sábado, 9 de fevereiro de 2008

Cultura: Berlim em frenesi

O 58° Festival de Cinema é um espelho fiel de Berlim hoje, atraindo milhares de fãs e cinéfilos da Europa e do mundo inteiros, uma prova da vitalidade dos processos culturais dessa cidade que, enfim, sobreviveu a tantas guerras e autoritarismos que a devastaram durante tanto tempo.

Há um frenesi nas ruas e em muitos cinemas de Berlim. As pessoas estão nervosas, alteradas, ainda que tudo aconteça com uma certa discrição, como é de costume nesta cidade por onde nos últimos 200 anos de algum modo passaram quase todas as revoluções e guerras da Europa, inclusive a Guerra Fria.

De 7 a 17 deste mês de Fevereiro acontece a 58ª edição da Berlinale, o Festival de Cinema de Berlim, um dos mais importantes da Europa e do mundo, que acorda o Urso de Ouro como prêmio máximo, já vencido pelo brasileiro "Central do Brasil". O Urso é o símbolo de Berlim, e está na bandeira da cidade.

O centro nervoso do Festival fica na hoje algo feérica Potsdammer Platz, símbolo da reunificação da cidade e da Alemanha depois de 1989, quando caiu o muro que a dividia em Ocidente e Oriente, capitalismo e comunismo. Nas imediações se concentram os artistas, cineastas e músicos esperados. Por ali, no saguão de entrada de um enorme e moderníssimo centro comercial, se compram as entradas para os filmes. Isso pode significar até duas horas ou mais numa fila, e várias vezes, pois as entradas são postas à venda apenas três dias antes dos filmes passarem. Freqüentemente a espera termina em frustração, pois há filmes disputadíssimos, com as entradas se esgotando rapidamente. E vende-se apenas o máximo de dois ingressos por pessoa para cada espetáculo.

Tal interesse tem raízes históricas compreensíveis, além do enorme interesse que o cinema gera nesta cidade, que está longe da situação de outras em que os cinemas (como em muitas cidades brasileiras, por exemplo) foram fechando nas últimas décadas, dando lugar a igrejas e bingos. Este é um fenômeno berlinense a ser estudado.

Desde que renasceu literalmente dos escombros da Segunda Guerra, Berlim passou 44 anos de sua vida ocupada pelos vencedores e dividida entre as potências que emergiram ou sobraram naquele conflito. A partir de 1961 a construção do Muro selou a divisão da cidade, e deu a Berlim Ocidental uma condição que em algum lugar Ignácio de Loyola Brandão chamou de “vida numa ilha”, ou algo assim. Era verdade. Berlim Ocidental estava encravada no meio da Alemanha Oriental. Era mais simples o cidadão ir para o aeroporto e de lá para Paris ou o Brasil, do que passar de um lado para o outro do Muro, e voltar.

Quer dizer: a Berlinale era um dos momentos em que o mundo vinha até Berlim. Colocada no meio das duas Europas, Berlim atraía cinemas e cineastas do mundo inteiro, o que se reflete inclusive em alguns aspectos desta 58a. edição, de que falarei mais adiante.

São cerca de 200 filmes exibidos em onze dias, dez, na verdade, descontando-se o da abertura, em que foi exibido com grande sucesso o documentário de Martin Scorsese sobre os Rolling Stones, “Shine a Light”, a partir de uma apresentação da banda de sexagenários em Nova Iorque, em 2006.

O festival é muito complexo. Além da competição oficial, onde concorrem 26 filmes, inclusive o controvertido brasileiro “Tropa de Elite”, de José Padilha, há “seções”, como “Panorama”, cujo nome revela sua natureza de recolha do cinema mundial, “”Fórum”, aberto ao cinema mais inovador e também experimental, seções destinadas às crianças e adolescentes, aos jovens talentos, além de uma retrospectiva de Luis Buñuel e uma homenagem a Francesco Rosi.

Uma das atividades mais importantes da Berlinale é a das oficinas, em que diretores e artistas de cinema, roteiristas, críticos e técnicos se encontram com jovens cineastas para troca de experiências. Nesta edição há profissionais como Mike Leigh, Stephen Daldry e o legendário Andrzej Wajda, de clássicos como “Cinzas e diamantes” e “O homem de mármore”, do cinema polonês.

Nas retrospectivas há uma mostra de filmes norte-americanos sobre a guerra do Vietnã, tema mais que oportuno neste momento de novas guerras a fundo perdido, como a do Iraque e a do Afeganistão, em que tropas da OTAN e aliados se atolam cada vez mais, como naquela do passado aconteceu com os EUA. Essa mostra faz uma retrospectiva colateral do Congresso sobre o Vietnã, realizado pelo movimento estudantil de Berlim em fevereiro de 1968, acontecimento que deflagrou a série de confrontos e desafios da juventude na Alemanha, na Europa e no mundo inteiro, que fizeram daquele ano um dos anos legendários da história do século XX: quem viveu, e se venceu ou perdeu, até que não importa: viu e participou.

Não me arriscarei a fazer previsões sobre favoritos para o Urso de Ouro. O júri, formado na maioria por cineastas e artistas europeus, é liderado por Costa-Gravas, e tem 26 filmes de peso pela frente, entre eles o já citado “Tropa de Elite”, que chega precedido pelo impacto das polêmicas que despertou no Brasil. Disso e dos outros filmes brasileiros, trataremos mais adiante: na semana que vem há uma coletiva com diretores e cineastas brasileiros na Embaixada do Brasil, na quarta-feira, às cinco da tarde.

Muitas estrelas são esperadas em Berlim: Julia Roberts, Madonna... Mas dando prova de sua abertura mundial, as estrelas que têm maior expectativa nessa 58ª edição não vêm de Hollywood, sequer da Europa: são Shah Rukh Khan, ator de Bollywood, na Índia, centro cinematográfico que produz 700 filmes por ano, e a nigeriana Kate Henshaw-Nutall, de Nollywood, da Nigéria, que, como sua congênere indiana, emerge como uma nova potência cinematográfica.

O Brasil está presente com oito filmes, além do já citado: “Mutum”, de Sandra Kogut, “Cidade dos homens”, de Paulo Morelli, “Maré, nossa história de amor”, de Lúcia Murat, e os curtas “Café com leite”, de Daniel Ribeiro, “Ta”, de Felipe Sholl, “Dreznica”, de Anna Azevedo, e dois filmes que serão exibidos na curiosa mostra “Cinema culinário”: “Mr. Bené góes to Italy”, de Manuel Lampreia, e “Estômago”, de Marcos Jorge. Nesta seção, além da exibição dos filmes, entre eles “O discreto charme da burguesia”, de Buñuel, haverá comentários de cozinheiros ;profissionais e degustação de pratos inspirados pelos filmes.

Cosmopolita e variegada, a Berlinale é um espelho fiel da Berlim de hoje, atraindo milhares de fãs e cinéfilos da Europa e do mundo inteiros, uma prova da vitalidade dos processos culturais dessa cidade que, enfim, sobreviveu a tantas guerras e autoritarismos que a devastaram durante tanto tempo. Uma homenagem aos poderes criativos e solidários da humanidade, que, ainda que precários, é o que temos de melhor para combater os destrutivos e devastadores.

Zé Ramalho - A Peleja do Diabo Com O Dono do Céu (1979)




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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Vale dos Lobos: Iraque
(Kurtlar vadisi - Irak)


Baseado em fatos reais. Em 4 de julho de 2003, o exército norte-americano expulsou do norte do Iraque uma guarnição de soldados turcos. Humilhados eles foram deportados para o seu país usando capuzes nas cabeças, sem o mínimo respeito pelo uniforme que usavam. Esse dia, que foi chamado "Dia do Capuz", trouxe desgraça nacional para essa unidade do exército turco. Mas a vingança não tardaria...

Gênero: Ação
Diretor: Serdar Akar
Duração: 122 minutos
Ano de Lançamento: 2006
País de Origem: Turquia
Idioma do Áudio: Árabe / Inglês / Turco / Curdo
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0493264/

Qualidade de Vídeo:
DVD Rip
Tamanho: 1395 Mb
Legendas: Em anexo
Créditos:makingOff - Derzu_uzala

O Vale dos Lobos ou das lágrimas?
por Dragão

Nos anos trinta, Joseph Goebbels, o génio do mal por detrás do III Reich inventou a receita: O cinema como a mais poderosa arma de propaganda. Posteriormente, os Estados Unidos, através duma indústria à escala global, desenvolveram e aperfeiçoaram a técnica. Agora, do lado muçulmano -na Turquia, mais exactamente-, querem mostrar que também são capazes.
O filme chama-se "Valley of the Wolves", e está a causar furor e lotações esgotadas.
A história desenrola-se a partir de um episódio factual: o aprisionamento de forças especiais turcas no Norte do Iraque pelos americanos (peripécia que até hoje foi considerada uma humilhação nacional e, pelos vistos, está longe de estar esquecida).
Ao longo da fita, rezam as crónicas, os americanos são exibidos como autênticos ogres, "que disparam à queima roupa sobre crianças e sacam órgãos aos prisioneiros Iraquianos, que enviam depois para Israel, Estados Unidos e Inglaterra", entre outras proezas meritórias.
Depois da histeria com os cartoons e da revelação do vídeo britânico, aí está mais gasolina para a fogueira.

