domingo, 3 de outubro de 2010

TODOS NA RUA...ESTÁ NA HORA!!!!



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"Que seria deste mundo sem militantes?
Como seria a condição humana se não houvesse militantes?
Não porque os militantes sejam perfeitos, porque tenham sempre a razão, porque sejam super-homens e não se equivoquem. Não é isso.
É que os militantes não vem para buscar o seu, vem entregar a alma por um punhado de sonhos.
Ao fim e ao cabo, o progresso da condição humana depende fundamentalmente de que exista gente que se sinta feliz em gastar sua vida a serviço do progresso humano.
Ser militante não é carregar uma cruz de sacrifício.
É viver a glória interior de lutar pela liberdade em seu sentido transcendente".

sábado, 2 de outubro de 2010

O bom combate



Brizola Neto no Tijolaço

Não tenho pesquisas, nem trackings, nem grupos de análises. Não tenho, sequer, experiência acumulada de disputas eleitorais. Mas há algo em mim que, a esta altura, com o corpo cansado, a garganta rouca e, permitam a expressão da minha avó, os nervos em pandarecos, despeja em meu sangue uma grande dose de tranqüilidade.
Fizemos o que tínhamos o que fazer. Jamais nos entregamos. Nunca tergiversamos. Não houve um minuto sequer de vacilação.
Dúvidas? Sempre as tivemos. Um ser humano, com os anos, aprende que a dúvida não é sinônimo de vacilação, mas uma sadia abertura mental que nos afasta da pretensão de sermos donos da verdade. Alguns, infelizmente, trilham o caminho inverso. Nosso adversário, por exemplo, não hesita em considerar-se o mais sábio, o mais preparado, aquele que já não precisa ouvir porque tem sempre uma certeza para falar.
Lembro-me de meu avô contando porque não se juntou, nos anos 40, aos jovens universitários do PCB. Ele dizia: “olha, me incomodava que eles sempre tivessem a verdade pronta, que vinha impressa nos polígrafos”. Polígrafo, naquele tempo, era o mimeógrafo no qual se reproduziam os panfletos.
Não sou um homem de grande preparo teórico, embora o ache importantíssimo e procure sempre melhorá-lo. Ajo mais com a sensibilidade, procurando juntar aquilo que tenho como princípio às coisas que sinto e absorvo do sentimento difuso e sincero da população. Posso errar, e erro, por humano. Mas penso que a lucidez não é uma virtude individual. À razão do indivíduo nunca pode deixar de somar-se a sabedoria coletiva.
Porque não somos entes isolados. O ser humano, sempre se diz , é um animal social. Temos o brilho dos indivíduos, mas também possuímos o instinto dos rebanhos.
A sociedade move-se ora com cautela, ora numa marcha acelerada e irresistível.
Vínhamos assim. Mas a elite, aquela que historicamente tange o povo brasileiro segundo sua conveniência, chegou a pregar-nos um susto. Não nos deteve, mas é forçoso admitir que nos fez andar mais lentamente.
Chegamos então ao momento decisivo em que iremos tomar um caminho.
No Sul, temos uma expressão conhecida como “boi sinuelo”: aqueles que servem de referência à marcha coletiva.
Tudo indica que amanhã cruzaremos o rio. Se não for assim, teremos que nos reagrupar e vamos depender, mais fortemente, de que essa grande e indócil sociedade possa identificar seus líderes e segui-los.
Hoje, durante todo o dia, cada um de nós deve empregar sua energia, sua inteligência, seu sentimento de igualdade na tarefa de chamar, um por um, cada brasileira e brasileiro a cruzar o rio que nos separa do amanhã.
Se vamos conseguir? Acho que sim. Em meio a poeira da política, a milhões deslumbra o horizonte da história, esta impalpável chama que ilumina o olhar da humanidade.
Agora, ou daqui a pouco, iremos ao encontro dela. Seu chamado silencioso magnetiza uma parte de nós que vai além do racional, embora não o despreze. É algo que fala aos sentimentos instintivos das grandes massas humanas, que buscam a sobrevivência e a felicidade.
Um bom dia para todos, um dia em que vamos somar esforço e reflexão. Horas em que buscaremos a todo custo a vitória numa batalha, mas que não nos abaterá se nela não for vencida a guerra.
Temos o indispensável para vencer. Uma causa, uma bandeira, um orgulho que não se acaba de estarmos dando o melhor de cada um de nós pelo que é melhor para todos.
Vamos, ombro a ombro, com esse povo que não tem nada a não ser a certeza de que merece uma vida digna.
Bom combate, neste dia que nos resta.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

EDUCAÇÃO – O BRASIL NO RUMO CERTO



(Manifesto de Reitores das Universidades Federais à Nação Brasileira)


