domingo, 17 de fevereiro de 2008

Que Viva México! (Da zdravstvuyet Meksika!)


Depois de revolucionar a edição cinematográfica com as montagens de Potenkin e A Greve, o diretor soviético Sergei Eisenstein, foi para Hollywood testar sua capacidade na Indústria Cinematográfica. Ignorado pelos produtores de filmes americanos, Eisenstein, Grigory Alexandrov e o Dir. de Fotografia Eduard Tisse, maravilhados com a etnia, geografia e a diversidade cultural mexicana, começaram a filmar um documentário altamente estilizado do povo e da sociedade volátil do México. Infelizmente, por problemas financeiros o diretor não conseguiu editar o filme. Em 1979, com longas anotações, desenhos (story board) de próprio punho, e rigorosa orientação do mestre Eisenstein, Alexandrov conseguiu finalizar a melhor e definitiva versão e a mais próxima possível do projeto inicial. Que Viva México!, é uma combinação brilhante: etnográfica, política, dramática e surrealista; que influenciou fortemente diretores como: O. Welles - "It´s all true", Jodorowsky - "El Topo", Kolotazov - "Yo soy Cuba" e os trabalhos de Sergio Leone. (Netmovies)

Há 60 anos, no dia 11 de fevereiro de 1948, o mundo perdia o cineasta e revolucionário russo Sergei Mikhailovich Eisenstein. Nascido em 23 de janeiro de 1898, em Riga, Letônia. Sua família era judeu-protestante de classe média alta. Seu pai era engenheiro e a mãe, filha da burguesia. Teve uma infância rica e uma educação privilegiada. Quando jovem, estudou engenharia, seguindo os passos do pai.

Esse não parece ser exatamente o perfil de alguém que marcaria sua obra pelo caráter político-revolucionário. Aliás, o insólito marcou a trajetória desse artista que foi um dos maiores nomes do cinema de todos os tempos.

Eisenstein revolucionou a sétima arte com apenas 14 filmes produzidos. E não foi somente pelo seu conteúdo político. Sua estética foi guia para as futuras produções do mundo inteiro. Para citar apenas alguns nomes que influenciou, temos Eisenstein em Orson Welles, Jean Luc Godard, Brian de Palma, Glauber Rocha e Oliver Stone. A montagem foi colocada no seu devido lugar de importância a partir de Eisenstein.

Entre os críticos e estudiosos de cinema, Eisenstein gera opiniões diversas e muitas vezes opostas. A visão de que ele foi apenas um artista-militante, serviçal do Estado Soviético, se demonstra, em vários episódios de sua trajetória, equivocada. Ou, no mínimo, insuficiente. Como Eisenstein conseguiu ser Eisenstein apesar do stalinismo e do realismo socialista?


Gênero: Documentário
Diretor: Sergei M. Eisenstein
Duração: 90 minutos
Ano de Lançamento: 1979
País de Origem: EUA/Rússia/México
Idioma do Áudio: Italiano
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0079020/
Qualidade de Vídeo: DVD Rip
Tamanho: 666 Mb
Legendas: No torrent
Créditos:makingoff - Lerson
Sergei Bondarchuk (Narrador)
Grigori Aleksandrov

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Se todos fossem iguais a você!

Fernandão diz que rejeitou proposta

Atacante diz que oferta garantiria a independência financeira até para os seus netos
Agência
Fernandão volta aos treinos do Internacional

O atacante Fernandão revelou em entrevista à Rádio Gaúcha que recusou uma proposta milionária no começo de 2008 para ficar no Internacional. Segundo o jogador, que classificou a proposta como "tentadora", ela seria para três anos de trabalho, e garantiria a independência financeira até para os netos do jogador. Ele não quis informar o nome do time, mas, segundo informações da Rádio Gaúcha, seria o Trabzonspor, da Turquia.

Fernandão, no entanto, não aceitou a proposta. Ele afirmou que dinheiro não é tudo, e que só pensará em deixar o Colorado no dia em que vier dinheiro e outras coisas na proposta.

– Infelizmente, a gente vive em um mundo capitalista, um mundo em que o dinheiro continua comandando – diz o jogador, que no entanto ressaltou que preza outras coisas.

- Penso na família e no ambiente em que vivo dentro do Inter.

Segundo o atleta, existiram ainda outras duas propostas, que no entanto não se concretizaram. Ele lembrou que uma proposta só será estudada se for interessante também para o Inter.

– Se não é interessante para o Inter, conseqüentemente não é interessante para mim.

LIBERAÇÃO DE MILHO TRANSGÊNICO DEIXA CLARA IRRESPONSABILIDADE DO GOVERNO

Por MST e Via Campesina

O Conselho Nacional de Biossegurança votou nesta terça-feira (12/2) pela primeira vez recursos apresentados pela ANVISA e IBAMA questionando liberações comerciais aprovadas pela CTNBio. A reunião decidiu, por 7 votos a 4, pela liberação do milho Liberty Link e MON 810, cujas liberações foram solicitadas por Bayer e Monsanto, respectivamente. As duas variedades foram recentemente proibidas em países da Europa, como França (2008), Áustria (2007) e Hungria (2006).

A ANVISA e o IBAMA basearam seus recursos em questões fundamentais da análise de risco de organismos transgênicos: os estudos apresentados pelas empresas quanto à toxicidade e alergenicidade foram completamente inadequados e insuficientes para garantir a segurança destes produtos para a saúde humana; não estão garantidas as condições para impedir a contaminação das variedades tradicionais ou crioulas de milho, não foram realizados estudos de impacto ambiental no Brasil.