Fonte: Dragoscopio(leia o artigo completo)

Coopere, deixe semeando ao menos duas vezes o tamanho do arquivo que baixar.

Downloads abaixo:

Detalhes do Link ed2k Valley.Of.The.Wolves.Iraq.2006.DVDRip.XviD-TURKiSO.CD1.avi (698.42 Mb)
Detalhes do Link ed2k Valley.Of.The.Wolves.Iraq.2006.DVDRip.XviD-TURKiSO.CD2.avi (697.41 Mb)
Arquivo anexado Valley.Of.The.Wolves.Iraq.2006.DVDRip.XviD_TURKiSO_Vale.Dos.Lobos.rar legendas

CIENTISTAS CONDENAM BIOCOMBUSTÍVEIS, COM UMA EXCEÇÃO: ÁLCOOL DE CANA DO BRASIL

Luiz Carlos Azenha

WASHINGTON - "A destruição de sistemas ecológicos - sejam as florestas tropicais ou as pastagens na América do Sul - não apenas joga gases que causam o efeito estufa na atmosfera quando as terras são queimadas e cultivadas, mas também tira do planeta as esponjas naturais que absorvem as emissões de carbono. As terras plantadas também absorvem muito menos carbono do que as florestas tropicais e mesmo as pastagens que substituem".

Esse é trecho de reportagem de hoje do New York Times anunciando dois estudos que condenam a produção de biocombustíveis. Um deles, publicado na revista Science, tem como um dos principais autores Timothy Searchinger, pesquisador de meio ambiente e economia da universidade de Princeton. O outro estudo é da ong Nature Conservancy.

O que lhes parece? Será que vão pedir o congelamento do plantio de soja no Brasil? O Brasil deve assumir a responsabilidade de ser o pulmão do planeta sem levar nada em troca?

Joseph Fagione, autor de um dos estudos: "O uso de pastagens na agricultura produz 93 vezes a quantidade de gases que seriam eliminados pelo biocombustível resultante do cultivo anual na mesma área de terra."

"Quando você leva em conta o uso da terra, a maior parte dos biocombustíveis que as pessoas usam ou planejam usar levaria provavelmente a um aumento substancial da produção de gases que causam o efeito estufa", disse Searchinger.

Por conta disso, um grupo de ecologistas e biólogos mandou uma carta ao presidente George W. Bush e à presidente do Congresso, a democrata Nancy Pelosi, pedindo mudanças na política federal para uso de biocombustíveis.

Joseph Fargione diz que os agricultores do Meio Oeste americano estão deixando de alternar entre soja e milho. Plantam milho para atender à produção de etanol. Com isso, segundo ele, quem compensa a produção de soja é principalmente o Brasil. "Os fazendeiros brasileiros estão plantando mais soja - e estão derrubando a Amazônia para fazer isso", disse Fargione.

Será?

A União Européia pretende que 5,75% do combustível usado para transporte na Europa até o final deste ano seja biocombustível. A proposta dos Estados Unidos é para 15% até 2022. A Syngenta, aquela empresa suiça acusada no Paraná de bancar milícia envolvida num confronto com os sem-terra, anunciou nesta quinta-feira que seus lucros subiram 75% por causa da demanda por biocombustível, de acordo com o Times.

"O dr. Searchinger disse que a única possível exceção que ele vê agora é a cana-de-açúcar do Brasil, que usa relativamente pouca energia para crescer e já é refinada em combustível. Ele disse que os governos deveriam voltar rapidamente sua atenção para o desenvolvimento de biocombustíveis que não requeiram produção agrícola, como o produzido a partir de restos da agricultura", disse o jornal.

Um hectare de terra gera 8 mil litros de álcool de cana ou 4 mil litros de álcool de milho, segundo a EMBRAPA. Além disso, o álcool de milho só produz 20% a mais que a energia consumida para fabricá-lo. No caso da cana, esse índice é de 700%.

O problema é que o governo dos Estados Unidos subsidia fortemente os produtores de álcool do chamado cinturão do milho, com mais ou menos 20 bilhões de dólares por ano. A importação de álcool de cana é fortemente taxada, em 14 centavos de dólar por litro. Só a Miriam Leitão ainda acredita que os Estados Unidos aplicam a tal "mão invisível do mercado".

A produção de álcool de milho está causando inflação nos Estados Unidos. O preço do milho subiu e, com isso, o da ração, o dos ovos... Não é o comunista Fidel Castro que diz, embora ele tenha sido o primeiro a dar o alerta. São as pesquisas de preços. Alguma chance da tarifa sobre o álcool brasileiro cair? Em ano eleitoral, nenhuma. Só a revolta dos agricultores de Ohio já custaria a derrota de um candidato, republicano ou democrata.

Teresa Cristina e Nélson Sargento

UM VIOLINISTA NO TELHADO - 1971


Créditos: Fórum - Stirner
Um Violinista no Telhado
(Fiddler on the Roof, 1971)
Gênero: Drama/Musical
Direção: Norman Jewison
Roteiro: Sholom Aleichem (livro), Joseph Stein (peça e roteiro)
Produção: Estados Unidos (1971)
Duração: 181 minutos
Fotógrafo: Oswald Morris
Produtor: Norman Jewison e Patrick Palmer
Compositor: Jerry Bock
Áudio: Inglês
RMVB Legendado
Cor




Elenco:
Paul Michael Glaser
Topol
Norma Crane
Leonard Frey
Molly Picon
Paul Mann
Rosalind Harris
Michele Marsh Hodel
Neva Small




Sinopse:
Tevye (Topol) é um pobre leiteiro que mora em uma aldeia na Ucrânia, junto com sua mulher e filhas. O filme mostra a imigração forçada dos judeus para o Ocidente devido à intimidação, através dos pogroms e da política anti-semita da Rússia czarista. O musical, também, mostra as riquezas da cultura judaica em todos os aspectos quotidianos.
Como em todas as culturas, o choque entre o novo e o velho está presente fortemente e, nos mostra que a evolução dos costumes, sempre é acompanhada de conflitos que não poupam nada nem ninguém. Em suma, um filme belíssimo por inteiro, que deixa lições importantes, principalmente sobre a estupidez humana, que ainda continua infinita.
Conquistou três Oscar: Fotografia, Trilha Sonora Adaptada e Som, foi indicado a outras cinco categorias, incluindo Melhor Filme e Diretor.



POR UM AMENDOIM

Por Carola Chávez.

Uma vez vi um documentário sobre os elefantes do circo, em que explicavam como faziam os domadores para conseguir que tão majestosos animais deixaram de lado sua dignidade paquidérmica e fizessem bobagens para um punhado de humanos idiotas em troca de aplausos e amendoim.

O domador explicava com muito orgulho que o segredo estava em quebrar o espírito do animal. Depois de fazer isto, um elefante, esquecendo que era um elefante e tudo o que isso implica, faria o que fosse com amendoim ou sem ele.

O espírito, descobri minutos mais tarde, se quebra a pauladas, a força de fome, torturas, humilhações de todo tipo até que o elefante se dá conta de que ser um palhaço é mais seguro que continuar sendo o que é.

Algumas vezes acontece que o elefante não consegue se conter. Algo lhe faz click em sua cabecinha e se torna mais elefante que nunca. É então quando pega o domador com sua tromba e o lança com toda a raiva acumulada em sua memória elefântica por anos de torturas e humilhações.

Tempo depois de ter visto os elefantes do circo tive a oportunidade de ir a um circo pior porque é maior, os domadores más cruéis e os elefantes são pessoas.

Me refiro ao circo da ‘’civilização’’ entendendo que esta só é civilizada se vier de Mayami ou Nova Iorque.

A coisa funciona desta maneira: Nos apresentam um modelo ideal de civilização, nos dizem que precisamos pertencer a ela e nos põe um amendoim frente aos olhos. Em troca só temos que deixar que nos quebrem o espírito, que nos amputem os instintos, mas, tranqüilos, que o amendoim é grande e encandeia como um diamante.