Da pré-escola ao pós-doutoramento – ciclo completo educacional e acadêmico de formação das pessoas na busca pelo crescimento pessoal e profissional – consideramos que o Brasil encontrou o rumo nos últimos anos, graças a políticas, aumento orçamentário, ações e programas implementados pelo Governo Lula com a participação decisiva e direta de seus ministros, os quais reconhecemos, destacando o nome do Ministro Fernando Haddad.
Aliás, de forma mais ampla, assistimos a um crescimento muito significativo do País em vários domínios: ocorreu a redução marcante da miséria e da pobreza; promoveu-se a inclusão social de milhões de brasileiros, com a geração de empregos e renda; cresceu a autoestima da população, a confiança e a credibilidade internacional, num claro reconhecimento de que este é um País sério, solidário, de paz e de povo trabalhador. Caminhamos a passos largos para alcançar patamares mais elevados no cenário global, como uma Nação livre e soberana que não se submete aos ditames e aos interesses de países ou organizações estrangeiras.
Este período do Governo Lula ficará registrado na história como aquele em que mais se investiu em educação pública: foram criadas e consolidadas 14 novas universidades federais; institui-se a Universidade Aberta do Brasil; foram construídos mais de 100 campi universitários pelo interior do País; e ocorreu a criação e a ampliação, sem precedentes históricos, de Escolas Técnicas e Institutos Federais. Através do PROUNI, possibilitou-se o acesso ao ensino superior a mais de 700.000 jovens. Com a implantação do REUNI, estamos recuperando nossas Universidades Federais, de norte a sul e de leste a oeste. No geral, estamos dobrando de tamanho nossas Instituições e criando milhares de novos cursos, com investimentos crescentes em infraestrutura e contratação, por concurso público, de profissionais qualificados. Essas políticas devem continuar para consolidar os programas atuais e, inclusive, serem ampliadas no plano Federal, exigindo-se que os Estados e Municípios também cumpram com as suas responsabilidades sociais e constitucionais, colocando a educação como uma prioridade central de seus governos.
Por tudo isso e na dimensão de nossas responsabilidades enquanto educadores, dirigentes universitários e cidadãos que desejam ver o País continuar avançando sem retrocessos, dirigimo-nos à sociedade brasileira para afirmar, com convicção, que estamos no rumo certo e que devemos continuar lutando e exigindo dos próximos governantes a continuidade das políticas e investimentos na educação em todos os níveis, assim como na ciência, na tecnologia e na inovação, de que o Brasil tanto precisa para se inserir, de uma forma ainda mais decisiva, neste mundo contemporâneo em constantes transformações.
Finalizamos este manifesto prestando o nosso reconhecimento e a nossa gratidão ao Presidente Lula por tudo que fez pelo País, em especial, no que se refere às políticas para educação, ciência e tecnologia. Ele também foi incansável em afirmar, sempre, que recurso aplicado em educação não é gasto, mas sim investimento no futuro do País. Foi exemplo, ainda, ao receber em reunião anual, durante os seus 8 anos de mandato, os Reitores das Universidades Federais para debater políticas e ações para o setor, encaminhando soluções concretas, inclusive, relativas à Autonomia Universitária.
Alan Barbiero – Universidade Federal do Tocantins (UFT)
José Weber Freire Macedo – Univ. Fed. do Vale do São Francisco (UNIVASF)
Aloisio Teixeira – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Josivan Barbosa Menezes – Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA)
Amaro Henrique Pessoa Lins – Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Malvina Tânia Tuttman – Univ. Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)
Ana Dayse Rezende Dórea – Universidade Federal de Alagoas (UFAL)
Maria Beatriz Luce – Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)
Antonio César Gonçalves Borges – Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
Maria Lúcia Cavalli Neder – Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
Carlos Alexandre Netto – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Miguel Badenes P. Filho – Centro Fed. de Ed. Tec. (CEFET RJ)
Carlos Eduardo Cantarelli – Univ. Tec. Federal do Paraná (UTFPR)
Miriam da Costa Oliveira – Univ.. Fed. de Ciênc. da Saúde de POA (UFCSPA)
Célia Maria da Silva Oliveira – Univ. Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)
Natalino Salgado Filho – Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
Damião Duque de Farias – Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)
Paulo Gabriel S. Nacif – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)
Felipe .Martins Müller – Universidade Federal da Santa Maria (UFSM).
Pedro Angelo A. Abreu – Univ. Fed. do Vale do Jequetinhonha e Mucuri (UFVJM)
Hélgio Trindade – Univ. Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)
Ricardo Motta Miranda – Univ. Fed. Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
Hélio Waldman – Universidade Federal do ABC (UFABC)
Roberto de Souza Salles – Universidade Federal Fluminense (UFF)
Henrique Duque Chaves Filho – Univ. Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Romulo Soares Polari – Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Jesualdo Pereira Farias – Universidade Federal do Ceará – UFC
Sueo Numazawa – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
João Carlos Brahm Cousin – Universidade Federal do Rio Grande – (FURG)
Targino de Araújo Filho – Univ. Federal de São Carlos (UFSCar)
José Carlos Tavares Carvalho – Universidade Federal do Amapá (UNIFAP)
Thompson F. Mariz – Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)
José Geraldo de Sousa Júnior – Universidade Federal de Brasília (UNB)
Valmar C. de Andrade – Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
José Seixas Lourenço – Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA)
Virmondes Rodrigues Júnior – Univ. Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)
Walter Manna Albertoni – Universidade Federal de São Paulo ( UNIFESP)

Emir Sader: “Marina é a falência do movimento ecológico brasileiro”

