domingo, 8 de junho de 2008

AGUIRRE - A CÓLERA DOS DEUSES


Aguirre, A Cólera dos Deuses
(Aguirre, Der Zorn Gottes )


SINOPSE


Algumas décadas após a destruição do Império Inca, no século XVI, o explorador Gonzalo Pizarro envia uma expedição para uma arriscada missão: encontrar e tomar posse do tão sonhado e enigmático "El Dorado", um lugar cheio de ouro e riquezas. Deixando as montanhas do Peru, os conquistadores rumam em direção ao rio Amazonas, e logo começam a enfrentar os perigos e dificuldades da misteriosa selva. Um dos seus homens, Dom Lope de Aguirre (Klaus Kinski), consumido pela loucura, sonha em conquistar toda a América do Sul. Após uma rebelião e em meio a sua total insanidade, Aguirre parte com a expedição de conquistadores para uma bizarra jornada rumo ao desconhecido.

Fonte



Informações sobre o filme

Gênero: Drama / Biografia / Histórico
Diretor: Werner Herzog
Duração: 90 minutos
Ano de Lançamento: 1972
País de Origem: Alemanha
Idioma do Áudio: Alemão
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0068182/

Qualidade de Vídeo:
DVD Rip
Vídeo Codec: DivX
Vídeo Bitrate: 901 Kbps
Áudio Codec: Mp3
Áudio Bitrate: 98
Resolução: 512 x 384
Formato de Tela: Tela Cheia (4x3)
Frame Rate: 25.000 FPS
Tamanho: 654 Mb
Legendas: Em anexo


Elenco


Klaus Kinski ... Don Lope de Aguirre
Helena Rojo ... Inez
Del Negro ... Brother Gaspar de Carvajal
Ruy Guerra ... Don Pedro de Ursua
Peter Berling ... Don Fernando de Guzman
Cecilia Rivera ... Flores
Daniel Ades ... Perucho (as Dan Ades)
Edward Roland ... Okello
Alejandro Chavez
Armando Polanah ... Armando
Daniel Farfán
Julio E. Martínez
Alejandro Repulles ... Gonzalo Pizarro
Indianern der Kooperative Lauramarca


Premiações

3 prêmios e 1 indicação, em categorias como "Melhor Filme Estrangeiro" e "Melhor Fotografia".
Confira a relação aqui.


Curiosidades


- Aguirre, A Cólera dos Deuses foi a primeira colaboração da conturbada e bem sucedida parceria de 15 anos do ator Klaus Kinski com o diretor Herzog e é considerado por muitos como um dos melhores filmes da década de 70.

- A idéia do filme surgiu após Herzog ter pego emprestado um livro de aventuras de um amigo. Depois de ler uma meia página dedicada a Aguirre, o diretor sentiu-se inspirado e imediatamente partiu para a criação da história. Segundo o diretor, o roteiro do longa foi escrito em dois dias e meio, enquanto ele viajava de ônibus com um time de futebol. No entanto, esta viagem trouxe também alguns atrapalhos: Num dia, após uma partida, praticamente todo o time estava muito bêbado, e um dos jogadores que estava sentado atrás de Herzog vomitou em sua máquina, arruinando muitas páginas do script. Como prejuízo, as páginas tiveram que ser jogadas fora, e como o diretor não conseguia se lembrar do que tinha escrito nelas, teve que correr em busca do tempo (e do celulóide) perdido.

- Uma boa parte de Aguirre, bem como alguns dos primeiros trabalhos do diretor, foram feitos com uma única câmera de 35mm, que ele roubou da Faculdade de Cinema de Munique. Descoberto, ele admitiu o roubo, mas rapidamente procurou justificar o seu ato com a relevância do filme que estava fazendo. Anos mais tarde, com a falta já reparada, o diretor deu umas boas risadas do episódio.

- Dentre os vários fatos e mitos que cercam o filme, um que chama a atenção diz respeito à relação conturbada entre o diretor e Klaus Kinski. Segundo relatos, Klaus estava deixando Herzog louco, tomando drogas a todo momento, instigando os outros atores contra o diretor, ameaçando deixar as filmagens e tornando o clima do filme um inferno. Num dia, Herzog disse para Kinski: "Pode ir embora Klaus, mas eu vou subir naquela árvore e dar dois tiros na sua cabeça antes de você virar aquela curva. A última bala vai ser pra mim, mas por Deus, antes eu meto as outras duas na sua cabeça!!". O Klaus era muito maluco, mas também muito medroso e acabou ficando quietinho.

- O filme conta com a participação do cineasta brasileiro Ruy Guerra (Ópera do Malandro, Estorvo) no elenco, no papel de Don Pedro de Ursua.

- As filmagens de Aguirre ocorreram durante extenuantes cinco semanas, com locações no Peru (Cuzco, Rio Huallage, Rio Nanay) e no Rio Amazonas.

- Para quem desejar saber mais a respeito deste clássico e de muito do que cercou a sua realização, recomendo o ótimo documentário "Meu Melhor Inimigo", também de Herzog, que fala do relacionamento entre o diretor e Klaus Kinski.

- Embora o filme já tenha sido postado, estou trazendo neste repost um outro rip, sem legendas fixas e com o problema de sincronia das legendas corrigido.

- Créditos da legenda para o nosso amigo Corisco, que fez a correção na sincronia da legenda. Fiz algumas adaptações para o tempo deste release e dei uma burilada na tradução em algumas partes. Confiram aí.


Crítica


Aguirre, A Cólera dos Deuses


“Aguirre, A Cólera dos Deuses” (Aguirre, der Zorn Gottes, Alemanha, 1972) é provavelmente o épico mais barato de toda a história do cinema: custou apenas US$ 380 mil. Foi feito com apenas uma câmera de 35mm, que o cineasta Werner Herzog literalmente roubou da escola de cinema que freqüentou, na Alemanha. A produção em si foi um caos, como sempre acontece nos casos de filmagens realizadas na selva – “Aguirre” foi feito na parte peruana da floresta amazônica. Durante algumas semanas, Herzog chegou a pensar que havia perdido o filme, pois a transportadora encarregada de enviar os rolos para a Alemanha não o fez, perdendo-os em um depósito local.

Toda essa confusão não impediu “Aguirre” de se transformar em um dos filmes mais cultuados nos círculos de cinéfilos internacionais. Não é um fenômeno alemão, nem mesmo europeu. Nos EUA, os leitores da revista Entertainment Weekly o votaram em 46º, entre os mais importantes cult movies da história. Não é pouco, especialmente se for levado em consideração que Herzog é o mais hermético e o menos conhecido dos realizadores alemães que surgiram na década de 1970. A geração dele, com Rainer Werner Fassbinder e Wim Wenders, foi a mais talentosa a surgir após a época de ouro do cinema europeu (Fellini, Bergman, Antonioni).

A tomada de abertura de “Aguirre” resume não apenas o enredo do filme, mas principalmente a temática central da obra de Herzog: a vastidão, o mistério e o fascínio da natureza, em contraponto contra a pequeneza do ser humano. Em pouco mais de dois minutos, sem cortes, o espectador vê uma paisagem de tirar o fôlego: a encosta de uma alta montanha, com neblina no topo e mata fechada na base. A câmera então se aproxima lentamente, o suficiente para que a platéia perceba uma fileira de homens que descem a montanha. É uma enorme fileira; eles parecem formigas diante da enormidade da imponente montanha. A imagem então se afasta um pouco, e revela que a procissão tem milhares de homens, e se estende por diversos quilômetros. Alguns deles aparecem logo depois, em primeiro plano, diante da câmera, e então jogam a paisagem para segundo plano. É uma seqüência magistral.

A fileira de homens é formada por exploradores espanhóis e escravos índios. O filme se passa no século XVI e narra a lendária expedição empreendida por Francisco Pizarro, em busca da mítica cidade de El Dorado, um suposto vilarejo construído de ouro puro, encravado na floresta. Os espanhóis estão aonde a civilização nunca chegou. À medida que se embrenham na floresta, a expedição perde homens. Índios morrem de inanição, guerreiros de doenças. Quando percebe o erro, Pizarro volta e nomeia um pequeno grupo de homens para ir em frente. É uma espécie de pelotão suicida, pago para desbravar o desconhecido. Entre eles está o nobre Dom Lope de Aguirre (Klaus Kinski), um homem cuja ambição o deixa à beira da loucura. As condições estão, portanto, propícias para que Aguirre desenvolva seus delírios de grandeza. E ele o faz.