Devemos desumanizar-nos para ser civilizados.

Tudo começa durante a gravidez: Uma mãe mayamera deve aprender desde cedo a enterrar o instinto mais poderoso de todos. As mães mayameras freqüentam cursos pré-natais onde lhes ensinam, entre outras coisas, a parir deitadas em uma cama, conectadas a mil cabos, a mil máquinas que fazem uns barulhinhos que lhes lembram que parir não é coisa fácil, que sem doutor nem maquininhas não há forma de fazê-lo, que não são animais, senão mulheres civilizadas e graças aos céus que estão no primeiro mundo para que possam parir em paz.

Também aprendem no cursinho que o leite materno não é mau, mas é inconveniente porque te amarra ao bebê dia e noite, porque você perde sua individualidade, porque você não pode trabalhar se está amamentando, porque tem fórmulas para lactantes que superam o leite materno, isso, graças aos céus e, já sabem, à civilização. Assim que enfermeiras que vestem alegres cores, ensinam as mães a secar seu leite, vendando, de maneira muito moderna, as tetas carregadas de alimento. Dói, mas vale a pena…

Assim chega um humaninho ao mundo, buscando a teta e encontrando uma tetinha de látex, buscando o calor de sua mamãe e encontrando um travesseirinho a pilha, que não só o esquenta senão que também lhe reproduz o ‘’ som uterino’’ de acordo com o que diz a caixa.

O humaninho tem uma mamãe moderna e civilizada que o adora. Ela se promete a se mesma que fará tudo o que estiver em suas mãos para que a seu rebento não lhe falte nada durante os próximos dezoito anos. Sim, ouviu bem, na aula de parto lhe relembraram algo que ela sabia por experiência própria: Os filhos vão embora do ninho ao terminar o segundo grau e você pode voltar a ser feliz com seu parceiro, isso se antes não se divorciaram civilizadamente.

Para dar-lhe tudo o que necessita o bebê, a mãe lhe tira o único que realmente precisava e o inscreve na creche de 8 a.m a 6 p.m. Assim fica o pequeno em um berço comunitário olhando pro teto, enquanto “mommy’’ trabalha para comprar-lhe um carrinho lindo, roupinhas para desmaio, e, claro, depositar desde já em uma poupança universitária porque “baby’’ será médico.

Baby tem avós que moram longe, graças a Deus. Toda pessoa civilizada sabe que os velhos incomodam com suas dorzinhas e suas manias. Por tanto, temos um bebê numa creche de infância e uns avós em outra, quando seria muito mais sadio, mais feliz e mais econômico ter todos em casa. Os avós não se sentiriam como bagaços inúteis e o bebê teria uns braços amorosos onde passar o dia.

Mas temos um bebê civilizado, independente, que não tem apego a sua mãe e ao sair do segundo grau irá embora de sua casa, e chegará o dia que, sem muito problema, executará sua maior vingança: enfiar seus pais desvalidos em uma casa de saúde.

A família humana, a ancestral, a verdadeira, não tem cabida no mundo civilizado, não é produtivo ter pessoas que parem de trabalhar para cuidar uma gripe de um filho, o cuidar do avô com tosse, não é produtivo deixar de pagar creches cheinhas de funcionários que por sua vez pagam outras creches cheinhas de funcionários que por sua vez…

Se suportamos esta dolorosíssima amputação do instinto maternal, os seguintes instintos poderão ser extirpados sem anestesia. Ao desbaratar os vínculos mais fortes entre os seres humanos, nos quebram o espírito como fazem com os elefantes.

Mas por que chegamos a fazer essas idiotices?

Pelo amendoim.

Um amendoim de quatro quartos, cozinha minimalista, e sacada com alguma vista. Amendoim 4X4 com DVD e porta copos, amendoim em classe turista com orelhas de rato, um amendoim cheio de logotipos que mostrem que não é um amendoim qualquer embora qualquer um possa tê-lo. Um amendoim privado bilíngüe com atividades extracurriculares, um amendoim com campo de golfe solo para sócios seletos…Em fim o cobiçado amendoim do sucesso.

Como os pobres elefantes do circo, perdemos a nossa essência, funcionamos por impulsos externos aos quais somos vulneráveis e suscetíveis a sermos manipulados. Mas, como os elefantes, podemos fazer clique e jogar para longe o domador com a tromba e cagar-nos no sistema, no sucesso, no amendoim e, desde o melhor de nossa humanidade, fazer uma revolução.

Tanta miséria por um amendoimzinho…

Versão em português: Tali Feld Gleiser de América Latina Palavra Viva.

Se Vida significasse...

Se vida significasse alegria,

Não haveria fome

Não haveria guerra

Não haveria traições

Não haveria mortes

Não haveria qualquer espécie de dor

Não haveria solidão

Porém se vida significasse dor,

Não haveria sexo

Não haveria fartura

Não haveria amor a um filho

Amor a um amigo

Amor a um parente

Deleite ao comer

Deleite ao relacionar-se

Não haveria união

E se a vida significa união de alegria e dor

A vida significa família!


Carlos Costa


Art Taylor-Donald Byrd-Jackie McLean - Taylor's Wailers (1957)

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Art Taylor - Donald Byrd - Jackie McLean - Taylor's Wailers (1957)
MP3 / 320kbps / Covers + Scans / RS.com: 99mb / 5% File Recovery
Uploader: redbhiku


Personnel:
Donald Byrd (trumpet)
John Coltrane (tenor sax)
Jackie McLean (alto sax)
Charlie Rouse (tenor sax)
Ray Bryant (piano)
Red Garland (piano)
Wendell Marshall (bass)
Paul Chambers (bass)
Art Taylor (drums)


Tracks:
1. Batland 9:53
2. C.T.A. 4:44
3. Exhibit A 6:15
4. Cubano Chant 6:36
5. Off Minor 5:38
6. Well, You Needn't 7:55

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Part 1
Part 2

Mega-projeto de infra-estrutura, IIRSA busca integrar continente sul-americano de modo a facilitar exportações

Mega-projeto de infra-estrutura, IIRSA busca integrar continente sul-americano de modo a facilitar exportaçõesIgor Ojeda (correspondente em La Paz, Bolívia) e

Luís Brasilino (da Redação)


Do centro da América do Sul, para os oceanos. Do Pacífico, para o Atlântico. Do Atlântico, para o Pacífico. Não importa a direção e o sentido. O destino será quase sempre o mesmo: o mercado externo.

Essa é a lógica da Iniciativa para a Integração da Infra-Estrutura Regional Sul-Americana (IIRSA), mega-projeto que, como o nome revela, tem como objetivo a conexão rodoviária, fluvial, marítima, energética e de comunicação do continente.

A IIRSA foi criada em agosto de 2000, em Brasília, por 12 países sul-americanos (só a Guiana Francesa não aderiu), quando, em um encontro que tinha o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como anfitrião, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) apresentou o projeto. Todos os governantes aceitaram a sugestão.


Extração

“A IIRSA obedece ao modelo de liberalização dos mercados, privatização e extração de recursos. O objetivo é o de acelerar a exportação de matérias-primas”, opina a mexicana Paulina Novo, coordenadora do Projeto Biceca (Construindo Consciência Cívica Informada para a Incidência e a Conservação na Amazônia Andina, na sigla em inglês), que realiza amplos estudos sobre a IIRSA.

Ela lembra que, além dos inúmeros impactos que os mega-projetos podem causar no meio ambiente e nas comunidades camponesas e indígenas (quase nunca consultadas ou ouvidas de modo inadequado), o projeto, além de manter a dependência da América do Sul em relação às nações ricas, pode aprofundar as assimetrias internas e regionais, pois abrirá as portas para os produtos brasileiros nos demais países do continente. O Brasil, por sinal, figura como o grande impulsionador regional da iniciativa.


Privatização

A IIRSA prevê 507 grandes obras em 20 anos, com um investimento total estimado em 70 bilhões de dólares. Destes, segundo Paulina, 21,2 bilhões de dólares já estão sendo executados, em 145 projetos.

Para o sociólogo Luis Fernando Novoa, da Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais, a iniciativa representa o estágio final das reformas neoliberais levadas a cabo desde os anos 1990. “Os setores econômicos que sobrevivem aos processos de reestruturação são absolutamente dependentes dos mercados internacionais como supridores, intermediários ou distribuidores. Ao invés do tripé desenvolvimentista dos anos 1960/1970 (Estado, capital nacional e capital estrangeiro), o que se prefigura em projetos como esse é um organismo público-privado que operacionaliza e naturaliza a lógica do capital financeiro e dos setores privatistas, em nome da competitividade, da produtividade e do crescimento”, avalia.


