourento na grande mídia.
Concorrência não faltava à diretora-superintendente da Folha de S.Paulo e presidente recém-reeleita da ANJ (Associação Nacional dos Jornais). Mas o fator decisivo para a “vitória” de Judith foi sua confissão de que hoje a grande mídia — e não o PSDB ou o DEM — é que realmente desempenha o papel de oposição ao governo Lula. Com Judith, o chamado PiG (Partido da Imprensa Golpista) mostrou, sem cerimônias, sua verdadeira face.
Diversidade
A resistência à mídia hegemônica e a oposição ao ideário direitista de Serra são pontos consensuais num Encontro que, contraditoriamente, demonstrou e enalteceu a diversidade da blogosfera, bem como seu caráter democrático. Nem todos os participantes são de blogs que se debruçam sobre as eleições presidenciais ou os abusos da grande imprensa. É o caso de Débora Maria da Silva, líder do movimento Mães de Maio.
À frente de um blog que leva o mesmo nome de seu movimento, a ativista aderiu à mídia alternativa devido aos acontecimentos que abalaram o estado em maio de 2006. Em retaliação à ofensiva do PCC (Primeiro Comando da Capital) sobre o sistema penitenciário e policial no estado, agentes de segurança exterminaram 562 pessoas naquele mês – “mais do que a ditadura” liquidou em 21 anos. Uma das vítimas, lembra Débora, foi uma mulher grávida que estava a três dias de fazer cesariana.
“São Paulo é um estado capitalista e autoritário”, denunciou Débora, ao lado de Nassif e PHA, na mesa de abertura do Encontro. Segundo ela, é à blogosfera que os movimentos devem recorrer para lançar seus pontos de vista e tentar sensibilizar a opinião pública. “O blog é um espaço democrático para nos manifestarmos. Não podemos deixar que barrem o direito de pensar do brasileiro, e a luta só se ganha com pressão.”
Triunfo do campo de cá
Nassif, ao analisar a relevância da blogsfera, também saudou o “momento histórico” da mídia alternativa, de que o Encontro é um contundente exemplo. Para ele, a frente de blogueiros ajudou a derrubar uma ofensiva da grande mídia, iniciada em 2005 com o proósito de derrubar, via impeachment, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nassif não poupou críticas à irresponsabilidade da grande mídia, especialmente da Veja e de seus “blogs intolerantes, divulgando o preconceito”.
Segundo Nassif, essa guerra acabou – com triunfo do campo progressista. “É o fim de um de um ciclo em que a mídia se tornou uma máquina de triturar reputações. O que nos uniu foi a luta monumental contra a ultradireita, para garantir os direitos básicos da sociedade civil”, afirma. “Vem um grande país pela frente, e nós temos o orgulho de dizer que participamos dessa construção.”
Já Paulo Henrique Amorim acredita que, apesar da “derrota fragorosa de Serra”, a grande mídia segue poderosa e influente. “Temos pela frente uma batalha pela liberdade de expressão. O PiG resiste, tem bala na agulha e vai resistir. Nós temos de lutar contra ele”, discursou.
A seu ver, o enfrentamento requer financiamento e resultados práticos. “Não podemos ser uma indústria que não encontra seus mecanismos de sustentação financeira”, diz PHA. As verbas, segundo ele, servirão para pagar eventuais advogados – mas também para buscar a notícia em primeira mão. “Os blogs precisam informar. Opinião não ganha jogo. O que ganha jogo é a informação.”
Partido de Chávez fará "Operação Demolição” para derrotar direita
A “máquina vermelha” do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) empreenderá para as eleições parlamentares de 26 de setembro a “Operação Demolição”, a fim de derrotar a quinta coluna, formada por partidos da ultradireita venezuelana, grupos empresariais e setores contrarrevolucionários
Foi o que destacou no último
sábado (21) o presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela
(PSUV), Hugo Chávez no estádio A Carolina, em Barinas, onde credenciou
43 mil militantes da legenda revolucionária provenientes dos estados de
Apure, Cojedes, Guárico, Portuguesa e Barinas.
“A mobilização de setembro vai se chamar assim: Operação Demolição. A palavra de ordem é demolir os candidatos contrarrevolucionários. Nós não chegamos aquí para sermos derrotados (…) Não podemos permitir que nossas lanças sejam quebradas pela oligarquía imperialista. Este é o momento, agora temos pátria”, disse o presidente Chávez num entusiasmado pronunciamento.
Chávez explicou que o objetivo de ganhar os dois terços da Assembleia Nacional não significa apenas somar deputados ao proceso de transformação e mudanças, mas defender o futuro e a independência do país, impulsionada a partir da chegada da Revolução Bolivariana.