Klaus Kinski, no papel do lorde delirante, é a alma do filme. Seus olhos insanos e sua expressão pétrea dão a mistura perfeita de tenacidade e coragem que os integrantes da expedição – e também a platéia – necessitam para acreditar na jornada impossível. Se em algum ponto o véu da cobiça desce sobre os olhos, ninguém percebe – até que seja tarde demais. O Aguirre de Kinski é um homem mirrado, que se move de lado, como se rastejasse. Possui a ameaça de uma cobra. Ele funciona como se fosse um corcunda ou um aleijado – um Ricardo III perdido nas selvas da Amazônia. Shakespeare teria se orgulhado.

A expedição viaja de barco. É uma espécie de enorme jangada construída artesanalmente, que luta contra a forte correnteza do rio Amazonas e também contra índios que a platéia jamais vê – as flechas, no entanto, reduzem o grupo de guerreiros a cada investida. Nada disso, porém, impede que Aguirre conduza seus homens até o final da jornada, em busca de ouro, riqueza e poder. “Aguirre”, como fica claro, tem semelhanças incríveis com “Apocalypse Now”, que Coppola faria alguns anos depois. Mas não denuncia os horrores da guerra; é, sim, um dos grandes filmes sobre a cobiça (ao lado de “O Tesouro de Sierra Madre”) que já foram feitos. A majestosa seqüência final, que envolve Aguirre, um grupo de macacos e a força do rio, encerra o filme como uma nota grave.

Existem duas edições em DVD nacional, e elas são parecidas. A primeira é da Abril DVD. Essa edição possui um comentário em áudio de Werner Herzog, em inglês (sem legendas). O som do filme, remixado em Dolby Digital 5.1, também é ótimo; valoriza a música etérea e evocativa do grupo Popol Vuhl e também amplifica os ruídos da selva, que emprestam um senso de mistério ao longa-metragem. O som, aliás, é parte essencial de “Aguirre”, porque evoca algo de divino, algo não traduzível em palavras. A versão lançada pela Versátil não possui a trilha de comentário e o som é apenas DD 2.0, mas compensa a falha trazendo um documentário (59 minutos) e um curta-metragem de Herzog. Nos dois casos, a imagem aparece “encaixotada” no formato quase quadrado da TV (standard 4x3), com cortes laterais.

Fonte


Confira aqui a trilha sonora.

Créditos: makingoff - Willams

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Downloads abaixo



sábado, 7 de junho de 2008

Janis Joplin - Discografía 1

Big Brother & The Holding
Company - 1967




Cheap Thrills - 1968




I Got Dem Ol' Kozmic Blues
Again Mama - 1969




O governo Yeda Crusius é uma vergonha


O governo Yeda Crusius é uma vergonha para o Estado do Rio Grande do Sul. A inacreditável sucessão de escândalos e denúncias a que o povo gaúcho assiste nos últimos meses revela um governo fraco moral e politicamente.

É um governo onde a governadora não fala com o vice-governador.

É um governo onde o chefe da Casa Civil tenta comprar a posição do vice-governador.

É um governo onde o vice-governador grava uma conversa com o chefe da Casa Civil para denunciá-lo.

É um governo onde o chefe da Casa Civil chama o vice de canalha e mau-caráter.

É um governo onde aliados da governadora a chamam de sem-vergonha. E nada acontece.

É um governo onde secretários de Estado negociam, combinam festas e tomam chopp com acusados de integrar uma quadrilha que roubou mais de R$ 40 milhões dos cofres públicos.

É um governo onde os partidos de sustentação da governadora, nas palavras do chefe da Casa Civil, utilizam empresas públicas para financiar campanhas eleitorais e para comprar maioria no Parlamento.

É um governo que, diante de graves denúncias de corrupção, com provas materiais eloqüentes, emudece, se esconde e, através de seu patético porta-voz, afirma não existirem fatos relevantes.

É um governo onde a governadora foge da imprensa e do povo.

É um governo onde a governadora não tem coragem de prestar contas sobre seus atos e de seus aliados, mas tem coragem de fechar escolas, demitir funcionários públicos e mandar a polícia bater em manifestantes.

É um governo que privatiza o meio ambiente e hipoteca o futuro.

É um governo onde seus aliados e padrinhos (como o inacreditável senador Pedro Simon, que foi incapaz de pronunciar uma palavra sobre todos esses escândalos) não tem mais coragem de defendê-lo e abandonam o navio em número cada vez maior.

É um governo cujo modus vivendi é a dissimulação e a covardia.

É um governo que chegou ao fim.

Créditos:

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Marta Gomez - Cantos De Agua Dulce

http://img247.imageshack.us/img247/1205/frontgg2.jpg


01 - La Finca
02 - Eso Pido Yo
03 - Seis
04 - Cancion De Cuna
05 - Bolero
06 - La Flor
07 - Canta
08 - Receta
09 - El Pueblo
10 - Tonada De La Luna Llena
11 - El Hormigueo
12 - Confesión
13 - Dejalo Ir
14 - Aquellas Pequenas Cosas
15 - La Ronda
16 - Maria Mulata
17 - Mal De Amores

Downloads abaixo:

http://rapidshare.com/files/24833422/marta_gomez_2004_cantos_de_agua_dulce_320.part1.rar
http://rapidshare.com/files/24835421/marta_gomez_2004_cantos_de_agua_dulce_320.part2.rar


Campanha chama atenção para risco de prostituição durante a Eurocopa






Adital


Quando deixam suas casas em busca de uma vida melhor, especialmente, na Europa; as mulheres vítimas do tráfico com fins sexuais não imaginam que suas vidas dali pra frente serão marcadas pelo desrespeito e pela exploração. Saídas, principalmente, do Leste Europeu, da América Latina e da Ásia, elas sofrem tanto nas mãos dos traficantes, quanto nas das autoridades de imigração.

A realização da Eurocopa 2008, a partir do próximo sábado (7), em dois países tradicionalmente receptores de mulheres vítimas do tráfico, Suíça e Áustria, levou organizações européias de direitos das mulheres a desenvolver uma campanha de prevenção desse crime. O temor delas é que a grande presença masculina incentive o tráfico de mulheres com fins de prostituição.

A campanha começou em março e busca sensibilizar os homens que irão visitar a Suíça e a Áustria, durante os jogos, e as populações locais para a gravidade do problema. Além disso, a campanha também denuncia a falta de medidas de proteção às vítimas. Ao invés de serem tratadas como vítimas, as mulheres são vistas pela polícia de imigração como criminosas.

Assim, a campanha pede que elas não corram risco de deportação, quando denunciarem crime de que são vítimas; recebam acomodação segura e acompanhamento profissional; e que as autoridades policiais, judiciais e migratórias sejam instruídas, para que colaborem com as organizações que trabalham com o problema.

Por ano, cerca de 2,5 milhões de pessoas são vítimas de tráfico humanos. Cerca de 80% delas, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), são mulheres e crianças. Só na Suíça, chegam entre 1.500 e 3 mil mulheres, anualmente, para trabalhar em bordéis, cabarés, como escravas domésticas ou no "mercado do matrimônio".

Todos os países do mundo estão envolvidos - seja como país de origem, de trânsito, ou de destino -, por isso, é necessário que eles promovam ações conjuntas de combate ao tráfico de pessoas, que é uma atividade tão lucrativa quanto o tráfico de armas e o de drogas. Os lucros anuais são em torno de 3,5 bilhões de dólares.

Como parte da campanha, se está ainda colhendo assinaturas para serem entregues às autoridades suíças, a fim de que façam algo para proteger as vítimas e atuem, no marco de ações legais, para permitir que essas mulheres possam continuar no país. Até hoje, a Suíça não ratificou o Convênio contra o Tráfico de Seres Humanos do Conselho de Europa, que promove a defesa dos direitos humanos dessas pessoas.

