Eu confesso
Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
Porto Alegre (RS) - A soja convencional deve ser mais rentável do que o grão transgênico em 2008. Com o aumento de preço do herbicida glifosato em 46,2%, a expectativa é de que os produtores de soja convencional obtenham lucros maiores pela primeira vez. No Mato Grosso, a saca do grão convencional deve render R$ 0,27 a mais para os produtores, segundo a Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
O glifosato é o principal herbicida utilizado na cultura da soja. O aumento de preço ocorreu devido a um crescimento das taxas de importação. A Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul para o glifosato importado é de 12%, mas o governo brasileiro aplicou este ano uma taxa extra de 35,8%.
O presidente da Associação dos Produtores de Soja no Mato Grosso, Glauber Silveira, lembra que o glifosato é comercializado no Brasil quase que exclusivamente pela Monsanto. A empresa chega a vender o produto no país pelo dobro do que é cobrado na Argentina. De acordo com Silveira, esse monopólio tem sido desfavorável para os produtores de soja transgênica.
“O transgênico é tão importante para o Brasil e tão importante para o produtor, em termos de produção. Só que em nível de custo, quando você tem o glifosato apenas na mão de praticamente uma empresa, que é a fornecedora da matéria-prima. Se torna inviável e muito perigoso para o produtor brasileiro ficar na mão de uma empresa”, diz.
O aumento dos preços afeta mais os produtores do grão transgênico. Isso porque as lavouras geneticamente modificadas precisam de duas aplicações, enquanto a soja convencional necessita apenas de uma.
Para o economista Carlos Mielitz, esse aumento do custo de produção da soja transgênica já era esperado. Ele lembra que, antes do Brasil, esse aumento já ocorreu na Argentina e nos Estados Unidos, países onde o grão geneticamente modificado ingressou.
“Como quase todos os monopólios, eles passam a oferecer a tecnologia barato, para que o agricultor adira. Depois que ele já aderiu e ficou dependente dessa tecnologia eles passam a cobrar os custos mais altos”, diz.
Além do aumento dos custos de produção, Mielitz afirma que a soja transgênica deixou de ser atrativa em função das exigências do mercado externo, que vem preferindo o grão convencional. Para ele, a tentativa de entrada de outros grãos transgênicos no país, como milho, vai trazer uma série de prejuízos para a economia.
“A longo prazo, isso pode ser ruim para os agricultores brasileiros, porque vão acabar entrando em um mercado de preços menores, mas que poderá ser menos lucrativo e mais restritivo”, diz.
Ele também destaca que, com a substituição dos plantios de soja por milho para a produção de álcool nos Estados Unidos, a soja deve se valorizar cada vez mais, principalmente para o grão convencional.
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Laerte Braga
O ex-senador George McGovern, democrata que disputou e perdeu as eleições presidenciais nos Estados Unidos em 1972 contra Richard Nixon, publicou um artigo no jornal Washington Post, reproduzido aqui pelo Jornal do Brasil.
McGovern pede o impeachment de Bush acusando-o de fraudes diversas, a começar pela que resultou em sua primeira eleição, em 2000. Aos 85 anos de idade McGovern afirma que o governo Bush é mentira do princípio ao fim e toda a sorte de trapaças, mentiras e absurdos foram e têm sido cometidos.
Cerca de 75 bilhões de dólares, por ano, sai do Brasil para paraísos fiscais. Dinheiro sujo, produto de operações ilegais. Com certeza não sai por conta de nenhum trabalhador, muito menos da chamada classe média. Sai de gente como Paulo Stak, presidente da FIESP (Federação das Indústrias de São Paulo).
A grande expectativa no dia de hoje, terça-feira, oito de janeiro de 2008, é pelo começo do BBB-8. Em cada dez pessoas com quem você conversar, pelo menos sete vai puxar o assunto sobre o participante que resolveu desistir por não agüentar as pressões.