Segurança jurídica

Para ele, a IIRSA deve ser encarada não como um projeto em si mesmo, e sim como “uma metodologia de repasse de recursos naturais, mercados potenciais e soberania a investidores privados, em escala continental, com respaldo político e segurança jurídica”.

Na página na internet da IIRSA (www.iirsa.org), pode-se ler que a iniciativa tem “como objetivo promover o desenvolvimento da infra-estrutura com base em uma visão regional, procurando a integração física dos países da América do Sul e a conquista de um padrão de desenvolvimento territorial eqüitativo e sustentável”.

Para Magnólia Said, presidente do Centro de Pesquisa e Assessoria (Esplar), não é bem assim. De acordo com ela, o projeto não foi pensado como proposta de aproximação entre países e suas populações, mas como incorporação e adaptação de territórios, de modo que estes possam trazer benefícios de interesse ao capital.


Endividamento

“Nenhum dos projetos de infra-estrutura definidos para as áreas de maior incidência de recursos estratégicos têm em vista favorecer as populações pobres, ribeirinhas, indígenas, quilombolas e camponesas”, analisa Magnólia, que lembra que um plano coordenado e financiado pelo BID não pode resultar em quebra de estrutura de dominação.

De acordo com dados de Paula Novo, do Biceca, os governos financiarão 62,3% dos projetos da IIRSA. A iniciativa privada bancará 20,9%, enquanto o restante virá de instituições financeiras, como o BID, a Corporação Andina de Fomento (CAF) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Brasil.

Ou seja, há ainda o risco da dívida externa dos países sul-americanos crescerem. “A dívida não é apenas uma questão financeira, mas, principalmente, um instrumento político, pois garante a implementação do interesse das instituições financeiras multilaterais e das grandes corporações, translatinas e transnacionais”, alerta Elisângela Soldatelli Paim, coordenadora de projetos do Núcleo Amigos da Terra Brasil (leia reportagem completa na edição 258 do jornal Brasil de Fato).

Um voto democrático de desconfiança

Um voto democrático de desconfiança

Amira Hass

Uma greve dos funcionários públicos na Palestina, como a que começou ontem e prossegue hoje, é tipicamente considerada em Israel como “assunto interno da Palestina”, sem importância jornalística.

Mas, além do fato de que a modéstia das exigências salariais são resultado direto da política de bloqueio econômico pela potência ocupante – Israel –, a greve é desafio considerável à estabilidade e ao poder do governo do primeiro ministro Salam Fayyad e comprova evidente desgaste de credibilidade.

O setor público sempre foi tradicional base de apoio da Autoridade Palestina. Muitos dos servidores públicos na Cisjordânia apóiam o Fatah e o representam nos sindicatos.
Enquanto a ravina que separa os governos de Ramállah e de Gaza fez aumentar o prestígio da Autoridade Palestina nos países ocidentais, a disputa entre os servidores públicos e o governo de Ramállah reduz a capacidade da Autoridade Palestina para cumprir acordos firmados com países e entidades apoiadores, especialmente o Banco Mundial.

Dentre outros, estes acordos obrigam a reduzir o item “salários” no orçamento (mediante demissões e cortes nos salários) e a cobrar impostos, a serem pagos às prefeituras, pelo consumo de eletricidade e água. Em outras palavras, a luta dos servidores públicos contra o governo de Salam Fayyad – servidores dos quais depende a legitimidade do mesmo governo – pode também ameaçar a avaliação do governo, aos olhos dos representantes da economia global.

Os funcionários públicos palestinos fazem três principais reivindicações: que os salários sejam reajustados pelo custo de vida; aumento real no item “despesas de viagem” dos salários (sem reajuste desde 1999, apesar de os preços de passagens terem duplicado e triplicado em função dos bloqueios das estradas e do aumento do preço do combustível); e fim da exigência, recentemente implantada, de apresentação de um ‘certificado de honestidade’ que confirme “pagamento de todas as dívidas”.

O governo decidiu condicionar a prestação dos serviços públicos, a partir deste mês, a apresentação deste certificado, obrigatório em todas as prefeituras e empresas fornecedoras de eletricidade e água. A exigência afeta todos os serviços básicos, como emissão de carteiras de identidade, passaportes, licenças para dirigir e autorização para comerciar (exclui a licença para viajar, fornecida pela administração pública israelense).

O governo também planeja descontar o pagamento de dívidas diretamente dos salários dos funcionários públicos. Não surpreende que os representantes sindicais já falem do renascimento de métodos adotados pela ocupação israelense, que condicionava a emissão de alvarás para trafegar e construir, ao pagamento de vários tipos de dívidas. Mas a oposição dos servidores públicos ao governo não tem só causas simbólicas. Os sindicatos acusam o governo de implantar regras ilegais, pois pressupõem que o cidadão palestino seja culpado até que prove que é inocente.

Segundo dados do Banco Mundial, os residentes e conselhos locais palestinos começaram a acumular dívidas a partir de 2002, por não pagarem as contas de água e eletricidade. Em 2007, estas dívidas já estão estimadas em cerca de 512 milhões de dólares. Israel, principal fornecedor de eletricidade e água, abate estes pagamentos diretamente do montante de taxas e impostos cobrados dos palestinos, nas fronteiras e portos, antes de transferir o saldo para o Tesouro da Autoridade Palestina. Este fato justifica, na opinião de Fayyad, que o governo exija dos funcionários públicos o pagamento das contas devidas.

Os porta-vozes do governo, inclusive o próprio Fayyad, têm falado repetidamente contra uma “cultura de não pagar contas”, retratando os palestinos como devedores contumazes. Com isto, faz aumentar a animosidade contra seu governo. O governo da Autoridade Palestina também não paga o que deve aos funcionários, a instituições e a empresas privadas, e pede que se considere “a situação econômica”. As regras agora impostas ignoram os muitos anos de crise econômica, ao longo dos quais os palestinos perderam fontes tradicionais de renda e de poupança.

Muitas das forças políticas da OLP (Organização de Libertação da Palestina), inclusive o movimento Fatah, já manifestaram apoio ao movimento dos trabalhadores da administração pública palestina, e oposição ao ‘certificado de honestidade’. Nos últimos dias, a ação coletiva contra o governo começou a dar frutos: as autoridades começam a falar em alterar as novas regras, de modo a que não estigmatizem todos os palestinos como ‘devedores contumazes’.

A greve do funcionalismo público palestino – e toda a discussão pública e interna que a acompanham – é uma fascinante lição de o quanto os palestinos ainda sabem usar o seu poder coletivo; de como se opõem a uma política econômica liberal de ocupação e colonização. Assim, estão impondo hoje um voto democrático de desconfiança contra o governo e a classe dirigente.

* Democratic suspicion. © Haaretz, Jerusalém, 6/2/2008, em http://www.haaretz.com/hasen/spages/951534.html.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Ponderada...

Ponderada a luz que vem à Terra

Aquece as almas sedentas

Tornando-as significantes

Recria-as quando estando perdidas

Ilumina e reflete a vida

Cativa com seu brilho intenso

Inspira e conduz a sorte

Atrai e corteja a glória.

Carlos Costa

Muriel Tabb & Paulo André - Tantas Canções (1993)




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XUL SOLAR


Post. : Jonnhy F

Xul Solar (1887-1963) é como um criador de "um mundo metafísico onde os deuses tomam as formas da imaginação dos que sonham". Autor de uma obra autêntica que espelhou suas aspirações e pesquisas em várias áreas do conhecimento, Xul não tem par entre os artistas da vanguarda latino-americana do começo do século passado. Mais do que um artista, foi um visionário e utopista. Xul desenvolveu seu trabalho em pequenos formatos, quase sempre com aquarela ou têmpera e com exuberância de cores. Criou uma obra complexa e lírica, explorando sobretudo temas relacionados às suas experiências místicas.
http://meuslivros.weblog.com.pt/arquivo/Xul-Solar-Vuel-Villa.jpg

O artista nasceu em uma família católica de imigrantes -a mãe era italiana, e o pai, alemão, descendente da Letônia. De berço, aprendeu as três línguas, mas falava ainda inglês, português, russo e conhecia sânscrito e chinês. A facilidade com as línguas o ajudaram a projetar a "panlíngua" e o "neocriollo". Não apenas a lingüística o interessava, ele era um grande conhecedor de música (Wagner e Bach eram os favoritos), de tecnologia (guardava em pastas recortes sobre avanços científicos) e, claro, de assuntos religiosos e místicos. Aos 25 anos, o artista foi para a Europa, provavelmente depois de uma crise espiritual, e teve o primeiro contato com a pintura.