Futebol, tráfico de atletas e conivência do Estado

Dez anos após a aprovação da Lei Pelé, Executivo e Congresso finalmente estudam medidas para coibir a evasão clandestina de jogadores. Mas, influenciadas pela lógica de mercado e pelo desejo de satisfazer os clubes, as propostas em debate podem agravar o problema, ao invés de saná-lo


Alexandre Machado Rosa

Em março último, sob pressão de denúncias na imprensa, o Congresso Nacional voltou a debater medidas para limitar a transferência ao exterior (muitas vezes sob forma de tráfico) de atletas de futebol. O fenômeno cresce a cada dia, desde a aprovação da Lei 8615/98, a chamada “Lei Pelé”. Acompanhado de dirigentes de clubes, o ministro do Esporte, Orlando Silva, compareceu à Câmara dos Deputados e pediu que sejam acelerados os trâmites para efetivar as mudanças. A intenção é bem-vinda mas o caráter das propostas, não. Governo e Congresso querem, essencialmente, antecipar a idade a partir da qual os jovens jogadores podem vincular-se – assumindo contratos de trabalho de caráter mercantil – com os clubes brasileiros. Neste afã, atenta-se contra o próprio Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Seria perfeitamente possível enfrentar o problema de outra maneira — como fazem, aliás, outros países. Para tanto, o Estado precisaria, ao invés de reforçar relações de clientelismo com os clubes e seus “cartolas”, assumir seu papel de criador de mecanismos de proteção social.

Assunto de numerosas matérias jornalísticas, o êxodo intensificou-se desde que a “Lei Pelé” “libertou” os atletas dos vínculos que os atavam às equipes (em especial o chamado “passe”, que precisava ser “comprado” junto ao clube de origem, quando o jogador se transferia para outra) nas transferências interclu). “Livres” para buscar contratos vantajosos, milhares de jovens jogadores são seduzidos pela miragem dos contratos milionários no exterior. Mas a fortuna dos que têm visibilidade na mídia é exceção, como demonstrou a Comissão Parlamentar de Inquérido (CPI) da CBF-Nike, instalada a em 2000. Um dos pontos marcantes da CPI foram os resultados de investigações sobre comércio de atletas brasileiros no futebol mundial. Uma rede de falsificação de passaportes e identidades com idade adulterada acabou emergindo. A Comissão fez recomendações à CBF, à Fifa, às autoridades brasileiras e apresentou proposta sugerindo mudanças na legislação, para prevenir tantos abusos. Os passaportes falsos repercutiram internacionalmente, aumentando o controle em vários países, como a Itália.

A denúncia reforçava os sinais de algo que continua a incomodar a humanidade: o tráfico de seres humanos. Na indústria dos lazeres, nascida e consolidada durante o século vinte, o futebol ganhou uma posição de destaque, mesmo que para isto leis internacionais sejam desrespeitadas. Segundo a Organização Internacional para Migrações (OIM), o tráfico de jogadores menores de idade é um fenômeno que precisa ser controlado. Por isso, um guia sobre formas de prevenir o tráfico de jogadores, com conselhos práticos para jovens, vem sendo distribuído aos clubes na França, para facilitar a integração dos jogadores e informá-los sobre seus direitos.

No Brasil, prossegue o drama. Oito anos depois da CPI, a Folha de S.Paulo fez uma série de reportagens denunciando a exploração de crianças por supostos agentes e clubes em Minas Gerais. Em dezembro de 2007, o jornal publicou matéria sobre a ação do Ministério Público do Trabalho do Estado, que investigou a situação de jovens aspirantes a atletas de futebol em clubes mineiros. Mais tarde, em março deste ano, a polícia civil fechou um alojamento, em Belo Horizonte, com um grupo de 22 jogadores amadores (sendo uma criança, 19 adolescentes e dois jovens de 18 anos). As famílias dos garotos pagavam até R$ 1.500 para que os filhos tivessem a oportunidade de realizar testes em clubes, o que não aconteceu para a maioria. Um agente, sem credenciamento junto à Fifa (Federação Internacional de Futebol Association) ou CBF, foi preso por aliciamente de menores e estelionato. O Conselho Tutelar da Pampulha também participou da ação.

Criam-se vínculos empregatícios para crianças a partir de oito anos de idade, embora o ECA considere crianças (portanto, protegidas do trabalho) aqueles que têm até 12 anos incompletos

Pressionados, Congresso e governo procuraram mostrar sinais de ação. Mas, a pretexto de coibir a migração descontrolada de jovens e adolescentes, propõem medidas que mercantilizam ainda mais o futebol, favorecem os clubes e não exigem destes nenhuma contrapartida social. Estão em debate alterações na Lei Pelé tais como a diminuição da idade para vincular e federar atletas. Criam-se vínculos empregatícios para crianças a partir de oito anos de idade, embora o ECA considere crianças (portanto, protegidas do trabalho) aqueles que têm até 12 anos incompletos. Segundo este critério, pela primeira vez a Federeção Paulista de Futebol e alguns clubes de São Paulo criaram novos mecanismos para lucrar com as crianças. São os campeonatos paulistas sub-11 e sub-13 anos, instituídos em janeiro.

A tentação para transformar esporte em lucro é imensa. O impulso econômico proporcionado pela prática de modalidades esportivas, somado às atividades de produção, comércio e serviços ligados direta ou indiretamente ao esporte movimentou R$ 37,1 bilhões em 2005, valor correspondente a 1,95% do PIB brasileiro.

Em nome desta receita, esquece-se a uma dimensão cultural do esporte, que torna particularmente o futebol um fenômeno social. Esta dimensão está no futebol praticado nas ruas e nos campos pelados de terra batida, revelando todo o seu potencial educativo e criador de comportamentos sociais, e que, em certa medida resiste ao entretenimento do espetáculo esportivo.

A armadilha está em enxergar só o negócio, que nega o ócio. Violenta-se, assim, a própria origem do esporte. O futebol foi organizado na Inglaterra vitoriana e incorporado nas public schools por sugestão de Thomas Arnold [1], pedagogo inglês no século XIX. Foi este sentido, educacional e comunitário, que levou o esporte “bretão” a espalhar-se pelo mundo.

O futebol inglês está entre os mais ricos do mundo. Os clubes são obrigados a manter trabalho junto às comunidades, criar centros e escolas, submeter-se a uma rede de proteção à infância

Também se esquecem exemplos bem-sucedidos, inclusive do ponto de vista financeiro, porque guiados por projetos menos imediatistas. É o caso da Inglaterra, cujos clubes de futebol estão entre os mais ricos do mundo [2]. Lá, os clubes são sociedades anônimas de capital aberto. Mas a legislação britânica é rigorosa no controle e na definição de responsabilidades sociais para as entidades — neste caso empresas esportivas.

Desde o final dos anos 1980, em resposta à violência promovida no futebol pelo chamado “hooliganismo”, a legislação obriga os clubes a manter trabalho junto às comunidades, principalmente para as crianças e jovens. Graças a isso, criaram-se, por exemplo, centros comunitários e escolas que ensinam futebol, informática e reforço escolar.

Há também uma forte rede de proteção à infância. Chamada de “The Child Protection in Sport Unit (CPSU) [3]” encarrega-se de fiscalizar e punir abusos cometidos contra crianças e adolescentes. O Child Protection é parte do The National Society for the Prevention of Cruelty to Children (NSPCC) organização fundada em 1884, antes com o nome de London Society, alterado para National Society em 1889. Os clubes de futebol são parte deste sistema e só podem receber crianças após aval do sistema, estando obrigados a seguir as orientações e condutas definidas por ele.

No Brasil, apesar dos múltiplos benefícios oferecidos pelo Estado aos clubes (a Timemania é apenas o mais recente), e da tolerância infinita diante da sonegação de impostos (em especial as contribuições previdenciárias), não há, ainda, nenhuma exigência legal que os comprometa com obrigações e responsabilidades sociais. O Estado despreza suas próprias prerrogativas e deixa de adotar medidas que defendam a juventude, ou que efetivem a relevância que o futebol pode ter em sua formação. Surge um triste híbrido de liberalismo com clientelismo. Foi um decreto-lei no Estado Novo, assinado por Getúlio Vargas em 1941 (depois convertido em Lei 3199/41) que deu aos clubes a condição de base do sistema esportivo brasileiro. Na essência, a lógica foi reforçada por nova lei, de 1975 (na ditadura militar) e pelas leis “Zico” e “Pelé”, frutos da onda neoliberal dos anos 1990.

Tudo isto gera, como conseqüência falta de controle e fiscalização efetivas sobre os clubes, permitindo, muitas vezes, que jovens deixem de estudar para ficar à disposição de possíveis negócios. Mesmo o Estatuto do Torcedor, que deveria transformar estádios em espaços seguros e confortáveis, pela lógica do entretenimento, surtiu efeitos limitados. O exemplo emblemático foi a tragédia ocorrida em 26 de novembro 2007 na Fonte Nova, na Bahia, como 7 torcedores desabando da arquibancada.