“Em 26 de setembro vamos defender o futuro, que será imensamente maior que o passado, nestes 11 anos de Revolução. Trata-se de defender o futuro do povo, o futuro da revolução, a independência do país. Seria uma verdadera tragédia se essa quinta coluna apodrecida, contrarrevolucionária, integrada por adecos e copeianos, tomasse a maioria na Assembleia Nacional”, disse Chávez. Adecos e copeianos são os políticos provenientes dos antigos partidos oligárquicos AD e COPEI, que monopolizavam o sistema político venezuelano antes da Revolução Bolivariana.
O líder da Revolução conclamou o povo venezuelano a não se deixar enganar pelas propostas de leis de suposto beneficio “social”, que partidos como Primeiro Justiça, Um Novo Tempo, Ação Democrática e outros prometeram nos últimos dias.
Chávez destacou a necessidade de que as revolucionárias e os revolucionários consolidem para sempre a vitória do povo venezuelano e assim não permitir a exploração da pátria perpetrada pela burguesia, durante os governos da Quarta República.
Ele conclamou os militantes a “ir de porta em porta até o dia da eleição, 26 de setembro, sem descanso todos os dias e todas as noites, para demolir a quinta coluna contrarrevolucionária”.
O presidente pediu unidade das fileiras revolucionárias, lembrando que a campanha eleitoral começa na próxima quarta-feira, 25, e enfatizou: “Oligarcas, tremei, porque os demoliremos!”
Fonte: Agência Bolivariana de Notícias
“A mobilização de setembro vai se chamar assim: Operação Demolição. A palavra de ordem é demolir os candidatos contrarrevolucionários. Nós não chegamos aquí para sermos derrotados (…) Não podemos permitir que nossas lanças sejam quebradas pela oligarquía imperialista. Este é o momento, agora temos pátria”, disse o presidente Chávez num entusiasmado pronunciamento.
Chávez explicou que o objetivo de ganhar os dois terços da Assembleia Nacional não significa apenas somar deputados ao proceso de transformação e mudanças, mas defender o futuro e a independência do país, impulsionada a partir da chegada da Revolução Bolivariana.
“Em 26 de setembro vamos defender o futuro, que será imensamente maior que o passado, nestes 11 anos de Revolução. Trata-se de defender o futuro do povo, o futuro da revolução, a independência do país. Seria uma verdadera tragédia se essa quinta coluna apodrecida, contrarrevolucionária, integrada por adecos e copeianos, tomasse a maioria na Assembleia Nacional”, disse Chávez. Adecos e copeianos são os políticos provenientes dos antigos partidos oligárquicos AD e COPEI, que monopolizavam o sistema político venezuelano antes da Revolução Bolivariana.
O líder da Revolução conclamou o povo venezuelano a não se deixar enganar pelas propostas de leis de suposto beneficio “social”, que partidos como Primeiro Justiça, Um Novo Tempo, Ação Democrática e outros prometeram nos últimos dias.
Chávez destacou a necessidade de que as revolucionárias e os revolucionários consolidem para sempre a vitória do povo venezuelano e assim não permitir a exploração da pátria perpetrada pela burguesia, durante os governos da Quarta República.
Ele conclamou os militantes a “ir de porta em porta até o dia da eleição, 26 de setembro, sem descanso todos os dias e todas as noites, para demolir a quinta coluna contrarrevolucionária”.
O presidente pediu unidade das fileiras revolucionárias, lembrando que a campanha eleitoral começa na próxima quarta-feira, 25, e enfatizou: “Oligarcas, tremei, porque os demoliremos!”
Fonte: Agência Bolivariana de Notícias
sábado, 21 de agosto de 2010
Encontros dos blogueiros progressistas....
Participação de Brizola Neto, no encontro dos blogueiros progressistas, em São Paulo, com participação de mais de 300 blogueiros sérios e comprometidos com a informação de credibilidade e em desmascarar a desinformação causada pela mídia corporativa, ou PiG( como diz Paulo Henrique Amorim), Partido da Imprensa Golpista. Brizola escreve no Blog Tijolaço...
Reflexões de Fidel (II parte)
O Governo Mundial
(Segunda Parte)
(Extraído do
CubaDebate)
“O á-bê-cê do tráfico de drogas”
“O
ópio é cultivado em diversas regiões do mundo:
América do Sul, Triângulo de Ouro de Laos, Burma e
Tailândia, Afeganistão, Paquistão e Ásia Central,
numa zona conhecida como a Meia Lua Dourada. A
imensa maioria das amapolas de ópio crescem numa
estreita zona montanhosa de aproximadamente seis mil
quilômetros, que abrange do sul da Ásia à Turquia,
passando pelo Paquistão e Laos.”
“Neste momento, é claro que os bilderbergers não se
encarregam pessoalmente de transportar as drogas nem
de lavar o dinheiro dos benefícios. A CIA se
encarrega disso…”
“…Neil Clark aponta o seguinte: ‘Soros está
aborrecido não com os objetivos de Bush ―estender a
Pax Americana e fazer com que o mundo seja mais
seguro para capitalistas globais como ele―, mas com
a grosseira maneira de Bush para consegui-lo.”