HOMENAGEM AO PIONEIRISMO SURREALISTA DE XUL SOLAR

Pioneiro na arte surrealista e antecessor de Paul Klee, amigo do escritor José Luis Borges, Alejandro Xul Solar, é o artista homenageado pela I Bienal de Artes Visuais do Mercosul. Suas obras estão expostas no Espaço Cultural Aplub, em Porto Alegre (RS), durante o período da Bienal.

Xul Solar, nasceu em Buenos Aires, em 1887, filho único de Emilio Schulz Riga, alemão da Letônia, e de Agustina Solari, nascida em Gênova, Itália. Aos 16 anos adotou o pseudônimo de Xul Solar empregando equivalentes fonéticos dos sobrenomes do pai e da mãe. Erudito, possuindo um saber enciclopédico, interessou-se deste muito jovem por assuntos tão variados quanto religião, filosofia, a antroposofia de Rudolf Stener, a cabala judia, mitologias e sobretudo astrologia.

Segundo depoimento de seus conterrâneos, falava e escrevia seis idiomas vivos, além do latim, do grego e do sânscrito. Este conhecimento lingüístico levou-o a criar duas línguas, o "neocrilo", fundada em raízes provenientes do latim, com expressões locais, latino-americanas, e "panlengua", que pode ser vista como uma das muitas construções similares ao "esperanto".

Xul Solar integrou, nos anos 20, o grupo denominado Martin Fierro, que instaurou o modernismo na Argentina e do qual faziam parte, entre outros, Olivério Girondo, Macedônio Fernandez e Jorge Luiz Borges. Este, ao apresentar mostra de Xul Solar, em 1949, afirmou ser ele "um dos acontecimentos singulares de nossa época", afirmando, em outra oportunidade, que nunca conheceu um homem de "tão rica, heterogênea, imprevisível e incessante imaginação".

O artista argentino produziu algumas centenas de desenhos, aquarelas (seu meio de expressão preferido) e pinturas, geralmente de pequeno porte, as quais, juntas, formam uma espécie de escritura plástica. Arte semiótica. Além da figura humana, estilizada geometricamente, mas sem perder sua dimensão mágica, das arquiteturas e bandeiras, proliferam em suas obras signos e símbolos, muitos deles esotéricos e arcaizantes, tais como estrelas, flechas, hieróglifos, números, letras, etc. Signos e símbolos que ocupam um espaço mental e imaginário, isto é, não-realista. Em suas proposições, Xul Solar antecipa-se ao Surrealismo, assim como tangencia o Maneirismo e o Dada. Sua pintura não exige uma interpretação literal de seu sentido, podendo ser apreciada independente das questões místicas e esotéricas que a fundam.

(Jornalista Joyce Larronda - Reg. Prof.: 5349-RS/BR)


Faça você mesmo!

Por meio da cultura, jovens das periferias brasileiras fazem uma revolução. Um panorama da produção independente nas quebradas das metrópoles: como a arte criada fora da indústria cultural subverte a mercantilização e controle do conhecimento, marca do capitalismo

Eleilson Leite

Os jovens continuam fazendo arte no Brasil como em outras épocas. A novidade são os meios, cujo acesso tornou-se mais viável. Por outro lado, a recente ampliação das políticas públicas voltadas para tal segmento da população, também tem impacto importante, tanto para o acesso aos meios como para difusão da produção artística. É nova, também, a afirmação de uma cultura produzida por artistas que vivem nos arrabaldes das metrópoles. E finalmente, o compartilhamento completa o quadro da cultura juvenil contemporânea. A idéia do compartilhar se estabelece, em função da expansão do mundo virtual e da flexibilização dos suportes decorrentes da inovação tecnológica, traz consigo um questionamento: cultura e conhecimento não devem ser mercadorias de acesso restrito. Esses quatro elementos estão produzindo uma conexão muito promissora entre coletivos culturais de classe média, adeptos de concepções anti-capitalistas no mundo da cultura, e grupos de artistas de periferia. Um diálogo que nos remete aos ideais do movimento punk e do hip hop: tenha consciência, ocupe as ruas, faça você mesmo. Junte tudo isso, e temos o caldo de cultura no qual as diferentes juventudes produzem arte, compartilham, articulam circuitos, disputam concepções: em outras palavras, renovam a cena cultural.

Há trinta anos, o movimento punk explodiu na Europa sob o lema: do it yourself. Os músicos aprendiam alguns acordes e se juntavam para tocar em bares, universidades, escolas, ruas - em qualquer lugar. A agenda cultural era divulgada nos fanzines, que se reproduziam aos milhares. Cenário, luz, alta tecnologia, cachê? Nada disso. O que importava era a atitude. E o discurso contra o sistema não tinha meias palavras: “Eu sou um anarquista. Eu sou um anti-cristo…”, gritava em alto e péssimo som o vocalista do Sex Pistols, Jhonny Rottem, deixando os conservadores completamente atordoados. Sobrou também para a Rainha e para a Major EMI, alvos da verve punk-rock implacável dos Pistols.

Paralelamente, o hip hop emergia dos guetos de Nova York em meados dos anos 70, e causou um rebuliço no cenário cultural. Espalhou-se por todo o Planeta. Surgiu como um movimento de rua. Entretanto, diferente do punk, a cultura hip hop adaptou-se bem ao showbizz, em função da popularização do rap. O hip hop autêntico, que une seus quatro elementos: RAP, DJ, MC, o Grafite [1] e um quinto: o conhecimento a partir do qual se formam as posses - já não tem a mesma força no hemisfério Norte. Mas nas periferias dos centros urbanos da América Latina e da África a essência da cultura hip hop ainda mantém seu vigor, mobilizando milhões de jovens.

Os meios justificam os fins: já não é preciso recorrer a corporações para difundir idéias e arte

O ideário estético e político do punk e do hip hop ainda influencia corações e mentes de grupos juvenis urbanos, que se cruzam em diferentes circuitos culturais das metrópoles brasileiras. Consciência, engajamento, rima, ritmo, força da palavra escrita e falada, atitude, intervenção e a convicção de que “posso fazer e constranger o sistema” é o que marca a arte produzida nas periferias e por coletivos juvenis universitários de classe média que se articulam sob o lema da desmercantilização da cultura [2]. Esses últimos, mais próximos do punk e de toda sua derivação [3]; os primeiros umbilicalmente ligados ao hip hop.

O diálogo entre esses dois universos vem sendo cada vez mais freqüente, em virtude da ampliação do acesso aos meios. A redução dos custos de produção de CD, DVD e as infinitas possibilidades de difusão da criação artística pela internet estão abrindo oportunidades de exposição antes inimagináveis, mesmo para os jovens de classe média. Até uma década atrás, fazer um filme, gravar um CD, publicar um livro, era algo que passava, necessariamente, por corporações — fossem elas pequenas, médias ou grandes. Hoje em dia, os jovens produzem seus trabalhos em estúdios caseiros ou com equipamentos de uma ONG parceira, licenciam e difundem no Creative Commons, My Space, Overmundo ou em outros espaços virtuais de compartilhamento. Em menos de 24 horas, alguém já teve acesso, baixou, reproduziu, criando, assim, uma cadeia de difusão planetária, onde todo tipo de oportunidade aparece, inclusive, para apresentações remuneradas. Nessa nova cultura, os meios justificam os fins.

Assim é o caso do B Negão, rapper carioca que foi integrante do extinto Planet Hemp. Em 2003, ele começou a disponibilizar suas músicas na Internet. O retorno foi imediato. Internautas de todas as partes do mundo baixaram suas músicas e passaram a divulgá-las em rádios alternativas, festas e outros espaços. Algum tempo depois, chegaram os primeiros convites para apresentações na Europa. Começou com um show de curta temporada numa casa de espetáculos com capacidade para 300 pessoas, em Portugal, em em 2005. Na mesma turnê, lotou uma Casa na Espanha com capacidade para 2 mil pessoas. No ano seguinte, participou de um Grande festival na Dinamarca para 50 mil pessoas.

Na periferia do Distrito Federal, outro rapper, chamado GOG, um dos nomes mais importantes do hip hop brasileiro , criou um selo próprio - Só Balanço - e disse não às grandes gravadoras. Além de disponibilizar algumas de suas canções pela internet, declarou toda a sua obra como domínio público. Em um de seus discos, GOG gravou uma canção chamada A Ponte, uma referência crítica muito criativa à construção da Ponte Juscelino Kubitschek de Brasília. Nesse rap, ele sampleou uma canção homônima do compositor Lenine. A música chegou aos ouvidos do cantor pernambucano. Numa atitude de desapego aos rigores da proteção autoral, Lenine não só aprovou a colagem, como convidou GOG para uma participação muito especial em seu DVD. Essa participação deu uma calibrada na carreira do rapper brasiliense. Resultará na ampliação de suas produções no Só Balanço, que hoje tem como nome de ponta entre seus artistas o MC - ou cantador, como ele prefere - Rapadura, jovem revelação que é um dos mais talentosos do Brasil na atualidade, assegura GOG.