A explosiva carta de Lair Ferst para a governadora Yeda Crusius



A MÁFIA NO PODER

Quando ainda estava tentando absorver o duro golpe que sofreu, quarta-feira, na CPI do Detran, o governo Yeda Crusius (PSDB) sofreu um novo baque nesta quinta com a divulgação da carta que o empresário e lobista tucano Lair Ferst escreveu para a governadora denunciando uma suposta campanha difamatória contra ele e a ação de um grupo mafioso com a participação de integrantes do governo. Obtida pela jornalista Adriana Irion, do jornal Zero Hora, a carta foi apreendida pela Polícia Federal durante a Operação Rodin e interpretada como uma confissão extrajudicial do esquema de fraude no Detran. A carta teria sido entregue por Lair para Marcelo Cavalcante, ex-chefe de gabinete de Yeda Crusius (quando era deputada federal) e atual chefe do escritório de representação do Rio Grande do Sul em Brasília, com status de secretário de Estado.

Marcelo Cavalcante admitiu ao jornalista Leandro Fontoura, de ZH, que recebeu a carta mas que não teria entregue a mesma à governadora pelo fato de não ter apresentado prova das acusações. Como secretário de Estado, Cavalcante tinha a obrigação de encaminhar as graves denúncias feitas na carta para instâncias superiores do Estado. De acordo com sua primeira explicação, não fez nada. Assim como as gravações telefônicas, a carta é explosiva. Lair Ferst diz que, em virtude da visibilidade adquirida durante a campanha eleitoral de Yeda (na CPI, ele assegurou que não teve nenhum papel importante na mesma), passou a ser vítima de uma campanha difamatória por parte de um grupo de pessoas corruptas chefiadas por José Fernandes, da empresa Pensant, um dos pivôs da fraude no Detran.

Além de Fernandes, participariam desse grupo de pessoas corruptas seus sócios José Barrionuevo (conhecido jornalista gaúcho, ex-colunista político do jornal Zero Hora) e João Luiz Vargas, presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), com o apoio do ex-diretor da CEEE, Antonio Dorneu Maciel, do ex-presidente do Detran, Flávio Vaz Netto, do diretor do Detran, Fernando Coronel e do secretário-geral da prefeitura de Canoas (administrada pelo PSDB), Chico Fraga. Além destes, o “grupo mafioso” contaria com o apoio de uma série de colunistas de vários jornais pagos por José Fernandes para plantar notícias de seus interesses. Lair Ferst coloca-se como “vítima” no processo de transição do contrato da Fatec para a Fundae (as duas fundações universitárias ligadas à UFSM) junto ao Detran (para a realização dos exames de habilitação). A versão apresentada na carta expõe as vísceras da disputa interna em torno dos contratos do Detran, envolvendo membros do governo.

CRÉDITOS:

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Muito além do diploma


Manuela Azenha

“Muita gente com educação formal já fez muito desastre”.


Foi assim que Oded Grajew, fundador do Movimento Nossa São Paulo, presidente do instituto Ethos e um dos idealizadores do Fórum Social de Porto Alegre deu início ao debate sobre o papel da educação na sustentabilidade, durante a Conferência Internacional 2008 – Empresas e Responsabilidade Social, que foi realizada entre os dias 26 e 30 de maio em São Paulo.

Também participaram da reunião Oscar Motomura, presidente da Amana Key, Mario Monzoni, coordenador do Centro de Sustentabilidade na Fundação Getúlio Vargas e Jane Nelson, diretora do Centro de Iniciativa para a Responsabilidade Social Empresarial da Universidade de Harvard.

A discussão procurou ir além do consenso de que a educação é uma ferramenta necessária para interferir e melhorar a realidade. O enfoque foi dado ao tipo e à qualidade da educação dada.

Segundo Motomura, a causa para o desleixo ambiental dos brasileiros é justamente o analfabetismo nesse setor. Saindo do conceito tradicional de alfabetização, Motomura alega que a ignorância e a excessiva fragmentação do pensamento impedem o indivíduo de enxergar a sua relação com os outros e com o meio ambiente. A educação formal é imprescindível não só para as crianças, mas também para os líderes políticos, muitos deles analfabetos em setores como a sustentabilidade.

Tanto Motomura quanto Jane Nelson enfatizaram importância da educação para além das salas de aula. Incentivaram o ensino criativo, não tradicional, do aprendizado adquirido pelas convivências e experiências de vida. Para Nelson, o modelo de educação seria multidisciplinar e incentivaria o que ela chama de 4 “c”s: cooperação, cidadania, comunidade e competição.

O papel da educação seria criar a cultura sustentável e incitar o comportamento consciente. Segundo o professor Monzoni, “a demanda que faz a procura e não o contrário”, se referindo ao curso de meio ambiente no qual leciona. Motomura comentou que acredita existirem milhares de gênios que carecem de uma orientação. Profissionais muito capazes dedicados a questões menores no emprego.

“Como acabar com a pobreza sem destruir o ecossistema?” A pergunta foi feita pelo presidente da empresa Interfaces numa palestra anterior da conferência e apresentada por Nelson como um interessante desafio a ser encarado. De fato, já foi dito que caso os mais de dois bilhões de chineses e indianos tivessem todos poder de consumo igual ao dos norte-americanos, por exemplo, o meio ambiente pagaria um preço alto. Por isso a questão discutida passou a ser a transformação social através da educação, e não apenas assegurar o direito de todos à escola.


Com os olhos secos diante dos miseráveis





Mário Maestri

Em ‘A destruição da razão’, de 1953, escrita após a hecatombe da grande guerra inter-imperialista de 1939-45, com seus talvez cinqüenta milhões de mortos, George Lukács traçou magnífica crítica da gênese e do desenvolvimento do pensamento irracionalista moderno, de candente vigência nos dias de hoje. Lamentavelmente, como tantos outros trabalhos desse importante filósofo marxista húngaro, esse livro também não se encontra disponível no Brasil.

Naquele trabalho, Lukács lembrava que o irracionalismo moderno assumiu faces diversas nos dois últimos séculos, sendo, porém os nexos fundamentais dessa vertente filosófica a incessante desvalorização do intelecto e da razão em prol da intuição; a refutação da objetividade das leis históricas e da possibilidade de conhecê-las; a subjetivação da história e a negação da idéia da possibilidade de progresso.

Lukács assinala que, nesse contexto geral, a defesa da ordem capitalista dá-se através da apologia direta e indireta. A primeira louva aquela sociedade e nega e dissimula seus aspectos mais negativos. A segunda, quando o mundo real começa a horrorizar até mesmo os insensíveis, defende o caráter incompreensível da história; a desigualdade, a agressividade, o egoísmo etc. como atributos da natureza humana e próprios a todas as ordens sociais.

O objetivo último dessa apologia é fortalecer as tendências à destruição da confiança na práxis social como fator de progresso social; a passividade e o imobilismo como comportamentos políticos gerais; o cinismo e o pessimismo como estados psicológicos diante das mazelas da sociedade que avançam a galope desenfreado.

George Lukács lembrava que as interpretações irracionalistas do mundo assumem singular importância em épocas de transição e quando de graves crises sociais, como a que vivemos atualmente. Então, diante das novas demandas postas pela história, a razão irracional transforma os problemas em respostas, nega ao pensamento materialista dialético a capacidade de desvelar os nexos fundamentais do mundo social, transforma a maior riqueza do fenômeno em relação a sua representação teórica, em desvalorização da capacidade de compreendê-lo teoricamente.

Hoje, as novas tendências neo-irracionalistas apresentam-se sob aparências diversas. Pensadores partidários das concepções do ingresso da humanidade em idade pós-industrial e pós-moderna defendem o fim da credibilidade nos "grandes relatos" sobre a necessidade e possibilidade da superação das contradições sociais; sugerem a definitiva subjunção do homem aos processos tecnológicos; proclamam o fim da objetividade e da unidade da vida social.

Na aparente contramão, defensores de retorno aos valores superiores, intemporais e ideais do Século das Luzes criticam a atual barbarização da cultura impulsionada pelos pós-modernos. Todos convergem na proclamação do fim da "radicalidade" de toda e qualquer interpretação social a partir das oposições interclassistas e proclamam a morte do marxismo, do socialismo, do terceiro-mundismo.