A posição destes dois órgãos governamentais demonstra o cumprimento de dever legal de cada um. No entanto, lamentavelmente, a decisão política do governo Lula, de colocar o agronegócio acima da saúde da população, do meio ambiente e da agrobiodiversidade, é uma grande irresponsabilidade que marcará seu mandato.

A sociedade civil seguirá mobilizada contra os transgênicos e as irresponsabilidades do governo. Ainda pende de julgamento a liberação dos referidos milhos no Poder Judiciário e certamente prevalecerá o respeito à Lei.

"A decisão do Conselho é absurda. As duas autoridades competentes para avaliar os impactos à saúde humana e ao meio ambiente se posicionaram contra as liberações comerciais. É muito contraditório que os outros ministros, que não têm competência sobre a saúde e o meio ambiente tenham passado por cima desta decisão. Essa decisão atenta contra o direito dos agricultores que perderão suas variedades tradicionais e crioulas e dos consumidores que não terão opção de uma alimentação saudável e não transgênica já que não haverá controle da contaminação", declara Isidoro Revers, da Via Campesina e membro da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

Rosângela Cordeiro, também da Via Campesina e membro do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), acrescenta: "A liberação comercial do milho transgênico coloca em risco as variedades crioulas de milho, que são patrimônio dos agricultores brasileiros. O Governo não tem o direito de colocar em risco nossa agrobiodiversidade. Vamos continuar lutando contra em campo contra as liberações de milho", afirma.

Sobre os riscos ao consumidor, Andréia Salazar, coordenadora do Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC) considerou um "absurdo que as empresas de biotecnologia continuem negando-se a realizar os estudos exigidos pelas autoridades da área de saúde". E disse ainda: "Vamos continuar alertando os consumidores brasileiros sobre os riscos do milho transgênico. A ANVISA deixou bem claro que estas variedades não são seguras à saúde humana".

Histórico


No último dia 29 de janeiro, a Comissão Nacional de Biossegurança adiou a decisão sobre a liberação das variedades da Monsanto e da Bayer para esta terça-feira, dia 12 de fevereiro. No mesmo dia, o bispo emérito de Goías e membro da CPT, Dom Tomás Balduíno, entregou uma cesta de alimentos agroecológicos aos ministros em protesto contra a liberação do milho transgênico mesmo sob as ressalvas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama).

"A ANVISA apresentou questões muito sérias que comprovam que o milho transgênico pode causar danos à saúde e que não foram consideradas pela CTNBio", diz Isidoro Revers, membro da CPT. No caso do milho MON 810, da Monsanto, a Anvisa pediu ao CNBS a suspensão imediata da liberação por avaliar que os dados apresentados pela empresa "não permitem concluir sobre a segurança de uso para consumo humano do milho MON 810".

Para o Ibama, a liberação do milho Liberty Link da empresa Bayer deve ser anulada "em razão dos inúmeros vícios de que padece o processo", entre eles, "a inexistência de estudos ambientais". Assim como a soja transgênica Roundup Ready, este milho também é resistente a um herbicida e da mesma forma criam problemas ambientais e agronômicos. Prova disso, diz o Ibama, que seus dados "indicam que para cada quilo de princípio ativo [de herbicida] reduzido no RS, houve um aumento de 7,5 kg de glifosato no período de 2000 a 2004, época de expansão da área da soja RR" resistente ao glifosato. O Ibama também aponta que, caso a liberação comercial do milho transgênico ocorra, a contaminação das variedades crioulas, orgânicas e ecológicas ocorrerá inevitavelmente.


DE NOVO, A SOMBRA DO CARANDIRU

Por José Arbex Jr. (*)

“Guerra é guerra... É lamentável que morra tanta gente, especialmente os inocentes, mas é o preço que a sociedade deve pagar para acabar com o narcotráfico... Você tem alguma outra solução?” Recebi um número incomum de comentários semelhantes, todos em referência ao artigo “Um Carandiru por Mês”, publicado na edição de novembro, sobre a matança promovida pela polícia fluminense nos morros cariocas. Deixando de lado as mensagens de nítida inspiração fascista (do tipo: “ainda é pouco, essa gente só aprende na base da chinela”) e a lengalenga idiota de que se pretende apenas proteger os “direitos humanos dos bandidos”, as questões levantadas revelam níveis preocupantes de confusão, pânico e ódio indiscriminado a um suposto inimigo difuso, espalhado por todos os cantos e visível apenas por sua cor (embora ninguém tenha dito isso claramente). Sim, é verdade que há uma guerra em curso, e que o narcotráfico tem que ser combatido. O problema é saber quem é o inimigo e como derrotá-lo. Nada disso é tão óbvio quanto parece.

O governo e a polícia fluminense, aparentemente, já sabem a resposta. A guerra ao tráfico produziu 694 mortos nos primeiros seis meses de 2007, segundo dados orgulhosamente divulgados pelo próprio governador Sérgio Cabral e que serviram como ponto de partida para o artigo em questão. Além disso, banalizou-se a prática terrível e anticonstitucional do mandado de busca coletivo, que permite à polícia invadir qualquer casa, barraco ou construção situados na área de abrangência de uma ação policial. Isso significa que todos os que vivem em determinada região – obviamente, será sempre uma favela, um cortiço ou algo do gênero, jamais um bairro de “gente bem” – tornam-se suspeitos, pelo simples fato de ali viverem. Trata-se da criminalização definitiva da pobreza, agora sacramentada por procedimentos jurídicos. A resposta, então, está dada: combate-se o narcotráfico cercando os morros, impondo o terror às famílias pobres, espalhando a morte.