A produção das periferias chega aos livros e abre debate: destruir ou abrir espaço no mercado editorial?

Em 2005 ,motivado pela idéia do faça você mesmo, o poeta periférico paulistano Allan da Rosa resolveu publicar seu próprio livro. Mas ele não procurou uma dessa editoras que fazem livro sob encomenda como a Scortecci ou Livro do Autor, para citar duas empresas de São Paulo especializadas no ramo. Da Rosa, como é conhecido, queria um livro cujo padrão gráfico fosse ele próprio, expressão do conteúdo de seus poemas. Fez um belo livro de poesias, escrito à mão, em papel reciclado e com a lombada perfurada por qual passam fios vermelhos de novelo de lã. Assim surgiu Vão, sua obra seminal. Com o apoio da ONG Ação Educativa e de uma gráfica, imprimiu 500 exemplares do livro. Esgotou a tiragem em quatro meses. Produziu mais uma edição, que acabou em menos de um ano. Allan vendeu, de mão em mão, na porta de teatro e cinemas, em palestras, eventos e oficinas.

O êxito do livro Vão despertou a veia de editor do poeta Allan da Rosa. Com a mesma estratégia, ele publicou o livro De passagem, mas não a passeio, da Dinha – pseudônimo de Maria Nilda, jovem poeta de 27 anos moradora da periferia da Zonal Sul de São Paulo. Dinha esgotou seu livro, publicado em 2006, em menos de um ano. Começou aí a Selos Toró que, com dois títulos, já se estabelecia como o primeiro empreendimento de literatura de periferia que se tem notícia. Hoje, o catálogo tem dez títulos. A maioria dos autores tem menos de 30 anos e todos são moradores da periferia paulistana. Os livros custam R$ 10,00 na quebrada e R$ 20,00 na porta dos cinemas na avenida Paulista. Não há intermediário: o autor fica com todo o recurso captado na venda. A cópia é livre, mas todos querem ter os livros de feições artesanais.

O caso da Edições Toró, em particular, e de modo geral o movimento da literatura periférica, denota uma tensão importante nessa aproximação da cultura de periferia com os coletivos de jovens de classe média que defendem a desmercantilização da cultura. Allan da Rosa e Dinha, além de Sacolinha, Sergio Vaz e Alessandro Buzo assinaram contrato com a Global Editora em 2007. Esses autores estão inaugurando uma coleção denominada Literatura Periférica. Essa oportunidade lhes confere uma condição de reconhecimento que responde a uma busca de anos. Sentiram-se muito satisfeitos ao receberem 50% de adiantamento do direito autoral de uma edição no ato da assinatura do contrato. Em contrapartida, a editora fica com a posse dessas obras por cinco anos (para edição em livro) e é filiada à ABDR – Associação Brasileira de Direitos Reprográficos, que proíbe a reprodução de qualquer parte do livro sem prévia autorização, sujeitando os infratores aos rigores da Lei de Direito Autoral. Isso causa preocupação aos militantes contrários à propriedade intelectual.

Questionado sobre a contradição, um dos autores disse: “são regras estabelecidas; agora que estamos chegando, querem acabar com o mercado?”, indignou-se. Os ativistas da livre circulação do conhecimento, afirmam por outro lado que é justo remunerar o escritor por sua criatividade. Entretanto, argumentam que não é correto que só alguém com dinheiro na mão possa ter acesso à obra do Sergio Vaz, por exemplo. Nesse caso, o poeta da Cooperifa [4], vem disponibilizando suas poesias no seu blog, como, aliás, já fazia antes de ser publicado. Resolvida a questão? Talvez. O fato é que uma corporação ganha dinheiro com um produto cultural e isso inquieta os coletivos mais radicais da desmercantilização da cultura. O debate está apenas começando e tem sido muito positivo [5].

No cinema, uma alternativa: remunerar a produção e permitir a cópia livre

Tudo fica mais complicado quando se trata de um filme. E é exatamente em tal linguagem artística que os jovens de vinte e poucos anos vem se dedicando com mais ímpeto. Mas nesse campo, assim como na música, há muito espaço para difusão na internet. E nem precisa ser alternativo para circular na grande rede. Exemplo maior do que o filme Tropa de Elite não poderia haver. Antes mesmo de entrar em cartaz, a obra circulou na Internet e pôde ser baixada aos milhares, em qualquer parte do mundo.

Se o autor ganha pouco na venda do livro, menos ainda recebe o cantor e compositor na venda do CD, pior é a situação do cineasta na comercialização de seu filme. Aí a equação pode ser resolvida na remuneração da produção, independente da venda. Nesse caso, é importante a ação do Estado no estímulo à criação cinematográfica. Não por acaso, o setor do audiovisual é o que tem um arcabouço legal mais sofisticado. É, também, o produto com os custos de produção mais elevados.

Mas não se faz filmes apenas pensando no grande circuito. Diego e Daniel, que poderia ser nome de mais uma dupla sertaneja, são, na verdade, dois jovens cineastas que aprenderam roteiro, filmagem e edição num curso de formação da ONG Ação Educativa, em São Paulo. A partir daí começaram a fazer seus filmes e constituíram o grupo NCA – Núcleo de Comunicação Alternativa. A obra de estréia surgiu em 2006: Imagens de uma Vida Simples, documentário sobre o artista plástico, poeta e dramaturgo Solano Trindade. Com esse filme, participam de mostras, fazem exibições em Escolas seguidas de palestras e percorrem toda a periferia paulistana, exibindo em qualquer lugar que lhes dê a oportunidade de divulgar seu trabalho. E para viver? São cinegrafistas. Atuam em projetos de ONGs, além de realizar seus próprios projetos buscando financiamento em editais focados em pequenas produções. Até onde isso vai? Não sabem. Esperam que pelo menos seja assim enquanto forem jovens.

O tema das políticas públicas para a juventude é uma pauta desta década. Até o final dos anos 90, pouquíssimas iniciativas se efetivaram nesse campo. Uma dessas raras ações foi a criação do Centro de Referência da Juventude da Prefeitura de Santo André, no ABC Paulista, no final daquela década. E a criação de espaços públicos para os jovens tem sido uma constante entre as políticas para o segmento juvenil [6]. Mas uma ação que se tornou uma referência de política pública, consagrada em lei e que tem um impacto extremamente positivo, não está dentro de nenhum equipamento de amplas instalações erguido numa região pobre qualquer de uma grande metrópole.

Trata-se do VAI – Valorização de Iniciativas Culturais, programa de fomento à cultura da cidade de São Paulo dirigido a indivíduos e grupos preferencialmente jovens de regiões pouco atendidas pelo poder público. Criado durante a Gestão da prefeita Marta Suplicy, o VAI vem abrindo editais a cada ano, e na sua terceira edição, em 2007 , contemplou 100 propostas entre 765 concorrentes, destinando uma verba de R$ 17 mil para cada um desenvolver seu projeto. Talvez, seja a verba orçamentária mais bem gasta da prefeitura paulistana: R$ 1,7 milhão financiando pequenas revoluções no cotidiano de grupos juvenis.

O selo Toró, liderado pela Allan da Rosa foi um dos grupos agraciados no último edital. Conseguiu, com a verba, publicar cinco livros com tiragem de 600 exemplares cada. Por meio do VAI, Akins Kinté, de 22 anos e Elizandra Souza, de 24 anos, freqüentadores de saraus na Periferia de São Paulo, concretizaram o sonho de ter seus poemas impressos num livro. Uma obra em dupla face, metade para cada um. Dois jovens negros, suburbanos. Ela da Zona Sul; ele, da Leste. Ambos venderam seus exemplares em menos de seis meses e, com o dinheiro arrecadado, bancaram uma nova tiragem. Elizandra, que ingressou no curso de jornalismo da Universidade Mackenzie, beneficiada pelo Pró-Uni, hoje trabalha como estagiária na sua área, dá palestras e participa de debates. Akins segue a mesma trilha, ainda almejando o sonho da faculdade. Mas expandiu suas aptidões artísticas e produziu, junto com dois jovens cineastas diletantes, um documentário sobre literatura e negritude, chamado Vaguei nos livros e me sujei com a m… toda.