Neo-iluministas e pós-modernistas predizem que o desnível abismal e crescente entre países ricos e pobres "não cessará de alargar-se", sendo os próprios miseráveis culpados pela miséria que vivem. Convergem em apreciação filosófica da história e da sociedade atual que incentiva e justifica o cinismo e o elitismo dos privilegiados, o pessimismo e a inatividade dos explorados. Sobretudo nos últimos vinte anos, após a maré neoliberal que açoitou o mundo, para número crescente de pensadores, a história apresentar-se-ia finalmente em sua natureza: processo eminentemente ininteligível e filha do absoluto caos.

Como resultado do crescente prestígio intelectual do irracionalismo, cresce igualmente em forma frenética o interesse pelos pais do moderno irracionalismo – Schopenhauer, Kierkegaard, Nietzsche, Spengler, Heidegger etc. Para a razão irracional, a consciência da agonia final das ilusões sociais de redenção e uma existência cruel que escapa à compreensão humana aconselhariam o refúgio no imóvel, contemplativo e desesperado eticismo kierkegaardiano ou, talvez, no imperativo nietzschiano de ficar de olhos secos diante dos miseráveis.

Mário Maestri, 59, rio-grandense, historiador, é professor do Programa de Pós-Graduação em História da UPF.

E-mail: maestri@via-rs.netEste endereço de e-mail está protegido contra spam bots, pelo que o Javascript terá de estar activado para poder visualizar o endereço de email

Onde estão os defensores de Yeda?



Chama a atenção o silêncio das cabeças coroadas dos partidos que apoiaram Yeda Crusius (PSDB) na eleição para o governo do Estado. É verdade que uma parte de seus operadores ficou presa nas redes da Operação Rodin. Mas ainda sobrou gente para fazer a defesa de um governo que está sob fogo cerrado. O senador Pedro Simon (PMDB) é um exemplo notório disso. Sempre atento às questões da moralidade pública em Brasília, Simon segue absolutamente mudo sobre o que acontece no Rio Grande do Sul. Não é o único.

A defesa do governo Yeda foi relegada ao baixo clero e mesmo este começa a dar sinais de cansaço. Ontem à noite, a CPI do Detran era o tema do programa Conversas Cruzadas, na TV COM. Pela oposição, lá estavam o presidente da CPI, Fabiano Pereira (PT), e o deputado Elvino Bohn Gass (PT). Pela situação, deveriam estar os deputados Pedro Pereira (PSDB) e Cassiá Carpes (PTB). Nenhum dos dois apareceu.

Também emudeceram nomes como os do senador Sérgio Zambiasi (PTB) e dos deputados Frederico Antunes (PP), Jerônimo Goergen (PP), Luiz Fernando Záchia (PMDB), Alberto Oliveira (PMDB), Nelson Marchezan Junior (PSDB), Paulo Odone (PPS), apenas para citar alguns.

No dia em que a CPI revelou publicamente o conteúdo das gravações das interceptações telefônicas da Operação Rodin, as únicas duas intervenções (patéticas) a defender o governo foram as do secretário-geral Delson Martini e do porta-voz Paulo Fona. Para o primeiro, o dia de ontem não trouxe nenhum fato novo. Para o segundo, nenhum fato relevante. A julgar pelo andar da carruagem, a irrelevância começa a cercar, na verdade, o Palácio Piratini. Em várias salas e gabinetes da Praça da Matriz, entre gritos e sussuros, florescem planos de desembarque de um governo que corre o risco de acabar antes de completar metade de seu mandato.

Créditos:

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Minha Vida em Cor-de-Rosa


Minha Vida em Cor-de-Rosa
(Ma Vie en Rose)
Sinopse

Passa-se na Bélgica, em alguma cidade da parte wallon (francofônica) não-identificada. Num bairro típico de classe média, careta, com visual bastante kitsch, chega a família Fabre, pai, mãe e suas quatro crianças. A peculiaridade dessa família é que seu filho mais novo, Ludovic, de sete anos, acha que é um menino-menina e que vai se transformar em menina a qualquer momento. A intolerância e a obtusidade da vizinhança faz com que ele sofra preconceito e rejeição. O argumento do filme é muito feliz em diversos aspectos. O uso de uma criança como protagonista levanta a questão da homossexualidade (neste caso, transexualidade) como condição inata, retirando a conotação de perversão e mostrando que não se trata de uma opção, uma escolha consciente, mas sim uma característica da pessoa, independente da sua vontade. A incorporação do universo lúdico da criança dá leveza ao filme sem lhe tirar a seriedade e, em sua delicadeza, deixa muito mais evidente o absurdo do preconceito. O menino que interpreta Ludovic (Georges Du Fresne) é de uma doçura ímpar que conquista o espectador com seu sorriso e seu olhar verdadeiros. Não há como fugir de um sentimento de melancolia e até de alguma lágrima escorrida ao vermos uma pessoa inocente e sem maldades sofrer preconceito e discriminação apenas por ser quem ela é, sem fazer mal a ninguém. Um filme especial, no tom certo e que pode até fazer com que as pessoas com um mínimo se sensibilidade repensem alguns de seus preconceitos.

Informações

Gênero: drama
Diretor: Alain Berliner
Duração: 88 minutos
Ano de Lançamento: 1997
País de Origem: Bélgica/França/Reino Unido
Idioma do Áudio: francês
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0119590/

Qualidade de Vídeo:
DVD Rip
Formato de Tela: Widescreen (16x9)
Frame Rate: 23.976 FPS
Tamanho: 700 Mb
Legendas: No torrent

Elenco

Michèle Laroque ... Hanna Fabre
Jean-Philippe Écoffey ... Pierre Fabre
Hélène Vincent ... Élisabeth
Georges Du Fresne ... Ludovic Fabre
Daniel Hanssens ... Albert
Laurence Bibot ... Lisette
Jean-François Gallotte ... Thierry
Caroline Baehr ... Monique
Julien Rivière ... Jérôme
Marie Bunel ... Psychoanalyst
Gregory Diallo ... Thom Fabre
Erik Cazals De Fabel ... Jean Fabre
Cristina Barget ... Zoé Fabre

Premiações

Onze prêmios e mais cinco indicações em festivais como
BAFTA Awards
César Awards, France
European Film Awards
Film Critics Circle of Australia Awards
Golden Globes, USA
São Paulo International Film Festival
Satellite Awards

lista completa: http://www.imdb.com/title/tt0119590/awards

Coopere, deixe semeando ao menos duas vezes o tamanho do arquivo que baixar.



Lançamento Exclusivo MKOff!


Legenda feita pelos amigos do MCL.

créditos: makingoff - finaendor:

Download abaixo:





DOWNLOAD ALTERNATIVO

Livro debate contaminação transgênica


Será lançado nesta quarta-feira (4), em Ijuí, o livro Transgênicos: as sementes do mal. A silenciosa contaminação de solos e alimentos (Editora Expressão Popular), de Antônio Inácio Andrioli e Richard Fuchs (organizadores). Mestre em Educação nas Ciências pela Unijuí, Andrioli é doutor em Ciências Econômicas Sociais pela Universidade Osnabrück (Alemanha), com uma tese sobre soja transgênica e orgânica no Brasil. Fuchs é especialista em novas tecnologias, especialmente nas áreas de alimentação, biomedicina, transplante de órgãos e transgênicos.

O lançamento, em Ijuí, ocorrerá às 17h45min, na Unijuí, Campus Santa Rosa (sala B105). Na sexta-feira, o livro será lançado em São Paulo, às 10h, no Instituto Rosa Luxemburgo.

Lançado originalmente na Alemanha, o livro atualiza um tema que despertou um caloroso debate na Europa: deve a transgenia eliminar da mesa e das lavouras as plantas e os alimentos tradicionais? Os Estados Unidos, o Canadá, a Argentina e, mais recentemente, o Brasil transformaram-se grandes produtores de transgênicos e são hoje laboratórios a céu aberto de uma experiência conduzida, muitas vezes, sem os devidos estudos de impacto ambiental, social e econômico. Algumas das questões debatidas no livro de Andrioli e Fuchs:

- A morte não esclarecida de 70 vacas leiteiras após terem sido tratadas por um longo período com milho trangênico.
- O quanto é confiável a pesquisa encomendada a biólogos moleculares?
- A influência de lobistas sobre a liberação de plantas transgênicas realizada em Bruxelas e Berlim?- Uso de sementes transgênicas não rotulada em programas de combate à fome.
- A eliminação de pequenos agricultores nos EUA e a crescente resistência aos transgênicos.
- Monsanto: 75 advogados e um orçamento de 10 milhões de dólares contra os agricultores
- Substâncias alérgicas na soja- Alimentos transgênicos e seus efeitos.