por Conceição Lemes no Viomundo

Pesquisa divulgada pelo Datafolha na terça-feira, 28, colocou em cheque, de novo,  a credibilidade do instituto, que já andava baixa.  Dizia que Dilma Rousseff (PT) caíra três pontos percentuais em relação ao levantamento realizado na semana anterior, quando tinha 49%. O candidato José Serra (PSDB) teria mantido 28% e Marina Silva (PV), subido de 13% para 14%.
“Enquanto as pesquisas em geral dão 10% de vantagem para Dilma em relação à soma dos outros candidatos, o Datafolha deu 4%. Enquanto o Datafolha cogita o segundo turno, Sensus, Vox Populi e Ibope continuam jurando que vai dar Dilma no primeiro turno”,  disse, em entrevista ao Viomundo, o sociólogo-político Emir Sader. “O mínimo que se pode dizer é que, na margem de erro, está havendo manipulação.”
Ao ser indagado sobre o que faremos até a reta final da campanha, Emir brincou: “Lexotan”. Depois, falando sério, afirmou: “Quem está empenhado num candidato, intensificar o trabalho. Mas, sobretudo, tentar desmentir os boatos, as falsidades que andam espalhando por aí”.
Eis a segunda parte da entrevista que nos concedeu.
Viomundo — Que falsidade o senhor destacaria?
Emir Sader – A mídia está passando uma imagem platônica da Marina, que não tem nada a ver. Na hora em que teve de enfrentar uma luta concreta, a Marina ficou contra os povos indígenas.
Emir Sader – Exatamente. O registro de frutas tropicais da Amazônia feito, com fins comerciais,  pela Natura, cujo presidente [Guilherme Leal] é o vice da chapa verde. A Marina ficou do lado dele contra os interesses e os saberes naturais dos povos indígenas, dos povos da Amazônia, ao dizer que a Justiça é que decidiria.
Tenho dúvidas sobre a “preocupação” ecológica da empresa. Qual a política salarial dela?  Qual a política para exploração dos recursos naturais? Qual a política da propriedade intelectual? Eu não vejo nada de significativo na prática social dela, que pudesse ter um caráter ecológico. A questão ecológica não é só preservar a floresta e os animais em extinção. Essa visão é muito pobre, reducionista.
Curiosamente,  até sair do governo Lula, a Marina era o diabo para a imprensa. Dizia que ela era quem mais prejudicava os projetos econômicos com suas picuinhas ideológicas.  Essa mesma mídia, agora, exalta a Marina, numa clara instrumentalização, que ela aceita de bom grado. Quando se fala da Marina real, do Serra real, aí é que se vê a verdadeira dimensão deles.
Viomundo – Quem é a Marina real?
Emir Sader – No Fórum Social Mundial, ouvimos o tempo todo que a questão ecológica é transversal. Ou seja, assim como na época anterior da esquerda se achava que a questão capital-trabalho cruzava tudo, a ecologia cruzaria tudo.
Logo, a graça da campanha da Marina seria fazer uma campanha em que ecologia cruzasse tudo. Só que ela deixou de ter uma agenda própria, passou a reagir a partir do denuncismo da direita, do bloco tucano-udenista. Chegou a dizer que a violação dos sigilos bancários da filha e do genro do Serra provocava fragilidade na sociedade brasileira. Tomara que fosse essa a nossa fragilidade. Para nós, o que fragiliza a sociedade brasileira é a violência, o desemprego, a miséria, a injustiça…
Nessa campanha, Marina só assumiu posições equidistantes do cerne da questão ecológica. Ela não desenvolveu no governo nem fora uma concepção ecológica do desenvolvimento. O discurso dela não quer dizer nada.
Ao falar de Belo Monte, por exemplo, ela emenda “mas a energia limpa…” Só que Belo Monte é energia limpa. A Marina não tem coragem de se colocar a favor de projetos como Belo Monte, mas também não tem capacidade de elaborar projetos alternativos. Acho que a Marina é a falência do movimento ecológico brasileiro.
Viomundo — Mesmo?
Emir Sader – Sim. O discurso dela pode parecer coerente no papel, mas quando você  questiona, é um vazio profundo. O estado brasileiro como é que vai ser? Qual o modelo desenvolvimento que propõe? Qual o papel do mercado interno? E da exportação? Como seria a política externa brasileira? E as políticas sociais?
São questões cruciais sobre as quais ela não tem nada a dizer — nem contra nem a favor do que está sendo feito. Nada.
Peguemos os transgênicos, uma questão grave. O que a Marina tem a dizer hoje? Vai acabar com eles, com exportação de soja e com a Monsanto? O  discurso dela s acaba sendo um blefe, já que os segmentos dos transgêncis são totalmente aparelhados pela direita, que hoje a apóiam.
Está na hora de provar a transversalidade da questão ecológica. Não vejo nada disso na campanha da Marina. Onde está a questão ecológica, estruturando o conjunto da plataforma dela? Não tem.
Ela fala em terceira via, mas qual é a política de emprego dela? Qual a política de salários? Qual a política de crédito?  Não tem nada. Ela não tem nada a dizer nem dos programas essenciais do governo, como o microcrédito, o Luz para Todos, o crédito  consignado.  É só blábláblá. O que aparece, para quem está olhando a campanha, é um esvaziamento da transversalidade da questão ecológica.
Viomundo – A mesma mídia que apedrejava a Marina, hoje a enaltece. O Serra nem fala. Para alavancar a candidatura dele e liquidar a da Dilma, a “grande” imprensa assassinou o jornalismo durante essa campanha…
Emir Sader — A questão não é ser a favor ou contra o Lula ou a Dilma. Quando você tem um governo com 80% de aprovação e olha a imprensa, uma coisa não corresponde à outra. A cobertura não reflete a formação democrática e pluralista da opinião pública. Eu não queria que falasse bem, eu gostaria que existisse o pluralismo, os pontos de vista realmente existentes na sociedade. Por outro lado, no governo Lula, avançamos pouco na questão mídia.
Viomundo Que avaliação o senhor faz  da política de comunicação do governo?
Emir Sader –  Houve um fracasso enorme. Daí a dificuldade de governar. Se deixou criar um denuncismo, centrado em escândalos, reais ou não, desproporcional, que acaba falsificando o próprio debate político, ou seja, o que mudou na sociedade brasileira para melhor ou para pior.  Às vezes dá a impressão de que o governo é um poço de escândalo. O que não é verdade. Isso se deve ao fracasso da política de comunicação do governo.
O interessante é que a massa da população sabe dessa manipulação. Tanto que vota a favor do governo, apesar da mídia. Nós temos de democratizar, desconcentrar, ainda três coisas fundamentais: o dinheiro, a terra e a palavra. São monopólios privados. Não haverá sociedade democrática sem se democratizar essas instâncias.
Viomundo – E o Judiciário?
Emir Sader – É muito ruim que tenha pessoas que se comportam como o Gilmar Mendes e a doutora Sandra Cureau. Estão tão empenhados politicamente que desmoralizam ainda mais o Judiciário.  São personagens que refletem a arbitrariedade da Justiça, que deveria ser um órgão justo. Por isso, a reforma do Estado é fundamental. Acho que o Judiciário tem de estar submetido a um controle social.
Há alguns dias a Folha, em editorial, disse que todo poder tem de ter limite. E quem coloca limite no poder mídia monopólica?  Quem coloca limite ao Judiciário?
Isso não vai cair do céu. Tem de ser definido em uma instância democrática. A doutora Cureau, como disse a Dilma, tem o direito de se manifestar como cidadã. Mas, ao dizer que o Lula está se empenhando ao máximo para eleger a Dilma, ela poderia dizer também que a imprensa está fazendo o máximo para eleger o Serra.
Acho que estão extrapolando o papel do Judiciário. Fazer uma leitura política de intenções é uma atitude totalmente indevida em relação aos juízes.
Viomundo – Para terminar, o que representa a eleição deste domingo?
Emir Sader — O que está em jogo é o governo Lula. No domingo, o povo vai decidir se o governo Lula foi um parêntese e, aí, as elites tradicionais voltam ao poder. Ou se o governo Lula vai ser uma ponte para a gente construir um país justo, solidário e soberano, tarefa que apenas começamos a fazer. Acho que o povo está optando claramente pela continuação do processo, apesar da direita espernear através dos seus órgãos da mídia.