“‘O
Plano Marshall proposto para os Bálcãs é uma ilusão
[…] Financiado pelo Banco Mundial e pelo Banco
Europeu de Desenvolvimento (EBRD), bem como por
credores privados, beneficiará principalmente as
empresas mineiras, petroleiras e construtoras, e
inchará a dívida externa até bem adiantado o
terceiro milênio.”
“Intervenção militar da OTAN”
“A
consolidação do poder da OTAN no sul da Europa e no
Mediterrâneo constitui também um passo para a
ampliação do campo de influência geopolítica do
Bilderberg, além dos Bálcãs, para a área do mar
Cáspio, Ásia Central e Ásia Ocidental.”
“O fantasma de Travis”
“Na
primeira semana de novembro de 1999, recebi o que em
princípio parecia ser um cartão postal enviado de
Ladispol, um povoado na região do Lazio, Roma, na
costa mediterrânea.”
“Em
30 de março de 1980, foi a data em que saímos
oficialmente da União Soviética. Enquanto estivemos
na Itália, alojamo-nos em Ladispol, um lugarejo que
seria o nosso lar durante o ano seguinte.”
“Saí
para a rua. Chuviscava. Duas criancinhas pulavam e
chapinhavam encantados, de charco em charco,
deixando as marcas dos sapatos nas calçadas.
Atravessei a elegante rua sob os grandes nimbos e
abri a porta do pub da esquina da minha casa. 29 de
novembro de 1999. Que diabo significava tudo isso?
Voltei a ler o texto. ‘Estou passando bem. Tomara
que você estivesse aqui’. Assinado: Fashoda. Que
diabo era esse cara?”
“‘Fashoda não é uma pessoa, mas um lugar!’ Podia
sentir como batia o meu coração. 29 de novembro de
1999 […] De repente, me endireitei no assento.
‘Fashoda, Travis Read!!!’.”
“Travis era um malandro que eu conheci durante a
reunião do Clube Bilderberg em King City em 1996.
Era uma trombadinha, indisciplinado e detestável […]
Travis era propenso a ser preso e, quase com a mesma
rapidez, a ser libertado.”
“Como soube mais tarde, Travis Read se converteu em
delinqüente para trabalhar com os delinqüentes.”
“Foi
enviado para o Sudão por contatos que trabalhavam
tanto para a CIA quanto para a Polícia Nacional do
Canadá, a RCMP […] Nunca foram revelados os
pormenores de sua viagem ao Sudão, mas, ao igual que
em 1899, esse lugar deixado da mão de Deus atraía os
caras mais impróprios pelos motivos mais próprios.”
“‘Se
Travis quiser me ver, então isto vai se tornar uma
grande bagunça’, disse para os meus botões.”
“Devo admitir que quando as coisas se saíam mal,
sempre confiava nos antigos funcionários soviéticos.
Algo intrínseco neles fazia com que não confiassem
no Ocidente e não se deixavam facilmente comprar, ao
contrário do que os jornais de massas e as
informações de imprensa desejam fazer crer.”
“Não
eram esse tipo de pessoa que a gente gostaria trair.
Eu sabia que estava a salvo com eles. Meu avô havia
arriscado sua própria vida no início da década de
1950 para salvar a vida dos pais destes homens,
agentes do KGB…”
“Em
27 de novembro, na última hora da tarde, tocou meu
celular. Era Travis. Estava alojado em algum antro
da periferia de Roma.”
“—Piazza della Repubblica, às 17h30 — interrompi-o.”
“—Eu
ponho as regras — vociferou Travis.”
“—Você quer a informação ou não? — perguntou
Travis.”
“—Não o suficiente como para que me matem — disse eu
friamente.”
“Travis não assistiu à reunião. Ao redor das 20h30,
encaminhamo-nos rapidamente para a residência dele,
se pode ser chamada assim, pistolas na mão. O antro,
de uma peça só, havia sido totalmente saqueado.
Mesmo assim, não tinha indício de lutas nem manchas
de sangue nem o cadáver de Travis Read. Pelo que
sei, nunca mais se ouviu falar nele.”
“De
vez em vez, o fantasma de Travis aparece nos cantos
mais profundos de minha memória, uma lembrança
mórbida da fragilidade e da falibilidade do espírito
humano.”
Assim conclui Estulin o capítulo 3.
“CAPÍTULO
4”
“Bilderberg e a guerra secreta no Afeganistão”
“As
causas pelas quais estouram as guerras se enraízam
na ideologia refletida nos livros de texto
escolares: as nações vão à guerra por períodos de
tempo terrivelmente longos, fundamentando-se em
mentiras, como o demonstrou a Primeira Guerra
Mundial e cada um dos conflitos do século 20.”
“O
famoso historiador Edmund Morgan escreveu o
seguinte: ‘A história nunca se repete. Os que não
sabem dos detalhes acreditam nisso’.”