Trágica ilusão. Segundo a ONU, o narcotráfico mundial movimenta, anualmente, cerca de 1 trilhão de dólares. É um valor equiparável ao PNB brasileiro (isto é, a soma total de todos os bens e serviços produzidos pelo país ao longo de doze meses). Quando se levam em conta os negócios “paralelos” impulsionados pelas drogas – comércio de armas, contrabando de todo tipo, prostituição etc. –, a cifra atinge valores incalculáveis. Muito bem: onde está esse dinheiro? Alguém pode, em sã consciência, imaginar que ele será encontrado sob os colchões dos moradores do Complexo do Alemão carioca, ou, digamos, do Jardim Ângela, em São Paulo? Ora, é mais do que óbvio que cifras como essas circulam nos mercados especulativos, alimentam as bolsas de valores de todo o mundo, engordam ainda mais os imensamente obesos cofres dos maiores bancos, fazem a festa dos “paraísos” financeiros. O problema foi infinitamente agravado pela total desregulamentação do fluxo de capitais promovida pelo neoliberalismo, nos anos 90. O mundo dos negócios foi definitivamente transformado num imenso cassino eletrônico, bem ao gosto das máfias.

O dado complementar é o uso do narcotráfico para alimentar as “guerras sujas” promovidas pela Casa Branca e aliados mundo afora. A própria ONU reconhece, por exemplo, que no Afeganistão, tradicionalmente o maior produtor mundial de ópio, o antigo governo do Talibã, derrubado pelos Estados Unidos, em 2001, havia erradicado a cultura da papoula (matéria-prima para a produção da droga); hoje, quando o país é governado por aliados de Tio Sam, a papoula floresce mais do que nunca, em todos os sentidos. O dinheiro obtido com a venda do ópio financia as operações militares dos “senhores da guerra” e a compra de armas estadunidenses. Na Colômbia, o presidente Uribe, fortemente apoiado pela Casa Branca, vem de uma família com conhecidos vínculos com o narcotráfico. Seriam necessárias páginas e mais páginas, aliás, para descrever as relações da CIA com as máfias narcotraficantes na América Latina e no Caribe.

Há muitíssimos mais interesses envolvidos no mundo do tráfico do que o sugerido pela mera leitura diária dos jornais, incluindo a participação de cidadãos acima de qualquer suspeita, gente cuja casa jamais será vasculhada pela policia. É muito mais simples, mais seguro e mais conveniente deixar todas essas complicações de lado e apontar o fuzil e o ódio para a favela. Adolf entendeu isso muito bem nos anos 30, quando “explicou” com uma fórmula bem clara e direta o caos alemão: a culpa é dos judeus, dos comunistas, dos socialistas, dos ciganos. Deu no que deu. Hoje, a culpa do caos no Rio é dos favelados, com todas as conotações racistas que isso implica. Analogamente, em escala internacional, os responsáveis pelo clima de terror que existe no mundo são os árabes, os islâmicos, os estrangeiros pobres, a periferia do sistema capitalista. Essa pobreza nojenta que torna as ruas feias e a nossa existência um drama. Em Bogotá, capital hoje citada como exemplo de “urbanização” bem-sucedida, foram criadas empresas de “saneamento” cujo objetivo era livrar o centro da cidade dos desechables, o lixo humano descartável.

Querem mesmo acabar com o narcotráfico? Pois bem: comecem a investigação pelos grandes bancos, por aqueles que lucram com o tráfico de armas, pelas corporações que faturam com as guerras, pelos dignitários, juízes, políticos e policiais que ganham horrores com o jogo de extorsões e subornos. Enquanto toda essa gente estiver livre, haverá narcotráfico. A menos que a comercialização das drogas ilegais seja legalizada e pesadamente taxada, como hoje se faz com o tabaco e o álcool. As coisas ficariam muito mais transparentes e controláveis. Mas... adivinhe quem são os maiores adversários da legalização...

(*) José Arbex Jr. é jornalista e autor de O Jornalismo Canalha e Showrnalismo – a Notícia como Espetáculo, ambos pela Editora Casa Amarela. Este artigo foi publicado na edição de janeiro de 2008 da revista Caros Amigos e foi gentilmente cedido para o fazendomedia.com.


Chet Baker & Art Pepper - Picture of Heath [Playboys] (1956)

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Chet Baker & Art Pepper - Picture of Heath [Playboys] (1956)
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Personagens:
Chet Baker, Trumpete
Art Pepper, Sax (Alto)
Lawrence Marable, Drums
Phil Urso, Sax (Tenor)
Carl Perkins, Piano
Curtis Counce, Bass

músicas:
01. For Minors Only (J. Heath) 3:59
02. Minor Yours (A. Pepper) 6:40
03. Resonant Emotions (J. Heath) 5:41
04. Tynan Time (A. Pepper) 5:31
05. Picture of Heath (J. Heath) 6:43
06. For Miles and Miles (J. Heath) 6:24
07. C.T.A. (J. Heath) 5:09

MADDOG: "O BRASIL É UMA ESTRELA BRILHANTE DO SOFTWARE LIVRE"

Blog do Azenha

Entrevista com um dos papas do software livre:

Kauê Linden: Para novos usuários, eu gostaria de perguntar: Quem é Maddog? O que o Maddog está fazendo no momento?