Correa controla situação, fala ao povo e denuncia golpistas

O presidente constitucional equatoriano, Rafael Correa, chegou são e salvo ao Palácio de Carandelet depois de permanecer por 12 horas num hospital para onde foi levado durante a tentativa de golpe provocada por uma rebelião de policiais nesta quinta-feira (30). Da sacada do Palácio Correa saudou milhares de pessoas que se concentravam do lado de fora e davam vivas à Revolução Cidadã.

Correa se dirigiu à multidão e expressou sua tristeza de ver que se derramou inutilmente sangue de irmãos ao referir-se aos militares feridos em seu resgate.

A multidão gritava “Lúcio assassino!” em referência ao ex-presidente Lúcio Gutiérrez, líder do oposicionista Partido Sociedade Patriótica, considerado como a força política que estava por trás da conspiração e da intentona de golpe de Estado.
Correa agradeceu profundamente aos milhares de compatriotas que foram desarmados ao Hospital da Polícia Metropolitana tentar resgatá-lo. Agradeceu à sua guarda pessoal, aos ministros que o acompanharam, todos dispostos a dar a vida se fosse necessário paa libertar o presidente. Jamais impunidade para esses golpistas, disse o presidente, que também agradeceu o apoio recebido dos presidentes de todos os países da Unasul e da Alba e de numerosos países do mundo.

Leia também:
O presidente equatoriano contou que tinha ido naquela manhã dialogar com os revoltosos e explicar-lhes como o governo queria, pois ninguém tinha apoiado tanto a polícia nem aumentado tanto os salários como o próprio presidente, disse, e ao ver a reação me senti traído, por um grupo deles,enfatizou. “Então me dei conta de quem estava por trás – Lúcio Gutiérrez”. A multidão exigiu castigo paaos golpistas

Com Prensa Latina

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Repúdio ao golpismo no Equador



Governos latino-americanos solidários com Rafael Correa


Diversos governos de países da região condenaram a tentativa de golpe no Equador e manifestaram irrestrita solidariedade ao seu presidente Rafael Correa. O governo brasileiro acompanha com atenção e preocupação os incidentes que estão ocorrendo no Equador envolvendo protestos de militares contra o governo e confrontos com simpatizantes do presidente Rafael Correa.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou hoje (30), em nota, que o governo brasileiro se solidariza com o presidente Correa e que apoia o governo e as instituições democráticas equatorianas.
A posição brasileira foi transmitida pelo ministro Amorim, por telefone, ao chanceler do Equador, Ricardo Patiño. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está sendo informado sobre a situação no Equador por Amorim e pelo assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia.
Segundo Amorim, no comunicado, o Brasil não reconhece quaisquer tentativas de desrespeito à ordem vigente no Equador. Na nota, Amorim chama o Equador de país irmão. O chanceler brasileiro está em Porto Príncipe, capital do Haiti, de onde telefonou para o secretário-geral das Relações Exteriores, Antônio Patriota, que responde como ministro interino, e para o embaixador do Brasil em Quito, Fernando Simas Magalhães.
Cuba
«O governo da República de Cuba condena e manifesta seu mais enérgico rechaço ao golpe de Estado que se desenvolve no Equador”, afirma documento emitido pela Chancelaria.
A nota diz ainda que “Cuba espera que a chefia das Forças Armadas equatorianas cumpra sua obrigação de respeitar e fazer cumprir a Constituição e garantir a inviolabilidade do presidente da República legitimamente eleito e assegurar o Estado de direito”.
Cuba declara também que “rechaça energicamente as declarações atribuídas à chamada Sociedade Patriótica, de Lúcio Gutiérrez que proclama intenções abertamente golpistas” e oferece “o mais absoluto e completo respaldo” ao governo legítimo e constitucional do presidente Rafael Correa”.
O governo cubano considera que fatos como este só servem a interesses externos à região, que pretendem impedir o avanço de processos independentes e transformadores. “É também um intento, diz a nota, de silenciar a voz do Equador e de seu presidente em seu enfrentamento à política intervencionista dos Estados Unidos na região”.
Nicarágua
O governo da Nicarágua denunciou a intentona de golpe de Estado contra o presidente equatoriano Rafael Correa. Através de comunicado, o presidente nicaragüense Daniel Ortega, conclama todos os governos e povos latino-americanos a pronunciarem-se e mobilizarem-se em apoio a Correa e de seu governo.
"Rechaçamos categoricamente os acontecimentos que setores retrógrados e antidemocráticos estão impondo ao povo irmão equatoriano, rompendo sua tranqüilidade e seu direito à paz”, diz o texto da presidência nicaragüense.
Paraguai
Também o presidente paraguaio, Fernando Lugo, expresou seu mais enérgico repúdio à sublevação de setores armados no Equador e manifestou sua solidariedade com o presidente Rafael Correa. Lugo valorizou o gesto de patriotismo do povo equatoriano "que a estas horas se mobiliza para defender a institucionalidade agredida e aguarda que se actue com a maior severidade para que a democracia recupere sua integridade ferida em consequência desse brutal levante”.
Os governos do Chile, da Colômbia e da Espanha também tomaram posição contra a tentativa de golpe no país andino.

