Antonio Carlos Lacerda
TEERÃ/IRÃ –
Pressionado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e por potências
mundiais devido ao seu programa de energia nuclear, o governo
revolucionário do Irã colocou em operação uma usina atômica, mostrou ao
mundo que tem um avião de combate não tripulado de longo alcance e
avisou aos Estados Unidos e Israel que vai deflagrar uma guerra
planetária caso venha ser atacado por algum País.
Usando linguagem de
guerra apocalíptica, o presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad,
prometeu uma "resposta em escala planetária”, caso o seu país seja
atacado. "Nossas opções não terão limites, envolverão todo o planeta",
avisou o presidente iraniano.
Um dia após colocar
em operação a primeira usina atômica iraniana, o presidente Mahmoud
Ahmadinejad mostrou ao mundo o primeiro avião não tripulado de longo
alcance, desenvolvido e construído inteiramente dentro do país.
Denominado de
Drone, o veículo aéreo não tripulado é capaz de realizar bombardeio a
longa distância contra alvos no solo e de voar em alta velocidade,
comandado e pilotado remotamente por militares em posições distantes da
aeronave e do alvo a ser atingido.
Mahmoud Ahmadinejad
participou da apresentação do avião um dia depois de inaugurar a usina
nuclear de Bushehr, construída pela Rússia e destinada à geração de
energia.
Segundo jornalistas
iranianos, em fevereiro, o Irã inaugurou a linha de produção de dois
tipos de aviões com capacidade de bombardeio e de reconhecimento. Antes
de mostrar o Drone, o ministro iraniano da Defesa disse que o país
estava pronto para revelar um projeto de "grande importância" e que a
capacidade de defesa do Irã chegou a um ponto que não precisa de
qualquer ajuda de outros países.
Aviões não
tripulados são recursos cada vez mais utilizados por forças armadas
mundiais, principalmente a dos Estados Unidos. No entanto, os críticos
da arma dizem que os pilotos e comandantes das operações, que ficam a
milhares de quilômetros de distância enquanto comandam a aeronave por
controle remoto, não têm capacidade para julgar corretamente se há ou
não a necessidade de um bombardeio em determinado alvo.
Um dia antes de
apresentar ao mundo o avião não tripulado de bombardeiro e
reconhecimento de longo alcance, o Irã colocou em operação a sua
primeira usina atômica, em Bushehr, ao Sul do País, às margens do Golfo
Pérsico, construída por engenheiros russos, segundo informações da
Rosatom, uma empresa nuclear russa.
O diretor da
Organização da Energia Atômica do Irã, Ali Akbar Salehi, e o chefe da
Rosatom, Serguei Kirienko, assistiram à cerimônia oficial de inauguração
da usina, aprovada pela Agência Internacional de Energia Atômica
(AIEA).
Os governos do Irã e
da Rússia garantem que a usina de Bushehr será destinada unicamente a
gerar eletricidade, e suas instalações não podem ser utilizadas para
fins militares.
Salehi disse que o
fato é "histórico" e "inesquecível" para o Irã, e agradeceu à Rússia por
sua cooperação na construção da usina e na transferência de tecnologia
nuclear, segundo as agências russas.
"Apesar de todas as
pressões e sanções impostas pelos países ocidentais, somos testemunhas
do início dos trabalhos do maior símbolo das atividades nucleares
pacíficas iranianas", disse Salehi na cerimônia que colocou em operação a
usina atômica iraniana.
As 82 toneladas de
combustível nuclear russo foram transportadas até a câmara do reator da
central, que tem mil megawatts de potência. "A partir de agora, o reator
é uma usina nuclear", disse o russo Serguei Kirienko.
Kirienko explicou
que as barras de combustível de urânio serão carregadas no reator nas
próximas semanas, e que a central começará a gerar eletricidade antes do
fim deste ano, vários meses antes do previsto inicialmente.
A empresa alemã
Siemens iniciou as obras da usina em 1974, mas teve que suspender o
projeto após a explosão da revolução iraniana em 1979. O projeto de
Bushehr é único e não tem análogos no mundo. Suas obras começaram em
1974, e os especialistas conseguiram construir uma central sobre
alicerces antigos e com equipamentos utilizados pela companhia alemã há
mais de 30 anos.
A corporação russa
Atom Stroy Export retomou a construção após assinar um contrato com o
Irã em fevereiro de 1998, mas desde então o projeto sofreu inúmeros
atrasos, devido às suspeitas da comunidade internacional sobre a
existência de um programa nuclear militar iraniano.
Diante das críticas
dos Estados Unidos e Israel, a Rosatom insiste que as duas fases do
ciclo nuclear da usina, que podem ser utilizadas tanto com fins civis
como militares, ocorrem em território russo.
Trata-se do
enriquecimento de urânio e da reciclagem do combustível nuclear
utilizado para o funcionamento da central, com garantias escritas
adicionais do Irã de que o combustível será empregado exclusivamente na
central para a geração de eletricidade. Além disso, Moscou e Teerã
assinaram um protocolo adicional sobre a devolução à Rússia do
combustível nuclear utilizado.
Usando uma
linguagem de guerra apocalíptica, o presidente iraniano, Mahmud
Ahmadinejad, prometeu uma "resposta em escala planetária" caso seu país
seja atacado. "Nossas opções não terão limites, Envolverão todo o
planeta", afirmou o presidente iraniano, em resposta a uma pergunta
feita pelos jornalistas sobre qual seria a reação de Teerã a um ataque
externo.
"Acho que alguns
pensam em atacar o Irã, em particular no âmbito da entidade sionista
(Israel), mas sabem que o Irã é uma muralha indestrutível e não acho que
seus amos, americanos, o permitam fazê-lo", acrescentou Ahmadinejad,
que defendeu, por outro lado, a retomada da iniciativa de Brasil e
Turquia sobre uma troca de urânio enriquecido.
O Irã colocou em
operação sua usina nuclear e alega que precisa enriquecer urânio para
alimentar com combustível suas futuras usinas e conta produzir um dia 20
mil megawatts de eletricidade de origem nuclear. Entretanto, as
potencias mundiais suspeitam que o Irã quer equipar-se com a bomba
atômica, escondendo-se atrás de seu programa nuclear civil, apesar de
seus reiterados desmentidos.
Os Estados Unidos e
Israel afirmam com regularidade não excluir um ataque contra o Irã para
por um fim a seu controverso programa nuclear. Os ocidentais suspeitam
que Teerã, apesar de suas negativas reiteradas, tenta fabricar a bomba
atômica, servindo-se de seu programa nuclear civil.
ANTONIO CARLOS LACERDA
PRAVDA Ru BRASIL
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