“A
bacia do mar Cáspio e a Ásia Central são as chaves
da energia no século 21. Duas terceiras partes das
reservas de petróleo se encontram naquela região […]
‘A América quer que a região esteja sob o total
domínio estadunidense’, segundo afirma James Donan
num artigo publicado na revista comercial Oil &
Gas Journal, em 9 de outubro de 2001.”
“‘…Madeleine Albright [nesse momento, secretária de
Estado sob a administração Clinton e uma das pessoas
responsáveis pela guerra de Kosovo] concluiu que
'trabalhar para modelar o futuro da área é uma das
coisas mais apaixonantes que podemos fazer'’,
segundo informa o número de maio de 1998 da revista
Time.
“A
guerra do Golfo permitiu que o Pentágono
estabelecesse numerosas bases militares na Arábia
Saudita, nos Emirados Árabes Unidos e em outros
lugares.”
“Como foi documentado pelo professor Michel
Chossudovsky no War and Globalization, a
aliança GUUAM (Geórgia, Ucrânia, Uzbequistão,
Azerbaijão, Moldávia) formada pela OTAN em 1999,
está sobre o bojo da riqueza caspiana de petróleo e
de gás. Fundamental em GUUAM é a Geórgia, um Estado
cliente dos Estados Unidos, onde Mikhail Saakashvili
demitiu como presidente o ex-ministro de Assuntos
Exteriores soviético, Eduard Shevardnadze, mediante
um golpe de Estado amanhado pelos americanos e
apresentado como uma revolta popular e espontânea.”
“Segundo Project Underground […] antigos membros dos
sovietes, do KGB e do Bureau Político se aproveitam
da riqueza do petróleo, junto a «uma coleção
formidável de importantes figuras da Guerra Fria,
procedentes, principalmente, do gabinete de George
[H. W.] Bush». Os jogadores são os antigos
conselheiros de Reagan, Bush e Clinton, como James
Baker III (ex-secretário de Estado da administração
Bush pai), Dick Cheney (vice-presidente) e John
Sununu (ex-chefe de pessoal da Casa Branca).”
“…Peter Sutherland (da British Petroleum), a rainha
Elizabeth II da Inglaterra (acionária principal da
British Petroleum, cabeça do Comitê dos 300), que
estão lutando pelo controle sobre os recursos
petroleiros e os corredores dos oleodutos que saem
da bacia do mar Cáspio. Em 1998, após uma reunião
secreta do Clube Bilderberg na Escócia, informei nos
meios independentes que a OTAN, executando as
ordens do Clube que a fundou, deu luz verde à Rússia
para bombardear a Tchechênia, sabendo que com isso
aumentariam ainda mais as hostilidades entre esses
dois países, cujo ódio mútuo tem mais de trezentos
anos.”
“O
oleoduto afegão não era simplesmente um negócio, mas
um componente fundamental de uma agenda
geoestratégica mais ampla: controle militar e
econômico total da Eurásia (Oriente Médio e as
antigas Repúblicas soviéticas da Ásia Central).
George Monbiot o confirmava no The Guardian,
em 23 de outubro de 2001: ‘O petróleo e o gás não
têm nenhum valor se não são deslocados. A única rota
que tem sentido tanto político quanto econômico é
através do Afeganistão...’.”
“Depois da queda da União Soviética, a companhia
petrolífera argentina Bridas, dirigida por seu
ambicioso presidente, Carlos Bulgheroni, foi a
primeira empresa em explorar os jazigos petrolíferos
de Turcomenistão, onde se encontram umas das maiores
reservas de gás natural do mundo […] O Afeganistão é
a rota mais curta no caminho ao golfo para
transportar os recursos de gás do Turcomenistão e
Uzbequistão, da Ásia do Norte Central e da Ásia
Ocidental Central.”
“Com
grande consternação para a companhia Bridas, UNOCAL
se dirigiu diretamente aos líderes regionais com sua
própria oferta. UNOCAL formou seu próprio consórcio
concorrente, dirigido pelos Estados Unidos,
patrocinado por Washington, que incluía Delta Oil da
Arábia Saudita, junto ao príncipe saudita Abdullah e
ao rei Fahd.”
“Segundo Ahmed Rashid, ‘a verdadeira influência de
UNOCAL sobre os talibãs está baseada em que seu
projeto tinha a possibilidade de ser reconhecido
pelos Estados Unidos, algo que os talibãs queriam
garantir a qualquer preço. […] Na primavera de 1996,
executivos de UNOCAL levaram o líder uzbeque, o
general Abdul Rashid Dostum (um assassino de massas,
responsável pelo massacre de Dasht-i-Leili em
dezembro de 2001, quando centenas de prisioneiros
talibãs foram propositadamente asfixiados em
contêineres metálicos, enquanto eram levados por
soldados norte-americanos e da Aliança do Norte para
a prisão de Kunduz, Afeganistão) a Dallas para
debater a instalação do oleoduto em seus territórios
do norte, controlados pela Aliança do Norte.”