Correa continua sequestrado no Equador


A população de Quito começa a cercar o hospital da polícia onde o presidente Rafael Correa, segundo informações das agências internacionais, está sendo mantido preso pelos policiais amotinados. Agora há pouco, o comandante das forças armadas equatorianas, Ernesto González, fez uma declaração pública de solidariedade a Correa. Mas até agora não se registram movimento de tropa para garantir a integridade física do presidente.
Já houve enfrentamento entre populares e as forças policiais que cercam o hospital onde se encontrar o presidente. Há informações de adesão de militares à rebelião na cidade de Guayaquil.
Quem é Rafael Correa
O economista Rafael Correa, 47 anos, assumiu a presidência do Equador em 2006 ao derrotar o multimilionário Alvaro Noboa, no segundo turno, com mais de 56% dos votos.
Depois de tomar posse em janeiro de 2007, Correa convocou a população a aprovar uma Assembléia Nacional Constituinte para reformar as corroídas instituições políticas do país e obteve 82% de apoio a sua instalação.
Um ano depois, em setembro de 2008, a nova Constituição, que reformou o sistema de partidos e do parlamento, assim como os tribunais e organismos de controle do Estado, foi aprovada em referendo, com quase 64% dos votos.
Correa reforçou a integração sul-americana, impulsionada pela maioria de presidentes progressistas do continente, e se alinhou a Hugo Chávez e Evo Morales em torno da idéia de um socialismo do século 21.

Agrotóxicos e o caráter predatório do capital

Escrito por Raul Marcelo no Correio da Cidadania
 
Para o pensador István Mészáros (1), "no momento em que o capital, com seu dinamismo irrepreensível e não problemático que tudo invade, apareceu no palco histórico, a margem de segurança de seu impacto objetivo sobre a natureza era tão imensa que as implicações negativas não faziam diferença". Contudo, Mészarós destaca que "as circunstâncias de nosso tempo carregam a certeza absoluta da autodestruição humana no caso de o corrente processo de reprodução sócio-metabólica do capital não for levado ao seu fim definitivo no futuro próximo". Para o pensador "não há nada em princípio integralmente repreensível na destruição de determinadas partes ou formas da natureza para sua transformação em alguma outra coisa", mas "a ampla margem de segurança desapareceu para sempre". A capacidade destrutiva do capital encontrou limites estruturais absolutos no próprio sistema, a ponto de obstruir o futuro da humanidade.
 
A agricultura sempre foi uma das atividades humanas de maior interferência na natureza. Contudo, é a partir da avassaladora transformação decorrente da implantação do pacote tecnológico calcado na "Revolução Verde", em meados do século 20, que se aprofundam as alterações no ambiente rural e na organização econômica e social do campo. No Brasil, de tal transformação resultou o atual modelo predominante de agricultura identificado no agronegócio.
 
O agronegócio brasileiro caracteriza-se por uma dinâmica produtiva que afronta qualquer anseio de justiça social, econômica e ambiental. Consolida-se como um modelo produtivo devastador, seja no aspecto social, pelo seu perfil excludente e concentrador, seja no aspecto ecológico, pela sua negligência para com os impactos ambientais que provoca.
 
Sob a égide do sistema capitalista, as atividades agrícolas deixaram de ter sua finalidade voltada às necessidades humanas prementes, como por exemplo, fonte de alimentos, energia e outras utilidades. As transformações da natureza permitidas pela agricultura foram incorporadas pelo metabolismo capitalista como uma de suas formas de apropriação do fruto do trabalho alheio. Qualquer finalidade "humanista" ditada pelos interesses econômicos que dominam as atividades agropecuárias passou a ser mero pretexto, não mais importando a produção para suprir exclusivamente as necessidades humanas alimentares, energéticas ou para qualquer outro fim. O capital define relevância para a atividade agropecuária como produtora e consumidora de mercadorias, permitindo o fechamento de um ciclo para o aperfeiçoamento da mais valia. Não ao acaso, é cada vez mais comum empresas fornecedoras dos insumos agrícolas e empresas compradoras da produção agropecuária comporem a mesma corporação monopolista em aprofundamento de poder sobre importante atividade produtiva. Trata-se de situação de alto risco à soberania alimentar do povo brasileiro.
 
O conceito de soberania alimentar declarado no "Fórum Mundial de Soberania Alimentar", em Havana, Cuba, 2001, apresenta absoluta oposição à lógica concentradora do agronegócio: "O direito dos povos de definir as próprias políticas e estratégias sustentáveis de produção, distribuição e consumo de alimentos que garantam o direito a boa alimentação para toda a população com base na pequena e média produção, respeitando suas próprias culturas e diversidades dos modos camponeses, pesqueiros e indígenas de produção agropecuária, de comercialização e de gestão dos espaços rurais, nos quais a mulher desempenha um papel fundamental".
 
O conceito associa a defesa da soberania alimentar com a defesa da soberania econômica, política e cultural dos povos. Foi elaborado e incorporado por diversos movimentos populares e traz incisivo questionamento à transformação de produtos agropecuários em "commodities", com a produção ditada por interesses do grande capital, inclusive, com ameaça ao abastecimento alimentar para a saciedade de vorazes interesses especulativos.
 
O agronegócio, por meio de sua base tecnológica e dinâmica brutal, traz sérias conseqüências: devastação de ambientes naturais e de tradições culturais locais pela expansão de fronteiras agrícolas sem a devida preocupação com os seus impactos; atropelo das obrigações legais ambientais, destacadamente das previstas no Código Florestal; transformações genéticas nas sementes, valorizando a produtividade dependente de insumos industriais em detrimento da diversidade, da adaptabilidade e da variabilidade genética das espécies; criação de animais com métodos de confinamento geradores de resíduos poluentes (hormônios, antibióticos, gases etc.), além de carregados de crueldade; incorporação maciça de agrotóxicos, de fertilizantes químicos industriais e de pesadas máquinas ao modo de produção, trazendo erosões, contaminações ao ambiente e riscos à saúde humana, sobretudo ao trabalhador rural.
 