Maddog: “Quem é Maddog” é uma boa pergunta. Ainda estou tentando descobrir. Estive na indústria de computadores por cerca de 40 anos. Fui vendedor, produtor e usuário de software, professor na universidade, desenvolvi projetos. Nos últimos 15 anos, trabalhei na Linux International para divulgar o software livre. Também sou o padrinho dos filhos do Linus Torvalds.

KL: Como você se envolveu com o código aberto?

Maddog: Eu tenho usado o que as pessoas chamam de “código aberto” desde 1969. Naqueles tempos, quase todo software era aberto. Quando você tinha um problema, escrevia a definição do problema. Então arranjava alguém para escrever o código e você era dono do software. Ele não pertencia à empresa que o desenvolveu. Você tinha o código na mão, podia colocar em quantos computadores quisesse, podia modificá-lo, podia distribuir essas modificações para quem bem entendesse. Dessa forma, nós tínhamos código aberto nos idos de 1969.

Programas proprietários de código fechado começaram a aparecer no período de 1977 a 1980, quando computadores pessoais da Apple e da IBM despontaram. Foi aí que as pessoas se acostumaram a comprar software como um pacote na prateleira. Eu fui reintroduzido ao software livre de código aberto em 1992, quando estava trabalhando em alguns projetos para termos software livre para clientes e, claro, em 1994, quando conheci Linus Torvalds e vi o Linux pela primeira vez.

KL: E foi assim que você se envolveu com Linux?

Maddog: Isso mesmo. Eu encontrei o Linus numa conferência da DECUS (Digital Equipment Corporation User’s Society – onde Maddog trabalhava em 1994). O irônico é que foi a DECUS que me fez conhecer o código aberto em 1969. Quando conheci Linus, ele estava falando sobre o projeto do Linux e gostei dele imediatamente. Então peguei o [código do] Linux e vi que era um projeto muito bom, melhor do que outros que estavam por aí. Achei que havia um bom potencial, não só como hobby ou um sistema técnico, mas na esfera comercial. Então convenci a empresa em que trabalhava a dar suporte ao Linus. Nós tínhamos alguns funcionários da Digital, assim como alguns membros da comunidade, trabalhando neste projeto.

KL: Muita gente no Brasil não sabe o que é Linux, acham que é difícil de usar. Isso é verdade, é difícil usar Linux?

Maddog: Eu acho que hoje em dia o Linux é tão fácil de usar quanto o Windows. Podemos melhorá-lo? Sim, podemos. O maior problema é que as pessoas simplesmente não estão acostumadas com o Linux. Ele é diferente do Windows e elas se sentem mais confortáveis com o Windows, porque sabem que na sala ao lado tem alguém que também usa Windows e pode pedir ajuda. Dessa forma, parte do plano da Koolu é ter um suporte local, próximo ao cliente, de forma que as pessoas podem ir até ele e tirar dúvidas. Isso fará com que elas se sintam melhores em relação a usar Linux e software livre.

KL: Como poderíamos educar os novos usuários para começar a entender de software livre desde a escola?

Maddog: Isso já começou. Jovens são ótimos em investigar e tentar aprender novas coisas. É só quando ficamos mais velhos que, de alguma forma, perdemos essa habilidade. Ficamos mais receosos de cometer erros que os mais jovens. Por isso, muitos jovens no ensino médio e na faculdade estão naturalmente adotando o software livre de código aberto. Eles percebem que não só podem aprender o que o programa faz, como podem aprender como ele funciona, e ainda ajudar a comunidade e fazer com que funcione ainda melhor.

Então se eles têm interesse em música, tem vários programas de áudio. Se têm interesse em vídeo, tem programas de edição de vídeo. Eles podem trabalhar em todos esses projetos e ajudá-los a ficarem melhores, então eles têm controle sobre o desenvolvimento do programa.

KL: Que conselhos você daria para os estudantes de ensino médio entrarem nesse mercado?

Maddog: Eu penso que um estudante de ensino médio, ou um estudante universitário, particularmente alguém que está estudando ciência da computação e como os computadores funcionam deveria aprender a fundo como as coisas funcionam. Tem um monte de gente hoje em dia que diz “você não tem que aprender Assembly, ou linguagem de máquina, porque Java é boa o suficiente, ou alguma outra linguagem de alto nível é boa o suficiente”. Mas o problema com essa filosofia é que você não entende como o computador está funcionando internamente. Você diz “acho que meu programa está rodando razoavelmente rápido”, mas existem pequenas mudanças que você poderia fazer para que o programa rodasse 10 vezes, 15 vezes, 40 vezes mais rápido.

Esta é a diferença entre alguém que realmente entende como um computador funciona e alguém que entende “por alto”. Eu recomendo aprender como funciona a linguagem de máquina, o que é memória cache, o que é um disco rígido, como ele realmente funciona, e como isso afeta o seu programa. Então, quando você tiver aprendido isso, você poderá aprender qualquer coisa pelo resto de sua vida, nada será uma caixa preta para você.

Kauê Linden: Em 2007 o número de computadores no Brasil aumentou em 44%, e o número de usuários com acesso à internet está crescendo muito também. Como podemos incentivar os novos usuários a usar software livre?

