Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
O jornalista que Rigotto persegue há 10 anos.
O Conversa Afiada publica entrevista exclusiva com Elmar Bones, do jornal JÁ, de Porto Alegre: “ELES QUEREM FECHAR O JORNAL, NÃO VÃO CONSEGUIR”.
Elmar é o jornalista que Germano Rigotto persegue há dez anos.
É a primeira vez que Elmar Bones tem a chance de contar sua epopéia de resistência por ousar mostrar a verdade sobre a maior fraude da história gaúcha.
O irmão de Germano Rigotto, candidato a senador pelo PMDB, é a peça central da fraude que lesou o povo gaúcho em quase 800 milhões.
Rigotto quer fechar o jornal e levar Elmar à penúria.
Leia a entrevista completa:
CONVERSA AFIADA - O processo da família do ex-governador Germano Rigotto contra o seu jornal, o JÁ, completa dez anos, um dos mais longos da Justiça brasileira. Afinal, qual foi o crime do JÁ?
ELMAR BONES DA COSTA – O jornal teve a ousadia de contar, em 2001, os detalhes da maior fraude contra os cofres públicos do Rio Grande do Sul. Em valores atualizados pela Justiça, representa algo em torno de R$ 800 milhões. O principal personagem da fraude, segundo a investigação do Ministério Público e o relatório final da CPI criada na Assembléia gaúcha, era Lindomar Vargas Rigotto, irmão de Germano, atual candidato do PMDB ao Senado.
CA – Onde era a fraude?
ELMAR – Na Companhia Estadual de Energia Elétrica, a CEEE, a estatal de energia elétrica que nasceu nos idos de 1960, depois da encampação da americana A&TT pelo governador Leonel Brizola. Ela nem existe mais: foi privatizada no Governo Britto e fatiada em trës empresas menores. O povo gaúcho continua pagando R$ 600 milhões anuais ano de dívidas trabalhistas pela banda podre da finada CEEE…
CA – E como foi o golpe na CEEE?
ELMAR – A fraude se deu em dois contratos para construção de onze subestações de transmissão de energia, obra estimada em 150 milhões de dólares, assinados no governo Pedro Simon (PMDB), em 1987. Foi a secretária de Minas e Energia do governo seguinte, o de Alceu Collares (PDT), quem mandou fazer a primeira investigação. Uma senhora chamada Dilma Rousseff.
CA – A Dilma? E o que ela disse?
ELMAR - Um assessor me contou que, depois de ver os primeiros documentos da sindicância interna da CEEE, ela comentou : “Eu nunca tinha visto nada igual”. Ela só não tocou em frente o processo porque o governo do Collares precisava dos votos do PMDB de Rigotto na Assembléia. Mas ela guardou na gaveta e, em dezembro de 1994, antes de deixar a secretaria, a Dilma teve o cuidado de mandar toda a papelada do inquérito para a Contadoria e Auditoria Geral do Estado (CAGE) e para o Ministério Público. Dali nasceu a CPI.
CA – E daí?
ELMAR – A CPI durou um ano e meio, produziu 350 quilos de papel. Foi a primeira comissão parlamentar do país a apontar os corruptos e também os corruptores. Foram indiciados 23 funcionários e 11 empresas que integravam os dois consórcios vencedores da licitação.
CA – E como o irmão do Rigotto se intrometeu nesta história?
ELMAR – No governo Simon, Germano Rigotto era o líder do PMDB na Assembléia. Sua atuação na campanha foi decisiva para a vitória de Simon. Ele encaixou o irmão Lindomar num cargo que nem existia na CEEE, o de “assistente da diretoria financeira”. Quem contou isso na CPI foi próprio secretário de energia do Simon, Alcides Saldanha, que antecedeu Dilma. Foi neste posto, criado sob medida, que Lindomar Rigotto armou o esquema das licitações fraudadas.
CA – Esta denúncia virou processo na Justiça? Está andando?
ELMAR - O processo vai completar 15 anos em fevereiro, já tem 110 volumes e ainda não saiu da primeira instância. E o pior: a maior fraude da história gaúcha corre em segredo de justiça. E ninguém sabe porque. Quem tem medo que isso venha a público? O que o povo do Rio Grande não pode saber sobre a fraude da CEEE?
CA – O processo está parado?
ELMAR – Falei esta semana com a Promotoria de Defesa do Patrimônio Público. A boa notícia é que o processo está concluso ao juiz. Isso quer dizer que não cabe mais nenhum recurso, nada. O juiz vai receber a última manifestação das partes, num prazo de 10 dias, e depois vai dar a sentença. Se sair antes das eleições de outubro, deve produzir um grande estrago político. Por isso mesmo, não acredito em tanta agilidade. Para alívio de alguns candidatos, a sentença da Justiça deve sair só no fim do ano, bem depois da manifestação dos eleitores nas urnas. Mas, pelo menos saberemos quem é quem nesta história ainda secreta.
CA – Bem, imagino que isso rendeu muita manchete na imprensa, na época…
ELMAR – Rendeu, mas com aquela cobertura em mosaico, meio truncada, aos saltos, com espaço fragmentado no noticiário… Depois, o assunto foi sumindo, desaparecendo, e o leitor fica se perguntando: o que foi mesmo que aconteceu?
CA – E aí aparece o JÁ para refrescar a memória dos gaúchos…
ELMAR – Publicamos uma reportagem destacando aquilo que a imprensa havia negligenciado e que era talvez o mais importante: o indiciamento dos corruptores, onze empresas, todas logomarcas reluzentes e grandes anunciantes. Talvez por isso o assunto na Justiça, apesar de ser uma “ação civil pública”, acabou encoberto pelo ”segredo de Justiça”. Estava quase esquecido quando o principal personagem da fraude, Lindomar Rigotto, voltou às manchetes, agora nas páginas policiais.
CA – Pela fraude na CEEE?
ELMAR – Não, agora foi pela morte de uma garota de programa, de 24 anos, que caiu nua do 14º andar de um prédio a 100 metros da Praça da Matriz, onde ficam as sedes do poder no Estado – o Palácio Piratini, o Tribunal de Justiça, a Assembléia Legislativa e a Cúria Metropolitana. A história, de setembro de 1998, nunca foi esclarecida, mas o que importa é que o dono do apartamento de onde a moça caiu era Lindomar Rigotto, o principal implicado na fraude da CEEE e que estava lá no momento da queda. Foi indiciado por homicídio culposo e omissão de socorro no inquérito que apurou a morte da moça. Lindomar só não foi a júri porque, em fevereiro, foi assassinado num assalto numa praia gaúcha.
CA – O que ele fazia lá?
ELMAR – Após a sindicância da CAGE, que comprovou mesmo o desvio, ele e outros sete funcionários graduados envolvidos foram demitidos. Fora da CEEE, Lindomar e outro irmão, Julios, formaram uma rede de boates, o Ibiza Club, que chegou a ter quatro casas no litoral do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Ele estava na Ibiza de Atlântida, no início da manhã de quarta-feira de cinzas de 1999, quando os assaltantes chegaram. Lindomar e o gerente estavam fechando o balanço da noite. Lindomar saiu em perseguição aos bandidos, e acabou morrendo com um tiro no olho. A polícia informou que os ladrões levaram uns R$ 30 mil, mas o dinheiro nunca foi recuperado, embora todos os envolvidos no assalto tenham sido presos pouco depois.
CA – E a imprensa, com isso, ressuscita o envolvimento de Lindomar com a CEEE?
ELMAR – Aí é que entra a ironia da história. Dois dias depois do assassinato, que obviamente rendeu grandes manchetes, o colunista mais importante da Zero Hora, Paulo Sant’Anna, escreveu uma crônica pungente sobre Lindomar Rigotto, que ele define como ”um homem que teve sua vida anatematizada pela tragédia”. Menciona a sucessão de infortúnios que culminaram com o assassinato, solidariza-se com a dor dos familiares e dá o assunto por encerrado.
CA – Como assim, “encerrado”?
ELMAR – O colunista dá a entender que aquele homem marcado pela tragédia pagou com a própria vida os possíveis desatinos e que, daí em diante, mexer com sua morte era apenas mexer com a dor dos seus familiares. Na verdade, impedir que esse assunto caia no esquecimento é de certa forma uma defesa de Lindomar. Afinal, ele pode ter sido o operador, mas não fez nada sozinho. E os corruptores que foram apontados?
CA – E foi encerrado o papo?
ELMAR – O Paulo Sant’Anna é o cronista mais influente do Estado e, se ele diz que um assunto está encerrado, ninguém mais duvida – principalmente nas redações da RBS, que é o maior grupo de comunicação do Sul do país, com oito jornais diários, 32 emissoras de rádio e 10 de TV no Rio Grande e Santa Catarina. Aí eu percebi que tinha um baita assunto na mão e podia trabalhar com calma, porque ninguém ia mexer com isso.
CA – A reportagem do JÁ saiu quando?
ELMAR – Em 2001, mais de um ano depois da morte de Lindomar. A reportagem foi feita com grande dificuldade. Não tínhamos grana pra nada. A praia fica próxima de Porto Alegre, cerca de 120 km de distância em linha reta. E lembro que fomos ao litoral ver o processo, eu e um repórter, o tempo inteiro de olho na luzinha da gasolina. Nesse meio tempo, a circulação do jornal estava suspensa, a matéria ficou pela metade, numa gaveta. O jornal só voltou a circular no início de 2001 e aí retomamos a reportagem. Quatro repórteres trabalharam nela. Publicamos na edição de maio. Em agosto recebi a citação do juiz.
CA – Quem processou vocês?
ELMAR – A autora visível da ação é a senhora Julieta Vargas Rigotto, mãe de Lindomar e do ex-governador Germano Rigotto, hoje candidato a Senador pelo PMDB.
CA – O Rigotto é inocente nesta causa? Ele não sabe de nada? Jura?
ELMAR – Saber, o Rigotto sabe, é claro, desde o início da ação na justiça. Quando estávamos finalizando a matéria, o repórter Olides Canton ligou para ele em Brasilia, quando ainda era deputado federal. Ele reagiu asperamente: “Eu não trato desse assunto”. E advertiu que sua mãe iria nos processar, que já havia acionado outros veículos.
CA – E o que a mãe do inocente Rigotto alegava?
ELMAR – Eles ajuizaram duas ações. Uma queixa-crime por calúnia e difamação contra o autor da matéria, no caso eu, que assinava – com outros quatro repórteres – como responsável pelo texto final. A outra, uma ação cível, por dano moral, contra a editora do jornal.
CA – E aí?
ELMAR – No inicio ganhamos as duas. A ação cível teve decisão até antes, porque o nosso advogado nem discutiu o mérito. Ele alegou decadência de prazo, porque entrara mais de noventa dias depois da publicação. Estava em vigor a extinta Lei de Imprensa, que estipulava esse prazo para ações de dano moral. A outra teve um parecer do Ministério Público, uma decisão em primeira instância e uma sentença em tribunal, tudo no mesmo tom: a reportagem ateve-se aos fatos, não teve a intenção de ofender ninguém e atendia ao interesse público. Ou seja, cumpria todos os requisitos clássicos de uma boa e correta reportagem.
CA – E o que aconteceu, então?
ELMAR – A sentença do juiz de primeira instância, mandando arquivar o processo civel por decadência de prazo, saiu em agosto de 2002, em plena campanha eleitoral na qual Germano Rigotto era o candidato do PMDB a governador. Em outubro, ele se elegeu consagradoramente. Em dezembro, um mês antes da posse de Rigotto, o Tribunal de Justiça do Estado acolheu inesperadamente um recurso e derrubou a decadência do prazo, sem levar em consideração a sentença do mesmo tribunal no outro processo. Julgou o mérito e acabou condenando a editora a pagar uma indenização de R$ 17 mil reais por danos morais. Resumindo o absurdo da questão: o mesmo tribunal que nos absolveu antes acaba por nos condenar depois. Assim, temos uma única reportagem e duas sentenças absolutamente contraditórias. Culpado e inocente, ao mesmo tempo, pela mesma matéria.
CA – E vocês não recorreram ao STF?
ELMAR – Recorremos, claro. Acontece que fomos condenados à revelia. Houve uma audiência para a qual não recebi intimação, nem eu nem minhas quatro testemunhas… E aí fomos condenados à revelia. O STF não acolheu o nosso recurso. No nosso site www.jornal.ja.com.br está a integra da sentença e outros detalhes desta história. É uma didática leitura que vale a pena, para entender como a liberdade de expressão neste país pode ser atingida pela própria Justiça, que deveria protegê-la como ninguém.
CA – Bem, mas, com a Justiça brasileira, a condenação deve ter demorado, não?
ELMAR – Que nada, foi rápida. O tribunal reabriu o processo em dezembro de 2002 e, em agosto do ano seguinte, o jornal já estava condenado. Pouco depois fomos notificados para apontar bens à penhora. Oferecemos nosso estoque de livros, uns 15 mil volumes de 35 títulos diferentes editados pela JÁ. A oferta foi recusada pela Justiça. E assim vem…
CA – Até que, agora, bloquearam tua conta pessoal no banco…
ELMAR – Pois é, fiz um empréstimo consignado de R$ 10 mil para pagar as contas mais urgentes, tinha um restinho de mil e poucos reais lá. Pois o juiz mandou sequestrar para pagar os advogados da dona Julieta. E, pelo que me diz o advogado, atropelando procedimentos processuais. É incrível: perseguido há dez anos, ainda tenho que pagar os honorários dos advogados que me processam.
CA – Que outros prejuízos você está sofrendo?
ELMAR – Os efeitos políticos de um processo desses sobre a editora e o jornal são devastadores. O jornal sofre uma condenação dessas, absurda, mas não sai uma linha em lugar nenhum, ninguém sabe direito o que aconteceu… O que fica no ar, de forma leviana, para todo mundo que não entende bem este caso, é que ”um jornaleco irresponsável foi condenado porque ofendeu a honra e a imagem da família do governador”. E fica por isso mesmo.
CA – O jornal teve perdas com isso?
ELMAR – O governo estadual é o maior anunciante no Rio Grande, somando-se as verbas do Executivo e das estatais. Suas contas são atendidas pelas maiores agências da praça. Se você está vetado aí, qual é a consequência imediata? Ninguém quer se incomodar com o maior cliente da publicidade no Estado e, daí, ninguém programa o “jornaleco irresponsável”. Esse escândalo que estourou agora no Banrisul mostra o uso político das verbas de publicidade. Dez milhões foram tungados para pagamento de propinas e caixa de campanha. O Banrisul patrocina o principal prêmio de jornalismo do Estado, o Prêmio ARI, da Associação Riograndense de Imprensa. Tenho várias fotos com o presidente do banco entregando prêmios ao JÁ. Mas, desde 2003, quando Germano Rigotto assumiu como governador, o Banrisul baniu o JÁ das suas programações publicitárias. O maior banco do Estado anuncia até em jornalzinho de pet shop, só não anuncia no JÁ. Será que isso tudo é mera coincidência?
CA – E o que vai acontecer agora? Qual é a saída para o JÁ?
ELMAR – Nesse momento muitos interesses se juntam para tirar o jornal de circulação. Eles não vão conseguir. O JÁ vai resistir. Apesar do silêncio público, estamos recebendo muitas manifestações de apoio. Os artigos do jornalista Luiz Cláudio Cunha, em novembro e agora, no Observatório da Imprensa, abriram uma grande frente de resistência, reproduzidos em centenas de blogs pelo mundo afora. Acho que vamos comemorar os 25 anos em outubro com grandes e boas novidades.
Clique aqui para ler “Rigotto quer fechar um jornal ? A odisséia de um jornalista gaúcho”.
"A política tem a ver com o conflito"
Chantal Mouffe esteve em Buenos Aires dando
palestras na Universidade Nacional Três de Fevereiro. A politóloga
afirmou que as diferentes experiências progressistas na América Latina
evidenciam que é possível romper com o neoliberalismo. Do seu corpo
frágil surge uma voz firme e constante. É um castelhano falado por uma
belga casada com um argentino. Junto ao filósofo e marido Ernesto Laclau
escreveu Hegemonia e estratégia socialista.
Chantal Mouffe tomou
de Hannah Arendt a visão da política como pluralidade para depois dizer
que Arendt fala da pluralidade como meio para conseguir o consenso. O
ponto principal da teoria de Mouffe é que o conflito é central porque
algumas posições são irreconciliáveis em uma democracia agonista. Por
isso Mouffe revisou a ideia de conflito do filósofo Karl Schmitt.
Estudiosa dos novos modelos de democracia, garante que na Argentina está se dando um processo de democratização da sociedade e que o projeto hegemônico “deve ganhar mais setores da classe média”. Chantal Mouffe concedeu entrevista para Mercedes López San Miguel do Página/12, 06-09-2010. A tradução é do Cepat, publicada originalmente no IHU Online.
Eis a entrevista.
Sua tese teórica reivindica a confrontação, isso parece contradizer a suposta busca de consenso que muitos postulam na Argentina…
O objetivo da democracia não é que todo mundo se coloque de acordo, há posições irreconciliáveis. Critico as tradições teóricas que dizem que a política democrática busca consensos. Habermas indica que o consenso se busca através de processos deliberativos, argumentos racionais. Eu não concordo com ele. A política tem a ver com o conflito e a democracia consiste em dar possibilidade aos diferentes pontos de vista para que se manifestem e se desentendam. O dissenso pode se dar mediante o antagonismo amigo-inimigo quando se trata o oponente como inimigo – no extremo levaria a uma guerra civil – ou através do que chamo agonismo: um adversário reconhece a legitimidade do oponente e o conflito se conduz através das instituições. É uma luta por hegemonia.
Está intimamente ligada ao que você postula em seu livro "Em torno ao político" acerca de um ‘nós’ frente a um ‘eles’…
Sim. Toda política tem a ver com a formação de “nós”. Nao se pode formar um “nós” sem um “eles”. Qualquer identidade coletiva implica dois: os católicos não se definiriam sem os muçulmanos; as mulheres sem os homens. A ideia de que se poderia chegar a um nós inclusivo completamente é impensável teóricamente.
Desse ponto de vista, qual é o “outro” do governo kirchnerista nesta instância de final do seu mandato?
Não é o outro, são os outros: uma série de interesses que se opõe à democratização do país.
Por exemplo?
O grupo Clarín e todos os que tratam de monopolizar os meios de comunicação. O governo, um governo progressista tenta dar pluralidade de informação. Vejo claramente onde está o outro. Os grupos econômicos tratam de monopolizar o poder o mais que podem e o governo de impedi-lo. Essas forças que tentam manter seus privilégios e controle, e representam também os setores do campo; o outro vai mudando segundo as circunstâncias. Quando se trata de democratizar uma sociedade, torná-la mais plural e igualitária, enfrentar-se-ão grupos de poder.
Ernesto Laclau afirmou em uma recente entrevista a este jornal que o modelo argentino é superior às sociais-democracias do Uruguai e Chile (governo de Bachelet). Concorda?
Os modelos do Uruguai e do Chile são mais próximos à social-democracia europeia. Ao contrário, na Argentina a tradição peronista é muito importante o que a torna mais específica. Há na América do Sul uma série de governos progressistas de diversas índoles – Hugo Chávez na Venezuela, Evo Morales na Bolívia, Rafael Correa no Equador e os Kirchner na Argentina – que foram para além da ruptura com o neoliberalismo que Tabaré Vázquez e Michelle Bachelet. Na reunião de Mar del Plata tanto no Uruguai como no Chile votaram a favor do projeto de Bush e da ALCA. Tabaré depois tentou estabelecer relações bilaterais, ‘namorou’ com um tratado de livre comércio com os Estados Unidos. Tampouco, se pode dizer que são reacionários, são menos progressistas.
Na região está se dando uma disputa entre os governos de esquerda e uma direita com discurso republicano que está sendo apoiada pelos meios de comunicação. Como vê isso?
Em todos esses países que mencionei aconteceu um processo de democratização. Venezuela é muito mais democrática com Chávez do quando era governada pelo Copei ou Ação Democrática, nem é preciso falar da Bolívia. As condições dependem do grau de institucionalização da sociedade civil. Na Venezuela tem-se uma situação muito mais polarizada e a sociedade civil é muito mais débil comparada com a Argentina. Porque há oposições a esses governos?, é a mesma oligarquia que reage contra os processos de democratização. Na Venezuela, um caso paradigmático, os poderes nunca aceitaram a legitimidade de Chávez, ainda que esse tenha ganhado todas as eleições em que participou. Tratam Chávez como um inimigo, com tentativas de golpes de Estado. No caso da Argentina, o projeto hegemônico deve procurar ganhar o apoio da maior parte dos setores para avançar no processo de democratização. Quando em um país há uma classe média bastante desenvolvida, setores dessa classe média podem ser conquistados.
Na concepção teórica de Schmitt, o soberano pode decidir por um estado de exceção. Às vezes o soberano pode ser o povo. Isto é aplicável à crise de 2001 na Argentina e a queda de Sánchez de Lozada na Bolivia?
Schmitt pensa sobre o papel do direito e que para além do direito está a política, sempre há situações excepcionais que podem não seguir as leis. É uma discussão que tem a ver com o constitucionalista Hans Kessel se a lei é inquestionável. Schmitt dizia que não, que mesmo na democracia há situações de exceção, há alguém que decide e é o soberano. Todo o pensamento liberal trata de eliminar a soberania, o papel do soberano. O mesmo Schmitt dizia: há conflito. O político tem a ver com o conflito.
Você tem uma visão positiva do populismo?
Depende se é populismo de esquerda ou de direita. O populismo não é uma palavra ruim, porque acredito que na política democrática há uma construção de um povo. A esse elemento chamo populismo, a descrição de um povo. O que Gramsci chamaria de uma vontade coletiva, o nacional-popular. Esse povo pode construir-se de modos diferentes. Exemplo, na Europa os movimentos populistas que estão ganhando terreno são de direita porque constroem o povo mediante um antagonismo com os imigrantes, é o caso de Le Pen na França. A xenofobia é uma característica do populismo de direita. Ao contrário, a construção nossa é em confrontação com os grupos econômicos, o populismo de esquerda.
Como por exemplo?
O de Chávez, definitivamente. O povo venezuelano se define contra os opressores, os poderosos.
Do seu ponto de vista, as sociais-democracias europeias fracassaram e tem muito que aprender da América Latina…
A situação dos partidos chamados de centro-esquerda é preocupante. Ao denominarem-se “centro” esquerda se distanciaram do progressismo. Por exemplo, a Terceira Via de Blair aceitou a hegemonía neoliberal. Na Europa entre a centro-direita e a centro-esquerda não há grandes diferenças. A consequência disso é que as pessoas votam cada vez menos. E cria um terreno fértil para que os partidos de direita populista se posicionem, dêem a impressão de que são uma alternativa de mudança. A crise financeira de 2008 poderia ser uma oportunidade para que uma verdadeira esquerda democrática apresentasse uma alternativa ao modelo neoliberal. Não foi o caso. Todos esses partidos de centro-esquerda aceitaram a ordem neoliberal e contribuiram em alguns casos para essa ordem, como o fez o novo trabalhismo britânico. Não se pode ser ao mesmo tempo o responsável pela crise e sua ‘salvadora’. Isto reforçou os partidos conservadores. O único país da Europa em que se tem uma esquerda ainda fortalecida é na Alemanha. O partido "A Esquerda" quer realizar uma transformação das instituições. A crise foi uma oportunidade perdida, de todos os modos, a confiança no neoliberalismo se perdeu e mesmo os partidos de centro-esquerda se conscientizaram da necessidade de se apresentarem como uma alternativa. Tenho um otimismo moderado. As experiências latino-americanas são importantes para nós, mostram que se pode sair do neoliberalismo.
Estudiosa dos novos modelos de democracia, garante que na Argentina está se dando um processo de democratização da sociedade e que o projeto hegemônico “deve ganhar mais setores da classe média”. Chantal Mouffe concedeu entrevista para Mercedes López San Miguel do Página/12, 06-09-2010. A tradução é do Cepat, publicada originalmente no IHU Online.
Eis a entrevista.
Sua tese teórica reivindica a confrontação, isso parece contradizer a suposta busca de consenso que muitos postulam na Argentina…
O objetivo da democracia não é que todo mundo se coloque de acordo, há posições irreconciliáveis. Critico as tradições teóricas que dizem que a política democrática busca consensos. Habermas indica que o consenso se busca através de processos deliberativos, argumentos racionais. Eu não concordo com ele. A política tem a ver com o conflito e a democracia consiste em dar possibilidade aos diferentes pontos de vista para que se manifestem e se desentendam. O dissenso pode se dar mediante o antagonismo amigo-inimigo quando se trata o oponente como inimigo – no extremo levaria a uma guerra civil – ou através do que chamo agonismo: um adversário reconhece a legitimidade do oponente e o conflito se conduz através das instituições. É uma luta por hegemonia.
Está intimamente ligada ao que você postula em seu livro "Em torno ao político" acerca de um ‘nós’ frente a um ‘eles’…
Sim. Toda política tem a ver com a formação de “nós”. Nao se pode formar um “nós” sem um “eles”. Qualquer identidade coletiva implica dois: os católicos não se definiriam sem os muçulmanos; as mulheres sem os homens. A ideia de que se poderia chegar a um nós inclusivo completamente é impensável teóricamente.
Desse ponto de vista, qual é o “outro” do governo kirchnerista nesta instância de final do seu mandato?
Não é o outro, são os outros: uma série de interesses que se opõe à democratização do país.
Por exemplo?
O grupo Clarín e todos os que tratam de monopolizar os meios de comunicação. O governo, um governo progressista tenta dar pluralidade de informação. Vejo claramente onde está o outro. Os grupos econômicos tratam de monopolizar o poder o mais que podem e o governo de impedi-lo. Essas forças que tentam manter seus privilégios e controle, e representam também os setores do campo; o outro vai mudando segundo as circunstâncias. Quando se trata de democratizar uma sociedade, torná-la mais plural e igualitária, enfrentar-se-ão grupos de poder.
Ernesto Laclau afirmou em uma recente entrevista a este jornal que o modelo argentino é superior às sociais-democracias do Uruguai e Chile (governo de Bachelet). Concorda?
Os modelos do Uruguai e do Chile são mais próximos à social-democracia europeia. Ao contrário, na Argentina a tradição peronista é muito importante o que a torna mais específica. Há na América do Sul uma série de governos progressistas de diversas índoles – Hugo Chávez na Venezuela, Evo Morales na Bolívia, Rafael Correa no Equador e os Kirchner na Argentina – que foram para além da ruptura com o neoliberalismo que Tabaré Vázquez e Michelle Bachelet. Na reunião de Mar del Plata tanto no Uruguai como no Chile votaram a favor do projeto de Bush e da ALCA. Tabaré depois tentou estabelecer relações bilaterais, ‘namorou’ com um tratado de livre comércio com os Estados Unidos. Tampouco, se pode dizer que são reacionários, são menos progressistas.
Na região está se dando uma disputa entre os governos de esquerda e uma direita com discurso republicano que está sendo apoiada pelos meios de comunicação. Como vê isso?
Em todos esses países que mencionei aconteceu um processo de democratização. Venezuela é muito mais democrática com Chávez do quando era governada pelo Copei ou Ação Democrática, nem é preciso falar da Bolívia. As condições dependem do grau de institucionalização da sociedade civil. Na Venezuela tem-se uma situação muito mais polarizada e a sociedade civil é muito mais débil comparada com a Argentina. Porque há oposições a esses governos?, é a mesma oligarquia que reage contra os processos de democratização. Na Venezuela, um caso paradigmático, os poderes nunca aceitaram a legitimidade de Chávez, ainda que esse tenha ganhado todas as eleições em que participou. Tratam Chávez como um inimigo, com tentativas de golpes de Estado. No caso da Argentina, o projeto hegemônico deve procurar ganhar o apoio da maior parte dos setores para avançar no processo de democratização. Quando em um país há uma classe média bastante desenvolvida, setores dessa classe média podem ser conquistados.
Na concepção teórica de Schmitt, o soberano pode decidir por um estado de exceção. Às vezes o soberano pode ser o povo. Isto é aplicável à crise de 2001 na Argentina e a queda de Sánchez de Lozada na Bolivia?
Schmitt pensa sobre o papel do direito e que para além do direito está a política, sempre há situações excepcionais que podem não seguir as leis. É uma discussão que tem a ver com o constitucionalista Hans Kessel se a lei é inquestionável. Schmitt dizia que não, que mesmo na democracia há situações de exceção, há alguém que decide e é o soberano. Todo o pensamento liberal trata de eliminar a soberania, o papel do soberano. O mesmo Schmitt dizia: há conflito. O político tem a ver com o conflito.
Você tem uma visão positiva do populismo?
Depende se é populismo de esquerda ou de direita. O populismo não é uma palavra ruim, porque acredito que na política democrática há uma construção de um povo. A esse elemento chamo populismo, a descrição de um povo. O que Gramsci chamaria de uma vontade coletiva, o nacional-popular. Esse povo pode construir-se de modos diferentes. Exemplo, na Europa os movimentos populistas que estão ganhando terreno são de direita porque constroem o povo mediante um antagonismo com os imigrantes, é o caso de Le Pen na França. A xenofobia é uma característica do populismo de direita. Ao contrário, a construção nossa é em confrontação com os grupos econômicos, o populismo de esquerda.
Como por exemplo?
O de Chávez, definitivamente. O povo venezuelano se define contra os opressores, os poderosos.
Do seu ponto de vista, as sociais-democracias europeias fracassaram e tem muito que aprender da América Latina…
A situação dos partidos chamados de centro-esquerda é preocupante. Ao denominarem-se “centro” esquerda se distanciaram do progressismo. Por exemplo, a Terceira Via de Blair aceitou a hegemonía neoliberal. Na Europa entre a centro-direita e a centro-esquerda não há grandes diferenças. A consequência disso é que as pessoas votam cada vez menos. E cria um terreno fértil para que os partidos de direita populista se posicionem, dêem a impressão de que são uma alternativa de mudança. A crise financeira de 2008 poderia ser uma oportunidade para que uma verdadeira esquerda democrática apresentasse uma alternativa ao modelo neoliberal. Não foi o caso. Todos esses partidos de centro-esquerda aceitaram a ordem neoliberal e contribuiram em alguns casos para essa ordem, como o fez o novo trabalhismo britânico. Não se pode ser ao mesmo tempo o responsável pela crise e sua ‘salvadora’. Isto reforçou os partidos conservadores. O único país da Europa em que se tem uma esquerda ainda fortalecida é na Alemanha. O partido "A Esquerda" quer realizar uma transformação das instituições. A crise foi uma oportunidade perdida, de todos os modos, a confiança no neoliberalismo se perdeu e mesmo os partidos de centro-esquerda se conscientizaram da necessidade de se apresentarem como uma alternativa. Tenho um otimismo moderado. As experiências latino-americanas são importantes para nós, mostram que se pode sair do neoliberalismo.
Sobre mentes e corações
Cristãos estadunidenses vão queimar exemplares do Alcorão.
Não, eles não são fundamentalistas e nem terroristas.
São cidadãos comuns que aprenderam, graças à mídia e à industria de entretenimento, que os muçulmanos sãos maus.
O que mais uma vez confirma o que já foi disto neste blog.
Os Estados Unidos são a pior ditadura que já surgiu sobre a face da terra.
E por que pouca gente se dá conta disso?
Simples.
Eles dominam globalmente a mídia e a indústria de entretenimento, cuja função básica tem sido destruir mentes e conquistar corações.
Eles determinam todos os nossos movimentos, gostos e sonhos.
Determinam o que vamos comer, o que devemos sonhar e como devemos amar.
Transformaram a diversidade em unidade - à sua imagem e semelhança.
Fora desse contexto, somos todos alienígenas.
Por isso, não se deve entender que a queima de um livro sagrado para um bilhão e 500 milhões de fieis esteja fora do contexto.
Que seja um ato isolado de alguns poucos.
Nada disso, queimar livros sagrados, que não os seus, para eles é um ato corriqueiro e exemplo a ser seguido.
É o
preço que se paga quando se permite o domínio de uma ideologia que tenta
sobreviver a qualquer custo, mesmo a custa da destruição da diversidade
e do planeta.
Como disse Kant:"Minha
dúvida é sobre o que podemos esperar conseguir com a razão, quando
retirados todos os elementos e toda a assistência da experiência".
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Stédile: Não é mais sem terra vs. latifundiário; é a sociedade contra a devastação do agronegócio
por Luiz Carlos Azenha no Viomundo
O velho paradigma, do sem terra com a foice na mão enfrentando o
capanga do latifundiário, já era. Essa ideia — assustadora para a classe
média, romântica para uma certa esquerda e mortal para os descamisados —
será superada por um crescente enfrentamento entre a sociedade civil e o
modelo do agronegócio, de acordo com o coordenador nacional do
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile.
Por causa da correria dos últimos dias, ainda não pude escrever sobre
a hora e meia de entrevista que fiz, ao lado de Conceição Lemes, com o
Stédile. Farei isso aos poucos.
Para ele, o novo paradigma surge da consciência crescente da
população em relação aos danos ambientais causados pela monocultura
mecanizada de vastas extensões de terra, que envenena a água, o solo e o
ar, expulsa o homem do campo para as cidades, ameaça a biodiversidade e
é responsável por fazer do Brasil o maior consumidor de venenos
agrícolas do mundo.
Durante a entrevista, Stédile deu um exemplo: em 2006, quando as
mulheres da Via Campesina invadiram o horto florestal da Aracruz
Celulose, no Rio Grande do Sul, destruindo mudas de eucaliptos, pouco se
sabia no Brasil sobre o “deserto verde”, que resulta do plantio de
vastas extensões de eucalipto para a produção de celulose. Hoje, diz
Stédile, a própria Votorantim tem se mostrado flexível a discutir as
propostas do MST, que quer limitar em 20% a área de eucaliptos plantada
em um município.
Isso se deve, segundo Stédile, à própria reação de quem mora perto
dos “desertos verdes”: o eucalipto suga a água do solo, não permite que
vegetação se desenvolva entre as árvores — causando, entre outras
coisas, o sumiço das abelhas — e empobrece o solo.
Agora, no entanto, o MST não vai agir apenas no campo da política. O
movimento pretende demonstrar na prática a viabilidade econômica da
agricultura orgânica e está se preparando para produzir suco de uva
natural (sem produtos químicos no plantio e cuidado das uvas e sem
conservantes no produto final) e arroz orgânico para a merenda escolar.
Stédile imagina que os pais de alunos, os maiores interessados na saúde
dos próprios filhos, são aliados em potencial na luta contra a
agricultura devastadora patrocinada pelas grandes corporações.
Assim serão, também — imagina Stédile — os médicos, pesquisadores e
cientistas, quando ficarem mais claras as consequências do uso de
sementes geneticamente modificadas para a biodiversidade brasileira e
dos venenos associados a elas para a saúde pública.
Para quem quiser ter uma visão completa do que sugere Stédile, recomendo que ouçam a íntegra da entrevista, aqui. Garanto que vale a pena.
Eleição presidencial no Brasil provoca "febre Dilma" na Bulgária
A Bulgária vive uma "febre Dilma". Jornais, revistas e televisões acompanham o dia a dia da campanha no Brasil — e muitos jornalistas já estão de malas prontas para cobrir in loco a possível eleição de uma "búlgara para presidir a sétima maior economia do mundo". Se o Quênia festejou a vitória de Barack Obama, que tem pai queniano, a Bulgária quer festejar a de Dilma, que tem pai búlgaro.
"Somos um país muito pequeno, e a
possibilidade de alguém que teve um pai búlgaro ocupar um cargo tão
importante nos deixa emocionados", afirma Jorge Nalbantov, apresentador
da TV7, que viajará ao Brasil para fazer a cobertura da eleição
presidencial. A Bulgária tem cerca de 7,5 milhões de habitantes —
população que vem caindo devido à migração e à baixa taxa de natalidade
(1,4 filho por mulher, em média). Há dez anos, eram 8,1 milhões de
habitantes.
Dilma é descrita pelos meios de comunicação como "dama de ferro", "Margaret Thatcher brasileira" e "toda-poderosa do governo Lula". Algumas vezes foi chamada erroneamente de "primeira-ministra do Brasil".
Certas reportagens citam, equivocadamente, sua participação em grupos da luta armada e no roubo, em julho de 1969, do "cofre do Adhemar", que teria pertencido ao ex-governador de São Paulo e que era guardado no Rio. Apesar de ter militado na VAR-Palmares — que organizou a operação —, Dilma não participou nem desta nem de nenhuma ação armada durante o regime militar (1964-1985).
Na última quinta-feira, um dos principais jornais de Sófia, o Trud (algo como o trabalhador), dedicou duas páginas inteiras à ex-ministra e suas raízes búlgaras. No sábado, o mesmo jornal trouxe mais uma grande reportagem com o título: "Dilma Rousseff: Quero Mandar Abraços para a Bulgária". Era baseada numa resposta dada pela candidata após entrevista no SBT. Segundo o Trud, Dilma disse que ir à Bulgária é uma de suas prioridades e que desejava mandar uma abraço a todos os búlgaros.
Alguns jornais e programas de televisão dizem que ela é búlgara, apesar de a candidata nunca ter ido ao país e de não falar búlgaro. Já foram publicados títulos como: "Uma búlgara pode ser presidente do Brasil". De nada adianta os esforços do embaixador do Brasil em Sófia, Paulo Américo Wolowski. “Tento explicar para os jornalistas que ela não é búlgara, assim como não sou polonês", afirma ele, que viu explodir o interesse da mídia local pelo Brasil.