O brasileiro é um dos que mais assistem tevê em todo o mundo, média de horas por dia. Televisão ou é “fábrica de doidos” como dizia Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto) ou, instrumento maior do processo de alienação.
Ou seja, a média de horas passadas à frente de um televisor é das mais altas do mundo e a imensa e esmagadora maioria dos cidadãos não tem a menor idéia do que se passa de real, no seu próprio País.
Um motorista de táxi comentava sobre o estado deplorável do IML (Instituto Médico Legal) de sua cidade e deixou claro que não conseguia entender a razão desse descaso. O governador de Minas, Aécio Neves, a cidade é em Minas, mora no Rio de Janeiro e vive em tratamento médico no exterior (desintoxicação). A mídia não diz uma palavra sobre isso, mas vende a “administração Aécio” como uma das maiores da história do Estado.
O degelo de boa parte das grandes geleiras da Groenlândia, propriedade da Dinamarca na América do Norte, deve significar algo em torno de 60 a 80 centímetros a mais no nível dos oceanos e pode, num espaço de tempo menor que os cientistas imaginavam, todo o século XXI, alcançar esses índices.
Cidades como Olinda no Brasil (PE), ou países como Holanda e Bélgica, para citar três exemplos, vão enfrentar problemas de sobrevivência com o fenômeno. Todo o mundo será afetado, está sendo afetado pelo descontrole da questão ambiental, pois além da Groenlândia, a Antártica também está sofrendo o mesmo processo.
Estados Unidos e China, no desvario do que chamam progresso, são os principais responsáveis pela emissão de poluentes, degradação dos oceanos e aí se inclui o Japão na caça predatória de baleias e na pesca indiscriminada em águas de todos os oceanos do planeta.É comum ouvir de pessoas comuns que esse é um problema que “não vou ver, estarei morto quando isso acontecer”. É o nível máximo da estupidez e da perda do sentido mínimo de humanidade. De ser. De estar objeto. Coisa.
Mas vai assentar à frente da televisão, dar uma espiadinha, torcer por quem “conspira e trai” e deliciar-se no voyeurismo sugerido em cada minuto do BBB-8.
As mentiras de Bush, as fraudes, as guerras por poder, dinheiro. A destruição do ambiente, o abandono dos serviços públicos, tudo em todas as dimensões e que diz respeito à vida, isso não importa. Importa que o cara que desertou do BBB-8 está gerando uma “profunda” discussão sobre se agiu certo, agiu errado, sobre se “compreendeu a realidade dos dias atuais” ou exatamente, desertou. Fugiu.
That is the question. Estar no BBB-8 ou não estar. Fazer sucesso a qualquer preço ou ser um “zé mané”, na definição do especialista em ovos podres em “vagabundas”, por acaso (sic), diretor do programa.
Declaração de um desses alienados, sem a menor idéia de onde fica a cabeça, ou os pés, mas certo que é paradigma de qualquer coisa no mundo, feita em resposta a uma observação sobre ser fumante ou não, ter a companhia fabricante de cigarros culpa ou não.
“O Sapiens não é pretensão nenhuma. Só QI alto mesmo. Fazer o quê, a filha da p* da natureza é burguesa e elitista.
Lendo desde os quatro anos de idade, já tendo lido muito e, modéstia às favas, muito orgulhoso do meu domínio da língua pátria (algo de deixar muito jornalista, advogado e outros "donos da língua" por aí roxos de inveja), só há uma possibilidade de eu não entender uma mensagem escrita: quem escreveu não soube passá-la adiante”.
O “Sapiens” em questão acrescentou ao próprio nome para mostrar ao mundo o tal QI alto.
É preciso investigar o efeito Xuxa em quem tem mais de 20 anos hoje e menos de 35. Avaliar os verdadeiros estragos causados pelo tsunâmi louro. Existem milhares de “xuxas” nas tevês do mundo e todas cumpriram e cumprem o mesmo papel – o de proporcionar QIs altos.