Maddog: Uma infinidade de coisas. Em primeiro lugar, o governo fiscalizar mais os softwares piratas. O interessante da coisa é que eu falei com a Microsoft, alguns gerentes de produto da Microsoft, e eles dizem “nós preferimos que as pessoas usem nosso software pirata do que software livre, porque usando software livre eventualmente elas ficarão acostumadas e não comprarão nosso software nunca”. Mas a Microsoft também financia a Business Software Alliance, uma organização que processa pessoas por aí por usarem software pirata. Eu considero um pouco hipócrita.

Se o governo fiscalizasse de verdade e fizesse com que as pessoas parassem de usar software pirata - como já é feito na China -, se a Microsoft ativasse todo o programa de proteção a pirataria que já vem embutido no seu sistema, ou se o governo criasse computadores de inclusão digital que não fossem capazes de executar satisfatoriamente o sistema da Microsoft mas rodassem bem software livre, então tudo isso reduziria significativamente o modelo de software pirata que nós temos e encorajaria o uso de software livre.

Outra coisa importante é o conceito de Padrões Livres (Open Standards). Por exemplo, o formato MP3 é um padrão para música digital, mas tem patentes muito profundas sobre ele. É praticamente impossível criar um tocador de MP3 sem pagar royalty a uma ou mais empresas. O Ogg Vorbis é um padrão de música livre e faz um trabalho melhor que o MP3. O problema é que poucas pessoas o utilizam. Eu tenho um tocador portátil capaz de tocar música Ogg Vorbis. Se nós encorajássemos as empresas a produzir estes aparelhos, recusando modelos que só tocam MP3, ajudaríamos o padrão Ogg Vorbis a ganhar mais e mais suporte. Talvez ficássemos livres de pagar royalties às patentes do MP3.

Nós precisamos ter padrões nas empresas e no governo que sejam implementados livremente, dessa forma as empresas não precisarão pagar royalties. Como encorajamos mais pessoas a utilizarem software livre? Acredito que parte é desenvolver formas novas e inteligentes para as pessoas usarem software livre para reduzir seu custo, o que é mais difícil de fazer usando software proprietário.

Uma dessas maneiras é o modelo de thin client. Você tem servidores que carregam todos os programas e dados do usuário, e uma série de thin clients bem pequenos que apenas acessam os dados e os programas. Utilizando programas da Microsoft, você precisaria de uma licença para cada thin client. Com software livre, você não precisa de nada disso. Então o custo do sistema como um todo é bem mais barato do que seria com software proprietário.

KL: O que é um thin client?

Maddog: Um thin client é basicamente um computador com poder de processamento, memória e conexão de internet suficiente para transferir informação em altas velocidades, mas que não executa os programas em si, e sim no servidor. Isso é importante hoje em dia porque a maioria dos computadores PC hoje são perfeitamente capazes de suportar 8 ou mesmo 10 usuários ao mesmo tempo, particularmente usuários utilizando programas de escritório ou navegando na internet. O thin client pode ter um gasto energético muito reduzido, ser bem pequeno e sem ventoinhas, sendo bem silencioso. Pode até mesmo ser incorporado ou montado atrás de um monitor LCD. Isto significa redução no gasto de energia elétrica, redução na dissipação de calor, redução do barulho numa sala de aula ou escritório e todos os dados e programas estão no servidor. Isto é parte do cenário que o Koolu trará.

KL: O que é o Koolu?

Maddog: Koolu é uma companhia que está trazendo para o mundo um computador de baixo custo, baixo gasto energético e ecológico. Nós acreditamos fortemente no tipo de arquitetura de thin client onde há o mínimo de software no computador do usuário e todo o trabalho é feito por um servidor. Mas, ao contrário de outras companhias, nós também acreditamos que o cliente deve escolher onde o servidor deve ficar. Se ele quiser o servidor bem próximo, no porão de casa ou no seu apartamento, tudo bem. Se preferir guardar os dados bem longe e mantê-los numa solução de armazenamento, também está bem. Nós lhes damos escolhas.

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KL: Já existe algum Koolu funcionando no Brasil?

Maddog: Até agora nós tivemos basicamente demonstrações. As pessoas estão tentando entender o modelo, compreender do que ele é capaz. Muita gente não acredita que essa pequena caixa que usa apenas 15 a 20 watts de energia pode realmente fazer o mesmo trabalho que o computador bem maior sobre a mesa. Assim que as pessoas descobrirem que “sim, pode ser feito” e “nós reconhecemos a rentabilidade do seu modelo”, então eles começarão a comprar mais sistemas.

Kauê Linden: No Brasil, estima-se que 98% dos computadores desktop rodam Windows, mas muitas deles são piratas, cópias pirateadas. O que você pensa sobre isso?

Maddog: Programas piratas são ruins por diversas razões. Em primeiro lugar, dá a entender que não há problema algum em roubar programas, cai na normalidade. Acredito veementemente que, se uma pessoa escreve um programa ou se cria uma música ou pinta um quadro, ela tem o direito de determinar o que acontece com este programa, música ou obra de arte. Tradicionalmente, isto é chamado de direito autoral. Programas piratas prejudicam o mercado de software. Eu acredito que a venda de programa como serviço é o caminho que devemos tomar. Nós deveríamos ter o direito de fazer mudanças no programa.