“A
concorrência entre UNOCAL e Bridas, conforme é
descrita por Rashid, ‘começou a refletir a
concorrência dentro da família real saudita’. Em
1997, funcionários talibãs foram duas vezes a
Washington e a Buenos Aires para serem agasalhados
por UNOCAL e Bridas.”
“Mais uma vez, a violência mudaria o curso dos
acontecimentos. Em resposta ao bombardeamento das
embaixadas estadunidenses em Nairobi e Tanzânia
(atribuído a Ossama bin Laden, embora, segundo
fontes de Inteligência francesas, o atentado fosse
um trabalho do Mossad israelita), o presidente Bill
Clinton disparou mísseis de cruzeiro contra uma loja
vazia no Afeganistão e no Sudão, em 20 de agosto de
1998. A administração, então, cortou relações
diplomáticas com os talibãs e as Nações Unidas
impuseram sanções.”
“O
resto de tempo da presidência de Clinton não houve
reconhecimento oficial ao Afeganistão por parte dos
Estados Unidos nem das Nações Unidas. E nenhum
avanço no tema do oleoduto.”
“Naquele tempo, George W. Bush entrou na Casa
Branca.”
“Durante os meses finais da administração Clinton,
os talibãs eram oficialmente um grupo terrorista.
Depois de quase uma década de competição feroz entre
o consórcio UNOCAL-CentGas, apoiado pelos Estados
Unidos e Bridas da Argentina, nenhuma empresa havia
chegado a um acordo para construir um oleoduto no
Afeganistão […] George W. Bush reatou as relações
com os talibãs. Não é para supreender, visto que, em
1998 e em 2000, o ex-presidente George H. W. Bush
foi à Arábia Saudita em nome da empresa privada
Carlyle Group, o undécimo maior empreiteiro de
Defesa nos Estados Unidos, onde se reuniu em privado
com a família real saudita e com a família de Ossama
bin Laden, conforme a edição de 27 de setembro de
2001, do The Wall Street Journal.”
“Num
dos episódios mais surrealistas e kafkianos dos
acontecimentos prévios a 11-S, o The Washington
Post cita Milt Bearden, agente da CIA, que
ajudou a estabelecer os mujahedin afegãos,
lamentando o fato de que os Estados Unidos não
tomaram tempo para entender os talibãs, quando
afirmou: ‘Nunca ouvimos o que eles tentavam nos
dizer […]. Não falávamos uma língua comum. Nós
falávamos 'entregai Bin Laden'. Eles diziam: Façam
alguma coisa para nos ajudar a entregá-lo'’. Porém,
há muito mais.”
“De
fato, a relação entre a administração Bush e o
‘terrorista’ e líder da Al-Qaeda, Ossama bin Laden,
nunca foi melhor.”
“A
evidência de que a guerra no Afeganistão, onde a
avareza multinacional se mistura com a avareza e a
crueldade dos grandes do petróleo (BP, Shell, Exxon,
Mobil, Chevron, etc.) é simplesmente irrefutável.
Assusta pensar que um canto deixado da mão de Deus,
controlado por terroristas, possa se tornar um ponto
onde se combinam os interesses da administração
Bush, Bridas, UNOCAL, CIA, dos talibãs, Enron,
Arábia Saudita, Paquistão, Irão, Rússia e Índia.”
Sob
a epígrafe Um vaqueiro na Casa Branca,
Daniel Estulin assinala que:
“Bush formou seu gabinete com personagens da
indústria da energia com estreitos vínculos na Ásia
Central (Dick Cheney, de Halliburton; Richard
Armitage, de UNOCAL; Condoleeza Rice, de Chevron) e
chegou ao poder, graças à generosidade das
corporações com direitos adquiridos na região, como
a Enron.”
“A
participação da família Bush na política petroleira
do Oriente Médio e da Ásia Central e seus vínculos
profundos com a família real saudita e a família Bin
Laden existem há várias gerações.”
“Como
os membros do Bilderberger criaram a guerra do Yom
Kippur com o objetivo de internacionalizar o
petróleo.”
“…Os
membros do Bilderberg não deixam nenhuma ponta
solta. Não trabalham com um plano quinquenal.
Planejam a mais longo prazo. No início dos anos
setenta, prepararam um plano B, um plano de partilha
do petróleo, que incluía os Estados Unidos e mais
onze importantes países industrializados,
estabelecendo um mecanismo sob o qual Allen sustenta
o seguinte: ‘O petróleo produzido no interior dos
Estados Unidos pela primeira vez na história
americana será partilhado e destinado, se houver
outro embargo do petróleo do Oriente Médio’.”
Epílogo do capítulo 4.