Qualquer cidadão que saiba andar e falar tem idéia precisa e clara que o consumidor de drogas, na grande maioria, está nas classes média e alta. É quem pode pagar os altos preços de cocaína, ecstasy e outras cositas mais. Pobre fuma crack que é mais barato. E até nisso leva chumbo, crack mata mais depressa.
É o tal ordenamento jurídico, institucional, democrático, cristão e ocidental que querem impor ao mundo inteiro e como uma espécie de raio emitido por cada GLOBO de cada canto, transformar cada cidadão num imbecil pronto a chorar no drama dos futuros eliminados do BBB-8 e a gritar pula, para o desesperado que não sabe se pula ou se fica no desespero, no prédio mais alto da rua principal de sua cidade.
Esse, ao ser salvo, vai ser vaiado.
O ser humano “fabricado” nesse contexto não tem a menor idéia das luas verdes e dos sóis amarelos.
Acredita piamente que William Bonner é o enviado divino com as instruções do “senhor” (deles não é?). Por isso os guerrilheiros das FARCs são “terroristas” e George Bush é “quem esparge a democracia pelo mundo”.
Não percebe que a chuva de ovos podres está caindo sobre quase todos (as elites não, optam por condomínios fechados) e o BBB-8 é apenas um instante do modelo que vendem.
Se lido com atenção o artigo do ex-senador George McGovern ninguém vai ter dúvidas disso.
Vai chorar de “esguicho”, como dizia Nelson Rodrigues.
> Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, trabalhou no Estado de Minas e no Diário Mercantil.
Ilustração: Táia Rocha
Esse é o cenário que foi aberto com a decisão do presidente Raul Castro de, em julho deste ano, impulsionar um amplo debate com o povo sobre os rumos da revolução. Para o historiador Ariel Dacal, trata-se de uma oportunidade histórica. “Não é um momento casual. É a hora que Cuba precisa fazer uma substituição rápida e total dos velhos dirigentes revolucionários que começam a cair, pelas leis da vida, da biologia”, avalia.
E nesse processo, a maior reivindicação do povo cubano tem sido questionar as estruturas burocráticas e cobrar, justamente, maior poder de decisão sobre os rumos de seu destino. “A principal demanda que tem aparecido é a de maior participação. De maior controle dos poderes do Estado. De legitimar que repasse potencialidade e recurso aos poderes locais, poderes populares. É a maior reivindicação. Nisso em um marco socialista, de compromisso com a revolução cubana”.
QUEM É
Ariel Dacal Diaz é historiador, cientista político e trabalha no Centro Martin Luther King (CMLK). Foi Chefe de Redação da Publicação de Ciências Sociais. Especializou-se em estudos sobre a crise da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Há uma consulta popular em Cuba sobre os rumos da revolução. Como esse processo está se dando?
Ariel Dacal Diaz - Em 26 de julho, em discurso oficial, Raul Castro elencou um grupo de problemas no país. Grosso modo, apresentou algumas soluções e algumas medidas em curso. Este documento virou um texto de discussão nos núcleos do partido fundamentalmente que, depois, foi ampliado para os bairros e os centros de trabalhadores. Dias depois, Raul vem aos meios de comunicação e afirma que essas propostas discutidas pelo povo cubano vão ser encaminhadas diretamente aos municípios e às províncias para evitar que deturpações nas propostas populares. Isso está ótimo: ao menos, as pessoas podem falar. E Raul está insistindo muito para que a população fale com honestidade, com franqueza, sem medo. E que esse processo será um insumo para a tomada de decisões. Disse também que tampouco deve-se esperar que surgirão soluções imediatas de tudo, mudanças gerais, pois as coisas vão sendo transformadas com o tempo.
E como a população tem recebido essa proposta?