As coisas mudaram desde 1977, 1980. Existem muito, muito mais pessoas usando computadores. Muito mais pessoas capazes de escrever programas. Existem muito mais pessoas com necessidades diferentes que precisam ser atendidas, e elas não são atendidas por empresas grandes que têm recursos limitados para produzir software. Mesmo a Microsoft é limitada em seus recursos. Eles não podem atender os desejos de cada consumidor. E, mesmo se pudessem, isto não seria lucrativo. Então eles sequer levam isto em consideração.

A lição que o copyright nos dá é que a pirataria de programas é ruim. O que nós deveríamos estar fazendo é dando valor ao copyright, dizendo que o dono do programa tem direito de fazer o que quiser com ele, mas ao mesmo tempo incentivando-o a liberá-lo sobre uma licença livre de forma com que ele possa ser distribuído. Isso ajudaria a todos.

v-forum-288.jpg KL: Para pequenas e médias empresas, qual é a vantagem de usar código aberto?

Maddog: Flexibilidade. Quando se é uma pequena empresa, é bem difícil ter atenção de uma empresa grande como a Microsoft, a Oracle, de qualquer gigante de software. Eles têm milhões de clientes e, mesmo que você tenha um pedido que é muito importante para seu negócio, não será de grande importância para eles devido ao seu pequeno porte. Com software livre e aberto, você pode tomar uma decisão - a sua decisão: se deseja contratar alguém para adaptar o software às suas necessidades ou para consertar um bug que te impede de avançar. Você poderá repassar esta correção à comunidade e nunca mais verá este bug novamente. Isto é uma vantagem.

Outra vantagem é poder expandir o software por seus próprios meios para fazer com que ele tenha funcionalidades que não tem no momento. Por exemplo, o povo que fala swahili (50 milhões de falantes na África) nunca pôde usar um editor de texto em sua própria língua.
Então eles entraram em contato com os programadores do OpenOffice e contrataram um programador para fazer o trabalho. Ele estudou o software, trabalhou no suporte ao swahili e agora o OpenOffice suporta não só uma versão do swahili, mas todos os quatro dialetos. Este é um exemplo de como um grupo de pessoas, uma empresa ou um pequeno grupo pode influenciar um software no universo de código livre. Em produtos de grandes empresas como a Oracle ou a Microsoft, isto seria impraticável.

Kauê Linden: Você acha que a Microsoft está em risco por causa do Linux?

Maddog: Eu acho que a Microsoft está em risco por ter construído seu modelo de negócios em cima da visão do software como um produto. Dessa forma, eles dependem de parceiros para dar suporte como serviço. Se eles trocarem de modelo para vender software como serviço, basicamente colocarão em risco o negócio dos seus parceiros, passarão por cima dos negócios que os parceiros têm. Então a Microsoft está tentando manter os rendimentos vendendo produtos e, ao mesmo tempo, tentam converter a organização para o modelo de serviços sem passar por cima dos parceiros - o que é uma tarefa bem complicada.

KL: Então o Linux não coloca a Microsoft em risco?

Maddog: Não é o Linux em si, mas sim o conceito de software livre, ou software como serviço que coloca a Microsoft em risco.

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KL: Você tem viajado ao Brasil e deu palestras em muitos eventos. O que você pensa da posição brasileira em relação ao software livre? Acha que estamos fazendo bem nosso trabalho?

Maddog: Eu já disse isso publicamente em muitos lugares fora do Brasil: eu acho que o Brasil é uma estrela brilhante no software livre. A comunidade, a indústria e o governo trabalham junto com alguma freqüência para resolver problemas. A comunidade, os empresários e o governo trabalham junto para patrocinar conferências de software livre, o que considero muito importante. Eu acredito que o governo está encorajando empresas a pensar diferentes formas de vender software, vender serviços. Desta forma, os empresários podem fazer a transição de um modelo de software proprietário, de código fechado, para um software livre, de código aberto. E eu reforço essa questão do software livre, porque na verdade conheço muitas empresas que fizeram mais dinheiro com software livre do que faziam com software proprietário “de caixinha”.

PROMESSA DE MUDANÇA!

Por Elaine Tavares.

Ele pareceria um rei, tamanha a beleza. A bermuda despojada, uma camisa em tom pastel e um boné surrado que gritava, em vermelho sangue, uma palavra muito pouco ouvida na universidade: favela. Ele era um, em meio a uma centena de jovens negros que lotavam o auditório da reitoria da UFSC para um dia histórico. O dia em que negros e negras, muitos deles empobrecidos, entraram na universidade, não para uma visita ou para servirem de objetos de estudo, mas para ser aluno, fazer um curso superior. É que, pela primeira vez, a UFSC destinou cotas para negros no seu vestibular de ingresso.

Na comissão de professores que atendia, um por um, os calouros, era visível a alegria e o orgulho de ver uma luta de anos, finalmente sendo concretizada na prática. Havia sorrisos, apertos firmes de mão e até abraços. Pelo auditório, passeavam outras cores, cabelos cheios de tranças ou dreads, colares étnicos, risos. Eram negros, centenas, e não aquela meia dúzia, em geral africanos, que a comunidade universitária está acostumada a ver pelo campus.

Eu penso que não deveria haver cotas para negros, nem para índios, nem para estudantes da escola pública. Mas, enfim, desde que a universidade surgiu existe uma reserva de cotas. É a cota dos que fazem cursinho pago. Dos que podem ter bons colégios particulares. Então, isso sempre existiu. E, já que existiam cotas para os ricos, é muito justo que exista também para os negros, para os índios e para os que estudam em escola pública. No regime excludente da universidade pública, estas cotas instituídas agora são muito justas sim. E podem gritar os racistas, os neonazistas, e todos os outros “istas” que existem por aí, enrustidos ou não.

