A
humanidade está numa encruzilhada perigosa. Os preparativos de guerra
para atacar o Irão estão em «avançado estado de preparação». Sistemas de
alta tecnologia, incluindo armas nucleares, estão totalmente
preparados.
Esta aventura militar tem estado na mesa de planeamento do Pentágono
desde meados da década 1990. Primeiro o Iraque, depois o Irão, de
acordo com documentos desclassificados de 1995 do Comando Central dos
EUA.
A escalada faz parte da agenda militar. Além do Irão – é o próximo
objectivo juntamente com a Síria e o Líbano – este desenvolvimento
estratégico militar também ameaça a Coreia do Norte, a China e a Rússia.
Desde 2005, os EUA e os seus aliados, incluindo os interlocutores
dos Estados Unidos na NATO e Israel, estão envolvidos num amplo
desenvolvimento e armazenamento dos sistemas de armas avançadas.
Os sistemas de defesa aérea dos EUA, dos países membros da NATO e Israel estão totalmente integrados.
É um trabalho coordenado pelo Pentágono, a NATO e a Força de Defesa
de Israel (FID), com a activa colaboração de vários países da NATO e
outros não integrados nesta estrutura, incluindo os Estados árabes (os
membros da NATO do Diálogo do Mediterrâneo e a Iniciativa de Cooperação
de Istambul), Arábia Saudita, Japão, Coreia do Sul, Índia, Indonésia,
Singapura e Austrália, entre outros. Fazem parte da NATO 28 Estados;
outros 21 países são membros do Conselho da Aliança Euro-Atlântica
(EAPC); o Diálogo Mediterrâneo e a Iniciativa de Cooperação de Istambul é
formada por 10 países árabes e Israel.
O papel do Egipto, dos Estados do Golfo e da Arábia Saudita dentro
da aliança militar ampliada é de particular relevância: o Egipto
controla o trânsito dos navios de guerra e petroleiros no Canal do Suez;
a Arábia Saudita e os Estados do Golfo ocupam a costa ocidental sul do
Golfo Pérsico, o Estreito de Ormuz e o Golfo de Oman.
No princípio de Junho, «o Egipto informou que permitiu a passagem
pelo canal do Suez de onze barcos dos EUA e de Israel, num aparentemente
aviso… ao Irão. Em 12 de Junho, alguns meios de comunicação regionais
informaram que os sauditas tinham dado autorização a Israel para
sobrevoar o seu espaço aéreo» (Mirak Weissbach Muriel, Israel’s Insane
War on Iran Must Be Prevented, Global Research, 31 de Julho de 2010). Na
doutrina militar nascida do 11 de Setembro, o desenvolvimento massivo
de armamento militar definiu-se como parte integrante da chamada «Guerra
Global contra o Terrorismo», dirigido contra organizações terroristas
«não estatais» como a Al-Qaeda e os chamados «Estados patrocinadores do
terrorismo, como o Irão, a Síria, o Libano e o Sudão.
A criação de novas bases militares dos EUA e o armazenamento dos
sistemas de armas avançadas, incluindo as armas nucleares tácticas, etc.
fazem parte da preventiva «doutrina militar defensiva» sob o
guarda-chuva da «Guerra Global contra o Terrorismo».
GUERRA E CRISE ECONÓMICA
As consequências de um ataque de um ataque intenso dos Estados Unidos, da NATO e Israel contra o Irão são de longo alcance.
A guerra e a crise económica estão intimamente relacionadas, A
economia de guerra é financiada por Wall Street, que surge como credor
da administração dos EUA.
Os produtores de armas são os destinatários de milhares de milhões
de dólares do Departamento de Defesa dos EUA, como forma de pagamento
dos contratos de aquisição de sistemas de armas avançadas.
Por sua vez, «a batalha do petróleo» no Médio Oriente serve
directamente os interesses das petrolíferas gigantes
anglo-estadunidenses. Os EUA e os seus aliados estão «a tocar os
tambores da guerra» num momento de uma depressão económica mundial, para
não falar da catástrofe ambiental, mais grave da história mundial. Numa
amarga jogada, um dos grandes jogadores (BP) do tabuleiro de xadrez
geopolítico da Ásia Central no Médio Oriente, a antigamente conhecida
como Anglo-Persian Oil, foi a instigadora da catástrofe ecológica no
Golfo do México.
MEIOS DE DESINFORMAÇÃO
A opinião pública, influenciada pelo bombardeamento dos meios de
comunicação social, apoia tacitamente, indiferente ou ignorando os
possíveis impactes do que se mantém como um ad hoc «punitivo», uma
operação dirigida contra as instalações nucleares do Irão em vez de uma
guerra total.
Os preparativos para a guerra incluem o desenvolvimento do fabrico de armas nucleares nos EUA e Israel.
Neste contexto, as consequências devastadoras de uma guerra nuclear trivializam-se ou, pura e simplesmente não se mencionam.
A crise «real» que ameaça a humanidade é o «aquecimento global» segundo os media e o Governo, não a guerra.
A guerra contra o Irão apresenta-se à opinião pública como um tema
entre vários outros. Não se apresenta como uma ameaça à «Mãe Terra»,
como o caso do aquecimento global. Não é notícia de primeira página. O
facto de um ataque contra o Irão poder levar a uma potencial escalada e
desencadear uma «guerra global» não é motivo de preocupação.
CULTO DA MORTE E DA DESTRUIÇÃO
A máquina global de matar também é sustentada pelo culto da morte e
da destruição que inunda os filmes de Hollywood, para não referir as
guerras em prime time e as séries de televisão sobre delinquência.
Este culto da matança é apoiado pela CIA e pelo Pentágono, que
também apoiou (financiou) produções de Hollywood como instrumentos de
propaganda da guerra.
O ex-agente da CIA Bob baer disse: «Há uma simbiose entre a CIA e
Hollywood» e revelou que o ex-director da CIA George Tenet, se encontra
actualmente em Hollywood, a falar com os estúdios. (Mathew Alford and
Robbie Graham, Lights, Camera… Covert Action: The Deep Politics of
Hollywood, Global Research, 31 de Janeiro de 2009). A máquina de matar
desenvolve-se a nível global no quadro da estrutura de comando de
combate unificado. E, habitualmente, mantém-se nas instituições do
governo, media corporativos e mandarins e intelectuais às ordens da Nova
Ordem Mundial, desde os think thanks de Washington e os institutos de
investigação de estudos estratégicos, como instrumentos indiscutível da
paz e da prosperidade mundiais. A cultura da morte e da violência
gravou-se na consciência humana.
A guerra é largamente aceite como parte de um processo social: a Pátria tem que ser «defendida» e protegida.
A «violência legitimada» e as execuções extrajudiciais contra os
«terroristas» mantêm-se nas democracias ocidentais, como instrumentos
necessários de segurança nacional.
Uma «guerra humanitária» é sustentada pela chamada comunidade
internacional. Não é condenada como um acto criminoso. Os seus
principais arquitectos são recompensados pelas suas contribuições para a
paz mundial. Quanto ao Irão, o que se está a desenvolver é a
legitimação directa da guerra em nome de uma ilusória teoria de
segurança mundial.
UM ATAQUE AÉREO «PREVENTIVO» CONTRA O IRÃO
LEVARIA A UMA ESCALADA
Na actualidade há três teatros de guerra separados no Médio Oriente-Ásia Central: Iraque, Afeganistão/Paquistão e Palestina.
Se o Irão for objecto de um ataque aéreo «preventivo» pelas forças
aliadas, toda a região, do Mediterrâneo Oriental à fronteira ocidental
da China com o Afeganistão e Paquistão, poderia rebentar o que
potencialmente conduz a um cenário da Terceira Guerra Mundial.
A guerra também se estenderia ao Líbano e à Síria. É muito pouco
provável que os ataques, se tivessem lugar, ficassem circunscritos às
instalações nucleares do Irão, como afirmam as declarações oficiais dos
EUA e da NATO. O mais provável é um ataque aéreo, tanto a
infra-estruturas militares como civis, sistemas de transporte, fábricas e
edifícios públicos.
O Irão, com uma estimativa de dez por cento do petróleo mundial,
ocupa o terceiro lugar mundial das reservas de gás, depois da Arábia
Saudita (25%) e Iraque (11%) do total mundial das reservas. Em
contrapartida, os EUA têm menos de 2,8% das reservas mundiais de
petróleo (Ver Eric Waddel, The Battle for Oil, Global Research, Dezembro
de 2004).
É de importância vital a recente descoberta no Irão, em Soumar e
Halgan, das segundas maiores reservas mundiais conhecidas que se estimam
em 12,4 biliões de pés cúbicos. Atacar o Irão não só consiste em
recuperar o controlo anglo-estadunidense, mas também questiona a
presença e influência da China e da Rússia na região.
O ataque planificado contra o Irão faz parte de um mapa global
coordenado de orientação militar. Faz parte da «longa guerra do
Pentágono» uma lucrativa guerra sem fronteiras, um projecto de dominação
mundial, uma sequência de operações militares.
Os planificadores militares dos EUA e da NATO previram diversos
cenários de escalada militar. Estão perfeitamente conscientes das
implicações geopolíticas, a saber, que a guerra poderá estender-se para
além da região do Médio Oriente à Ásia Central. Os efeitos económicos
sobre os mercados de petróleo, etc. também foram analisados. Enquanto o
Irão, a Síria e o Líbano são os objectivos imediatos, a China, a Rússia,
a Coreia do Norte, para não falar da Venezuela e Cuba, são também
objecto de ameaças dos EUA.
Está em jogo a estrutura das alianças militares. Os desenvolvimentos
militares da NATO-EUA-Israel, incluindo as manobras militares e
exercícios realizados na Rússia e nas suas fronteiras imediatas com a
China têm uma relação directa com a guerra proposta contra o Irão.
Estas ameaças veladas, incluindo o seu calendário, constituem um
aviso claro aos antigos poderes da era da Guerra Fria, paar evitar que
possam interferir num ataque dos EUA contra o Irão.
GUERRA MUNDIAL
O objectivo estratégico a médio prazo é chegar ao Irão e neutralizar os
seus aliados, através da diplomacia da canhonheira. O objectivo militara
longo prazo é dirigido directamente à China e à Rússia.
Ainda que o Irão seja o objectivo imediato, o desenvolvimento
militar não se limita ao Médio Oriente e Ásia Central. Foi formulada uma
agenda militar global.
O desenvolvimento das tropas da coligação e os sistemas de armas
avançadas dos EUA, da NATO e dos seus parceiros estão a produzir-se em
todas as principais regiões do mundo.
As recentes acções dos militares dos EUA em frente das costas da
Coreia do Norte sob a forma de manobras, são parte do plano global.
Os exercícios militares, os simulacros de guerra, o desenvolvimento
de armas, etc., dos EUA, da NATO e dos seus aliados que estão a ser
levados a cabo simultaneamente nos principais pontos geopolíticos, são
dirigidos principalmente contra a Rússia e a China,
• A península da Coreia do Norte, o Mar do Japão, o Estreito de Taiwan, o Mar Meridional da China, ameaçam a China.
• O desenvolvimento de mísseis Patriot na Polónia, o centro de alerta rápido na República Checa, ameaçam a Rússia.
• Movimentações navais na Bulgária e Roménia no Mar Negro, ameaçam a Rússia.
• Movimentações de tropas da NATO e dos EUA na Geórgia.
• Um intenso movimento naval no Golfo Pérsico, incluindo submarinos israelitas dirigidos contra o Irão.
Ao mesmo tempo, o Mediterrâneo Oriental, o Mar Negro, o Caribe, a
América Central e a região Andina na América do Sul, são zonas de
militarização em curso. Na América Latina e no Caribe as ameaças
dirigem-se contra a Venezuela e Cuba.
“AJUDA MILITAR” DOS EUA
Por sua vez, transferências de armas em grande escala tiveram lugar
sob a bandeira dos EUA como “ajuda militar” a países seleccionados,
incluindo 5 mil milhões de dólares num acordo de armamento com a Índia
que se destina a melhorar as capacidades da Índia perante a China (Huge
U.S.-Índia Arms Deal To Contain China, Global Times, 13 de Julho de
2110).
“[A venda de armas] significará melhorar as relações entre
Washington e Nova Deli e, de forma deliberada ou não, terá o efeito de
conter a influência da China na região”. (Citado em Rick Rozoff,
Confronting both China and Russia: U.S. Risks Military Clash With China
In Yellow Sea, Global Research, 16 de Julho de 2010).
Os EUA conseguiram acordos de cooperação com alguns países do sul da
Ásia Oriental, como Singapura, Vietname e Indonésia, incluindo a sua
“ajuda militar” e a participação em manobras militares dirigidas pelos
Estados Unidos na Pacífico (Julho-Agosto de 2010). Estes acordos são de
apoio às implementações de armas apontadas à República Popular da China.
(Ver Rick Rozoff, Confronting both China and Russia: U.S. Risks
Military Clash With China In Yellow Sea, Global Research, 16 de Julho de
2010).
Do mesmo modo, e mais directamente relacionado com o ataque
planificado contra o Irão, os EUA estão a armar os Estados do Golfo
Pérsico (Bahrein, Kuwait, Qatar e os Emiratos Árabes Unidos) com o
interceptor de mísseis terra-ar, Patriot Advanced Capability-3 e a
Terminal High Altitude Area Defense (THAAD), bem como as instalações
standard de mísseis mar-3 interceptores instalados em navios de guerra
da classe Aegis no Golfo Pérsico. (Ver Rozoff Rick, NATO’s Role In The
Military Encirclement Of Iran, 10 de Fevereiro de 2010).
CALENDÁRIOS DE ARMAZENAMENTO MILITAR E DE IMPLEMENTAÇÃO
O que é crucial nas transferências de armas dos EUA para os parceiros e
aliados é o momento real da entrega e o seu desenvolvimento. O
lançamento de uma operação militar patrocinada pelos EUA, ocorreria
normalmente quando estes sistemas de armas estejam instalados, depois do
efectivo desenvolvimento da aplicação da capacitação do pessoal. (Por
exemplo da Índia).
Do que estamos a falar é de um desenho militar mundial,
cuidadosamente coordenado e controlado pelo Pentágono, com a
participação das forças armadas combinadas de mais de quarenta países.
Este desenvolvimento militar multinacional mundial é, no mínimo, o maior
desenvolvimento de sistemas de armas avançadas da história.
Por sua vez, os EUA e os seus aliados estabeleceram novas bases
militares em diferentes partes do mundo. “A superfície da Terra está
estruturada como um enorme campo de batalha”. (Ver Jules Dufour, The
Worldwide Network of US Military Bases, Investigación Global, 01 de
Julho de 2007).
Comando Unificado da estrutura geográfica dividida em comandos de
combate baseia-se numa estratégia de militarização a nível global. “Os
militares dos EUA têm bases em 63 países. Há sinais de novas bases
militares construídas a partir de 2001 em sete países. No total, há
255.065 militares deslocados dos EUA em todo o mundo”. (Ver Jules
Dufour, The Worldwide Network of US Military Bases, Investigación
Global, 01 de Julho de 2007).
CENÁRIO DA III GUERRA MUNDIAL
Este desenvolvimento militar dá-se em várias regiões ao mesmo tempo e
sob coordenação dos comandos regionais dos EUA, com a participação no
armazenamento dos arsenais dos EUA e dos aliados dos EUA, alguns deles
seus antigos inimigos, como o Vietname e o Japão.
O contexto actual caracteriza-se por uma acumulação militar global
controlada por uma superpotência mundial que utiliza os seus aliados
para desencadear numerosas guerras regionais.
Diferentemente da Segunda Guerra Mundial, que também foi uma
conjugação de diferentes locais de uma guerra regional, é que com a
tecnologia de comunicações e sistemas de armas da década de 40, não
havia possibilidades de uma estratégia em “tempo real” para a
coordenação das acções militares entre as grandes regiões geográficas.
A guerra mundial baseia-se no desenvolvimento coordenado de uma
única potência militar dominante, que supervisiona as acções dos seus
aliados e parceiros.
Com excepção de Hiroshima e Nagasaki, a Segunda Guerra Mundial
caracterizou-se pelo uso de armas convencionais. Agora a planificação de
uma guerra mundial baseia-se na militarização do espaço
extra-terrestre.
Se uma guerra contra o Irão tiver lugar, não será só o uso de armas
nucleares, mas toda a gama de novos sistemas de armas avançadas,
inclusive armas electrométricas e técnicas de alteração ambiental
(ENMOD) que se utilizarão.
O CONSELHO DE SEGURANÇA DAS NAÇÕES UNIDAS
O Conselho de Segurança aprovou no princípio de Junho uma quarta
ronda de sanções de amplo alcance contra a República Islâmica do Irão
que incluem o embargo de armas e “controlos financeiros mais apertados”.
Numa amarga ironia, esta resolução foi aprovada dias depois da
negativa, pura e dura, do Conselho de Segurança das Nações Unidas de
adoptar uma moção de condenação de Israel pelo seu ataque à Flotilha
pela Liberdade de Gaza em águas internacionais.
Tanto a China como a Rússia, pressionadas pelos Estados Unidos,
apoiaram on regime de sanções do CSNU, em prejuízo próprio. A sua
decisão no Conselho de Segurança contribui para debilitar a sua própria
aliança militar, a Organização de Cooperação de Shangai (OCS), em que o
Irão tem o estatuto de observador. A resolução do Conselho de Segurança
congela os próprios acordos de cooperação militar e económica entre a
China e a Rússia com o Irão. Isto tem graves repercussões no sistema de
defesa aérea do Irão, que em parte depende da tecnologia e experiência
da Rússia.
A Resolução do Conselho de Segurança, de facto, dá “luz verde” para desencadear uma guerra preventiva contra o Irão.
A INQUISIÇÃO ESTADUNIDENSE: A CONSTRUÇÃODE UM CONSENSO POLÍTICO PARA A GUERRA
Em coro, os media ocidentais qualificaram o Irão como uma ameaça á
segurança mundial devido a um suposto (inexistente) programa de armas
nucleares. Fazendo eco das declarações oficiais, os meios de comunicação
estão agora a exigir a bombardeamentos punitivos dirigidos contra o
Irão a fim de salvaguardar Israel.
Os media tocam os tambores da guerra. O objectivo é inculcar na
consciência interna das pessoas, através da repetição até à saciedade da
publicação de relatórios com a ideia de que a ameaça iraniana é real e
que a república islâmica deve ser “expulsa”.
O processo de criação de consenso para a guerra é semelhante à
Inquisição espanhola. Procuram a submissão à ideia que a guerra é uma
tarefa humanitária.
A verdadeira ameaça à segurança global vem da aliança Estados
Unidos-NATO-Israel, no entanto, a realidade num ambiente inquisitorial é
ao contrário: os belicistas estão comprometidos com a paz, as vítimas
da guerra são apresentadas como os protagonistas da guerra.
Se em 2006 quase dois terços dos estadunidenses se opunham a uma
acção militar contra o Irão, segundo uma sondagem recente da
Reuter-Zogby, agora uma sondagem indica que 56% dos estadunidenses são a
favor de uma acção militar da NATO contra o Irão.
A criação de um consenso político que se baseia numa mentira não
pode, no entanto, confiar unicamente nos que são a fonte da mentira.
Os movimentos contra a guerra nos EUA, que em parte já foram
infiltrados, assumiram uma posição frouxa em relação ao Irão. O
movimento contra a guerra está dividido. A ênfase põe-se nas guerras que
já estão a ser feitas (Afeganistão e Iraque) em vez de se oporem com
força a guerras em preparação e que se encontram actualmente no
estirador do Pentágono.
Desde a posse da administração Obama que o movimento contra a guerra perdeu parte do seu ímpeto.
Por outro lado, os que se opõem activamente contra as guerras do
Afeganistão e do Iraque não se opõem necessariamente a “bombardeamentos
punitivos” ao Irão nem estes atentados são qualificados como um acto da
guerra que poderá ser o prelúdio da Terceira Guerra Mundial.
A escalada de protestos contra a guerra ao Irão tem sido mínima em
comparação coma as manifestações massivas que precederam os
bombardeamentos de 2003 e a invasão do Iraque.
Diplomaticamente, a operação Irão não teve a oposição da China e da
Rússia, mas conta com o apoio dos governos dos Estados árabes de
primeira linha que estão integrados no diálogo NATO-Mediterrâneo e conta
também com o apoio tácito da opinião pública ocidental.
Fazemos um apelo às pessoas de todos os países, na América, na
Europa Ocidental, em Israel, na Turquia e em todo o mundo para que se
levantem contra este projecto militar, contra os governos que apoiam a
acção militar contra o Irão, contra os meios de comunicação que servem
para camuflar as devastadoras consequências de uma guerra contra o Irão.
ESTA GUERRA É UMA LOUCURA
A III Guerra Mundial é terminal. Albert Einstein compreendia os
perigos da guerra nuclear e a extinção da vida na Terra, que já começou
com a contaminação radioactiva resultante da utilização de urânio
empobrecido. “Não sei com que armas se lutará na III Guerra Mundial, mas
na IV Guerra Mundial lutar-se-á com paus e pedras”.
Os meios de comunicação, os intelectuais, os cientistas e os
políticos, em coro, ofuscam a verdade não contada, a saber, que a guerra
que utiliza ogivas nucleares destrói a humanidade, e que este complexo
processo de destruição gradual já começou.
QUANDO A MENTIRA SE CONVERTE EM VERDADE JÁ NÃO HÁ VOLTA ATRÁS
Quando a guerra é apresentada como uma tarefa humanitária, a justiça
e todo o sistema jurídico internacional estão de pernas para o ar: o
pacifismo e o movimento contra a guerra são criminalizados. Opor-se à
guerra converte-se num acto criminoso.
A mentira deve ser exposta como aquilo que é e faz.
Aprova a matança indiscriminada de homens, mulheres e crianças.
Destróis famílias e pessoas. Destrói o compromisso das pessoas com os seus semelhantes.
Impede as pessoas de expressarem a sua solidariedade com os que sofrem. Defende a guerra e o estado policial como a única via.
Destrói o internacionalismo.
Romper com a mentira significa romper com um projecto criminosos de
destruição global, onde a procura do lucro é a sua força primordial.
Este lucro incentiva a agenda militar, destrói valores humanos e transforma as pessoas em zombis inconscientes.
Vamos inverter a maré.
Desafio aos criminosos de guerra em altos cargos e nas poderosas corporações e grupos de pressão que os apoiam.
Este beneficio impulsando la agenda militar destruye los valores humanos y transforma a la gente en zombis inconscientes.
Fim da inquisição estadunidense.
Fim da cruzada militar Estados Unidos-NATO-Israel.
Encerramento das fábricas de armas e das bases militares.
Retirada das tropas
Os membros das Forças Armadas devem desobedecer às ordens e recusarem-se a participar numa guerra criminosa.
* Michel Chossudowsky, amigo e colaborador de odiario.info, é Professor Emérito da Universidade de Ottawa, Canadá.
Tradução de José Paulo Gascão