Para alguns, sobretudo os mais velhos, é mais do mesmo. Crêem que, ao final, ninguém vai se dar conta do que pensa a população. Imaginam que as decisões serão tomadas de forma muito limitada, distantes da vontade do povo. Essa é uma preocupação de um setor. Há outro grupo que coloca justamente o contrário. Que agora há uma oportunidade para um diálogo mais importante, mais substancial. Porque, para esse setor, essa é a última oportunidade. Há um consenso sobre isso. E com essa visão, de que se trata de algo fundamental para a continuidade do processo cubano, e a preocupação de que não seja mais do mesmo, é que estão sendo realizados esses debates.
E como os meios de comunicação estão tratando esse processo?
Há uma crítica muito forte. Ninguém sabe o que o povo está dizendo. Não há um meio de comunicação que informe o que está ocorrendo nos debates. A imprensa oficial segue surda e muda a esse processo. Para os meios, esse processo não existe e isso cria uma ansiedade geral. Porque, a partir desta metodologia, Cuba não tem possibilidade de saber como pensa a si mesma.
Mas o que se tem falado, nas ruas, sobre as reivindicações apresentadas?
Há algumas pessoas, por sua conta e risco, dedicadas a levantar informações sobre esses debates. E a principal demanda que tem aparecido é a de maior participação. De maior controle dos poderes do Estado. Que se repasse capacidade de decisão e recursos aos poderes locais, poderes populares. É a maior reivindicação. Nisso em um marco socialista, de compromisso com a revolução cubana. Mas a idéia é: Quem vai decidir? Quem vai implantar o que se decide? A burocracia quer que o processo continue? Porque é justamente a burocracia que está sendo questionada. Mas essa parece ser a última oportunidade. Não é um momento casual. É a hora que Cuba precisa fazer uma substituição rápida e total dos velhos dirigentes revolucionários que começam a cair, pelas leis da vida, da biologia.
Uma crítica feita aos meios oficiais, em Cuba, é o de que não fomentam o debate, dialogam pouco com a vida cotidiana...
Hoje, os meios de comunicação social são um dos focos centrais de críticas do povo. Há uma desconexão com a realidade. Cuba vive hoje um processo intenso de debates e um dos maios importantes é justamente esse: a função dos meios de comunicação social e oficiais. Mas há um segundo debate, uma pseudo-reflexão, que não leva em conta a complexidade do momento histórico que vive Cuba. São discussões mais de caráter moralista, se fulano roubou sua empresa, sem abordar questões estruturais. E isso é um problema. Porque não há espaço para referendar todo esse imaginário, todo esse debate. Tem ocorrido também algo em Cuba que se chama a guerra dos e-mails. É uma certa catarse coletiva sobre os problemas dos meios de comunicação, de transporte, sobre que tipo de socialismo queremos, mas que ainda não se infiltra no corpo social cubano. Há um setor intelectual que está analisando estruturalmente o problema. E, de outro lado, há uma demanda popular, da vida cotidiana, em nível de catarse. O grande problema é que esses dois setores não dialogam entre si e muito menos com a visão oficial. São leituras que precisam se complementar para criar algo superior ao que queremos. Ou seja, não há canais de comunicações. E o tempo corre.
E por que avalia que o Estado cubano está distante da vida cotidiana?
Há uma tarefa revolucionária que é diluir esse Estado no corpo social, fazer com que seja o Estado do povo, do trabalhador, e não da burocracia.
E o debate que está ocorrendo segue mais no sentido de avançar no socialismo ou regressar a formas capitalistas?
A discussão segue mais no marco socialista, mas no imaginário social as práticas e como vão se relacionando com o corpo social tendem mais ao capitalismo. Pode parecer contraditório, mas é assim. Há um grupo pensando no socialismo, mas a própria dinâmica e o referente individual das pessoas têm muita força. E alguns setores, em minoria, querem a social-democracia.
Mas não é possível que os Estados Unidos se intrometam nesse processo?
Não, os grupos e os setores asquerosamente estadunidenses não têm legitimidade ver nesse processo. As pessoas os desprezam. Os Estados Unidos não são um modelo, há uma consciência geral de que são uma merda. O problema não está por aí. É mais perigoso porque é mais sutil. É sim reproduzir lógicas liberais, de produção capitalista. Isso mesmo pessoas comprometidas com revolução porque falta possibilidade de debater revolucionariamente.
Você poderia dar um exemplo disso?
Sim, o reordenamento empresarial em Cuba. As empresas estatais em Cuba estão incorporando as técnicas empresariais capitalistas. Mas o essencial, para uma referência socialismo, é dar o poder aos trabalhadores. E ninguém fala disso.
Há preocupação hoje com a juventude cubana, sobretudo a que cresceu no período especial, conviveu com os momentos mais difíceis, de carências. Essa juventude é muito influenciada pelos valores capitalistas, do consumismo?
Em Cuba, não há consumismo. Pelo contrário. Há uma história do não-consumo e, neste contexto, a projeção do consumismo é muito atrativa. É uma porta muito tentadora para uma juventude e mesmo os que não são tão jovens. Mas eu não reduzo o tema da cultura aqui. Digo que precisamos de uma cultura superior na compreensão da política. Que o povo tenha seus processos de equívocos, de criação coletivo. É um processo longo e já perdemos muito tempo. Para mim, a mudança está aí. Está na perspectiva de como os cidadãos, mulheres, homens se organizam, se educam e superam culturalmente esse individualismo. Como superam a idéia de que eu sou o sujeito que vou resolver o meu problema isoladamente, e caminhem para o sentido de como eu participo, dialogo e me reconheço em um trabalho coletivo. A questão não é reprimir o consumismo, mas superá-lo culturalmente.
Por que você afirma que é necessário estudar três tipos de Estado – o de bem-estar social, o fascista e o do socialismo real – para criarmos algo novo? O que eles têm de essencial?
Porque é a experiência acumulada, sobretudo no século 20, para enfrentar o neoliberalismo. Ao fracassar essas três experiências, veio essa etapa neoliberal. Que é o mesmo que as velhas formas de dominação do capital em um contexto sem resistência. É importante resgatar porque fracassaram essas experiências para saber que não estamos reinventando nada. Claro, há muita criatividade no contexto atual. Mas é fundamental estudarmos esse legado histórico, sobretudo vislumbrando um movimento histórico que vai resultar no enfrentamento com o capitalismo.
O senhor acredita que há espaço hoje para um Estado fascista na América Latina?
Sim, por conta da própria condição extrema de miséria na região e também devido à expansão do conservadorismo e das visões reacionárias no continente. São dois traços que me preocupam, a possibilidade de que surja algo parecido com o fascismo. Que se combinem esses fatores, no sentido nacionalismo, ainda que contra o imperialismo, e que reproduzam uma lógica de dominação também capitalista. Os níveis de organização da violência social na América Latina são um nutriente para um regime parecido ao fascismo.
De qualquer forma, o Estado de bem-estar social, ou algo parecido, segue como um modelo que se contrapõe ao neoliberalismo...
O capitalismo nacional tende a isso. O que digo sobre estudar essas experiências históricas é para compreender que há limites. E que há um ciclo e, em algum momento, atentará contra a lógica mesmo do sistema. A acumulação e um Estado que distribui não podem compor um Estado de bem-estar. Que condições materiais teria uma essa burguesia nacional para desenvolver um processo nacionalista, com uma visão mais social? É preciso fazer perguntas.
E o socialismo real?
A pergunta que se faz é que, se pelo fato de o socialismo real fracassar, será que não há nada o que resgatar dessa experiência? Não houve nada de positivo ou negativo? Não há princípios invioláveis do que não se deva fazer em nome de uma sociedade socialista? É preciso estudar isso porque serve para nossa organização.