Créditos:

terça-feira, 3 de junho de 2008

O coração de Abel


DANIEL RICCI ARAÚJO

Abel não está indo embora do Inter porque tira Nilmar, inventa escalações ou submete a equipe a hierarquias que a essa altura já são inadmissíveis. Não. Abel está indo embora simplesmente porque nada, na vida, é para sempre. Nem mesmo nosso ex-comandante e seu tremendo coração podem driblar os ponteiros do relógio.

Casamentos terminam. Amizades soçobram. As vidas das pessoas podem entrar em modo de espera, em “standby”, ou do nada darem uma guinada às alturas, tudo conforme o tique-taque dos ponteiros ou o escoar da areia das ampolas. O mundo é assim mesmo. Na vida do Inter, Abel foi um furacão vitorioso de iniciativa, discursos emocionantes e vontade de vencer. Nas circunstâncias do Inter atual, isso bastou, e a história foi indelével e maravilhosamente escrita assim.

Tempo, tempo, tempo. Nele e por ele, a verdade de ontem é a mentira de hoje, a meta de outrora é a acomodação da atualidade. O Inter, por exemplo, esse Inter que Abel ajudou a dar forma está agora encharcado de glória. Indignação, filas no Portão 8, discursos revolucionários, reuniões de Conselho Deliberativo que mais pareciam o prenúncio da Terceira Guerra Mundial, tudo isso acabou. Abel foi o porta-voz de uma nova era, de um momento que tem muito de sua assinatura e vontade de vencer. E por isso estamos todos calmos, empanturrados e felizes. Mas o tempo passa. Nada é para sempre.

Somos, no momento, vítimas. Sim, vítimas. De um casamento feliz, de um relacionamento que foi perfeito e que nos deu o título capaz de fazer qualquer torcedor de futebol tocar o céu com as mãos. De momentos inspirados, quase religiosos, de êxtase puro e emoção inacabável. Mas até o matrimônio mais feliz cessa. Passa. Abatuma. Inter e Abel, na melhor das hipóteses, precisam dar um longo tempo tempo. Foram escalações erradas demais, preterições baseadas num fisiologismo evidente demais, frases de efeito demais - e as frases de efeito, quando cessam as vitórias, viram a forca do orador.

O maior - mas não o melhor - técnico da história do Inter vai merecidamente embora para enriquecer na Arábia. Abel foi menos treinador do que o imaginário coletivo que a torcida idealiza, mas bem mais do que a tropa de seus críticos ferozes pensa. Eu vejo em Abel um planejador eficiente de jogos decisivos, um estrategista sem controle mas com ímpeto e gana, e coração, muito coração, que se traduz em uma vontade de vencer tão necessária para um time quanto a correnteza é para um rio. Se as opiniões não se encontram, rendamo-nos ao razoável: ninguém vence tanto por mera casualidade.

A memorável, antológica e histórica palestra antes do jogo com o Barcelona, gravada para o futuro e realizada por ele numa naturalidade que faria corar um Napoleão será a marca registrada de Abel, o técnico-torcedor. Sobre ele talvez mais do que qualquer outro, as futuras gerações perguntarão com curiosidade e orgulho. E nós gostaremos muito de responder, porque Abel é o tipo de homem que suscita essas histórias capazes de marcar e inspirar as pessoas.

Muitos afirmavam que o maior defeito de Abel era essa sua intempestividade, esse élan vital e necessário, essa vontade de abarcar o Inter com seus braços e levá-lo para casa. Ao fim e ao cabo, como o profeta Ezequiel, Abel foi quase perfeito em seus caminhos. Noves fora as estripulias e erros cometidos, não há como discutir: o maior momento da história colorada acabou sendo protagonizado por um treinador que, antes de ser profissional, é um homem capaz de matar ou morrer pelo Inter. Abel não foi perfeito, mas o destino foi. Sinceramente? Não sei se poderíamos pedir mais do que isso.

Vencer é bom, mas fazer isso no meio dos nossos, de colorados para colorados, é ainda melhor. Os detratores de nosso treinador dirão que lhe falta autoridade, tática, vontade de mudar e, talvez, até um pouco de simplicidade. Mas uma coisa não poderão negar.

Digam qualquer coisa de Abel Braga, menos que ele não tem um imenso coração.

Belchior - Antologia Lírica (1999)




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Esculpir o Espaço

Um filme de Jatir Eitó

"Em dezembro de 2003, um grupo de artistas de diferentes áreas foi à Ocupação Prestes Maia na intenção de integrar seu trabalho com os moradores do Movimento Sem Teto do Centro, os quais habitam esse edifício. Essa integração criou uma interessante e curiosa atmosfera que inspirou esse filme-poema, cujo foco é os sonhos das pessoas que ocupam o edifício".






Em Busca da Sabedoria Ecológica
Há sinais inequívocos de que a Terra não agüenta mais.

Por Leonardo Boff.

O paradigma civilizatório globalizado assentado sobre a guerra contra Gaia e contra a natureza está levando todo o sistema da vida a um grande impasse. Há sinais inequívocos de que a Terra não agüenta mais esta sistemática exploração de seus recursos e a ofensa continuada da dignidade de seus filhos e filhas, os seres humanos, excluídos e condenados, aos milhões, a morrer de fome. Mas precisamos estar conscientes de que esta guerra não será ganha por nós mas por Gaia. Como observava Eric Hobsbawm na última página de seu conhecido livro A era dos extremos (1994): “O futuro não pode ser a continuação do passado; nosso mundo corre o risco de explosão e implosão; tem de mudar; a alternativa para uma mudança da sociedade é a escuridão”.

Como evitar esta escuridão que pode significar a derrocada de nosso tipo de civilização e eventualmente o Armagedon da espécie humana? É imperioso revisitarmos outras civilizações que nos podem inspirar sabedoria ecológica. Há muitas. Escolho a civilização maya, pelo simples fato de que tive a oportunidade no mês de março deste ano de freqüentar durante 20 dias as regiões da América Central habitadas ainda hoje pelos sobreviventes daquele extraordinário ensaio civilizatório e dialogado longamente com seus sábios, sacerdotes e xamãs. Daquela riqueza imensa quero ressaltar apenas dois pontos centrais que são grandes ausências em nosso modo de habitar o mundo: a cosmovisão harmônica com todos os seres e sua fascinante antropologia centrada no coração.

A sabedoria maya vem da mais alta ancestralidade e é conservada pelos avós e pelos pais. Como não passaram pela circuncisão da cultura moderna, guardam com fidelidade as antigas tradições e os ensinamentos, consignados também em escritos como no Popol-Vuh e nos Livros de Chilam Balam. A intuição básica de sua cosmovisão se aproxima muito à da moderna cosmologia e física quântica. O universo é construído e mantido por energias cósmicas pelo Criador e Formador de tudo. O que existe na natureza nasceu do encontro de amor entre o Coração do Céu com o Coração da Terra. A mãe Terra é um ser vivo que vibra, sente, intui, trabalha, engendra e alimenta a todos os seus filhos e filhas. A dualidade de base entre formação-desintegração (nós diríamos entre caos e cosmos) confere dinamismo a todo o processo universal. O bem estar humano consiste em estar permanentemente sincronizado com esse processo e cultivar um profundo respeito diante de cada ser. Então ele se sente parte consubstancial da Mãe Terra e desfruta de toda sua beleza e proteção. A própria morte não é inimiga: é um envolver-se mais radicalmente com o Universo.

Os seres humanos são vistos como “os filhos e filhas esclarecidos, os averiguadores e buscadores da existência”. Para chegar a sua plenitude o ser humano passa por três etapas, verdadeiro processo de individuação. Ele poderá ser “gente de barro”: pode falar mas não tem consistência face às águas pois se dissolve. Desenvolve-se mais e pode ser “gente de madeira”; tem entendimento, mas não alma que sente porque é rígido e inflexível. Por fim alcança a fase de “gente de milho”: este “conhece o que está perto e o que está longe”. Mas sua característica é ter coração. Por isso “sente perfeitamente, percebe o Universo, a Fonte da vida” e pulsa ao ritmo do Coração do Céu e do Coração da Terra.

