Brizola Neto no TIJOLAÇO
A Wikileaks
vazou ontem um documento da CIA que revela atividades terroristas
financiadas por cidadãos americanos e revela o temor com a percepção
internacional dos Estados Unidos como “exportadores do terrorismo”.
O documento da unidade especial Red Cell, da CIA, de 5 de fevereiro
de 2010, afirma que “ao contrário do senso comum, a exportação americana
de terrorismo ou terroristas não é um fenômeno recente, e nem tem sido
associado unicamente a radicais islâmicos ou pessoas de origens étnicas
do Oriente Médio, África ou Sul da Ásia”.
Prossegue o texto afirmando que “esta dinâmica desmente a crença
americana de que nossa sociedade multicultural livre, aberta e integrada
diminui o fascínio dos cidadãos americanos pelo radicalismo e pelo
terrorismo”.
O informe secreto descreve uma série de atentados promovidos e/ou
executados por cidadãos norte-americanos em vários países, como
Paquistão, Palestina, Índia e Irlanda do Norte.
A principal preocupação revelada pelo documento refere-se às
consequências que os Estados Unidos poderiam sofrer caso fossem vistos
como exportadores do terrorismo, como a não cooperação em rendições
(incluindo a prisão de agentes da CIA) e a decisão de não dividir com os
EUA atividades de inteligência.
Também se antecipam possíveis problemas na cooperação internacional
com os EUA em atividades extrajudiciais, incluindo, detenção,
transferência e interrogatório de suspeitos em outros países.
“Se os EUA forem vistos como ‘exportadores de terrorismo’, governos
estrangeiros poderiam requerer uma reciprocidade que iria impactar a
soberania norte-americana”, diz o documento.
“Em casos extremos, a recusa dos EUA de cooperar com pedidos de
extradição de cidadãos americanos por governos estrangeiros pode levar
alguns governos a considerar retirar secretamente os suspeitos de
terrorismo do solo americano”, acrescenta o documento.
A percepção dos EUA como “exportadores de terrorismo”, diz ainda o
documento, também criaria difíceis questões legais, já que o país não é
signatário do Tribunal Penal Internacional TPI) e fez acordos bilaterais
de imunidade com outros países para preservar cidadãos americanos de
serem processados pelo TPI. Os EUA ameaçaram encerrar ajuda econômica e
militar a países que não concordassem com esses acordos bilaterais.
O Wikileaks presta mais um serviço a humanidade revelando as práticas
dos serviços secretos dos EUA e a dupla moral com que o país enfrenta a
qusetão do terrorismo no mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário