quarta-feira, 21 de maio de 2008

Solidariedade à juventude Tcheca



por Luciano Rezende*


Proibida de existir por se negar a renunciar ao marxismo-leninismo, a Juventude Comunista Tcheca (KSM, das iniciais em tcheco) foi posta na ilegalidade. No último dia 24 (abril) o Tribunal Municipal de Praga rejeitou o recurso da KSM que pleiteava o seu direito de continuar atuando legalmente, apelando contra a decisão do Ministério do Interior da República Tcheca que dissolveu essa organização popular juvenil denunciando sua (pasmem!) “indeclinável posição a favor da substituição da propriedade privada dos meios de produção pela propriedade coletiva dos mesmos”. Tristes resquícios da “Revolução de Veludo”.


Tão absurda ainda é outra alegação utilizada contra a KSM. Segundo os porta-vozes do reacionarismo tcheco, essa combativa entidade, reconhecida em todo o mundo como filiada histórica da Federação Mundial de Juventudes Democráticas, a FMJD (assim como a UJS, aqui no Brasil), estaria interferindo nos rumos políticos do país e fazendo apologia ao comunismo. Mas qual é a razão de existir de qualquer organização política juvenil, de indistinto matiz ideológico, senão intervir na vida política de seu país e do mundo, a defender suas legítimas convicções e ideologias?


Para não ser desativada, a Juventude Comunista Tcheca teria de renunciar ao seu programa político, à sua identidade comunista, aos seus objetivos e à sua fundamentação teórica baseada no marxismo-leninismo.

Essa campanha anti-democrática atinge não apenas o movimento socialista juvenil e tampouco é restrita ao país de Kafka. Este ataque à KSM é emblemático e diz respeito a todas as organizações democráticas e progressistas do mundo. Uma forma inaceitável de manipulação política e ideológica alicerçada no plano de combate ao terrorismo lançado pelos EUA, e acobertado pela União Européia, que estimula a criminalização das organizações de caráter antiimperialista.


Qual seria o alarde da opinião pública mundial se acaso o Brasil proibisse de funcionar em território nacional uma ONG internacional qualquer, por exemplo, a “Repórteres sem Fronteiras”? Certamente a burguesia faria um estardalhaço em nome da liberdade de expressão e os mais elementares direitos e garantias dos cidadãos e outros slogans que como bem escreveu Lênin, são mais para iludir o povo quando vociferado pelas elites. Mas quando é uma organização nacional, histórica e arraigada ao povo de seu próprio país e formada pela juventude desse mesmo país, nenhuma vírgula é publicada na mídia convencional.


Mas essa decisão absurda do Ministério do Interior da República Tcheca tem a desaprovação da maioria dos tchecos que protestam por diferentes maneiras. Uma petição de apoio à KSM já conta com milhares de assinaturas de estudantes e personalidades de todo o mundo além de partidos políticos, organizações diversas de antigos lutadores contra o fascismo e membros da resistência guerrilheira. Também graças à iniciativa de deputados do Partido Comunista da Boêmia e Moravia as medidas do Ministério do Interior foram tratadas na Câmara de Deputados do Parlamento da República.

Todavia, a maior demonstração de solidariedade deve partir do internacionalismo das forças progressistas, principalmente as juvenis. Os brasileiros, com a União da Juventude Socialista à frente, já se pronunciou através de uma “petição dos jovens brasileiros” encaminhada à Embaixada da República Tcheca no Brasil no dia 10 de março de 2006, a qual conseguiu aglutinar assinaturas de diversos parlamentares, personalidades, entidades, partidos e representações. Outra, entre as diversas organizações juvenis que saíram em defesa da KSM, foi a Juventude Comunista Portuguesa. Em nota, a JCP afirma que a “União da Juventude Comunista da República Checa é uma organização juvenil revolucionária, de caráter antiimperialista e assume-se como marxista-leninista, aspectos intoleráveis para a Europa do grande capital. O poder de atração que os ideais do socialismo e do comunismo exercem sobre amplas massas juvenis preocupa os governos da União Européia, pela sua imensa capacidade transformadora e tomada de consciência dos crimes do capitalismo”.

Uma vez mais precisamos nos pronunciar. Iludem-se aqueles que pensam poder cercear a juventude revolucionária, seja ela de qualquer parte do mundo, a abandonar sua convicção de lutar por outra sociedade mais avançada, socialista.

A Embaixada da República Tcheca no Brasil precisa receber o recado da juventude brasileira. Uma mensagem de indignação frente a esse atentado à democracia e uma moção de solidariedade à juventude tcheca. É o mínimo que podemos fazer.

Embaixada da República Tcheca no Brasil, SES Via L3/Sul, Quadra 805, Lote 21A, CEP: 70200-901, Brasília - DF
Tel.: (+55 61) 3242 7785, 3242 7905
Fax: (+55 61) 3242 7833
e-mail.: brasilia@embassy.mzv.cz




*Luciano Rezende, Engenheiro Agrônomo, mestre em Entomologia e doutorando em Genética. Da Direção Nacional da UJS.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Genesis - Seconds Out - 1977


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Gravado em París em 1976 e 1977

Disco 1 - Capa 1

1. "Squonk" (Banks/Rutherford) – 6:39
2. "The Carpet Crawlers" – 5:27
3. "Robbery, Assault and Battery" (Banks/Collins) – 6:02
4. "Afterglow" (Banks) – 4:29

Disco 1 - Capa 2
1. "Firth of Fifth" – 8:56
2. "I Know What I Like (In Your Wardrobe)" – 8:45
3. "The Lamb Lies Down on Broadway"/"The Musical Box (Closing Section)" - 8:17
1. "The Lamb Lies Down on Broadway" – 4:59
2. "The Musical Box" (closing section)– 3:18

Disco 2 - Capa 1
1. "Supper's Ready" – 24:33

Disco 2 - Capa 2
1. "The Cinema Show" – 10:58
2. "Dance on a Volcano" (Banks/Collins/Hackett/Rutherford) – 4:24
3. "Los Endos" (Banks/Collins/Hackett/Rutherford) – 7:14

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Phil Collins - vocals, drums, percussion
Steve Hackett - electric & acoustic guitars, koto
Tony Banks - keyboards, backing vocals, electric guitars
Mike Rutherford - 8-and 12-string bass, electric & acoustic guitars, moog bass, backing vocals

Chester Thompson - drums
Bill Bruford - drums on "Cinema Show"

Todas as cancões escritas por Tony Banks/Phil Collins/Peter Gabriel/Steve Hackett/Mike Rutherford exceto as indicadas

A LIÇÃO DA HISTÓRIA

São em momentos como esse que percebemos o quanto é triste ser “apolítico” ou se alinhar com o que existe de mais reacionário e desumano no mundo, seja por convicção de fazer parte da “raça superior” ou por mera alienação

- por André Lux, o crítico-spam

Vale a pena conhecer esse drama histórico dirigido com segurança por Michael Apted, que já fez outros filmes politicamente engajados como “Na Montanha dos Gorilas” e “Coração de Trovão”. Em “Jornada pela Liberdade” ele aponta sua câmera para o difícil processo de aprovação da lei que finalmente acabou com a escravidão na Inglaterra, no século 18, graças ao empenho que durou mais de 20 anos de William Wilberforce e seus apoiadores no parlamento inglês.

A boa notícia é que o roteiro de Steven Knight faz o possível para não resvalar no maniqueísmo típico desse tipo de produção, procurando ao máximo mostrar sempre os dois lados da moeda (afinal, até mesmo os conservadores tinham lá suas convicções na defesa da escravatura), bem como as fraquezas e os defeitos dos personagens. Além disso, tem o cuidado de destacar também a participação das várias castas da sociedade na luta pela abolição, inclusive as mulheres e, claro, os próprios negros (representados aqui na figura do ex-escravo Olaudah Equiano), contrariando assim a lógica róliudiana de sempre tentar reduzir conquistas sociais como essa à luta individualista de um único sujeito.

O filme ganha credibilidade graças à boa atuação de Ioan Gruffudd (de, acredite se quiser, “Quarteto Fantástico”!) no papel central, sempre cercado por ótimos coadjuvantes, com destaque para Michael Gambom, como o político que muda de lado na última hora, e o lendário Albert Finney, encarnando John Newton, o ex-comandante de navio negreiro que, arrependido, passa o resto dos dias lutando contra a escravidão – é dele a emocionante canção “Amazing Grace” que dá o título original do filme e já foi usada em várias outras produções do cinema, como “Jornada nas Estrelas 2” (na cena do funeral de Spock) e “Invasores de Corpos”.

Apesar do ritmo lento e do caráter didático da narrativa, “Jornada pela Liberdade” é um ótimo exemplo de como a política é vital e pode ser usada para efetivamente melhorar a vida das pessoas, mesmo que seja por linhas tortas. Assusta também pensar que a indefensável escravidão de seres humanos começou a ser abolida há tão pouco tempo - no Brasil, há míseros 120 anos! Não é de se estranhar que muitos desejam a sua volta até hoje...

São em momentos como o retratado pelo filme que percebemos o quanto é triste ser “apolítico” ou se alinhar com o que existe de mais reacionário e desumano no mundo, seja por convicção de fazer parte da “raça superior” ou por mera alienação. A história, por mais que tentem deturpá-la, é (e sempre será) cruel com essas pessoas.

Aids é desprezada pela Prefeitura de Porto Alegre


Organizações da sociedade civil que trabalham pela promoção dos Direitos Humanos das pessoas que vivem com HIV/aids no Rio Grande do Sul protocolam, nesta quarta-feira (21), junto ao Ministério Público Federal uma denúncia contra a prefeitura de Porto Alegre pelo mau uso de recursos públicos federais que deveriam ser utilizados exclusivamente para ações em prevenção e assistência às pessoas com DST/HIV/Aids.
Segundo as organizações denunciantes, a Secretaria Municipal de Saúde não vem gastando os recursos destinados pelo Governo Federal para esta área. Somente no ano passado havia R$ 843.091,69 de recursos que não foram utilizados em 2006. Ainda em 2007, a Prefeitura recebeu do governo federal mais R$ 1.135.351,21, além dos R$ 121.315,35 em rendimentos pela sobra não utilizada. Deste total a Prefeitura gastou um pouco mais que 25%. A preocupação do movimento de luta contra a Aids no Rio Grande do Sul é de que, com a magnitude da Aids em Porto Alegre, que mantém a cidade com um dos maiores índices de casos de HIV/Aids do país (14.701 casos em 2006) representando 53,31 casos por 10 mil habitantes, a Prefeitura não investe um centavo sequer nesta área e também não utiliza os recursos federais.

O recurso que Porto Alegre recebe do governo federal é um mecanismo do SUS, um incentivo, que vem do Fundo Nacional de Saúde para o Fundo Municipal de Saúde e que visa estimular o investimento municipal em ações de prevenção e assistência em DST/HIV/Aids. Com este valor e com a participação da sociedade civil elabora-se o Plano de Ações e Metas, denominado PAM. Este também não vem sendo executado e desprezado pela Prefeitura. Em 2004, a Coordenação Municipal de Aids sofreu um desmonte, reduzindo seu corpo funcional de 18 para apenas 3 servidores. O serviço de redutores de danos foi transferido para a saúde mental e, apesar de o gestor ter sido chamado para prestar contas desse serviço, nunca se dignou a comparecer às reuniões da Comissão de DST/HIV/Aids.
As entidades também denunciam que estão faltando medicamentos básicos aos cidadãos como o "sulfametozanol + trimetroprim" ou "bactrin", medicamento utilizado no combate à doenças que decorrem da baixa imunidade como toxoplasmose e pneumonia. Tal medicamento é de responsabilidade do Município. E agora, protestam ainda, a prefeitura quer utilizar os recursos oriundos do PAM, que deveriam ser exclusivamente para prevenção e assistência para aids, para o pagamento de funcionários do Hospital Vila Nova.
Segundo Gustavo Bernardes, advogado do grupo Somos, “a não utilização dos recursos federais por parte do Poder Público Municipal na prevenção e assistência às DST/Aids e o uso desses recursos para honrar compromissos do Município com um Hospital demonstram o despreparo do gestor de saúde em planejar e executar devidamente suas ações. Sem planejamento não se pode fazer frente a essa grave epidemia”. A denúncia será feita pelas seguintes entidades: SOMOS - Comunicação, Saúde e Sexualidade; GAPA/RS - Grupo de Apoio à Prevenção da Aids do Rio Grande do Sul; Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids; Rede Nacional de Pessoas - Porto Alegre; Núcleo de Estudos da Prostituição - NEP; Mais Criança; e Igualdade - Associação de Travestis e Transexuais do RS. As informações são do jornalista Alexandre Böer, diretor da ABGLT para a Região Sul e coordenador de projetos da Somos Comunicação, Saúde e Sexualidade.

A conduta de risco de Tony Gilroy contra o agronegócio

O mesmo diretor de Advogado do Diabo disseca a relação entre transnacionais e escritórios de advocacia, responsáveis por limpar a "sujeira" deixada pela lógica bárbara do grande negócio

O mesmo diretor de Advogado do Diabo disseca a relação entre transnacionais e escritórios de advocacia, responsáveis por limpar a "sujeira" deixada pela lógica bárbara do grande negócio



Thiago Barison


O suspense indicado a sete oscars conta a história vivida por “Michael Clayton” (George Clooney), advogado de um grande escritório em Nova Iorque responsável pelos casos da fictícia – porém nem tanto – megacompanhia de herbicidas “United Northfield”. A trama é tecida em torno de um processo sofrido pela transnacional do agronegócio, responsável pelo envenenamento de 450 famílias de camponeses. Isso mesmo: as semelhanças com a realidade não são mera coincidência e isto faz de “Conduta de Risco” um filme que nos põe a refletir.

Nesta teia de relações, os advogados são chamados de “faxineiros”: os responsáveis por limpar a sujeira deixada pela lógica bárbara do grande negócio. Diante de lucros monstruosos, a vida e a natureza se mostram meros objetos. E todos envolvidos têm um preço, a ser pago por esse montante volumoso de lucros, proporcionalmente segundo o grau de envolvimento de cada sujeito dessa estrutura.

Ocorre que um advogado do caso muda de lado e sua conduta se torna um risco à boa ordem dos negócios. O suspense então prende a atenção do espectador precisamente porque o encadeamento das cenas aparece como algo terrível, porém possível neste mundo cão. Com efeito, o filme espelha uma realidade em que prevalece a mentira, que aliás é muitas vezes divulgada pelo próprio cinema. Eis aí a razão pela qual vale a pena assistir a obra de Tony Gilroy: num jogo de espelhos, entre as telas e as janelas, a verdade aparece nua e corrosiva como os herbicidas da transnacional.


Propaganda e ideologia

Contar apenas uma cena não vai estragar o espetáculo e pode nos dar uma idéia dos símbolos de que trata o diretor. Diz a bela propaganda da “United Northfield” passada nos telões do Time Square e em todas as televisões do mundo: “we find the seed... we shape the soil... we speed the harvest: we feed the planet.” [encontramos a semente… preparamos o solo… aceleramos a colheita: alimentamos o planeta.].

A reação é imediata: vem-nos à mente as igualmente apelativas peças publicitárias que hoje compõem o mosaico de mentiras coloridas da ideologia capitalista. No caso brasileiro, impossível não lembrar das recentes propagandas de Aracruz, Monsanto & Cia, ou então da Vale do Rio Doce, cujos cenários remontam a um Brasil diverso e próspero: aparecem índios, brancos, negros, jovens, idosos, todos bonitos (bem maquiados), bem alimentados, felizes e cantando as canções da MPB (na voz de artistas à soldo). Um espetáculo farsesco. Tudo isso logo após os movimentos populares se organizarem e botarem nas ruas um plebiscito questionando a privatização da Vale do Rido Doce. Diante de qualquer movimentação dos povos, o capital responde imediatamente com as poderosas armas da videologia.

Recordamos também a última eleição presidencial, em que mudam os atores e o cenário, mas a peça mantém o mesmo roteiro tragicômico. O espectador interage com sua inércia bem acomodada no sofá da sala e, ao final, dá um sorriso amarelo, sabendo que no fundo está sendo enganado. A modernidade perverteu a tragédia grega, retirando a filosofia da arena e introduzindo o culto da mercadoria.


Outras referências

Revelar essa relação íntima entre o mundo dos negócios e a barbárie vivida na Terra tem sido a tônica de bons filmes como Erin Brockovich – uma mulher de talento (indústria química), O Informante (indústria tabagista), O Jardineiro Fiel (indústria de medicamentos), Diamante de Sangue (indústria de jóias e pedras preciosas), Boa Noite e Boa Sorte (grande mídia), Senhor das Armas (indústria bélica), The Corporation (sociedades anônimas em geral), O Bom Pastor (serviços de inteligência dos EUA). A lista é imensa, pois não faltam subsídios para bons roteiristas nas muitas décadas de atuação nefasta do império das transnacionais.

E aqui Tony Gilroy não arriscou e foi buscar no meio jurídico elementos para seu enredo, aproveitando a inspiração obtida em visitas a grandes escritórios de advocacia quando escrevia O Advogado do Diabo (1997). De fato, ali ninguém é inocente e também no terreno do direito as transnacionais têm larga vantagem, comprando tudo e todos.

Um aspecto dessa linhagem de filmes, contudo, nos decepciona. Geralmente em tais filmes, (registre-se: exceções à regra do enlatado americano), são indivíduos, profissionais liberais, intelectuais, figurando como personagens principais, os únicos capazes de enfrentar o poder do capital quando descoberto em sua lógica suja. Para não dizer verdadeiros “heróis” (de cinema, é claro). Isso quando o filme não envereda para um ceticismo paralisante diante do “poder imenso das corporações” ou perante a “maldade intrínseca do ser humano”.

Talvez isso seja mesmo reflexo da falta de alternativas reais, da fraqueza das forças que hoje enfrentam o poder das transnacionais. A tragédia da realidade contemporânea impõe ao cinema crítico certos limites.

E precisamente por esse fato amargo somos forçados a reconhecer a perspicácia e o poder da abordagem presente em filmes americanos dessa linhagem. Os dramas e contradições individuais que levam os heróis a se voltar contra as engrenagens do capital, partindo de dentro delas, ou então a sinceridade corrosiva de personagens anti-heróis que encarnam a alta função de agentes do big business revelam toda a podridão moral e as mentiras utilizadas na constante auto-justificação dessa estrutura desumana. O público tenta se identificar com um ou se afastar do outro, enquanto assiste agoniado ao conflito posto em marcha.

Ao final, portanto, ficamos otimistas diante de trabalhos como o de Tony Gilroy que, no centro da indústria de dominação, com inteligência e ironia, destilam uma crítica ao capital nas entrelinhas de suspenses e tragédias pessoais. A conduta de risco do diretor nos dá bons subsídios para falarmos das mentiras e da verdade sobre o agronegócio.


Thiago Barison é advogado e militante da Consulta Popular.
Espinafre ajuda a aumentar os músculos


Gustavo Wenceslau

Especialistas da Universidade de Rutgers, em Nova Jersey, Estados Unidos, divulgaram nesta semana um estudo que comprova que o espinafre tem o poder de aumentar os músculos.

Os cientistas extraíram esteróides(hormônios) encontrados nas folhas da verdura e avaliaram sua ação quando em contato com amostras de tecido muscular humano. Constataram que os esteróides aumentaram a velocidade do crescimento dos músculos em até 20%.

Os especialistas acreditam que o esteróide age diretamente sobre proteínas, transformando-as em massa muscular.

Mas se o seu objetivo é ficar mais forte e musculoso não anime-se! Os pesquisadores afirmaram que é necessário ingerir cerca de 1 quilo de espinafre por dia para ajudar no alcance de seu objetivo.


OUTROS BENEFÍCIOS
Estudos anteriores apontaram que o espinafre ajuda pessoas com excesso de peso a emagrecer, ao diminuir a velocidade da digestão de gordura e prolongar a sensação de saciedade.

Outras pesquisas também já mostraram que a verdura pode aumentar a capacidade cerebral.


PERIGOS DO ESPINAFRE
Nos anos 50
, algumas crianças vieram a óbito, devido a uma doença que era gerada por conta do excesso de substâncias tóxicas e antinutricionais contidas no espinafre.

A doença ficou conhecida como doença do branco do olho azul, pois o branco dos olhos ficava dessa cor. Atualmente sabemos que o consumo desta hortaliça não deve ser excessivo.

Segundo a nutricionista Jocelem Mastrodi Salgado, da Universidade de São Paulo(USP), o espinafre é um dos alimentos vegetais que mais contém cálcio e ferro. Entretanto, esses dois minerais são pouquíssimo aproveitados pelo nosso corpo, já que o alto teor de ácido oxálico no vegetal inibe a absorção e a boa utilização desses minerais pelo nosso organismo. Os estudos mostram também que o ácido oxálico do espinafre pode interferir com a absorção do cálcio presente em leites e seus derivados.

Mas não é por isso que todo mundo deve deixar de consumir espinafre. Ele deve ser ingerido em meio a uma alimentação equilibrada, e não ser a base de uma dieta. "A minha dica é que todos consumam também outros vegetais folhosos: a couve, brócolis, folha de mostarda, agrião, as folhas de cenoura, beterraba e couve flor e leguminosas como os feijões, ervilhas, lentilhas e soja são as melhores opções para quem quer consumir fontes alternativas de cálcio e ferro", sugere a nutricionista.

Maysa - Convite Para Ouvir No. 3 (1958)




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Aumento dos juros é culpa do Lula


Altamiro Borges


A recente decisão do Banco Central de elevar em 0,5% a taxa básica de juros e a sinalização de que novos aumentos ocorrerão nas próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) continuam gerando queixas de amplos setores da sociedade. Não são apenas as centrais sindicais e as entidades patronais do setor produtivo que criticam a política macroeconômica do governo. Dos corredores do Palácio do Planalto, o tom da crítica tem se inflamado. A própria composição heterogênea deste segundo mandato do presidente Lula, com a indicação de vários economistas ligados à visão desenvolvimentista, estimula as divergências interrnas, que ficam mais ácidas.

O vice-presidente José Alencar, na sua heróica cruzada, resolveu chutar o balde. Para ele, o BC adota uma orientação “imbecil” ao elevar os juros e desestimular o desenvolvimento. Na véspera do 1º de Maio, ele esculhambou a ortodoxia monetária. “Os juros brasileiros estão num patamar muito superior ao internacional. Estamos pagando mais de seis vezes acima da taxa média do mundo, de 1%”. Ele ironizou os burocratas do BC que fazem terrorismo com o risco da inflação. “Você não pode achatar o consumo de quem não consome. No Brasil, ainda há muita gente que não consome o necessário para viver. Não temos de ter medo do consumo, mas sim da fome”.

BC beneficia minoria de privilegiados

Dias antes, o economista Paulo Nogueira Batista Jr., indicado pelo governo como representante do país junto ao FMI, também saiu atirando. “A subida dos juros atinge não só o consumo, mas também os investimentos privados... Ao diminuir a oferta, a política monetária apertada solapa a sustentabilidade da expansão econômica... Infelizmente, os problemas não param por aí. Os juros mais altos elevam o custo da dívida interna e desajustam as contas governamentais. Concentram a renda, pois beneficiam a minoria de privilegiados (brasileiros e estrangeiros) que são credores diretos e indiretos do governo. E, como se isso tudo não bastasse, contribuem para agravar a valorização do real, ameaçando recriar o problema da vulnerabilidade externa no médio prazo”.

Outro recém-indicado para um posto estratégico do estado, o economista Marcio Pochmann, que hoje preside o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), também não poupou críticas. Numa entrevista audaciosa, ele afirmou que o aumento de 0,5% na Selic, que pulou para 11,75% ao ano – a maior taxa de juros do planeta –, indica que “não há uma coordenação perfeita dentro do governo Lula. A decisão anterior de estancar a queda dos juros e a atual de elevar a Selic mostra que o Banco Central opera em sentido, e o Ministério da Fazenda, em outro. Ela expressa a ausência de uma maioria política que diga: o nosso projeto é o de crescimento”.

Copom desacatou o governo

“Essa decisão é um claro sinal de que não existe convergência no governo. Há um grupo político que defende a estabilidade monetária a qualquer preço. Ela talvez tenha sido uma das mais tensas porque [antes] o processo de decisão ocorria sem grande contestação, sem grande reação social e política... Vejo hoje no governo Lula um aumento da disputa. A decisão do Copom pode acirrar a polarização, que tem implicação política mais abrangente. Diria que parte da tensão, que se deu no período que antecedeu a decisão, foi estimulada. O BC teve uma posição muito ousada, subiu os juros sabendo que dentro do governo havia posição contraria à sua decisão”.

Para Pochmann, mantido o viés de alta na taxa de juros, os efeitos destrutivos serão inevitáveis. “Vai ter impacto nas pessoas ou empresas que tomam crédito e na dívida pública. Pode também atrair mais recursos estrangeiros especulativos ao país. Teremos uma taxa de câmbio ainda mais valorizada, com maior dificuldade para a exportação e maior estímulo à importação, além da substituição de produtos nacionais por importados. Mas o impacto na economia real deve ocorrer a partir do segundo semestre”. Ele lembra que 44% do PIB já circulam no setor financeiro. “Com a elevação do juro, cria-se maior constrangimento para aplicar o dinheiro em máquinas, fábricas e compra de equipamentos. Quem tem dinheiro para aplicar acaba sempre preferindo a liquidez”.

“Miopia e má fé” do Banco Central

As críticas que partem do interior do próprio governo fortalecem a pressão da sociedade contra a orientação rentista do BC. O PCdoB, mantendo sua independência, produziu cartazes e adesivos com o slogan “juros altos, não”, e a sua bancada no parlamento discursou contra a medida. Já os movimentos sociais realizaram um protesto, ainda que tímido, em frente à sede do Banco Central em Brasília. As centrais sindicais, por sua vez, construíram um manifesto unitário condenado a decisão. “Os juros altos seguem na contramão da produção, do crédito e do consumo. Elevá-los ainda mais significa impor novos obstáculos ao desenvolvimento com distribuição de renda e valorização dos trabalhadores”, diz o texto assinado pela CTB, CUT, FS, UGT, CGTB e NCST.

Até o PT, o partido do presidente, endureceu seu discurso. Sua executiva nacional aprovou nota áspera criticando o aumento dos juros. José Dirceu, ex-homem forte do governo e que ainda goza de influência entre os petistas, deu a linha. Seu blog virou uma trincheira na luta contra o BC. Na véspera do 1º de Maio, um novo petardo. “Como não acredito em duendes, estou impressionado com a miopia e a má fé que vão tomando conta de algumas autoridades da equipe econômica do governo. Aos poucos, elas impõem ao Brasil uma falsa questão, a da ameaça de inflação... O BC criou esse ambiente de pânico forçado, de medo da inflação”. Apesar da aspereza, Dirceu insiste em livrar a cara o presidente Lula. “Ele deixou clara a sua opção pela não elevação dos juros”.

A “neutralidade” do presidente

O dilema da luta contra a política de “vôo da galinha” do BC (ciclo de expansão da economia de curta duração e pé no freio dos juros altos) reside exatamente neste paradoxo. Não basta apenas pedir as cabeças de Henrique Meirelles e dos outros sete diretores do Banco Central que decidem os rumos da economia nas reuniões herméticas do Copom (Alexandre Tombini, Alvir Hoffmann, Anthero Moraes, Antonio Matos Vale, Maria Berardinelli, Mário Torós e Mário Mesquita). Não dá para imunizar Lula, que insiste em afirmar que é “neutro” diante da ortodoxia dos tecnocratas. Afinal, quem nomeia o presidente do BC é o presidente Lula, eleito por milhões de brasileiros!

Apesar da pressão dos neoliberais, o Banco Central do Brasil ainda não tem autonomia legal – na prática, manda e desmanda. Mesmo a desculpa da “neutralidade técnica” não serve. Nos EUA, o paraíso da desregulamentação financeira, o BC local, o FED, não fica preso às metas de inflação, juros e cambio. Diante do risco de recessão, ele enterra as teses neoliberais e adota medidas para reduzir os juros e elevar os investimentos e o crédito, com o objetivo de alavancar o combalido crescimento da economia. Neste sentido, o BC do Brasil é mais realista do que o BC dos EUA. Na brincadeira, dá até para propor o “imbecil” do Bush para presidência do nosso Banco Central.

O “momento mágico” da especulação

O problema da alta dos juros, que tende a ser mantida nas próximas reuniões do Copom, é que o governo Lula não está disposto a enfrentar a ditadura do capital financeiro. Ele evita contrariar os interesses dos banqueiros e das 10 mil famílias de rentistas do país. Diante da recente notícia de que as “agências de risco” elevaram o patamar de investimento “seguro” do Brasil – o que deve atrair ainda mais capital especulativo e agravar a crise cambial –, Lula revela que manterá a atual política macroeconômica. Deslumbrado, ele garante que o país vive um “momento mágico”. Já Henrique Meirelles, que parecia isolado, volta a cantar de galo, reforçando o seu cacife do BC.

Como afirma Marcio Pochmann, o entrave para um desenvolvimento mais robusto da economia brasileira decorre da correlação de forças na sociedade. “Ele expressa a ausência de uma maioria política que diga: o nosso projeto é o do crescimento”. O fato positivo deste segundo mandato é que na luta entre estes dois projetos (neoliberal e desenvolvimentista), atualmente há um núcleo mais progressista no governo com coragem para colocar a boca no trombone. O que falta nesta contenda estratégica é uma maior pressão da sociedade, que agende protestos permanentes contra os banqueiros encastelados no BC, que reforce o núcleo desenvolvimentista e que pressione o governo Lula, alertando para o perigo – inclusive eleitoral – dos medíocres “vôos de galinha”.

Altamiro Borges é jornalista, Secretário de Comunicação do Comitê Central do PCdoB e editor da revista Debate Sindical.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Bernard Allison


Site Official : Click

Bernard Allison nasceu em 1965, filho do legendário bluesman Luther Allison.Desde pequeno, Bernard já acompanhava o pai em suas apresentações, sendo influenciado por Luther, obviamente, Muddy Waters, Albert King e, mais tarde, Stevie Ray Vaughan.Bernard iniciou sua carreira tocando na banda de Koko Taylor em 1985. No final da década de 80, foi morar com Luther Allison em Paris, entrando para a banda do pai. Luther conseguiu um estúdio para que Bernard gravasse seu primeiro álbum solo, "Next Generation", em 1994.Em 1997, ano da morte de Luther Allison, Bernard grava seu segundo álbum, "Keep The Blues Alive". Desde então, lançou vários álbuns. Embora na maioria de seus discos Bernard toque o blues mais tradicional de Chicago, em alguns como "Across The Water" ele mistura elementos de rock, r&b e soul, fazendo um blues mais moderno e acessível. Texto : Fireball

Créditos: jimihendrixforever


Higher Power-2004

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Storms of Life-2002

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Across the Water-2000

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Keepin' the Blues Alive-1997
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by Marcelo Mortensen

Energized

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domingo, 18 de maio de 2008

Querida Marina *








Escrito por Frei Betto

Caíste de pé! Traze no sangue a efervescente biodiversidade da floresta amazônica. Teu coração desenha-se no formato do Acre e em teus ouvidos ressoa o grito de alerta de Chico Mendes. Corre em tuas veias o curso caudoloso dos rios ora ameaçados por aqueles que ignoram o teu valor e o significado de sustentabilidade.