Na mesma direção do programa paulistano, porém com um investimento maior, há no plano federal, a ação dos Pontos de Cultura, do Ministério da Cultura. São mais de 600 grupos apoiados em todo o Brasil, recebendo cerca de R$ 150 mil cada para desenvolver seus projetos. Essas políticas têm o mérito de perceber o movimento da cultura feito por grupos. São vontades criativas que se concretizam na dinâmica da ação coletiva, movimentando a comunidade, interferindo na realidade. No VAI, 90% são jovens. Nos Pontos de Cultura, há uma estimativa de pelo menos 60% dos grupos contemplados estarem na faixa dos 18 a 29 anos. Em ambos os casos, a maioria está nas periferias, vilas e assentamentos no interior do País, nos morros e palafitas.

O que está em jogo hoje na cultura produzida pelos jovens, embora não só pelas garotas e rapazes de vinte e poucos anos, é a emergência da criação. E o acesso às novas mídias tem reforçado essa questão. Sob a bandeira da inclusão digital e democratização do acesso aos meios de comunicação, está a idéia de que é possível fazer, escrever, compor, interferir, difundir. Daí a pertinência do debate sobre propriedade intelectual e livre circulação do conhecimento e da cultura. E, se são novidades as tecnologias, não é nova a idéia de apropriação dos meios, da afirmação da condição juvenil pela cultura. A questão que o movimento punk e o hip hop trouxeram nos anos 1970, parece estar emergindo de uma forma decisiva. Uma revolução está em curso.

Não é por um acaso que assistimos a banda Radiohead, uma das mais populares do mundo, descendente do punk-rock, romper com sua gravadora e comercializar seu último disco exclusivamente na Internet, dando ao consumidor a condição de definir o preço, incluindo a possibilidade de baixar gratuitamente as músicas. Não menos coerente é observar que muitos grupos de rap prensam seus próprios CDs e distribuem diretamente aos camelôs, como faz Dudu de Morro Agudo, do coletivo Enraizado do Rio de Janeiro. “Quero que o maior número de pessoas ouçam minha música, eu tenho uma mensagem para passar”, afirmou Dudu, no debate sobre o tema no Debate Cultura e Conhecimento Livres [7]. Nessa mesma linha e com com muito mais ênfase, grupos de rap de Belém do Pará e demais capitais do Norte do Brasil articulam-se no Movimento Hip Hop da Floresta. A capital paraense é pródiga nesse tipo de circulação da cultura. Nas famosas festas de aparelhagem, o público compra o CD com as músicas tocadas durante a balada, na saída do local do evento.

A produção cultural juvenil articula-se em grupos, invariavelmente pequenos . É preciso observar essas micro-agremiações para se ter uma idéia da diversidade e complexidade das formas de expressão da cultura feita por jovens [8]. Mas os grupos se conectam em circuitos, às vezes, formando um contorno geográfico restrito a uma localidade, às vezes, sem apego a fronteiras. Ao se conectarem, formam grandes movimentos, abalam as estruturas e põem de ponta-cabeça os parâmetros estabelecidos, os cânones. Elizandra, Akins, Sacolinha, Allan da Rosa, Daniel, Diego, o pessoal do Epidemia, e outros que figuraram neste texto, estiveram conectados (presencial ou virtualmente) na Semana de Arte Moderna da Periferia que rolou em novembro na Zona Sul de São Paulo. “A arte que liberta, não pode vir da mão que escraviza”, diz um dos versos do Manifesto da Antropofagia Periférica, que serviu de liturgia ao evento. Esses e muitos outros jovens empoderaram-se e fazem, eles mesmos, a arte que os liberta.

NÓS QUE AQUI ESTAMOS POR VÓS ESPERAMOS - 1999

Formato: rmvb
Duração: 72min (1h e 12min)
Áudio: Original (o filme não possui dialagos, apenas trilha sonora)
Tamanho: 298MB (dividido em 4 partes)
Servidor: Rapidshare

Créditos: Forum - Craviee

Direção: Marcelo Masagão
Música: Win Mestens

SINOPSE:

Numa grande colagem de imagens de arquivos, obras do cinema e documentos de vídeo, Marcelo Masagão retrata nesse documentário as grandes mudanças que marcaram o século XX, restratando pequenos personagens em grandes histórias e pequenas histórias com suas grandes personagens.
Uma incrível retrospectiva de um século que marcou a mudança de como o homem pensa e interage com o seu mundo e com ele mesmo.

Premiações: Melhor Edição (Festival de Gramado 1999)

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Peter Gabriel - Deutsches Album (1982)

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Peter Gabriel - Deutsches Album (1982)

Versão Alemã
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01. Der Rythmus der Hitze (05:22)
02. Das Fischernetz (06:50)
03. Kontakt (04:32)
04. San Jacinto (06:16)
05. Schock den Affen (05:48)
06. Handauflegen (06:08)
07. Nicht die Erde hat dich verschluckt (06:04)
08. Mundzumundbeatmung (04:54)

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Gaza: a maior prisão da Terra
Jornal Oriente Medio Vivo

Tudo lembrou muito a queda do Muro de Berlim. É impossível não
sentir uma excitação quando massas de pessoas oprimidas e ao
mesmo tempo abandonadas derrubam a barreira que os
aprisionava. A Faixa de Gaza é hoje a maior prisão no globo, e a
derrubada do Muro de Rafah foi um ato de libertação, que serviu
para provar que qualquer política desumana é uma política
estúpida. Essa foi a lição de Gaza em janeiro de 2008.
Meses antes, Israel impôs um cerco militar à Faixa de Gaza, e se
posicionou orgulhoso de sua decisão. Com o apoio ideológico dos
Estados Unidos (falsamente interessados na paz da Palestina), os
palestinos ficaram sem acesso a água, alimentos, remédios,
combustível e eletricidade. Os hospitais, todos operando além do
limite, foram forçados a desligar incubadoras para crianças
prematuras e maquinas de diálise, e o sistema de saneamento
básico foi interrompido. É difícil imaginar um ato mais estúpido.
A justificativa israelense para a punição coletiva de Gaza – de
população de mais de meio milhão de habitantes dividindo uma
área de 365 km² – é a violência na cidade de Sderot, supostamente
causada pelo lançamento de foguetes Qassam vindos de Gaza.
Trata-se de uma justificativa bem escolhida – ela evita críticas da
ONU e da comunidade internacional que, caso contrário, poderiam
condenar o ato de punição coletiva conduzido pelo governo
israelense – um crime de guerra, segundo a Lei Internacional. Mas
como então acabar com a violência em Sderot?
instante: o Hamas já ofereceu duas tréguas a Israel recentemente –
o último deles na semana passada. Segundo o Hamas, uma trégua
seria: foguetes Qassam deixariam de ser lançados contra Israel,
que se comprometerá a abrir o cerco e deixará de invadir Gaza para
conduzir suas operações de assassinatos pré-selecionados. Mas o
governo israelense, seguindo a linha George W. Bush, se recusa a
“negociar com terroristas”, e, por isso, Sderot continuará a ser
bombardeada.
A realidade, muito mais simples do que qualquer profunda análise
da mídia ocidental, é que Sderot é simplesmente um pretexto para
Israel, assim como a captura dos dois soldados pelo Hizbollah em
2006 também foi. O sonho israelense é que a barricada de Gaza
poderia levar à renúncia do Hamas, democraticamente eleitos pelo
povo palestino em 2006, e impedir que, no futuro, a Cisjordânia
passe também a ser controlada pelo partido islâmico.
Israel calculou quando a população palestina poderia desistir, mas
aconteceu o que poucos esperavam, apesar de ter sido o evento
mais previsível possível. Primeiro, uma grande explosão. Multidões
se rebelaram nos portões do Egito, a polícia não abriu fogo e tudo
se acalmou – foi um alerta. No próximo dia, palestinos derrubaram o
muro, centenas de milhares fugiram para o território egípcio e
respiraram aliviados – o cerco foi terminado. A punição coletiva de
Gaza foi um crime de guerra, e pior – um erro estúpido.

Recebi por email, mas não tenho certeza se é verdadeiro, vou postar pra ver a repercussão...por favor opinem...