“A
‘prova’ de 1973, preparada pelos membros do
Bilderberg, demonstra claramente que o petróleo será
utilizado como arma de controle. O que aconteceu em
1973 alertou ‘a população estadunidense e
demonstrou-lhe quanto controle os governos
estrangeiros e as corporações multinacionais podiam
exercer sobre a nação’, escreve David A. Rivera em
Final Warning:
A History of the New World Order.”
No
capítulo 5 se aborda:
“MATRIX:
Bases de Dados e Programa de Conhecimento Total de
Informação”
“Em
geral, é muito mais simples chegar a um acordo
quando não há ouvintes. Não é uma questão de
secretos, mas da capacidade de agir de uma maneira
mais eficaz.”
NEIL
KINNOCK: comissário da União Europeia e membro do
Bilderberg
“O
Programa de Conhecimento Total de Informação (Total
Information Awareness,TIA) do Pentágono é um sistema
que parte de uma frase codificada e implica a
dissolução gradual das prezadas liberdades
individuais da América defendidas pela Constituição
a favor de um Estado global, totalitário. A maior
parte dos pormenores deste gigantesco sistema de
espionagem continua sendo um mistério. Depois dos
atentados de 11 de setembro de 2001, o TIA se tornou
uma rede de vigilância que é ‘representativa de uma
tendência maior aparecida nos Estados Unidos e na
Europa: o fluxo aparentemente inexorável para uma
sociedade sob vigilância’.”
“O
eixo principal da rede de Vigilância Total é uma
nova e extraordinária modalidade denominada
«mineração de dados» ou descoberta de conhecimento,
que supõe a extração automatizada de informação
preditiva oculta a partir de bases de dados.”
“Pondo em prática uma capacidade incomparável para
processar bilhões de registros por segundo, Accurint
compilou o maior registro de dados de contato
acessível do mundo. Accurint procura mais de 20
bilhões de registros que cobrem desde mudanças
recentes até direções antigas que remontam a mais de
30 anos atrás.”
“…quando lhes foi solicitada mais informação, os
responsáveis da empresa se negaram a revelar
detalhes mais específicos sobre a natureza e as
fontes dos dados.”
“Segundo Christopher Calabrese, do Conselho do
Programa de Tecnologia e Liberdade da União de
Liberdades Civis Americana, ‘Matrix […] converte
cada estadunidense num suspeito’.”
“A
Associated Press revelou que, em janeiro de
2003, o governador da Flórida, Jebb Bush, informou o
vice-presidente Dick Cheney, Tom Ridge, que estava a
ponto de juramentar como secretário do novo
Departamento de Segurança Nacional, e
ao diretor do
FBI, Robert Mueller, sobre o projeto secreto que
demonstraria como as Forças de Segurança poderiam
usar um programa informático para capturar
‘terroristas’.”
“Linha
aérea Ibéria”
“Por
outra parte, a Ibéria, a principal linha aérea
espanhola, foi acusada de ceder informação
confidencial dos seus passageiros ao governo dos
Estados Unidos…”.
“‘Os
Estados Unidos obrigam as linhas aéreas a fornecer
dados sobre os viajantes’, Andy Sullivan, Reuters,
17 de março de 2004.”
“Da
mesma maneira, a NASA também pediu e recebeu
informação confidencial sobre dados de passageiros
de milhões de clientes da Northwest Airlines como
nomes, endereços, itinerários de viagem e números do
cartão de crédito, para um estudo similar de
mineração de dados […] incidentes têm ocasionado
dezenas de litígios. Isto representava também uma
violação de sua própria política.”
“‘A
Northwest Airlines entrega à NASA informação pessoal
sobre milhões de passageiros; a cessão viola a
política de privacidade’, Electronic Privacy
Information Center, 18 de janeiro de 2004.”
“‘A
Northwest Airlines cede dados dos passageiros ao
governo’, Jon Swartz, USA Today, 19 de
janeiro de 2004.”
Dedica uma epígrafe a:
“Detalhes privados à vista de todos”
“O
comissário Almunia, o presidente Borrell e o
presidente da Comissão Europeia, José Manuel
Barroso, outro membro do Bilderberger habitual,
fizeram uma grande campanha a favor da aprovação dos
direitos fundamentais, consagrados supostamente na
Constituição Europeia [...] O que nunca disseram nem
Borrell, nem Almunia, nem Barroso ao bom cidadão
europeu é que todos esses direitos, segundo o artigo
51, podem ser suspensos, se ‘os interesses da
União’ assim o determinarem.”
“Contudo, há muita coisa mais por contar quanto à
vergonhosa demonstração de traição por parte da
Comissão Europeia no que diz respeito aos seus
próprios cidadãos.”
“Controle europeu das telecomunicações: votação no
Parlamento Europeu para aceitar a retenção de dados
e a vigilância por parte das forças de segurança.
