quinta-feira, 26 de agosto de 2010

França já expulsou 8030 ciganos em 2010

O ministro da imigração francês anunciou que este ano já foram repatriados 8030 cidadãos oriundos da Roménia e Bulgária. Esta quinta-feira deverão partir mais 283 ciganos e o governo de Paris quer vetar a entrada da Roménia no espaço Schengen.
Desde 28 de Julho, dia em que Sarkozy promoveu uma reunião no Eliseu para tratar "dos problemas causados pelos comportamentos das pessoas viajantes e dos ciganos", já foram obrigados a sair de França 681 romenos e búlgaros. Foto EPA
Desde 28 de Julho, dia em que Sarkozy promoveu uma reunião no Eliseu para tratar "dos problemas causados pelos comportamentos das pessoas viajantes e dos ciganos", já foram obrigados a sair de França 681 romenos e búlgaros. Foto EPA
Segundo o jornal El Pais, o primeiro ministro francês François Fillon escreveu uma carta a Durão Barroso, pedindo-lhe que se assegure que os quatro mil milhões de euros de fundos europeus entregues à Roménia sejam usados para resolver a imigração ilegal, sugerindo como medida de pressão o bloqueio do seu ingresso no Espaço Schengen.
Por seu lado, o ministro da imigração Eric Besson anunciou aos jornalistas que a França já expulsou este ano 8030 cidadãos de origem romena e búlgara. Sublinhando o carácter "normal" da última vaga de expulsões que tem levantado grandes protestos em França, Besson diz que "o plano de desmantelamento dos acampamentos ilegais enquadra-se nos procedimentos de repatriamento já utilizados em anos anteriores".
«É claro que não me agrada, não agrada a ninguém. Mas também vos digo: há países no mundo em que os repatriados ficam em situação bem mais difícil que os romenos. Eu sei que a Roménia não é o paraíso, mas que eu saiba é uma democracia. E a França só está a fazer o que lhe compete. E está a fazê-lo bem. É mais generosa que a maioria dos países europeus», disse ainda Eric Besson em entrevista à Europe 1.
O ministro francês também rejeitou as críticas do papa católico Bento XVI, que falou em francês para dizer que os textos litúrgicos "fazem também um convite para saber acolher as legítimas diversidades humanas", aumentando as críticas da igreja francesa à política de expulsões de ciganos. «O papa? O que é que ele disse? O que é que ele disse concretamente? Fez uma ode à fraternidade universal! Em que é que a França falhou?», perguntou Besson na mesma entrevista.
As críticas à vaga securitária de Sarkozy e do governo da direita estendem-se ao próprio espaço político do presidente. Dois antigos primeiros-ministros da direita francesa, Dominique de Villepin e Jean-Pierre Rafarin, vieram condenar a iniciativa da UMP no poder, falando inclusive de "vergonha" para o país. Desde 28 e Julho, dia em que Sarkozy promoveu uma reunião no Eliseu para tratar "dos problemas causados pelos comportamentos das pessoas viajantes e dos ciganos", já foram obrigados a sair de França 681 romenos e búlgaros.
Para esta quinta-feira estão previstos mais dois voos, um com partida de Paris levando a bordo 158 repatriados e um outro com partida de Lyon transportando 125 pessoas expulsas do solo francês. Ao todo, terão sido 8313 ciganos expulsos desde o início do ano até ao fim do dia de hoje.

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