Na Esplanada dos Ministérios, como ministra do Meio Ambiente, tu eras a Amazônia cabocla, indígena, mulher. Muitas vezes, ao ouvir tua voz clamar no deserto, me perguntei até quando agüentarias. Não te merece um governo que se cerca de latifundiários e cúmplices do massacre de ianomâmis. Não te merecem aqueles que miram impassíveis os densos rolos de fumaça volatilizando a nossa floresta para abrir espaço ao gado, à soja, à cana, ao corte irresponsável de madeiras nobres.

Por que foste excluída do Plano Amazônia Sustentável? A quem beneficiará este plano, aos ribeirinhos, aos povos indígenas, aos caiçaras, aos seringueiros ou às mineradoras, hidrelétricas, madeireiras e empresas do agronegócio? Quantas derrotas amargaste no governo? Lutaste ingloriamente para impedir a importação de pneus usados e transformar o nosso país em lixeira das nações metropolitanas; para evitar a aprovação dos transgênicos; para que se cumprisse a promessa histórica de reforma agrária.

Não te muniram de recursos necessários à execução do Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia Legal, aprovado pelo governo em 2004. Entre 1990 e 2006, a área de cultivo de soja na Amazônia se expandiu ao ritmo médio de 18% ao ano. O rebanho se multiplicou 11% ao ano. Os satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) detectaram, entre agosto e dezembro de 2007, a derrubada de 3.235 km2 de floresta.

É importante salientar que os satélites não contabilizam queimadas, apenas o corte raso de árvores. Portanto, nem dá para pôr a culpa na prolongada estiagem do segundo semestre de 2007. Como os satélites só captam cerca de 40% da área devastada, o próprio governo estima que 7.000 km2 tenham sido desmatados. Mato Grosso é responsável por 53,7% do estrago; o Pará, por 17,8%; e Rondônia, por 16%. Do total de emissões de carbono do Brasil, 70% resultam de queimadas na Amazônia.

Quem será punido? Tudo indica que ninguém. A bancada ruralista no Congresso conta com cerca de 200 parlamentares, um terço dos membros da Câmara dos Deputados e do Senado. E, em ano de eleições municipais, não há nenhum indício de que os governos federal e estaduais pretendam infligir qualquer punição aos donos das motosserras com poder de abater árvores e eleger ($) candidatos.

Tu eras, Marina, um estorvo àqueles que comemoram, jubilosos, a tua demissão – os agressores ao meio ambiente, os mesmos que repudiam a proposta de se proibir no Brasil o fabrico de placas de amianto e consideram que "índio atrapalha o progresso". Defendeste com ousadia nossas florestas, biomas e ecossistemas, incomodando a quem não raciocina senão em cifrões e lucros, de costas aos direitos das futuras gerações.

Teus passos, Marina, foram sempre guiados pela ponderação e fé. Em teu coração jamais encontrou abrigo a sede de poder, o apego a cargos, a bajulação aos poderosos, e tua bolsa não conhece o dinheiro escuso da corrupção.

Retorna à tua cadeira no Senado. Lembra-te ali de teu colega Cícero, de quem estás separada por séculos, porém unida pela coerência ética, a justa indignação e o amor ao bem comum. Cícero se esforçou para que Catilina admitisse seus graves erros: "É tempo, acredita-me, de mudares essas disposições; desiste das chacinas e dos incêndios. Estás apanhado por todos os lados. Todos os teus planos são para nós mais claros que a luz do dia.

Em que país do mundo estamos nós, afinal? Que governo é o nosso?".

Faz ressoar ali tudo que calaste como ministra. Não temas, Marina. As gerações futuras haverão de te agradecer e reconhecer o teu inestimável mérito.

* ministra do Meio Ambiente

Frei Betto é escritor e assessor de movimentos sociais, autor de "A Obra do Artista – uma visão holística do Universo" (Ática), entre outros livros.