É claro que a luta deve ser por escola para todos. Todo e qualquer ser humano que viva aqui nestas terras devia ter direito a uma universidade pública e de qualidade. Porque gratuita ela não é. Todos nós pagamos para que poucos possam ter uma formação. E até hoje, os empobrecidos, os negros e os índios (estes na sua maioria também empobrecidos) não tinham essa chance. Não conseguiam passar a barreira da cota dos cursinhos. Quem pode ter duzentos, trezentos reais, para pagar por mês um curso preparatório?

As cotas são um paliativo. Sim, são. Mas elas podem ser fermento de mudança, elas podem escancarar a chaga escondida do racismo. Ontem, na UFSC, eu vi. Aqueles garotos e garotas negros, sempre marcados pelo preconceito, pela exclusão, unicamente por conta da cor, agora estão dentro da universidade. Não que isso seja muita coisa. Não que seja bom para eles. É bom para a universidade, isto sim! Esta universidade racista, conservadora, por vezes reacionária, precisava se abrir ao outro, ao que sempre esteve fora por conta da sua condição econômica. Esta universidade precisa conviver com a gurizada que vem das escolas públicas, com as gentes das comunidades de periferia, com garotos como aquele do boné que grita: favela!

E tudo o que eu queria ver era esses garotas e garotas negros trazerem para dentro dos muros do campus sua música, sua cultura, suas raízes, seu riso, sua crítica, sua raiva, sua doçura, sua esperança, seu jeito de viver. E tudo o que eu quero é que eles não fiquem como a maioria dos universitários: apáticos, egoístas, ambiciosos, pensando só no mercado. Eu quero que eles possam revolver conceitos, inventar o novo. Eu fiquei olhando para eles, mergulhada em emoção e sonhando. Ainda são poucos, muito poucos, mas podem fazer um grande estrago. Sempre digo que a universidade, tal como é, precisa morrer. Há que nascer uma universidade diferente, capaz de pensar a vida real, capaz de caminhar nas estradas secundárias, capaz de construir uma nova sociedade. Não sei por que, mas creio que pode começar agora. Quando as gentes da periferia, os que estão excluídos da vida digna, os índios massacrados, entrarem e seguirem sendo eles mesmos, ajudando a inventar um tempo novo.

Assim, ontem, num átimo, me voltou a esperança...

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Gente do Choro (1977)




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Os candidatos à Casa Branca e a política internacional : Irã



Escrito por Luiz Eça

O governo do Irã desenvolve um programa secreto para a produção de bombas nucleares, tendo atingido uma etapa fundamental que é o enriquecimento do urânio. Sendo governado por aiatolás "insanos", a posse desse engenho apocalíptico poria em risco não só a paz mundial, como também a sobrevivência da espécie humana. Por isso, o governo americano, aliado a potências européias, exige que Teerã interrompa o enriquecimento de urânio.

Diante da recusa, impôs uma série de sanções econômicas para forçar o Irã a obedecer. Mas ele se nega. Sanções mais pesadas são necessárias, sustadas até agora pelo poder de veto da Rússia e da China. Persistindo o impasse, a guerra seria a solução.

Esta é a posição do governo Bush no affair "Irã nuclear". Ele rejeita a explicação iraniana de que seu programa, no qual o enriquecimento do urânio é vital, tem fins exclusivamente pacíficos. No entanto, a IAEA (a agência internacional de energia atômica da ONU) aceita.

Seu presidente, El Baradei, laureado com o prêmio Nobel da Paz, declara que não há nada provando a existência de um programa nuclear militar, pois todas as informações solicitadas pela ONU, desde fins do ano passado, estavam sendo prestadas pelo governo iraniano, trazendo transparência ao que era secreto. O próprio Serviço de Inteligência dos Estados Unidos somou-se a El Baradei, ao afirmar que, desde 2003, não havia qualquer programa visando produção de armas nucleares no Irã. Portanto, o caminho seria continuar fiscalizando e tratando possíveis pendências via diplomacia. Nada disso abalou Bush. Ou Teerã interrompe o enriquecimento do urânio ou... sai de baixo!

Para convencer a opinião pública do seu país, ele vem promovendo uma propaganda maciça que, segundo o colunista Larry Chin, do New York Times, é "estritamente semelhante à campanha de Hitler contra a Polônia". Muito eficiente, aliás, pois deu certo.

Segundo pesquisa do Rasmussen Reports (10-12-2007), 66% da população americana acredita que o Irã não interrompeu seu programa de armas nucleares.

Seja por estar de olho nos votos dessas pessoas, seja por convicção própria ou influência dos lobbies pró-Israel e do complexo industrial-militar, todos os candidatos à presidência concordam com a posição de Bush. As diferenças são muito pequenas, apenas na agressividade maior exibida por três deles.

Referindo-se á situação no Irã, McCain acha que não tem jeito: "Sinto dizer, mas vai haver outras guerras", falou em comício recente.

Por sua vez, Huckabee aplaude de pé as ações anti-Irã de Bush (ele parece ter as mais vagas idéias a respeito do problema). Sem nenhuma restrição.