Essa panacéia tecnológica altamente excludente criou para a produção agropecuária uma forte relação de dependência de produtos industriais sob domínio de transnacionais e empobreceu o agricultor por meio do amplo fluxo de renda do campo para a geração de lucros ao setor industrial. Suas implicações sociais e econômicas são nefastas: queda de qualidade no modo de vida camponês, precário assalariamento do homem do campo, êxodo rural e urbanização desenfreada e desorganizada. A análise compilada pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA) com base no Plano Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2008, retrata a situação: das 8 milhões de famílias que vivem no campo, 2 milhões de famílias sobrevivem com menos de 1 salário mínimo mensal.
 
No Brasil, a implantação das técnicas da "Revolução Verde" ocorreu sob o beneplácito estatal, por meio de subsídios à aquisição de pesadas máquinas agrícolas; de privilégios fiscais às indústrias de insumos; pesquisa, assistência técnica e extensão rural públicas subservientes aos interesses das transnacionais; e no financiamento e crédito rural atrelados à obrigatoriedade de aquisição e uso de fertilizantes industriais e de agrotóxicos.
 
Com o crescimento das preocupações ambientais, as corporações empresariais beneficiadas por esse modelo destrutivo, principalmente as transnacionais dos agrotóxicos, também detentoras do domínio de sementes híbridas e transgênicas, passaram a, descaradamente, propagandearem-se como corporações voltadas aos interesses da "vida", focadas no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis ambientalmente. Tentaram criar um mito de que sem seus produtos não haveria capacidade de suprir as necessidades alimentares da população: os efeitos colaterais dos agrotóxicos são apregoados como uma espécie de mal menor ante a possibilidade de fome mundial. Desconsideram que, mais do que uma questão de produção de alimentos, a fome que recai sobre grande parcela da população mundial é conseqüência do insano caráter concentrador do sistema capitalista.
 
Em face das evidentes contradições entre a sustentabilidade propagandeada por essas corporações e os danos provocados por seus processos produtivos e produtos, não existe viabilidade para medidas mitigadoras ou compensatórias para técnicas tão degradantes à natureza e ao ser humano. Nem mesmo uma pretensa agenda de desenvolvimento verde, dentro dos marcos do capitalismo, conseguiria resolver tal contradição, pois o capital, embora criação humana, é inumano, irracional e desprovido de senso de auto-preservação, tendo apenas como sua essência a transformação de tudo em mercadoria.
 
É nessa perspectiva que cinicamente as transnacionais tentam, por exemplo, impor os agrotóxicos e os transgênicos como elementos essenciais da economia brasileira, associando-os, além da necessidade à produção de alimentos, como fundamentais à geração de empregos e de riqueza à nação. Seus asseclas cantam em prosa e verso a participação do agronegócio e da agroindústria no PIB e na pauta de exportações brasileiras. Reafirmam, orgulhosamente, o histórico e atrasado caráter agroexportador e concentrador da economia brasileira. Por outro lado, dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) evidenciam a concentração de terras no campo brasileiro: 1% das propriedades rurais detém 46% da área passível de produção agropecuária, sendo ainda que os 50 mil proprietários de áreas rurais superiores a 1.000 hectares concentram mais de 50% das áreas agricultáveis.
 
Os agrotóxicos estão entre os elementos do agronegócio mais emblemáticos do caráter predatório do capital. São compostos químicos desenvolvidos para efeito biocida. Hoje, estão, predominantemente, em voga aqueles de síntese orgânica industrial, cuja disseminação inicial ocorreu em conveniente desvio de finalidade de substâncias que inicialmente apresentavam propósito bélico, como armas químicas. Tal desvio foi de grande contribuição para o crescimento e a pujança da indústria química no pós-guerra. Entre os exemplos dessas substâncias de guerra estão os gases letais derivados de ácido fosfórico, que deram origem a pesticidas do grupo dos organofosforados, ainda de intenso uso na agricultura brasileira, muito embora com proibições em ampla gama de países.
 
Pelas suas características próprias e pelo seu propósito de uso, os agrotóxicos distinguem-se de outras substâncias perigosas utilizadas ou derivadas de outros processos produtivos. Enquanto nas últimas, a ação humana busca tirá-la do ambiente, expurgando qualquer possibilidade de exposição direta e afastando risco ambiental ou à saúde, os agrotóxicos têm sua disseminação intencional no ambiente, inexistindo técnicas de aplicação que permitam seu uso sem qualquer risco de exposição às pessoas ou ao meio ambiente. Considere-se o agravante de que seu uso mais comum ocorre sobre produtos que a população irá consumir na sua alimentação.
 
Paradoxalmente, constata-se que a nocividade ambiental dos venenos agrícolas compromete, ao longo do tempo, o próprio sistema de produção, impossibilitando aquele que é o suposto objetivo da tecnologia: redução de ataques de pragas e aumento da produtividade agrícola. Ocorre que somado à monocultura, o intenso uso de pesticidas provoca desequilíbrios ecológicos que induzem o ressurgimento de pragas ou a proliferação de novas pragas pelo crescimento populacional descontrolado ocasionado pela quebra da biodiversidade, ou pela resistência genética adquirida, formando "superpragas", quase indiferentes aos agrotóxicos. Entre os exemplos, pode se citar a recente e descontrolada afetação sofrida pela citricultura paulista, em função da disseminação do "Greening", doença bacteriana transmitida pelo inseto Diaphorina citri.
 
No âmbito da saúde humana, o impacto dos agrotóxicos assume proporções impressionantes. De acordo com alguns pesquisadores, estimam-se em aproximados 540 mil trabalhadores contaminados anualmente por agrotóxicos no desenvolvimento de atividades de trabalho no país, com 4.000 mortes (2). Afora as intoxicações de trabalhadores, os agrotóxicos ocasionam riscos à saúde da população geral por meio da contaminação de mananciais de captação de água para consumo e de alimentos.
 