Em busca de heróis
Para Rumen Stoyanov, professor de literatura da Universidade de Sófia, a Bulgária sente falta de figuras ilustres. "Precisamos de heróis. Somos um povo pequeno, que está diminuindo porque o búlgaro não quer ter filho. Por isso, é importante que ressaltemos o exemplo de alguém com sangue búlgaro com destaque fora do país", afirma Stoyanov.
Dilma não é a primeira "semi-búlgara" a ser festejada na Bulgária. Entre os heróis nacionais está John Vincent Atanasoff, considerado o inventor do computador digital. Ele nasceu e viveu a vida toda nos Estados Unidos. Mas tinha, claro, um pai búlgaro.
Dilma é descrita pelos meios de comunicação como "dama de ferro", "Margaret Thatcher brasileira" e "toda-poderosa do governo Lula". Algumas vezes foi chamada erroneamente de "primeira-ministra do Brasil".
Certas reportagens citam, equivocadamente, sua participação em grupos da luta armada e no roubo, em julho de 1969, do "cofre do Adhemar", que teria pertencido ao ex-governador de São Paulo e que era guardado no Rio. Apesar de ter militado na VAR-Palmares — que organizou a operação —, Dilma não participou nem desta nem de nenhuma ação armada durante o regime militar (1964-1985).
Na última quinta-feira, um dos principais jornais de Sófia, o Trud (algo como o trabalhador), dedicou duas páginas inteiras à ex-ministra e suas raízes búlgaras. No sábado, o mesmo jornal trouxe mais uma grande reportagem com o título: "Dilma Rousseff: Quero Mandar Abraços para a Bulgária". Era baseada numa resposta dada pela candidata após entrevista no SBT. Segundo o Trud, Dilma disse que ir à Bulgária é uma de suas prioridades e que desejava mandar uma abraço a todos os búlgaros.
Alguns jornais e programas de televisão dizem que ela é búlgara, apesar de a candidata nunca ter ido ao país e de não falar búlgaro. Já foram publicados títulos como: "Uma búlgara pode ser presidente do Brasil". De nada adianta os esforços do embaixador do Brasil em Sófia, Paulo Américo Wolowski. “Tento explicar para os jornalistas que ela não é búlgara, assim como não sou polonês", afirma ele, que viu explodir o interesse da mídia local pelo Brasil.
Em busca de heróis
Para Rumen Stoyanov, professor de literatura da Universidade de Sófia, a Bulgária sente falta de figuras ilustres. "Precisamos de heróis. Somos um povo pequeno, que está diminuindo porque o búlgaro não quer ter filho. Por isso, é importante que ressaltemos o exemplo de alguém com sangue búlgaro com destaque fora do país", afirma Stoyanov.
Dilma não é a primeira "semi-búlgara" a ser festejada na Bulgária. Entre os heróis nacionais está John Vincent Atanasoff, considerado o inventor do computador digital. Ele nasceu e viveu a vida toda nos Estados Unidos. Mas tinha, claro, um pai búlgaro.
Fonte: www.vermelho.org.br
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Direitos democráticos. E seletivos?
A
mídia está “indignada” com a quebra do sigilo fiscal de alguns altos
tucanos. Um crime – não é possível usar meias palavras para o que é este
acesso ilegal – que, até agora, carece de autoria mas, sobretudo, de
motivação. Precisa, também, de uma mudança de nome porque o que existe,
até agora, é o acesso ilegal, mas não o vazamento de informações
sigilosas porque, exceto no caso de Eduardo Jorge, que tem tido a visita
frequente a estes dados por ordem – e parece que também sem ordem –
judicial, nada vazou. O caro leitor viu ou ouviu algo sobre o que
conteriam as tais declarações violadas? Não? E espero que nenhum de nós
venha a ouvir nada sobre elas, senão em razão de investigações fiscais
ou judiciais, que é a única maneira legal e correta de que venham a
público tais informações.
Embora, como eu tenha deixado claro, não tenha a menor condescendência com quem agiu assim – e quem teve a vida familiar devassada como os Brizola fala isso de cadeira – é estranho que nossa imprensa não demonstre nada parecido com a santa ira de que está possuída agora, quando se trata de outros atentados à democracia.
Não me recordo de um editorial dizendo que os níveis de pobreza do Brasil eram um atentado à democracia. Ou de que é uma vergonha um país imenso como o nosso tenha tanta gente sem um pé-de-chão. Ou que o lucro dos bancos brasileiros é obsceno e transfere para quem não produz e não apóia a produção boa parte da renda do trabalho, das pensões e aposentadoria e das empresas que produzem e empregam.
Não me lembro de nada disso; estarei desmemoriado? Mesmo as matérias sobre as deficiências na saúde e na educação eu só as vejo quando os governantes estaduais ou municipais não são da predileção da grande mídia.
O estado democrático de direito, que inclui, pela nossa Constituição, os sigilos bancário, fiscal e telefônico é, também, condicionado ao “dono” . O sigilo fiscal de Guilherme Estrella, diretor de Exploração da Petrobras foi violado em plena tribuna do Senado e não houve um artigozinho condenando.
E o estado democrático de Direito, para a nossa mídia, não inclui os direitos sociais do povão. Qualquer melhoria para ele é “demagogia”, “populismo”, “clientelismo”. Governante que os promove, mesmo sem tirar nada de quem tem, é “messiânico”, “personalista”, “ignorante”.
As próprias garantias do pleito democrático são abertamente manipuladas. Serra tenta impugnar a candidatura Dilma com argumentos pífios, que não podem ser considerados sequer numa conversa de botequim e o máximo que se ouve é que isso é um erro. Um ex-presidente como FHC escreve e assina nos jornais, hoje, um artigozinho em que pede o mesmo – “chama a atenção que nenhum procurador da República, nem mesmo candidatos ou partidos, haja pedido o cancelamento das candidaturas beneficiadas (pelo prestígio de Lula), senão para obtê-lo, ao menos para refrear o abuso” – e não se considera isso uma ameaça à democracia.
Vejam bem: acham absurdo um presidente pedir votos e não acham um absurdo um ex-presidente, que tem candidato – pedir a cassação do registro da candidata favorita, que tem 50% ou mais da intenção de voto popular.
Nos custou muito atingir a democracia e, mesmo demorados, ela nos deu os frutos que colhemos agora. Nossa democracia, a depender de nossa imprensa, é assim: todos os direitos para poucos- “os nossos” – nenhum direito para muitos, “essa ralé”.
A democracia brasileira, para não ser uma fantasia, depende da democracia da informação. Com esta mídia, teremos nela, sempre, um inimigo da democracia real. Porque ela é parte de uma elite que despreza o povo brasileiro. E, quando o povo é desprezado, que democracia pode haver?
Embora, como eu tenha deixado claro, não tenha a menor condescendência com quem agiu assim – e quem teve a vida familiar devassada como os Brizola fala isso de cadeira – é estranho que nossa imprensa não demonstre nada parecido com a santa ira de que está possuída agora, quando se trata de outros atentados à democracia.
Não me recordo de um editorial dizendo que os níveis de pobreza do Brasil eram um atentado à democracia. Ou de que é uma vergonha um país imenso como o nosso tenha tanta gente sem um pé-de-chão. Ou que o lucro dos bancos brasileiros é obsceno e transfere para quem não produz e não apóia a produção boa parte da renda do trabalho, das pensões e aposentadoria e das empresas que produzem e empregam.
Não me lembro de nada disso; estarei desmemoriado? Mesmo as matérias sobre as deficiências na saúde e na educação eu só as vejo quando os governantes estaduais ou municipais não são da predileção da grande mídia.
O estado democrático de direito, que inclui, pela nossa Constituição, os sigilos bancário, fiscal e telefônico é, também, condicionado ao “dono” . O sigilo fiscal de Guilherme Estrella, diretor de Exploração da Petrobras foi violado em plena tribuna do Senado e não houve um artigozinho condenando.
E o estado democrático de Direito, para a nossa mídia, não inclui os direitos sociais do povão. Qualquer melhoria para ele é “demagogia”, “populismo”, “clientelismo”. Governante que os promove, mesmo sem tirar nada de quem tem, é “messiânico”, “personalista”, “ignorante”.
As próprias garantias do pleito democrático são abertamente manipuladas. Serra tenta impugnar a candidatura Dilma com argumentos pífios, que não podem ser considerados sequer numa conversa de botequim e o máximo que se ouve é que isso é um erro. Um ex-presidente como FHC escreve e assina nos jornais, hoje, um artigozinho em que pede o mesmo – “chama a atenção que nenhum procurador da República, nem mesmo candidatos ou partidos, haja pedido o cancelamento das candidaturas beneficiadas (pelo prestígio de Lula), senão para obtê-lo, ao menos para refrear o abuso” – e não se considera isso uma ameaça à democracia.
Vejam bem: acham absurdo um presidente pedir votos e não acham um absurdo um ex-presidente, que tem candidato – pedir a cassação do registro da candidata favorita, que tem 50% ou mais da intenção de voto popular.
Nos custou muito atingir a democracia e, mesmo demorados, ela nos deu os frutos que colhemos agora. Nossa democracia, a depender de nossa imprensa, é assim: todos os direitos para poucos- “os nossos” – nenhum direito para muitos, “essa ralé”.
A democracia brasileira, para não ser uma fantasia, depende da democracia da informação. Com esta mídia, teremos nela, sempre, um inimigo da democracia real. Porque ela é parte de uma elite que despreza o povo brasileiro. E, quando o povo é desprezado, que democracia pode haver?
O pulso do tempo
Luís Carapinha*
«A
ascensão contemporânea da China, indissociável do caminho iniciado com a
revolução de 1949 e a fundação da República Popular (…) transformou-se
numa fixação obsessiva para as grandes potências capitalistas e acima de
tudo os EUA que a encaram como uma ameaça maior económica e, a prazo,
militar.»
A
elevação da China à condição de grande potência económica não é coisa
de somenos. Depois de, em 2007, ter ultrapassado a Alemanha, os dados
trimestrais do PIB divulgados em Agosto mostram que a China já é a
segunda maior economia do globo, atrás dos EUA. Posição que, tudo
indica, conservará no final de 2010, relegando para o degrau inferior o
Japão que, desde o desaparecimento da URSS, era a segunda economia
mundial.
O país mais populoso do planeta é já o maior exportador mundial e
detentor das maiores reservas cambiais. A China, que não faz parte do
clube selecto capitalista do G7 (G8 com a Rússia atrelada), ostenta
também o maior volume de investimento interno do mundo (mais do dobro do
Japão em 2009).
Números, porém, que não fazem perder a noção da realidade à direcção chinesa. Em termos relativos, o PIB per capita chinês ocupa globalmente uma posição modesta (embora aumente consideravelmente se considerada a paridade de poder de compra).
De Pequim, a China continua a ser vista como um país em
desenvolvimento, que se encontra ainda na fase primária da construção
socialista. O crescimento económico e das forças produtivas permanece a
prioridade central, ao mesmo tempo que as cavadas desigualdades e os
desequilíbrios que acompanharam as taxas de crescimento sem precedentes
registadas nas últimas três décadas, passaram a ser uma preocupação de
primeira ordem do PCCh e do Estado chinês.
Se é verdade que as contradições e enormes desafios enfrentados pelo
processo do «socialismo com características chinesas» não podem ser
subestimados, muito menos pode ser ignorado o significado do impetuoso
desenvolvimento económico, tecnológico e social do antigo império do
meio para os povos do mundo e as forças da paz e progresso social.
A ascensão contemporânea da China, indissociável do caminho iniciado
com a revolução de 1949 e a fundação da República Popular – deixando
para trás um século de guerras do ópio e subjugação semi-colonial ao
imperialismo –, transformou-se numa fixação obsessiva para as grandes
potências capitalistas e acima de tudo os EUA que a encaram como uma
ameaça maior económica e, a prazo, militar. A urgência de intimidação da
China levou a que a escalada provocadora movida desde Washington
atingisse neste Verão níveis inauditos com a realização de manobras
militares em série e a presença de um inusitado potencial bélico de
última geração dos EUA nos mares que confinam com as águas territoriais
chinesas.
A Coreia do Sul e o Japão aliaram-se à provocação deliberada. A
pretexto do estranho afundamento do vaso de guerra sul-coreano Cheonan –
em que a RPDC já negou responsabilidades – e coincidindo com os 60 anos
do início da guerra da Coreia, Washington foi ao ponto de acordar com
Seul a realização mensal de manobras até ao final do ano (R. Rozoff,
Global Research, 18.08.10). Manobras militares dos EUA que se estendem
ao Mar do Sul da China: é evidente que o imperialismo está a procurar
envolver militarmente os países do sudeste asiático na estratégia de
contenção da China, servindo-se com astúcia do intricado contexto
regional de disputas territoriais e de contradições no plano económico
que não poderão ser sanadas sem uma exigente postura de diálogo e
princípios políticos.
A demonstração de força dos EUA, visando também condicionar a
atitude da China em outros focos de tensão no mapa-múndi exacerbados
pela política da canhoeira do imperialismo, segue-se ao anúncio da venda
de um novo lote de armas a Taiwan e a crescentes pressões comerciais,
económicas e políticas que têm como destinatário o governo de Pequim.
Com os últimos dados da economia dos EUA a confirmar o cenário de
estagnação da mais grave crise capitalista desde 1945, a arrogância da
Casa Branca em relação ao maior credor dos EUA é um mau augúrio para a
paz e segurança internacionais.
Mas abusar da milenar paciência chinesa é um risco elevado. E o tempo não joga a favor da estratégia hegemónica do imperialismo…
* Analista de política internacional
Este texto foi publicado no Avante nº 1.918 de 2 de Setembro de 2010.
domingo, 5 de setembro de 2010
Grito dos Excluídos e Plebiscito Popular marcam Semana da Pátria
"Onde estão nossos direitos? Vamos às ruas para construir um projeto popular". É com esse lema - acompanhado do mote permanente "Vida em primeiro lugar" - que o Grito dos Excluídos chega, neste ano, a sua 16ª edição. Realizada durante o período da Semana da Pátria desde 1995, a manifestação popular tem o objetivo de promover a reflexão sobre a exclusão social no país. Neste ano, o Grito dos Excluídos acontece junto com o Plebiscito Popular Pelo Limite da Propriedade de Terra.
www.vermelho.org.br
De acordo com Ari Alberti, membro da coordenação nacional do Grito, o lema deste ano busca incentivar a população a lutar pelos direitos que não são respeitados. "O lema quer chamar atenção para a questão dos direitos sociais colocados na Constituição, mas que não acontecem. Precisamos ir à luta, nos organizar [para garantir o cumprimento desses direitos]", afirma.
Direito à moradia digna e acesso à saúde e educação de qualidade são apenas algumas demandas que estarão em pauta durante as atividades do Grito. Alberti ressalta que, apesar de ser um evento nacional, cada local têm suas particularidades. Assim, as atividades, os dias em que acontecem e as demandas podem variar. "O lema serve para garantir uma unidade, mas a intenção é que cada um leve a tona seu grito local para, juntos, produzir um grito com eco nacional", comenta.
Para ele, o importante é mostrar para a sociedade que o país cresce, mas não se desenvolve se não é capaz de reduzir as desigualdades. "Dignidade não é ser só consumidor, para ter dignidade, precisa ser cidadão com direitos e acesso à justiça", esclarece, acrescentando que a mudança só é conseguida "de baixo para cima".
O integrante da coordenação nacional do Grito acredita que, após 15 edições, a mobilização conseguiu ser referência para a população de uma atividade realizada no mês de setembro. "O Grito está no imaginário das pessoas. Elas já sabem que vai ter manifestação", afirma. Alberti alegra-se com esse fato, visto que o Grito não faz parte das atividades oficiais do dia 7 de setembro, como os desfiles de armas e cavalarias. "Mesmo os incrédulos [os que não acreditam no Grito] sabem que, na Semana da Pátria, tem eventos oficiais e manifestações", lembra.
Essa, na opinião dele, é uma das vitórias que o Grito já conseguiu ao longo dos anos. Para ele, a manifestação, além de chamar atenção para as pessoas excluídas, ainda promove a reflexão sobre a Independência do País. De acordo com Alberti, várias pesquisas e debates em escolas, ao discutirem o Grito dos Excluídos, "mudam a forma de ver a Semana da Pátria" e o significado da independência do Brasil.
Plebiscito
Outra contribuição dada pelo Grito dos Excluídos é a realização em conjunto com Plebiscitos Populares. Neste ano, acontece o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra. A consulta ocorre até a próxima terça-feira (7) em todos os estados do país. Antes desse, foram realizados - também durante a Semana da Pátria - plebiscitos populares: sobre Dívida Externa (em 2000); a respeito da Área de Livre Comércio das Américas - Alca (2002); e pela anulação do leilão de privatização da Vale (2007).
"A sociedade não se sente mais representada nessa democracia. Ela deve ser participativa e direta", destaca Alberti, quem acredita que a população deveria ser consultada em diversos projetos, como no da Transposição do Rio São Francisco e no da construção da Usina de Belo Monte. "Os movimentos dizem às autoridades que a gente quer participar disso", afirma.
Fonte: Adital
De acordo com Ari Alberti, membro da coordenação nacional do Grito, o lema deste ano busca incentivar a população a lutar pelos direitos que não são respeitados. "O lema quer chamar atenção para a questão dos direitos sociais colocados na Constituição, mas que não acontecem. Precisamos ir à luta, nos organizar [para garantir o cumprimento desses direitos]", afirma.
Direito à moradia digna e acesso à saúde e educação de qualidade são apenas algumas demandas que estarão em pauta durante as atividades do Grito. Alberti ressalta que, apesar de ser um evento nacional, cada local têm suas particularidades. Assim, as atividades, os dias em que acontecem e as demandas podem variar. "O lema serve para garantir uma unidade, mas a intenção é que cada um leve a tona seu grito local para, juntos, produzir um grito com eco nacional", comenta.
Para ele, o importante é mostrar para a sociedade que o país cresce, mas não se desenvolve se não é capaz de reduzir as desigualdades. "Dignidade não é ser só consumidor, para ter dignidade, precisa ser cidadão com direitos e acesso à justiça", esclarece, acrescentando que a mudança só é conseguida "de baixo para cima".
O integrante da coordenação nacional do Grito acredita que, após 15 edições, a mobilização conseguiu ser referência para a população de uma atividade realizada no mês de setembro. "O Grito está no imaginário das pessoas. Elas já sabem que vai ter manifestação", afirma. Alberti alegra-se com esse fato, visto que o Grito não faz parte das atividades oficiais do dia 7 de setembro, como os desfiles de armas e cavalarias. "Mesmo os incrédulos [os que não acreditam no Grito] sabem que, na Semana da Pátria, tem eventos oficiais e manifestações", lembra.
Essa, na opinião dele, é uma das vitórias que o Grito já conseguiu ao longo dos anos. Para ele, a manifestação, além de chamar atenção para as pessoas excluídas, ainda promove a reflexão sobre a Independência do País. De acordo com Alberti, várias pesquisas e debates em escolas, ao discutirem o Grito dos Excluídos, "mudam a forma de ver a Semana da Pátria" e o significado da independência do Brasil.
Plebiscito
Outra contribuição dada pelo Grito dos Excluídos é a realização em conjunto com Plebiscitos Populares. Neste ano, acontece o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra. A consulta ocorre até a próxima terça-feira (7) em todos os estados do país. Antes desse, foram realizados - também durante a Semana da Pátria - plebiscitos populares: sobre Dívida Externa (em 2000); a respeito da Área de Livre Comércio das Américas - Alca (2002); e pela anulação do leilão de privatização da Vale (2007).
"A sociedade não se sente mais representada nessa democracia. Ela deve ser participativa e direta", destaca Alberti, quem acredita que a população deveria ser consultada em diversos projetos, como no da Transposição do Rio São Francisco e no da construção da Usina de Belo Monte. "Os movimentos dizem às autoridades que a gente quer participar disso", afirma.
Fonte: Adital
Do 'Pasquim' aos Blogs
Laerte Braga
O 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas
realizado na cidade de São Paulo nos dias 21 e 22 de agosto mostrou
uma realidade que, se já era visível, não tinha ainda contornos ou
caminhos possíveis para uma revolução nas comunicações, sem perda das
características básicas da rede mundial de computadores. Ou do
princípio fundamental da Internet.
A liberdade concreta de um modelo alternativo de comunicação, capaz de nos livrar da ditadura da mídia privada. Os mais recentes levantamentos sobre o papel e a força da Internet mostram que jornais e revistas já foram superados pela rede.
O aspecto mais importante talvez tenha sido o do trazer ao mundo real o mundo virtual e mostrá-lo vivo, pujante e visível, em carne e osso. A conseqüência será a medida da percepção de cada um dos participantes, de todos os internautas de um modo geral, do poder que existe, no curso desse processo, de conduzi-lo a caminhos de liberdade ampla e irrestrita, uma espécie de grito do ser humano que se recusa a ser coisa, objeto.
Não há censura, ou como foi dito por um dos participantes, "fugimos da censura da mídia privada". A notícia escondida, o fato ocultado, os interesses de grupos prevalecendo sobre aquilo que fato acontece.
Há alguns anos atrás um cientista de uma universidade norte-americana anunciou que em breve seria possível captar do espaço todas as palavras ditas pelo ser humano desde o primeiro. Isso tornaria possível ouvir Nero, por exemplo, no momento de sua morte, dizer "que grande homem perde Roma". Ou Bertold Brecht afirmar que aquele que luta "por toda a vida é indispensável"... O ugh ugh do primeiro de todos, o Brucutu.
A dificuldade, segundo o cientista, seria separar as vozes em canais próprios a cada uma delas, do contrário teríamos apenas uma zoeirada sem tamanho.
A internet e o papel dos blogs separam as vozes e mais isso, proclamam as diversas vozes que muitas vezes são caladas pela opressão, qualquer que seja a sua forma.
Há perigos, evidente, a rede é controlada por quem vive a "embriaguez do arsenal militar", pode pará-la a qualquer momento - pelo menos em tese -, já existem tentativas de mecanismos legais de censura (projeto apresentado através do senador Eduardo Azeredo ao Legislativo brasileiro e com similar, a fonte é uma só, em todo o mundo cristão e ocidental), ou de intimidação, como meios mais sofisticados para identificar revolucionários nesse sentido, nesse campo, enfim.
O jornal O PASQUIM cumpriu um papel decisivo na luta contra a ditadura militar. Transformou sisudos generais e seus apetrechos de barbárie em ridículo sem tamanho forçando-os a uma retirada que se não é total (os torturadores continuam livres, impunes), avança e será assim com certeza num determinado ponto, nem que seja onde as paralelas se interceptam no infinito.
O 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas trouxe um elemento novo a essa perspectiva de um mundo alternativo, diferente dessa dialética entre barbárie civilizada na forma de hambúrguer e barbárie em si, nas bombas despejadas sobre países como o Afeganistão.
O da construção coletiva, diversa na multiplicidade de idéias, de caminhos, mas convergente na necessidade de trilhas e estradas comuns.
E uma ética que nada tem a ver com a frieza do caiu um avião e morreram duzentas e tantas pessoas, ou de um dossiê fajuto.
É uma combustão que explode em liberdade. Só isso.
Desde o conjunto regional do jornalista Luís Nassif às discussões e experiências de uma nova linguagem. Não tem freios, nem peias, mas tem sentido e está decodificada em cada manifestação viva de humanidade.
É como uma proclamação "sou um ser humano, tenho pernas, braços, tenho liberdade para pensar, para caminhar e caminhos para me irmanar fora de todo o ozônio que sufoca cada espírito de vida", por redundância que espírito de vida pareça.
É o contraponto ao caos, embora possa à primeira vista parecer o contrário. Vai na direção oposta do pessimismo de Huxley, ou do cientificismo histórico de Toynbee.
No caso específico do Brasil é um grito insurgente contra a ditadura da mídia privada. GLOBO, o exemplo maior. A fonte mais forte de toda a barbárie nas suas mais diversas formas e manifestações. Inclusive sabão que lava mais branco, tira manchas infalível e odor da natureza a cada trinta minutos para você flutuar.
Ou VEJA e seu cinismo de mentiras digeríveis pela classe média. FOLHA DE SÃO PAULO saudosa da "ditabranda". Nem falo do ESTADÃO, lá ainda não chegaram à abolição, ainda reina soberano e com pompa o imperador Pedro II.
Mas falo da RBS e do estupro escondido, ocultado porque praticado por filhos de senhores de gente e da mídia. Presumidamente senhores.
É óbvio que o poder, entendido como camarilha no bunker do institucional, tente de todas as formas silenciar esse canal. Há jornalistas como Paulo Henrique Amorim, Celso Lungaretti que estão teoricamente sufocados por processos vários de bandidos diversos (Daniel Dantas, Gilmar Mendes, Boris Casoy, etc). São incapazes, os bandidos, de perceber que na verdade essa expressão, ou esse tempo de verbo, sufocado, no duro mesmo significa liberto da penosa tarefa de engolir sapos. Diferente de William Bonner, que, naturalmente, desenvolveu um aparelho digestivo capaz de trogloditar qualquer falta de ranhura nas pistas de um aeroporto em nome da companhia relapsa e criminosa na manutenção, no clássico "a culpa é do piloto".
Blogs e a Internet no seu todo rompem essa cadeia de "quem quer um bom dia?" Depende do que seja o bom dia, isso atormenta a essa gente.
E há anônimos blogueiros, que como cometas a uma velocidade imperceptível ao olho humano, mas que sensibiliza e desperta humanos, despejam o lixo que os tais donos escondem debaixo do tapete.
Tudo tem seu lugar, seu tempo, há dimensões várias ao longo da História. O encontro serviu para mostrar que além disso o caminho é o do compromisso básico e fundamental com o caos organizado, mas sempre caos, e caloroso da liberdade e da vida em seu sentido e em sua essência. Em sua razão de ser.
E não importa que seja um jornalista consagrado como Luís Carlos Azenha, ou um engenheiro fotógrafo por amor à imagem, Castor, mas o blog que exibe as contradições de uma sociedade organizada em torno de fachadas.
A tarefa é colocá-las, as fachadas, abaixo. A ética e só a da verdade contida em cada luta pela preservação da espécie em cada um dos caminhos importantes à espécie. Vale dizer não passa por gente como Fernando Henrique e sua presunção de semi deus. Ou José Arruda Serra em sua arrogância de anjo guardião do inferno capitalista.
Passa por cada um no caos livre de todos somados na alternativa possível.
Não há donos do estoque de ar. Nem estoques de ar. Existe apenas o ar.
O encontro foi um primeiro passo. Dali é possível perceber a realidade imediata de cada um, a cidade, a comuna, inserida no todo. E juntar cada Brancaleone na utopia possível, porque começa a ser real. A se mostrar factível. Mesmo porque quem procurou utopia até hoje procurou perfeição, não se ateve à necessidade das imperfeições.
De algumas pelo menos para não ser tão radical. E muitas são indispensáveis para não dizer ótimas.
De tudo o que se falou, o que se ouviu, até o que se pensou em silêncio meditabundo como diria Stanislaw, nada precisa ser peneirado porque ao fim restou a certeza que está desperto o ser humano na sua totalidade e está declarada uma guerra pacífica até um certo ponto (guerra não é sempre feita com armas de tiro, digamos assim, mas as de idéias também), mas aguda, viva.
Quando Elizabeth Bishop disse que "o paraíso deve ter sido muito chato", levantar, comer maçãs, olhar a natureza, afagar os leões, dormir a sesta e repetir tudo até a noite, se é que noite havia, estava conclamando a olhar o outro e perceber-se nele. A uma fusão que é estelar no sentido da vida plena, livre, algo incapaz de ser compreendido por quem acha que o português de Adoniran Barbosa prejudica a qualidade de suas letras (já ouvi essa besteira de um intelectual padrão FHC).
O que tudo isso tem a ver com Bolsa de Valores? Tem tudo. Azar dos caras da bolsa que não entendem nada.
É por aí o mundo alternativo.
Consolidado num Barão de Itararé. "Um bom jornalista é um sujeito que esvazia totalmente a cabeça para o dono do jornal encher nababescamente a barriga".
O blogueiro não. É como pobre, "quando enfia a mão no bolso tira no máximo cinco dedos".
E muitas esperanças e caminhos.
Nada a ver com O Homer Simpson conceituado e definido por William Bonner, paladino da cabeça vazia.
*Laerte Braga é jornalista
Fonte: Jornal O Rebate - http://www.jornalorebate.com.br
A liberdade concreta de um modelo alternativo de comunicação, capaz de nos livrar da ditadura da mídia privada. Os mais recentes levantamentos sobre o papel e a força da Internet mostram que jornais e revistas já foram superados pela rede.
O aspecto mais importante talvez tenha sido o do trazer ao mundo real o mundo virtual e mostrá-lo vivo, pujante e visível, em carne e osso. A conseqüência será a medida da percepção de cada um dos participantes, de todos os internautas de um modo geral, do poder que existe, no curso desse processo, de conduzi-lo a caminhos de liberdade ampla e irrestrita, uma espécie de grito do ser humano que se recusa a ser coisa, objeto.
Não há censura, ou como foi dito por um dos participantes, "fugimos da censura da mídia privada". A notícia escondida, o fato ocultado, os interesses de grupos prevalecendo sobre aquilo que fato acontece.
Há alguns anos atrás um cientista de uma universidade norte-americana anunciou que em breve seria possível captar do espaço todas as palavras ditas pelo ser humano desde o primeiro. Isso tornaria possível ouvir Nero, por exemplo, no momento de sua morte, dizer "que grande homem perde Roma". Ou Bertold Brecht afirmar que aquele que luta "por toda a vida é indispensável"... O ugh ugh do primeiro de todos, o Brucutu.
A dificuldade, segundo o cientista, seria separar as vozes em canais próprios a cada uma delas, do contrário teríamos apenas uma zoeirada sem tamanho.
A internet e o papel dos blogs separam as vozes e mais isso, proclamam as diversas vozes que muitas vezes são caladas pela opressão, qualquer que seja a sua forma.
Há perigos, evidente, a rede é controlada por quem vive a "embriaguez do arsenal militar", pode pará-la a qualquer momento - pelo menos em tese -, já existem tentativas de mecanismos legais de censura (projeto apresentado através do senador Eduardo Azeredo ao Legislativo brasileiro e com similar, a fonte é uma só, em todo o mundo cristão e ocidental), ou de intimidação, como meios mais sofisticados para identificar revolucionários nesse sentido, nesse campo, enfim.
O jornal O PASQUIM cumpriu um papel decisivo na luta contra a ditadura militar. Transformou sisudos generais e seus apetrechos de barbárie em ridículo sem tamanho forçando-os a uma retirada que se não é total (os torturadores continuam livres, impunes), avança e será assim com certeza num determinado ponto, nem que seja onde as paralelas se interceptam no infinito.
O 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas trouxe um elemento novo a essa perspectiva de um mundo alternativo, diferente dessa dialética entre barbárie civilizada na forma de hambúrguer e barbárie em si, nas bombas despejadas sobre países como o Afeganistão.
O da construção coletiva, diversa na multiplicidade de idéias, de caminhos, mas convergente na necessidade de trilhas e estradas comuns.
E uma ética que nada tem a ver com a frieza do caiu um avião e morreram duzentas e tantas pessoas, ou de um dossiê fajuto.
É uma combustão que explode em liberdade. Só isso.
Desde o conjunto regional do jornalista Luís Nassif às discussões e experiências de uma nova linguagem. Não tem freios, nem peias, mas tem sentido e está decodificada em cada manifestação viva de humanidade.
É como uma proclamação "sou um ser humano, tenho pernas, braços, tenho liberdade para pensar, para caminhar e caminhos para me irmanar fora de todo o ozônio que sufoca cada espírito de vida", por redundância que espírito de vida pareça.
É o contraponto ao caos, embora possa à primeira vista parecer o contrário. Vai na direção oposta do pessimismo de Huxley, ou do cientificismo histórico de Toynbee.
No caso específico do Brasil é um grito insurgente contra a ditadura da mídia privada. GLOBO, o exemplo maior. A fonte mais forte de toda a barbárie nas suas mais diversas formas e manifestações. Inclusive sabão que lava mais branco, tira manchas infalível e odor da natureza a cada trinta minutos para você flutuar.
Ou VEJA e seu cinismo de mentiras digeríveis pela classe média. FOLHA DE SÃO PAULO saudosa da "ditabranda". Nem falo do ESTADÃO, lá ainda não chegaram à abolição, ainda reina soberano e com pompa o imperador Pedro II.
Mas falo da RBS e do estupro escondido, ocultado porque praticado por filhos de senhores de gente e da mídia. Presumidamente senhores.
É óbvio que o poder, entendido como camarilha no bunker do institucional, tente de todas as formas silenciar esse canal. Há jornalistas como Paulo Henrique Amorim, Celso Lungaretti que estão teoricamente sufocados por processos vários de bandidos diversos (Daniel Dantas, Gilmar Mendes, Boris Casoy, etc). São incapazes, os bandidos, de perceber que na verdade essa expressão, ou esse tempo de verbo, sufocado, no duro mesmo significa liberto da penosa tarefa de engolir sapos. Diferente de William Bonner, que, naturalmente, desenvolveu um aparelho digestivo capaz de trogloditar qualquer falta de ranhura nas pistas de um aeroporto em nome da companhia relapsa e criminosa na manutenção, no clássico "a culpa é do piloto".
Blogs e a Internet no seu todo rompem essa cadeia de "quem quer um bom dia?" Depende do que seja o bom dia, isso atormenta a essa gente.
E há anônimos blogueiros, que como cometas a uma velocidade imperceptível ao olho humano, mas que sensibiliza e desperta humanos, despejam o lixo que os tais donos escondem debaixo do tapete.
Tudo tem seu lugar, seu tempo, há dimensões várias ao longo da História. O encontro serviu para mostrar que além disso o caminho é o do compromisso básico e fundamental com o caos organizado, mas sempre caos, e caloroso da liberdade e da vida em seu sentido e em sua essência. Em sua razão de ser.
E não importa que seja um jornalista consagrado como Luís Carlos Azenha, ou um engenheiro fotógrafo por amor à imagem, Castor, mas o blog que exibe as contradições de uma sociedade organizada em torno de fachadas.
A tarefa é colocá-las, as fachadas, abaixo. A ética e só a da verdade contida em cada luta pela preservação da espécie em cada um dos caminhos importantes à espécie. Vale dizer não passa por gente como Fernando Henrique e sua presunção de semi deus. Ou José Arruda Serra em sua arrogância de anjo guardião do inferno capitalista.
Passa por cada um no caos livre de todos somados na alternativa possível.
Não há donos do estoque de ar. Nem estoques de ar. Existe apenas o ar.
O encontro foi um primeiro passo. Dali é possível perceber a realidade imediata de cada um, a cidade, a comuna, inserida no todo. E juntar cada Brancaleone na utopia possível, porque começa a ser real. A se mostrar factível. Mesmo porque quem procurou utopia até hoje procurou perfeição, não se ateve à necessidade das imperfeições.
De algumas pelo menos para não ser tão radical. E muitas são indispensáveis para não dizer ótimas.
De tudo o que se falou, o que se ouviu, até o que se pensou em silêncio meditabundo como diria Stanislaw, nada precisa ser peneirado porque ao fim restou a certeza que está desperto o ser humano na sua totalidade e está declarada uma guerra pacífica até um certo ponto (guerra não é sempre feita com armas de tiro, digamos assim, mas as de idéias também), mas aguda, viva.
Quando Elizabeth Bishop disse que "o paraíso deve ter sido muito chato", levantar, comer maçãs, olhar a natureza, afagar os leões, dormir a sesta e repetir tudo até a noite, se é que noite havia, estava conclamando a olhar o outro e perceber-se nele. A uma fusão que é estelar no sentido da vida plena, livre, algo incapaz de ser compreendido por quem acha que o português de Adoniran Barbosa prejudica a qualidade de suas letras (já ouvi essa besteira de um intelectual padrão FHC).
O que tudo isso tem a ver com Bolsa de Valores? Tem tudo. Azar dos caras da bolsa que não entendem nada.
É por aí o mundo alternativo.
Consolidado num Barão de Itararé. "Um bom jornalista é um sujeito que esvazia totalmente a cabeça para o dono do jornal encher nababescamente a barriga".
O blogueiro não. É como pobre, "quando enfia a mão no bolso tira no máximo cinco dedos".
E muitas esperanças e caminhos.
Nada a ver com O Homer Simpson conceituado e definido por William Bonner, paladino da cabeça vazia.
*Laerte Braga é jornalista
Fonte: Jornal O Rebate - http://www.jornalorebate.com.br
sábado, 4 de setembro de 2010
Os palestinos agradecem...
O comportamento da mídia e as eleições brasileiras
Georges Bourdoukan
Estou impressionado com o numero de artigos protestando contra o comportamento da mídia em relação às eleições.
As acusações se sucedem e vão desde a manipulação pura e simples até a desonestidade travestida de imparcialidade.
Bastaram apenas algumas semanas para que os leitores brasileiros percebessem esse vergonhoso comportamento.
Agora imaginem vocês o que têm sido esses 60 anos do jugo israelense sobre a população palestina.
Europeus
invadem e ocupam um pais asiático (Palestina), expulsam sua população e
ao invés de invasores são tratados como vitimas por essa mesma mídia
que agora revela sua verdadeira face.
São mais de 60 anos de opressão e massacres.
E quando os palestinos se defendem, são denominados de terroristas.
Repito, isso há mais de 60 anos.
Israel,
que possui um arsenal atômico e o terceiro exercito mais poderoso do
planeta, é apresentado como um Davi, enquanto os palestinos, que se
defendem com paus e pedras recebem a pecha de Golias.
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