A essência do humano está no coração, naquilo que viemos dizendo há anos, na razão cordial e na inteligência sensível. É dando centralidade a elas que se mostram pelo cuidado e pelo respeito que podemos nos salvar.

Billy Cobham - The Art of Three (2001)

http://i306.photobucket.com/albums/nn266/photoapo/Covers/BC_TheArt-fr.jpg

Billy Cobham - The Art of Three (2001)
mp3@320Kbps 167MB covers In & Out Records Total time: 73:50


Faixas:
1. Stella By Starlight (Ned Washington/Victor Young) 10:43
2. Autumn Leaves (Joseph Kosma/Johnny Mercer/Jacques Prévert) 10:00
3. New Waltz (Ron Carter) 6:55
4. Bouncing With Bud (Bud Powell) 7:02
5. 'Round Midnight (Bernie Hanighen/Thelonious Monk/Cootie Williams) 7:56
6. And Then Again (Kenny Barron) 11:25
7. I Thought About You (Johnny Mercer/James Van Heusen) 10:26
8. Someday My Prince Will Come (Larry Morey/Frank Churchill) 9:19

Músicos:
Billy Cobham (Drums)
Ron Carter (Double Bass)
Kenny Barron (Piano)

Downloads abaixo:

http://www.filefactory.com/file/bfc63e/ (direto)
http://rapidshare.com/files/119711955/theat_a.rar (parte 1)
http://rapidshare.com/files/119716320/theat_b.rar(parte 2)

A descarada política da Globo com suas novelas


Vermelho - Redação

O Brasil assistiu, dia 31, ao último capítulo da novela ''Duas Caras''. Se houve novidade na trama, assinada por Aguinaldo Silva, ela ficou por conta do abuso nas referências a personalidades e fatos da vida política nacional, e pela ridicularização dos movimentos sociais, misturando realidade e ficção com clara intenção de construir um discurso ideológico conservador.

Essa politização explícita já estava presente desde os primeiros capítulos, quando o autor declarou que o personagem Ferraço (Dalton Vigh), o vilão da trama, foi inspirado na vida do ex-ministro José Dirceu. A referência provocou uma carta indignada da ex-esposa de Dirceu, Clara Becker, acusando o novelista de fazer uma comparação caluniosa para alimentar divergências políticas. Chegou também ao cúmulo de atacar os concorrentes da TV Record colocando, na trama, um grupo de evangélicos que, raivosos, atacou uma mulher grávida acusando-a de promíscua.


Além do embate com os evangélicos, colocou em cena, de forma desfavorável e mistificadora, ''fatos do cotidiano'', como as CPIs, tapiocas, dossiês, cartões corporativos, política de cotas, racismo, educação privada x ensino público, protagonismo político da elite, entre outros temas colhidos pelo autor no noticiário da imprensa conservadora, da qual a novela é uma espécie de outra face da moeda, como ferramenta para formar opinião - no caso, opinião conservadora, alienada.


Ao abusar da politização, a novela global rompeu a barreira delicada que separa o aceitável do inaceitável no uso da concessão pública dos meios de comunicação. Não se discute o direito da emissora retratar assuntos políticos e polêmicas nacionais em seus programas, mas sim se é ético e justo usar um programa de tamanha audiência para atacar adversários políticos e construir discursos favoráveis ou contrários a propostas e idéias em disputa na sociedade.

As regras do jogo democrático pressupõem condições equilibradas para a luta de idéias. Os meios de comunicação sempre foram apontados com um fator de desequilíbrio nesta disputa pois, concentrados na mão de grandes empresários, costumam jogar no campo da direita. Para controlar a manipulação, há uma série de regras para regular o conteúdo das emissoras, especialmente em período eleitoral. Mas elas estão concentradas basicamente no conteúdo jornalístico. Quando a manipulação salta da pauta jornalística para o roteiro da novela (que é uma obra de 'ficção''), o desequilíbrio piora pois a propaganda política disfarçada feita através dela é menos suscetível a processos legais.

Assim, protegida pelo chamado “manto sagrado da liberdade de expressão artística”, as novelas da Globo são um verdadeiro paralelo desregulado ao jornalismo televisivo da emissora para construir discursos favoráveis ao pensamento único neoliberal. E contrários às idéias avançadas historicamente defendidas pela esquerda, como a política de cotas, a liberalização do aborto, a descriminalização da droga, a proibição da pena de morte, a valorização dos movimentos sociais (claramente atacados e ridicularizados pela novela global), a defesa dos direitos humanos etc.



segunda-feira, 2 de junho de 2008

FORUM MUNDIAL DE EDUCAÇÃO...

Carta de Santa Maria

FÓRUM MUNDIAL DE EDUCAÇÃO SANTA MARIA-RS/BRASIL EDUCAÇÃO: ECONOMIA SOLIDÁRIA E ÉTICA PLANETÁRIA

Nós, participantes do Fórum Mundial de Educação, realizado em Santa Maria (RS-Brasil), de 28 a 31 de maio de 2008, motivados pelo tema – Educação: Economia Solidária e Ética Planetária, reafirmamos nesta CARTA, princípios e proposições, frutos dos debates e discussões que desenvolvemos neste Fórum. Somos 35 mil participantes, mulheres e homens, trabalhadores e trabalhadoras, estudantes, entidades sindicais, movimentos sociais, governos, organizações não-governamentais, igrejas, universidades e escolas vindos de 15 países: Brasil, Uruguai, Paraguai, Chile, Colômbia, Bolívia, Alemanha, França, Suécia, Peru, Estados Unidos, China, Portugal, Coréia do Norte e Argentina; 130 empreendimentos solidários participantes da Mostra Mundial de Economia Solidária; 84 jovens organizados no Acampamento da Juventude; 1.500 pessoas envolvidas no Fórum Gerações em Movimento e 515 voluntários.

As atividades foram organizadas em três eixos temáticos: Educação e Economia Solidária; Educação, Inclusão e Cultura Emancipatória; Educação e Ética Planetária, integrando três grandes conferências; 31 debates temáticos; 355 apresentações de pôsteres de trabalhos; 14 atividades simultâneas; 98 atividades culturais e 110 atividades autogestionadas.

As relações sociais capitalistas, atualmente materializadas através da globalização neoliberal, têm se mostrado incapazes de promover condições de vida digna para a maioria da população mundial. Fundamentadas na propriedade privada dos meios de produção, na exploração do trabalho dos povos, na divisão da sociedade em classes e na degradação do meio ambiente, têm tido, entre suas conseqüências fundamentais, a prática da guerra como meio para a solução de problemas, o individualismo, a xenofobia, a homofobia e a perseguição às minorias e a mercantilização da vida.

Na educação, em especial, tais relações têm submetido as experiências educacionais aos interesses do mercado, em um processo de reconversão material e cultural. Neste sentido, a educação tem sido utilizada como instrumento de reprodução das desigualdades sociais, conformando as consciências, justificando relações sociais desumanizantes através de uma cultura do egoísmo, da competição e de pedagogias que tomam os seres humanos como objetos e não como sujeitos.

Considerando a construção de um outro mundo possível, de uma globalização alternativa - não como algo inevitável, mas como uma possibilidade histórica -, nós assumimos como signatários da Carta de Princípios do Fórum Social Mundial. As relações sociais existentes e as possibilidades de construção de estratégias potencializam um aperfeiçoamento de lutas sociais dos trabalhadores e trabalhadoras e experiências educacionais, que têm apontado relações de novo tipo, pautadas em novas relações sociais de produção, comprometidas com a justiça, com a igualdade, a democracia e a solidariedade.