“A votação sobre a retenção de dados de 30 de maio
de 2002
(Na legislação europeia anterior, os votos do PPE e
PSE reuniram 526 eurodeputados, de um total de
626).”
“Statewatch e os Repórteres Sem Fronteiras foram as
únicas organizações que informaram sobre o que sã
decisões que afetam centenas de milhões de
europeus.”
“Basicamente, a grandiloqüência e desafio dos
socialistas sobre questões de lei nacional e
internacional são uma farsa. A aliança dos grupos do
PPE e do PSE no Parlamento Europeu demonstrou que
eles apoiam as exigências dos governos da UE, em
lugar de agir em defesa das pessoas e de defender os
direitos de cidadãos à privacidade e às liberdades
civis.”
“Javier Solana Madariaga, membro chave do Grupo
Bilderberg, antigo secretário-geral da OTAN e
secretário-geral do Conselho da União Europeia/Alto
Representante para a Política Comum de Segurança e
Defesa, numa decisão que a Federação Internacional
de Jornalistas simplesmente batizou como «um golpe
de Estado de verão». Lembrem, leitores, que
personagens como Javier Solana não representam os
seus interesses nem os da Espanha.”
Depois Estulin documentou tudo ao longo de 16
páginas.
Seu
livro inclui uma epígrafe intitulada “Meu final”.
“A
memória criativa é o contrário mais sutil do
historiador. O pretexto de esquecer governa e
deforma tudo o que decidimos lembrar abertamente. A
existência e o mundo parece se justificarem apenas
como fenômeno estético. Só o estético implica não a
vida pela vida, mas um contraste agudo à
interpretação moral da existência e do mundo.”
“Amos Oz, provavelmente o romancista israelense mais
conhecido, fez esta observação: ‘Ali, onde a guerra
se chama paz; ali, onde a opressão e a perseguição
se denominam segurança, e o assassinato, libertação,
a poluição da linguagem precede e prepara a
contaminação da vida e da dignidade. Afinal, o
Estado, o regime, a classe ou as ideias permanecem
inalteráveis, enquanto a vida humana se destrói’.”
“Se
a democracia é o governo do povo, os objetivos
secretos dos governos e dos sinistros grupos de
pressão são incompatíveis com a democracia. A
própria ideia de esferas clandestinas de influência
dentro do governo que empreendem campanhas secretas
contra a humanidade é, portanto, alheia à noção de
liberdade e deve ser combatida com entusiasta
determinação, a não ser que desejemos repetir os
erros fatais de um passado não tão distante.”
“Numa sociedade cada vez mais desmembrada, existem
alguns elementos que permitem destacar o que
partilhamos, o que temos em comum, e permitem
fazê-lo diretamente, com dramática intensidade. A
dignidade humana e um anseio genuíno de liberdade,
que se compreende num instante em qualquer lugar do
mundo e não necessita tradução, são alguns dos
aspectos mais valiosos da tradição universal. Merece
todo o apoio que possa receber.
“Finalmente, se o fato de criticar os aspectos
arrogantes, irreflexivos e abusivos da sociedade
totalitária faz com que, por vezes, alguém zombar de
você e te chamar de «contra-tudo», deveria
considerá-lo como uma distinção honorável. Graham
Greene acertou quando disse que «o escritor deve
estar pronto para mudar de bando em qualquer
momento. Sua missão é defender as vítimas e as
vítimas mudam».
“DANIEL
ESTULIN”
Dedica finalmente oito páginas e meia à memória de
seu avô.
“Essa foi a última vez que o vi vivo. Um ancião de
complexão normal, de 96 anos de idade, sentado no
seu divã desvencilhado, olhando através de seus
óculos exagerados, encontrando-se com meu olhar, mas
apenas capaz de reconhecer meus olhos. Estava vivo
porque se movimentava e falava, ou antes, porque
fazia um esforço sobre-humano para enlaçar as
letras, que se derramavam nos lugares mais
recônditos das profundidades da consciência que lhe
restava e se negavam com teimosia a se juntarem para
formar sintagmas coerentes. Nos últimos meses de sua
longa vida, ao meu avô, um homem que se expressava
com clareza e que gostava demais do humor e do
debate, literalmente faltavam as palavras. Numa
espécie de ato de crueldade final, o câncer roubou
sua linguagem antes de roubar sua vida.”
“Com
meu bilhete de avião de retorno à Espanha na mão,
passei por casa dele para me despedir. Em minha
última visita, não nos dissemos grande coisa. Eu não
encontrava as palavras apropriadas. Estava sem
fôlego e me custava respirar, porque sabia que nunca
mais o veria. ‘Adeus’ era uma expressão simples
demais e atroz demais.”
“Na
mesa da sala de estar, apoiada na parede, tinha uma
fotografia dos meus avós, feita pouco depois de sua
chegada ao Canadá, em 1983. Minha avó havia falecido
fazia pouco mais de um ano. Meu avô, doente de
gravidade naquele momento, nunca se recuperou da
perda de alguém que amou profundamente durante mais
de quarenta anos.”