Seguindo a lógica de subordinação aos interesses maiores do capital, a partir de 2008, o Brasil se tornou o maior consumidor de agrotóxicos do mundo e, nos últimos anos, o grande importador dessas substâncias letais, muitas com uso vetado no próprio país de origem. O opulento agronegócio brasileiro passa a dar sobrevida às estruturas industriais em obsolescência do exterior, como é o caso daquelas que processam e sintetizam agrotóxicos à base de paraquat, de carbofuran e de outras substâncias organofosforadas.
 
São Paulo é o estado que mais consome agrotóxicos, representando cerca 20% do mercado nacional. Também é o campeão dos casos notificados de intoxicações por agrotóxicos, correspondendo a 26,71% do total das notificações registradas em 2007.
 
Neste quadro, apresentamos Projeto de Lei nº 281/2010, objetivando o cumprimento da determinação constitucional de proteção à saúde e ao meio ambiente pelo poder público.
 
O projeto dispõe sobre normas de controle, produção, comércio e uso de agrotóxicos no Estado de São Paulo. A proposição levou em conta a competência concorrente prevista na Constituição Federal e tem como orientação primordial a proteção da saúde humana e do meio ambiente, além de uma produção agrícola de qualidade e menos dependente das transnacionais.
 
A proposta inova ao prever, expressamente: um cadastro de caráter autorizativo e não apenas homologatório como ocorre hoje, possibilitando aos órgãos estaduais de saúde, agricultura e meio ambiente, responsáveis pelo controle e fiscalização, a tomada de medidas mais restritivas que as dos órgãos federais; exemplifica motivações para o pedido de impugnação de cadastro de agrotóxicos, alertando entidades organizadas e cidadãos para a possibilidade da iniciativa e para maior atenção ao tema; cria um sistema de monitoramento de resíduos e de aperfeiçoamento da fiscalização; traz ao poder público estadual a obrigação de divulgação de técnicas substitutivas aos agrotóxicos; exemplifica tipificações de condutas, de modo a dar maior força coatora frente às irregularidades, uma vez que, hoje, a pouca eficácia das ações do poder público estadual levam ao desdém e favorecem a negligência do suposto fiscalizado; define o papel da assistência e da responsabilidade técnica aos estabelecimentos com atividades relacionadas aos agrotóxicos; e possibilita maior controle social sobre a questão, pois estipula instrumentos aos órgãos estaduais para dar eficácia e efetivamente cumprir suas atribuições constitucionais e, por outro lado, viabiliza maior cobrança política e jurídica perante eventual inércia governamental.
 
Num período em que as estruturas de Estado são colocadas em xeque pelas forças políticas neoliberais que hegemonizam os aparatos governamentais, o tema dos agrotóxicos deve ser trazido à baila, não só pelos seus efeitos danosos no âmbito sanitário e ambiental, mas pela sua profunda relação com um sistema econômico injusto, de amplo e unilateral benefício aos interesses do capital.
 
A representação política ruralista/agronegocista passa por intenso recrudescimento, com fortes interações nas estruturas de poder, ditando políticas públicas, iniciativas legislativas conservadoras e influências no judiciário, sempre voltadas ao benefício do modelo de produção concentrador, excludente e devastador. A forma de ação de tais forças retrógradas ilustra a indiferença que, mesmo perante as evidências de agravamento do colapso ambiental no futuro próximo, o capital se coloca como absoluto e "fecha os olhos" para a insuperável contradição trazida pela grave crise ambiental, persistindo na sua ilusão de "eterna" reprodução. Fazem-se necessárias contraposições a essas forças destrutivas e reacionárias. Em seu modesto alcance, o Projeto de Lei nº 281/2010 e o debate que se pretende agitar a partir dele buscam extrapolar o foco meramente tecnicista da questão, trazendo à tona as faces política e ideológica que envolvem a questão dos agrotóxicos.
 
Notas:
 
(1) ISTVÁN MÉSZÁROS, "O Desafio e o Fardo do Tempo Histórico", Boitempo Editorial, 2007, p.27/28.
(2) FREDERICO PERES e OUTROS, "Os Impactos dos Agrotóxicos sobre a Saúde e o Meio Ambiente", Revista de Ciência & Saúde Coletiva, Vol. 12, nº 1, jan/mar, 2007, p.4 (editorial).
 
Raul Marcelo é deputado estadual e líder do PSOL na Assembléia Legislativa do estado de São Paulo.
 

A utopia e as mediações


Mesmo que seja em passos pequenos ou curtos, a utopia se faz caminhando na direção correta.