Afirmamos como compromisso, educar para outro mundo possível, a partir dos seguintes princípios e proposições:

PRINCÍPIOS:

• economia solidária, não apenas como alternativa à falta de trabalho e renda, mas, também, como um agente de desenvolvimento que promova a centralidade da pessoa humana, a sustentabilidade ambiental, a justiça social, a cidadania e a valorização da diversidade cultural, articuladas às atividades econômicas;

• solidariedade;

• soberania e segurança alimentar dos povos;

• construção de redes de cooperação e autogestão no processo produtivo;

• produção, comércio justo e consumo consciente e ético;

• territorialidade, como espaço de construção de uma globalização contra-hegemônica ao atual projeto global de desenvolvimento;

• universalização dos bens da humanidade: ar, água, terra e sementes;

• relação dialética entre educação e economia solidária;

• educação popular concebida como processo de construção coletiva de conhecimento;

• valorização da cultura e saberes populares;

• educação que possibilite relações de igualdade, diversidade étnica, respeito às diferenças e à livre orientação sexual;

• combate à divisão sexual do trabalho e à linguagem sexista;

• radicalização da democracia;

• radicalização das lutas por políticas públicas para a saúde e educação;

• formação permanente e integral como estratégia para o desenvolvimento humano;

• educação como um bem público, coletivo e de responsabilidade do Estado;

• educação humanizadora e para a paz;

• educação inclusiva que reduza os preconceitos sociais, buscando a participação de todos e todas nas práticas excludentes;

• educação para cidadania participativa;

• educação para uma consciência sócio-ambiental;

• justiça cognitiva;

• ecoalfabetizacao e eco-pedagogia;

• educação para participação na gestão da cidade;

• cidade como tema gerador para a construção de uma cidade educadora;

• democratização da mobilidade urbana com centralidade na pessoa;

• nova lógica social e simbólica para utilização da informática na educação;

• inclusão digital das pessoas e não dos instrumentos;

• educação para justiça fiscal;

• acesso ao lazer como uma conquista e um direito da classe trabalhadora;

• educação patrimonial como responsabilidade do poder público, das instituições educativas, dos meios de comunicação e da sociedade;

• promoção da justiça patrimonial;

• democratização dos meios de comunicação;

• integração e comprometimento das diferentes gerações com atitudes éticas e humanas;

• defesa da ética planetária como uma política do bem comum universal.

PROPOSIÇÕES:

• fortalecer políticas públicas que incentivem espaços de formação para os trabalhadores e trabalhadoras da economia solidária e criem oportunidades de geração de trabalho e renda, como maneira de atender às necessidades dos explorados e oprimidos;

• formar empreendimentos nos princípios de economia solidária como: autogestão, cooperativismo, associativismo, respeito ao meio ambiente, solidariedade e trabalho organizado em redes e cadeias produtivas;

• agregar valor aos produtos da economia solidária;

• efetivar a construção do marco regulatório legal para empreendimentos de economia solidária;

• fortalecer o processo autogestionário de empresas solidárias;

• criar ações que fortaleçam as incubadoras tecnológicas e cooperativas populares (ITCPs);

• construir e socializar tecnologias adequadas ao processo de trabalho à economia solidária;

• criar redes de produção, socialização e sistematização dos conhecimentos produzidos nos empreendimentos solidários;

• priorizar o ensino, a pesquisa e a extensão como instrumentos de aproximação entre o movimento da economia solidária e às universidades.

• promover justiça cognitiva através do fomento de debate em escolas e universidades, de autores e autoras que proponham uma educação libertadora e emancipatória dos povos excluídos;

• ampliar o debate nos espaços educativos sobre a livre orientação e violência sexual;

• ressignificar valores para a vivência da cidadania;

• estimular a construção de políticas públicas que se inscrevam no âmbito da diversidade, que contemplem escolas bilingües para surdos enquanto espaços de construção de conhecimento para essa comunidade, ambiente lingüístico de desenvolvimento e expansão da LIBRAS;

• estimular programas educativos que transformem a mentalidade de competição para a construção de uma cultura de cooperação;

• construir uma nova cultura do trabalho que seja materializada no dia-a-dia da produção;

• estimular a criação de projetos educacionais que englobem a gestão democrática da cidade;

• articular a relação tempo-espaço-lazer como parte dos processos educativos;

• promover a participação popular na construção de espaços de lazer;

• inserir a Educação Patrimonial e Fiscal como tema transversal nos currículos do ensino fundamental, médio e técnico, bem como na formação de educadores e educadoras;

• contemplar, nas legislações municipais de uso e ocupação dos solos a educação patrimonial;

• construir modelos de comunicação alternativa, como rádios, televisões e jornais comunitários;

• gerar ações conjuntas envolvendo o reaproveitamento de materiais, musicalidade, ludicidade e sensibilização para qualidade de vida sustentável. Por fim, queremos reafirmar, como pessoas comprometidas com a educação popular, libertadora e inclusiva, a dignidade do nosso trabalho e sua importância na construção de um mundo justo, fraterno, igualitário, plural e solidário, comprometendo-nos a continuar nossa luta, com todas e todos, os que são sensíveis à causa da Educação, da Soberania e da Justiça Social, tudo fazendo para honrar e fortalecer sonhos, anseios, esperanças e necessidades dos que, junto conosco, com seus saberes, políticas e práticas, constroem um OUTRO MUNDO QUE É POSSÍVEL.

Santa Maria, 31 de maio de 2008.

Sindicalismo de resultados


CartaCapital


A Força Sindical não nasceu do sonho e das lutas de um grupo de operários. É, antes de mais nada e sobretudo, resultado da articulação do empresariado paulista. Cevada no peleguismo, tinha a função de se contrapor, com seu “sindicalismo de resultados”, à crescente influência da “inconfiável” Central Única dos Trabalhadores. Mas, como Fernando Collor de Mello, feito presidente da República em 1989 para impedir a vitória de Leonel Brizola ou do Sapo Barbudo, a Força saiu do controle. Sua deformação deriva da soma da tacanhez das elites econômicas de São Paulo com a tendência do Estado brasileiro de tutelar os movimentos sociais, exacerbada nesses anos de Lula no poder.

Servir de engrenagem ao capital deixou de ser interessante há alguns anos para os dirigentes da central. Descobriu-se algo mais rentável, seguro e de futuro promissor: a manipulação das verbas do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e a criação de ONGs alimentadas com dinheiro público. O fortalecimento, inclusive financeiro, da Força Sindical impulsionou a carreira política de Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, principal liderança nacional da entidade e deputado federal pelo PDT. E tem sido a causa de sua desgraça. Gravações interceptadas, documentos apreendidos e depoimentos tomados pela Polícia Federal, no rastro da Operação Santa Tereza, apontam Paulinho como um dos chefes de um esquema que mistura desvios de empréstimos do BNDES, lastreados pelo FAT, e uma rede de prostituição. Coisa de filme B.

O deputado nega as acusações, se diz vítima de “armação política” e promete pedir reparação judicial por eventuais danos morais. A cada dia, sua situação fica, porém, mais complicada. O corregedor-geral da Câmara dos Deputados, Inocêncio Oliveira (PR-PE), deu a entender que recomendará a cassação do parlamentar, por não ter dúvidas a respeito das acusações que pesam contra o colega. Na quarta-feira 28, o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, solicitou ao Supremo Tribunal Federal autorização para investigar Paulinho (como deputado, ele tem foro privilegiado).

As acusações envolvem assessores próximos do parlamentar e até sua mulher, Elza de Fátima Costa Pereira, ex-secretária da presidência da Força Sindical e que, após o casamento, tornou-se responsável pelo projeto Meu Guri. A ONG é acusada de receber dinheiro do esquema, que facilitava empréstimos com prefeituras e empresas no estado de São Paulo a partir de projetos fajutos. A PF afirma ter identificado, até o momento, repasses de cerca de 150 mil reais da quadrilha para Paulinho e Elza em apenas uma das operações de empréstimo. Um dos cabeças do esquema, João Pedro de Moura, ex-assessor do deputado, mudou sua versão da história e tem inocentado o ex-chefe. “Coloquei para o grupo todo que tinha de pagar o Paulinho, mas, na verdade, esse dinheiro era para mim, para poder melhorar minha participação nos honorários”, declarou Moura no último depoimento à PF.

Ainda que as acusações revelem muito do caráter peculiar da administração da Força Sindical, que mais se parece com uma empresa privada cujo acionista majoritário é o deputado Paulinho, a situação deveria servir de reflexão aos movimentos sindicais brasileiros. Fundamental no processo que desaguou no fim da ditadura e na campanha pelas Diretas Já, o sindicalismo tornou-se quase irrelevante no Brasil de Lula. Quando muito, aparece algum dirigente para reclamar da alta dos juros ou de alguma medida econômica pontual, à moda dos barões da Fiesp. Nem os trabalhadores formais, muito menos os informais, podem se sentir hoje representados pelas organizações sindicais, justamente em um momento de profunda transformação da economia nacional.

Enquanto correm atrás da própria sobrevivência, no lobby pela manutenção do imposto sindical, e comemoram o ciclo de melhora dos níveis de emprego e renda, cuja duração ainda é incerta, os sindicatos parecem trancafiados em uma espécie de autismo social. Entre a tibieza e a malandragem.

domingo, 1 de junho de 2008