“Tentando por todos os meios de não debulhar em
prantos, continuo lembrando a eu próprio que estas
páginas são uma reivindicação da honestidade a
expensas da crueldade e da oportunidade. O tema
principal não é a política, nem uma crítica aberta
do totalitarismo, ao contrário, mas o bater do
coração de um homem, e por isso lhe presto
homenagem. Por isso deveria ser lido.”
“A
morte clínica do meu avô foi constatada no dia 18 de
abril de 1995. Supunha-se que foi a última tarde que
tinha sido ele próprio, como disse Auden acerca do
dia em que morreu Yeats: ‘Ele se converteu em seus
admiradores’. Ele se converteu em uma lembrança;
sumiu nas profundezas do seu nome. É um dos
mistérios da morte, que deveria supor uma mínima
diferença para todos, menos para os achegados dessa
pessoa.”
“Como o resto de nós, a gente morre, no mínimo, duas
vezes: fisicamente e conceptualmente. Quando o
coração deixa de bater e quando começa o
esquecimento. Os mais afortunados, os mais
brilhantes, são aqueles em que a segunda morte é
adiada de um modo considerável, talvez
indefinidamente […] Chegaram chamadas de todos os
países e cantos imagináveis do Planeta, um tributo à
infinita admiração que ele, meu avô, um ex-agente da
contra-espionagem do KGB, infundiu nessas pessoas,
nas quais influiu em suas vidas.”
“Seu
avô era um soldado entre soldados. Esteve vinte e
cinco anos defendendo o Império czarista, Alexandre
II e Alexandre III. Meu avô continuou a tradição
militar da família. Participou da Revolução, da
guerra civil russa e das duas guerras mundiais.
Enquanto defendia os Minsk nas primeiras semanas da
Segunda Guerra Mundial, toda sua família, onze
irmãos e irmãs, seu pai, sua mãe e uma avó de 104
anos de idade, foram exterminados pelos nazistas em
Karasy-Bazar, Crimeia.”
“Levava uma vida verdadeira. Não se limitava
simplesmente a viver.”
“Meu
avô se tinha casado numa ocasião, em 1930. Teve três
filhos. Então, chegou a guerra. Combateu em Belarus,
defendeu Brest, mas foi obrigado a se retirar com o
que restava do Exército Vermelho, devido ao avanço
das tropas alemãs. Nalgum momento, no caos
resultante, perdeu a pista de sua família. Uma mãe e
três crianças de oito, cinco e três anos de idade
não podiam ir tão rápido como o Exército Vermelho ou
como os soldados nazistas. Foram capturados pelos
nazistas, enviados a um campo de concentração e
exterminados.
“A
Segunda Guerra Mundial, tal como demonstro neste
livro e como manifestei amplamente no meu primeiro
livro sobre o Clube Bilderberg, foi astutamente
financiada pelos Rockefeller, Loeb e Warberg. O
príncipe Bernhard, fundador do Clube Bilderberg,
também estava envolvido. Era nazista. A família real
britânica simpatizava, na sua maioria, com os
nazistas, ao igual que a maior parte do Eastern
Establishment «liberal» dos Estados Unidos, o rede
plutocrática que domina a vida econômica, política e
social desse país. Hitler, a besta, foi criado pelos
mesmos que hoje assistem em secreto às reuniões do
Clube Bilderberg, o CFR e a Comissão Trilateral. A
história, para esta gente, é um quadro-negro em
branco para defecar sobre a angústia dos outros.
Alguém me pode culpar por desprezar tanto o
Bilderberg e seus pares?”
“No
meu caso, meu avô continua sendo minha pedra angular
—companheiro de viagem — inclusive depois da morte.
Está tão ausente quanto presente.”
“Tempo e espaço, os truques do mundo ferido por toda
parte, o monte de resíduos que chamamos história,
que também representam seus sucessos. São seus
sucessos. Como o tempo, estes conservam a magia que
o faz desaparecer.”
“Lembro-me dele, sobretudo, quando se aproxima seu
aniversário. Mas, para mim, este ano é diferente. A
idade é uma acumulação de vida e de perda. A idade
adulta é uma série de linhas cruzadas. Ultrapassei
um limiar. Doravante, estou sozinho...”
Recolhi na segunda parte desta Reflexão grande
quantidade das linhas finais de seu livro. Explicam
seu desprezo pela odiosa instituição do Clube
Bilderberg.
É
terrível pensar que as inteligências e os
sentimentos das crianças e dos jovens dos Estados
Unidos são mutilados dessa maneira.
Agora é preciso lutar para evitar que sejam
conduzidos a um holocausto nuclear, e recuperar tudo
o que for possível, sua saúde física e mental, e
procurar as formas em que os seres humanos sejam
libertados para sempre de tão terrível destino.
Fidel Castro Ruz
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