Marcelo Barros  no BrasilDeFato

Faltam poucos dias para as eleições que darão ao Brasil novos/as gestores no Governo Federal, Estados e no Legislativo. Há muitas promessas de solução para os grandes problemas nacionais e a maioria dos brasileiros votará na esperança de um futuro melhor. Muitas discussões políticas incidem sobre o projeto de sociedade que nos é oferecido. Este coincide ou não com aquele que muitas pessoas cultivam na mente e no coração. De um modo ou de outro, estas eleições brasileiras e estas discussões sobre o projeto político tem a ver com o processo dos fóruns sociais mundiais. Ainda hoje, dez anos depois, quem acompanha este processo se recorda do refrão cantado por todos desde 2001: “Aqui, um outro mundo é possível, se a gente quiser!”. Este grito,  lançado em todos os continentes, provocou diversas conferências temáticas e muitos fóruns regionais. Alguns criticaram que aquelas discussões aparentemente não levavam a nada. Talvez, hoje, não possam dizer isso ao ver que a Bolívia tem, pela primeira vez em sua história, um índio como presidente da República e vários países do continente têm novas constituições cidadãs e um caminho político novo e mais popular. 
Em um de seus livros, Eduardo Galeano faz um de seus personagens perguntar a um companheiro: - Para que me serve a esperança (a utopia) se quando dou um passo em sua direção, percebo que ela se afasta mais um passo?
O companheiro respondeu: - Serve para fazer você caminhar.
Neste caminho para um mundo de paz, justiça e igualdade social, é importante de um lado termos sempre sob os olhos a meta que queremos atingir, mas, ao mesmo tempo, saber que isso só se dará se assumirmos as dificuldades e etapas necessárias do caminho. Não existe utopia sem mediações. Tanto no plano social e político, como mesmo no caminho da fé, é importante termos claro a sociedade nova que desejamos construir, mas, ao mesmo tempo, não descuidar das etapas necessárias para nos aproximar da meta. Sem mediações, nossa luta social e política se tornaria não histórica e sim messiânica, no sentido negativo do termo. No caminho da fé, todos os dias os cristãos oram “Venha a nós o vosso reino”, ou seja, realize-se aqui no mundo em que vivemos o projeto divino para a humanidade e o planeta. Mas, é preciso ter em vista como este reino ou projeto divino poderá se concretizar em nosso dia a dia.
As mediações são, em geral, limitadas, incompletas e até ambíguas, como tudo o que é humano. No entanto, rejeitá-las ou simplesmente ignorar a sua necessidade é cair na arrogância. É preciso sempre apontar o que se almeja como ideal, mas, ao mesmo tempo, ter a humildade de assumir o que é possível na realidade do aqui e agora. Na sua regra para os monges, São Bento fala da humildade como a capacidade de ter os pés na terra e viver a fragilidade de cada dia. É claro que isso poderia nos levar a uma acomodação conservadora ou pouco profética. Não cairemos nisso se soubermos articular bem a utopia (o que almejamos) e as mediações ou etapas do caminho.
Concretamente, no Brasil atual, esta humildade social e política nos faz reconhecer as conquistas sociais e o caminho positivo já percorrido nos últimos anos. Este ganho acumulado se deve, sem dúvida, a um governo competente e que governou o Brasil com nova sensibilidade social. Entretanto, estas conquistas sociais representam, sobretudo, uma conquista dos movimentos populares e de toda a sociedade civil que, nos últimos anos, amadureceu em sua consciência social e política. É preciso salvaguardar as conquistas feitas. Apesar da guerra suja, deflagrada pelos maiores meios de comunicação social do país contra o caminho até aqui percorrido, a população mais pobre tem sabido distinguir as coisas e mostra sua independência no julgamento. Não apenas porque recebe uma ajuda social que é direito de todos, mas porque se sente envolvido neste processo como um povo de cidadãos e não de mendigos aos quais se jogam apenas migalhas do que sobra às classes altas do país. A internet e a multiplicação de blogs democratizam mais esta discussão e permitem uma forma de comunicação mais horizontal e justa.
Neste caminho para a utopia, não há receitas ou regras estabelecidas para as mediações. Entretanto, alguns princípios podem ser úteis: 1º - a palavra de Gandhi: “comece por você mesmo a mudança que propõe ao mundo”. 2º - sozinho, ninguém transforma nada. Não se sinta acima e independente do caminho comum. Aceite a mediação do grupo e da comunidade. 3º - Não adianta pensar que vamos para o leste, caminhando para o oeste. Mesmo que seja em passos pequenos ou curtos, a utopia se faz caminhando na direção correta. Podemos corrigir estratégias e rever etapas, mas sempre no mesmo rumo.
Antoine de St. Exupéry, autor do “O Pequeno Príncipe” dizia: “Um viajante que sobe uma montanha guiado por uma estrela, se se deixar absorver demais pelos problemas e dificuldades da escalada, se arrisca a perder de vista a estrela que o guia”.

Marcelo Barros é monge beneditino.

Louis Armstrong – Gold collection (Remastered-2007)

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1ª Opção – Rapidshare

2ª Opção – Depositfile
7x94fvm Louis Armstrong   Gold collection (Remastered 2007)
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Gênero Jazz / Soul / Blues
135 MB
CD 01
01. Louis Armstrong – What A Wonderful World
02. Louis Armstrong – Cabaret
03. Louis Armstrong – Dream A Little Dream Of Me
04. Louis Armstrong – Mame
05. Louis Armstrong & Duke Ellington – Solitude
06. Louis Armstrong – Hello Dolly
07. Louis Armstrong – You Go To My Head
08. Louis Armstrong – I Gotta Right To Sing The Blues
09. Louis Armstrong & Ella Fitzgerald – A Fine Romance
10. Louis Armstrong – Georgia On My Mind
11. Louis Armstrong – When You’re Smiling (The Whole World Smiles With You)
12. Louis Armstrong – On The Sunny Side Of The Street
13. Louis Armstrong – Mack The Knife
14. Louis Armstrong – Rockin’ Chair
15. Louis Armstrong – Basin Street Blues
16. Louis Armstrong – Someday (You’ll Be Sorry)
17. Louis Armstrong – It Takes Two To Tango
18. Louis Armstrong – A Kiss To Build A Dream On
CD 02
01. Louis Armstrong & Bing Crosby – Gone Fishin’
02. Louis Armstrong & Louis Jordan – (I’ll Be Glad When You’re Dead) You Rascal You
03. Louis Armstrong – La Vie En Rose
04. Louis Armstrong & Billie Holiday – My Sweet Hunk O’ Trash
05. Louis Armstrong – Blueberry Hill
06. Louis Armstrong – (What Did I Do To Be So) Black And Blue
07. Louis Armstrong – Do You Know What It Means To Miss New Orleans
08. Louis Armstrong – I Wonder
09. Louis Armstrong – When It’s Sleepy Time Down South
10. Louis Armstrong – I’m Confessin’ (That I Love You)
11. Louis Armstrong – Ain’t Misbehavin’
12. Louis Armstrong – When The Saints Go Marching In
13. Louis Armstrong – Struttin’ With Some Barbeque
14. Louis Armstrong – Swing That Music
15. Louis Armstrong – Old Man Mose
16. Louis Armstrong – I’m In The Mood For Love
17. Louis Armstrong – St. Louis Blues
18. Louis Armstrong – Lazy River
19. Louis Armstrong – West End Blues
20. Louis Armstrong – Potato Head Blues
21. Louis Armstrong – Wild Man Blues
22. Louis Armstrong – Heebie Jeebies