O que fracassou em 1991?
O regime de dominação e opressão burocrática, a ditadura burocrática soviética, foi isso o que fracassou. O socialismo não fracassou.
Que aspectos você ressaltaria em um esboço de uma análise sobre o fracasso soviético?
Impossível responder brevemente, mas podemos dizer que essencialmente é a própria complexidade de criar uma sociedade superior em um país atrasado material e culturalmente. Um país assediado pela burguesia de forma atroz. Um país onde o sonho libertário encontrou muitas dificuldades, que incluíam mortes, guerras cruéis. E a renúncia de um setor ao processo revolucionário, assumindo a reprodução de uma lógica de dominação política não superada que tinha como base um despreço à capacidade real de o povo se governar. Mas foi evidentemente um processo muito mais complexo do que isso.
Faixas:
01 - I Wish You Were Here
02 - Sankara
03 - Ranita
04 - Ne Tirez Pas Sur L'Ambulance
05 - Demain T'Appartient
06 - Bahia
07 - Mister Grande Gueule
08 - Africa Yako
09 - Cameroun
10 - Jah Light
11 - Le Bal Des Combattus
12 - Tampiri
13 - Les Salauds
14 - Sales Racistes
15 - Ikafo
16 - Jesus
17 - Gban-Gban
18 - La Planete
19 - La Route De La Paix
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Alpha Blondy nasceu na Costa do Marfim. Já cantou com "The Wailers".
As letras são cantadas principalmente em dioula, francês e inglês, mas também ocasionalmente em árabe e hebraico e expressam atitude e humor relacionados com a política.
Inventou a palavra "democrature" (a qual se traduz como "democratura", combinação de democracia e ditadura) para qualificar alguns governos africanos.
O CD Jah Victory é o mais recente.
Créditos:MP3eAvi
Um ano de Yeda Crusius: qual o balanço?
O governo Yeda Crusius foi eleito com um discurso baseado em três conceitos: novo jeito de governar, fazer mais com menos e transparência na gestão. Ao final do primeiro ano, esses três conceitos foram bombardeados pelos próprios atos do Executivo.
Quando Yeda Crusius (PSDB) assumiu o cargo de governadora do Estado no dia 1° de janeiro de 2007, em uma cerimônia realizada no Palácio Piratini, ocorreu uma pequena gafe com a bandeira do Rio Grande do Sul, sem maiores repercussões. Yeda foi comemorar a posse, na sacada do palácio, com uma bandeira do RS nas mãos. Com as duas mãos, mostrou-a a seus apoiadores que estavam na rua. A bandeira estava virada de cabeça para baixo. Se olharmos para esta cena hoje, ela aparece como um símbolo profético do que estava por vir nos próximos meses.
A vida política do RS foi virada de cabeça para baixo, presenciando cenas “nunca antes vistas na história deste estado”, para usar uma expressão cara ao presidente da República. As surpresas iniciaram mesmo antes da governadora tomar posse, com a briga pública entre ela e o vice-governador, Paulo Feijó (DEM).
Logo após a campanha eleitoral, Feijó denunciou que havia sido censurado durante a campanha e impedido de expressar suas opiniões favoráveis às privatizações. Na campanha, reproduzindo o discurso utilizado pelo candidato tucano à presidência da República, Geraldo Alckmin, Yeda Crusius prometeu que não iria privatizar patrimônio público no RS. Além disso, prometeu que não iria propor aumento de impostos, dizendo que essa era uma prática do “velho jeito de governar”.
Mesmo antes de assumir, em dezembro de 2006, ela apresentou um projeto de aumento de impostos à Assembléia Legislativa. Feijó e um conjunto de aliados de Yeda rebelaram-se e fizeram oposição a um governo que sequer havia começado. O projeto de tarifaço acabou derrotado, cena que iria se repetir menos de um ano depois, quando uma nova proposta de aumento de impostos foi derrotada na Assembléia.