Hillary, não. Chegou a criticar a "brandura" de Bush, que teria perdido tempo com negociações diplomáticas em vez de apelar logo para sanções econômicas e ameaças (entrevista ao Washington Post, 20-1-2006). Ela se revelou implacável inimiga do regime de Teerã. Ao explicar como seria a retirada do exército americano do Iraque, informou que deixaria um contingente com capacidade para atacar rápido, tendo, entre outros objetivos, o de "enviar uma mensagem ao Irã de que eles não teriam mãos livres no Iraque, apesar de sua considerável influência e conexões religiosas e pessoais". Mais uma vez foi além de Bush, que nunca admitiu instalar bases na região ameaçando o Irã.

Hillary também votou entusiasticamente a favor da lei que taxa de terrorista a Guarda Revolucionária, uma unidade militar do governo iraniano. Obama foi contra, pois, graças a esta lei, Bush pode agora alegar direito de atacar o Irã, sem aprovação do Senado. O que é extremamente perigoso, dados os precedentes do atual ocupante da Casa Branca.

Os israelenses não gostaram nada da atitude de Obama, pois, como diz o Jerusalem Post (21-1-2008), ele "... considerou os riscos de uma resposta militar dos Estados Unidos ao Irã. E do prolongamento de sua permanência no Iraque como maiores e mais importantes do que o risco de que as sanções internacionais sejam muito fracas para impedir o Irã de se tornar um poder nuclear".

Mas é só nesse ponto que Obama diverge de Hillary. Como a ex-primeira dama, ele sustenta que o regime iraniano é uma ameaça para o mundo. Que seu programa nuclear tem de ser detido: se não pela diplomacia, que seja pela força. O candidato deplora, pois isso alienaria a simpatia do povo árabe. Mas, para ele, o que vem em primeiro lugar seria a segurança de Israel, assombrada pelos avanços nucleares de Teerã. Tudo isso foi declarado em alto e bom som, em Washington, na reunião geral de 2007 da AIPAC (America Israel Public Action Comittee), o mais poderoso lobby judaico dos Estados Unidos.

Como se vê, as posições dos candidatos face ao problema do Irã são similares. Obama, pelo menos, não é tão agressivo quanto os republicanos. E nem mesmo quanto Hillary, chamada de "a senhora da guerra" pelo jornalista Justin Raymondo (do site Anti-War). Chegou a declarar que, eleito presidente, negociaria com o Irã e outros países desafetos dos Estados Unidos. No que foi acremente censurado pela senhora Clinton, como "irresponsável e ingênuo", pois esses "inimigos’ usariam as reuniões para propaganda. De quê, ela não contou...

Embora todos os candidatos sejam unânimes no apoio às linhas mestras da política imperial do governo Bush, pode-se esperar de Obama maior serenidade e prudência. Possivelmente, menos chances de ele lançar mão de foguetes infernais e bombas arrasa-comunidades. O que tornaria muitos milhares de iranianos e mesmo de soldados americanos eternamente gratos por permitir que continuassem vivendo.

Luiz Eça é jornalista.

Guerra contra o Terror de Israel...


No velório do comandante da Resistência, Nassralah promete uma guerra aberta contra o terror de Israel

Lameh Smeili*

No velório de Imad Faiez Maghnieat, assassinado terça-feira, dia 12/02 em Damasco, capital da Síria, o secretário geral do Hizbollah, Hassan Nassrallah, prometeu uma guerra aberta contra “as forças do satanás”, em referência o Estado sionista de Israel.

Nassralllah disse que Israel matou Naghnieat como resposta à derrota que sofreu na guerra de julho de 2006. Ele garantiu que essa guerra continua de forma política e econômica. Salientou que não existe uma decisão de cessar-fogo.

O secretário de Hizbollah dirigiu suas palavras às lideranças israelenses, diante de milhares de simpatizantes, na sala dos mártires, ao sul de Beirute, dizendo: “Se querem uma guerra aberta do mesmo modo, então será uma guerra aberta”, apontando para o corpo de Maghnieat. Nassrallah prosseguiu: “Antes a guerra entre nós era sobre as terras do Líbano, nós resistíamos em nossa terra, e atirávamos em defesa de nossas famílias, mas já que vocês decidiram mudar a tática, então será uma guerra do modo que vocês escolheram”.

Nassrallah afirmou que a cada liderança da resistência assassinada, a resposta será como um terremoto que vai ajudar a abalar suas raízes assassinas. “Desta vez o nosso terremoto será muito mais potente e doloroso”. “Nossos combatentes estão preparados e já estão em fase de iniciar a resposta. Imad Maghnieat já tinha terminado toda a preparação, faltava apenas alguns detalhes”.
Nassrallah se dirigiu aos israelenses novamente e afirmou: “Nesta próxima guerra vocês verão dezenas de milhares de combatentes pela liberdade, filhos e alunos de Imad Maghnieat”.

Em relação aos libaneses, Nassrallah garantiu “a unidade da resistência em defesa de um Líbano sem divisões”. Disse que se tem alguém contra a resistência no Líbano “então que vá para os braços de Israel e Estados Unidos, porque o nosso País continuará da resistência à opressão”.


O comandante Imad foi “arquiteto” da resistência contra Israel em julho de 2006. Pela primeira vez na história, os guerrilheiros impedem a penetração de tropas sionistas em solo libanês e atingem alvos em praticamente toda a palestina ocupada. A guerra durou 33 dias. E apesar de Israel ter um dos mais bem armados exércitos do mundo, os resistentes foram considerados vencedores.
*Lameh Smeili é jornalista