PIONEIRA Há mais de três décadas Clara Brandão criou um composto alimentar que revolucionou a nutrição infantil
A cena foi comovente. O vice-presidente José Alencar preparava-se para plantar uma árvore em Brasília quando foi abordado por uma nissei de 65 anos e 1,60 m de altura. Era manhã da quinta-feira 6. A mulher começou a mostrar fotografias de crianças esqueléticas, brasileiros com silhueta de etíopes, mas que tinham sido recuperadas com uma farinha barata e acessível, batizada de 'multimistura'. Alencar marejou os olhos. Pobre na infância no interior de Minas, o vice não conseguiu soltar uma palavra sequer. Apenas deu um longo e apertado abraço naquela mulher, a pediatra Clara Takaki Brandão. Foi ela quem criou a multimistura, composto de farelos de arroz e trigo, folha de mandioca e sementes de abóbora e gergelim. Foi esta fórmula que, nas últimas três décadas, revolucionou o trabalho da Pastoral da Criança, reduzindo as taxas de mortalidade infantil no País e ajudando o Brasil a cumprir as Metas do Milênio. E o que a pediatra foi pedir ao vicepresidente? Que não deixasse o governo tirar a multimistura da merenda das crianças. Mais do que isso, ela pediu que o composto fosse adotado oficialmente pelo governo. Clara já tinha feito o mesmo pedido ao ministro da Saúde, José Gomes Temporão - mas ele optou pelos compostos das multinacionais, bem mais caros. 'O Temporão disse que não é obrigado a adotar a multimistura', lamenta Clara.
Há duas semanas a energia elétrica da sala de Clara dentro do prédio do Ministério da Saúde foi cortada. Hoje, ela trabalha no escuro. 'Já me avisaram que agora eu estou clandestina dentro do governo', ironiza a pediatra Mas ela nem sempre viveu na escuridão. Prova disso é que, na semana passada, o governo comemorou a redução de 13% nos óbitos de crianças entre os anos de 1999 e 2004 - brasileiros, com a ajuda da Pastoral da Criança, reduto do PT. Os compostos da multimistura têm até 20 vezes mais ferro e vitaminas C e B1 em relação à comida que se distribui nas merendas escolares de municípios que optaram por comprar produtos industrializados. Desde 1973, quando chegou à fórmula do composto, Clara já levou sua multimistura para quase todos os municípios, período em que a multimistura tinha se propagado para todo o País.
Sem contar a economia: 'Fica até 121% mais caro dar o lanche de marca', compara Clara.

Quando ela começou a distribuir a multimistura em Santarém, no Pará, 70% das crianças estavam subnutridas e os agricultores da região usavam o farelo de arroz como adubo para as plantas e como comida para engordar porco. Em 1984, o Unicef constatou aumento de 220% no padrão de crescimento dos subnutridos. Dessa época, Clara guarda o diário de Joice, uma garotinha de dois anos e três meses que não sorria, não andava, não falava. Com a multimistura, um mês depois Joice começou a sorrir e a bater palmas. Hoje, a multimistura é adotada por 15 países. No Brasil só se transformou em política pública em Tocantins.
Clara acredita que enfrenta adversários poderosos . Segundo ela, no governo, a multimistura começou a ser excluída da merenda escolar para abrir espaço para o Mucilon, da Nestlé, e a farinha láctea, cujo mercado é dividido entre a Nestlé e a Procter & Gamble
. 'É uma política genocida substituir a multimistura pela comida industrializada', ataca a pediatra. A coordenadora nacional da Pastoral da Criança, Zilda Arns, reconhece que a multimistura foi importante para diminuir os índices de desnutrição infantil. 'A multimistura ajudou muito', diz. 'Mas só ela não é capaz de dizimar a anemia; também se deve dar importância ao aleitamento materno.' ISTO É' procurou as autoridades do Ministério da Saúde ao longo de toda a semana, mas nenhuma delas quis se pronunciar. 'O multimistura é um programa que não existe mais', limitou-se a informar a assessoria de imprensa.



Ney Matogrosso - Água do Céu / Pássaro (1975)




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Ela foi até o fim!




Por elaine tavares – jornalista no OLA

O povo Mapuche (homens da terra) tem uma história milenar, existe nestas terras de Abya Yala desde o princípio dos tempos e ocupa historicamente uma região que vai desde o centro/sul do Chile até o sudoeste da Argentina. Quando da invasão espanhola, os Mapuches ofereceram tenaz resistência e pelejaram por quase três séculos pelo direito de continuarem livres e autônomos. A saga mapuche foi reconhecida pelo governo espanhol que chegou a firmar tratados com eles, negociando de nação para nação. No início do século XIX, com as guerras de independência e a formação dos estados-nacionais, os mapuches mais uma vez tiveram de enfrentar os “brancos” na luta por sua autonomia. Desta vez, por conta da modernidade de armamentos e outras estratégias dos exércitos do Chile e da Argentina, eles foram vencidos em 1883. Naqueles dias, o exército chileno tomou posse das terras, como se estas de ninguém fosse.

Desprovidos de suas terras os mapuches se espalharam pelas cidades, mas nunca perderam a referência de seu lugar e já no início do século XX iniciaram movimentos para a retomada do território original. Com a presidência de Salvador Allende, nos anos 70, essa luta se intensificou e boa parte das terras originárias foram recuperadas. Ainda assim, com a ditadura de Pinochet, a luta arrefeceu e o movimento teve de seguir a passos lentos.

Essa retomada mapuche ainda não acabou. Não existem mais os espanhóis nem os “criollos” independentistas. O inimigo agora são as transnacionais e a elite chilena que insistem em não reconhecer o território, usando dos mesmos velhos métodos de usurpação das terras e criminalização da luta da comunidade. A fase atual do conflito começou no início dos anos noventa quando uma empresa espanhola alagou milhares de hectares de terra com a construção de uma represa, obra que foi repudiada pelos mapuche. Não bastasse isso, madeireiras começaram um trabalho de destruição sistemática das florestas, além da plantação de pinus, o que provoca ainda mais destruição.

É neste contexto que em dezembro de 2001, os mapuches, em mais um episódio da luta pelo território, entram na Empresa Florestal Mininco (um dos maiores grupos empresariais do Chile) e ateiam fogo a ela, num desesperado protesto contra a destruição que esta vinha causando ao meio ambiente, além de estar nas terras mapuches. Nesse episódio, Patrícia Troncoso, uma estudante de teologia e líder comunitária, é presa – junto com outros membros do povo mapuche - e mais tarde condenada a 10 anos de prisão. Só que a lei na qual o “crime” de Patrícia foi enquadrado é a famosa lei anti-terrorista criada ainda no tempo do ditador Augusto Pinochet.

Cumprida já a metade da pena, Patrícia requereu sua liberdade, conforme a lei ordinária. Mas, o fato de ter sido julgada como terrorista a impede que use desta prerrogativa. Além disso, foi afastada para outro cárcere, longe de suas comunidade, para impedir que acontecessem manifestações, recorrentes desde a sua prisão. Indignada com esse tratamento e exigindo que o Estado reveja a lei na qual foi enquadrada, Patrícia iniciou uma greve de fome no dia 12 de outubro de 2007, a qual sustentou até o dia 29 de janeiro de 2008, perfazendo 110 dias, depois que, finalmente, o governo chileno aceitou suas reivindicações. A jovem mapuche deixava claro que só sairia da greve de fome se fosse outorgado o benefício de ir para um Centro de Educação e Trabalho e o direito de liberdade nos finais de semana para ela e mais dois ativistas do seu povo, Jaime Marileo e Juan Millalen.

A semana passada, quando os mais de 100 dias de greve de fome já colocavam a vida de Patrícia em risco, houve uma mobilização mundial por parte de lideranças, intelectuais e populações, para que o governo de Bachelet se sensibilizasse. Foi só aí que o governo decidiu designar uma pessoa para tratar de assuntos indígenas e, entre eles, o de Patrícia. O escolhido foi Rodrigo Egaña Baraona que terá por missão estabelecer o diálogo com o povo mapuche.

Agora, Patrícia vai iniciar um período de recuperação e promete logo estar forte para visitar sua gente. Foi um longo e doloroso processo de luta que precisou ir até as últimas conseqüências, mas a vontade férrea desta mulher que redescobriu suas raízes na luta, foi maior. Na queda de braço com outra mulher, a presidente chilena, venceu a originária. Mas, a grande batalha ainda não teve fim. As terras mapuches seguem invadidas, os campos seguem sendo minados por eucaliptos, a vida se esvai com a fumaça das fábricas de celulose e sob a roda do capital. Muito há por fazer, por isso ninguém duvide que esse povo seguirá sua luta. Como bem diz a própria Patrícia num vídeo gravado desde a cadeia: “Não é possível que essa gente que lutou pela democracia no Chile agora venha colocar preço em nossa vida, colocar preço na terra, em favor de uns poucos”. A luta mapuche está longe de acabar.
Veja o vídeo com o depoimento de Patrícia no endereço:

http://www.youtube.com/v/Fy6_ZQgC2AY&rel=1"