As marcas do novo jeito de governar
O atual governo foi eleito com um discurso baseado em três conceitos: novo jeito de governar, fazer mais com menos e transparência na gestão pública. Ao final do primeiro ano, esses três conceitos foram bombardeados pela realidade dos próprios atos do Executivo. O “novo jeito de governar” acabou traduzido por uma sucessão de conflitos em áreas estratégicas do serviço público: Segurança, Educação e Meio Ambiente.
Apresentado, nos primeiros meses, como uma vitrine desse novo jeito de governar, o secretário de Segurança, Ênio Bacci (PDT), acabou sendo demitido em meio a uma troca de denúncias envolvendo ele próprio e o delegado de polícia, Alexandre Vieira. Na área ambiental, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) também foi palco de denúncias e demissões. Na Educação, a crise do transporte escolar e a proposta de enturmação marcaram os primeiros meses de governo.
A fragilidade maior do principal conceito do governo Yeda acabou revelando-se mesmo na relação que estabeleceu com sua própria base aliada na Assembléia Legislativa. A derrota estrondosa que o governo sofreu na segunda tentativa de aprovar uma proposta de aumento de impostos, em novembro de 2007, escancarou a incapacidade do Executivo de fazer valer a maioria que tem no Parlamento.
Partiram de deputados aliados do governo as mais duras críticas e reclamações sobre falta de diálogo e negociação por parte do Palácio Piratini. No final, sobraram palavras duras como “traidores” e “traíras” para os deputados da base aliada que votaram com a oposição. A derrota na Assembléia obrigou a governadora a rever toda sua estratégia política de governo e implementar uma reforma no secretariado ao final do primeiro ano de governo, para tentar recuperar alguma força política no Parlamento.
“Fazer mais com menos”
O conceito de “fazer mais com menos” também sai enfraquecido ao final do primeiro ano de governo. A queda na qualidade dos serviços públicos, motivada pelo corte linear de 30% no orçamento de todas as secretarias, transformou o Palácio Piratini em um palco de protestos de servidores públicos.
A área da Segurança é um exemplo dramático. O governo conseguiu a façanha de unificar todas as associações de classe da Brigada Militar e a Polícia Civil. Policiais civis e militares já fizeram marchas, paralisações e operações-padrão para denunciar o sucateamento das instituições do setor e as precárias condições de trabalho. Segundo as associações da Brigada, mais da metade da frota de veículos de policiamento ostensivo está em situação irregular, com o seguro obrigatório vencido. Além disso, muitos policiais estão sendo obrigados a trabalhar com coletes à prova de balas com prazo de validade vencido.
“Transparência na gestão”
Por fim, o conceito de “transparência na gestão” chega ao final do ano torpedeado pelo escândalo do Detran. A Operação Rodin, desencadeada pela Polícia Federal, revelou um esquema de corrupção, que teria iniciado ainda durante o governo Rigotto, que causou um prejuízo de pelo menos R$ 40 milhões aos cofres públicos. Entre os presos na operação, nomes importantes do governo, como Flávio Vaz Neto (presidente do Detran) e Antônio Dorneu Maciel (diretor financeiro da CEEE), e um dos ex-coordenadores financeiros da campanha de Yeda, o empresário Lair Ferst.
Na esteira do escândalo, surgiram novas denúncias de funcionários fantasmas lotados no governo e contratos firmados sem licitação. A conseqüência política desta sucessão de denúncias é a CPI do Detran, que já tira o sono do núcleo do governo. Em 12 meses, o “novo jeito de governar” surpreendeu, de fato, o Rio Grande do Sul, mas não exatamente como a governadora prometera.
* Publicado originalmente no jornal Extra-Classe, do Sindicato dos Professores do RS (Sinpro)
Marco Aurélio Weissheimer é jornalista da Agência Carta Maior (correio eletrônico: gamarra@hotmail.com)