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Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
quarta-feira, 29 de junho de 2011
O “PacoTarso” e o debate sobre o novo papel do Estado
Editorial do sul21
Tradicionalmente alinhada entre os setores mais radicais no interior do PT, a corrente Democracia Socialista (DS) “rachou” na votação do “Pacotarso”:
uma parcela defendeu e forneceu votos para a aprovação da reforma
proposta pelo governo e outra combateu os projetos, fez passeatas,
pressionou e vaiou os deputados favoráveis às mudanças. De um lado o
deputado Raul Pont, líder máximo da corrente, a favor das reformas. De
outro lado, a presidente do CPERS, Rejane de Oliveira, ligada à DS,
associada às lideranças do Sindifisco e da Ajuris, contra as reformas.
A DS adota, ainda hoje, uma forma atenuada de “centralismo
democrático” e sempre se empenhou na manutenção de sua unidade interna.
Este foi seu primeiro grande desentendimento público.
Entender a cizânia que se estabeleceu e que aflorou no plenário da
Assembléia Legislativa na terça-feira (28) exige que se entendam antes
as diferentes concepções de Estado e de defesa de interesses que
afloraram e se enfrentaram durante a discussão e a votação do
“Pacotarso”. De um lado, os que, certos ou errados, defendem o interesse
geral e entendem que o Estado e seu aparato jurídico-político, por ser
um espaço público de enfrentamento de forças sociais e políticas com
interesses diferenciados, deve ser o veículo de equalização de direitos e
deveres de todos os segmentos e categoriais sociais. De outro lado, os
que, certos ou errados, defendem os interesses de categorias e segmentos
sociais específicos e entendem que o Estado, por ser a expressão da
força de uma classe dominante e com interesse próprio, defende apenas os
direitos desta classe social e que, por este motivo, deve ser
enfrentado.
Hoje, encontram-se na DS integrantes tanto do núcleo de poder do
governo do Estado do Rio Grande do Sul, que propôs e defende as reformas
na atual estrutura do Estado, quanto da direção dos sindicatos
profissionais que se julgam prejudicados pelas reformas. As alianças
realizadas por uns e por outros no presente episódio extrapolaram suas
antigas fidelidades ideológicas.
A pergunta que precisa ser respondida por todos, entretanto, sejam
eles governantes, sindicalistas ou simples cidadãos, ligados ou não à DS
e às demais correntes petistas ou a quaisquer outros partidos
políticos, diz respeito à melhor concepção de Estado e de defesa de
interesses.
Parece claro que em uma sociedade com o grau de complexidade e de
democracia já alcançado no Brasil não cabe mais a visão do Estado como o
lócus de representação dos interesses de uma única classe social. Seja
ela a classe dos proprietários ou a classe dos trabalhadores
assalariados. Não cabe mais nem a visão do Estado como o “comitê
executivo da burguesia”, típica do século XIX, nem a do Estado
“neocorporativo”, que atende às pressões dos segmentos sociais mais
organizados, típica do século XX. Não cabe também, como a história
mundial recente o demonstrou, o Estado “neoliberal”.
Se os recursos públicos são escassos, se os interesses são diversos,
se o objetivo é o bem coletivo e se vivemos em uma sociedade
democrática, precisamos todos, sem visões preconcebidas, nos lançar ao
trabalho de construção de um novo conceito de Estado e de uma nova forma
de operá-lo. Não será com a defesa de interesses corporativos, nem com a
idéia de que o Estado possa ser capturado por apenas uma ou outra
classe ou categorias profissionais que construiremos uma fórmula que
seja satisfatória para a maioria.
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POLITICAS PUBLICAS
Financiamento de partidos políticos
Editorial do Correio da Cidadania |
Dentre os inúmeros problemas das agremiações partidárias - se
desejam, de fato, ter peso político no país - é preciso mencionar o do
financiamento de suas atividades.
Atualmente, todos os partidos recorrem exclusivamente a duas fontes:
arrecadação proporcionada por eventos e doações de pessoas físicas e
jurídicas.
Sem dúvida, é necessário realizar eventos para obter recursos.
Primeiro, porque tais recursos costumam ser volumosos e, segundo, porque
sua efetivação faz parte da animação da campanha.
As doações, contudo, são sempre um sério problema, porque criam
obstáculos intransponíveis aos partidos pequenos e divergências internas
extremamente graves, como vimos na última eleição em relação ao PSOL,
quando uma parte da militância rebelou-se contra uma candidatura que
aceitou dinheiro de uma firma comprometida com a exploração de seus
trabalhadores.
Na verdade, enquanto não for aprovada a lei que estabelece o
financiamento exclusivamente público de campanha, as eleições jamais
serão democráticas.
Financiamento público de campanha eleitoral e igualdade do horário
gratuito de televisão, independentemente do tamanho das bancadas dos
partidos, são condições indispensáveis à plena democratização do país.
Enquanto os verdadeiros democratas não tiverem forças para fazer aprovar essa lei, teremos de conviver com o regime atual.
Por isso, regras rigorosas precisam ser estabelecidas, a fim de que a
busca de doações deixe de ser uma fonte de polêmicas e perda de
credibilidade.
Doações, sim, porém, de forma absolutamente transparente e unicamente
de pessoas físicas ou jurídicas cujos nomes, uma vez tornados públicos,
não causem dúvida na cabeça do eleitor quanto à gratuidade da doação.
Livros e documentos relativos a esta devem ser postos à disposição
dos militantes, dos partidos adversários e de qualquer pessoa.
Como é óbvio, as contribuições não podem ser uniformes, pois as
rendas dos militantes variam. Militantes com dificuldades para fazer
contribuições devem ser eximidos da obrigação.
Aparentemente, estamos longe dessa consciência. Criá-la constitui,
sem dúvida, uma tarefa política prioritária para quem está, de fato,
comprometido com os ideais do socialismo.
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Governo vence na Assembleia e aprova projetos do “Pacotarso”
Igor Natusch no Sul21
Depois de uma longa votação que varou a madrugada desta quarta-feira,
a Assembleia Legislativa aprovou todos os projetos do Plano de
Sustentabilidade Financeir do governo do Estado, o chamado “Pacotarso”. A
oposição tentou como pôde derrubar o quórum, mas acabou sendo derrotada
após quase 16 horas de sessão.
A mudança nas alíquotas para contribuição previdenciária no Rio
Grande do Sul foi o primeiro projeto a ser aprovado, por 30 votos a 21.
Trata-se de um dos principais pilares do pacote do governo de Tarso
Genro.
Antes, três emendas ao projeto foram aprovadas – uma delas
modificando o percentual de contribuição para 14%. Mais tarde, por 31
votos a 20, foi aprovado o PLC 190/2011, que estende as mudanças para a
previdência militar – é exigência da lei que mudanças envolvendo o
Exército sejam analisadas em separado. A votação da PLC 190/2001 ocorreu
por volta das 01h50 de quarta-feira (29). Em seguida, partiu-se para a
votação do PL 191/2011, que trata das Restituições de Pequeno Valor
(RPV).
Os deputados da oposição já admitiam desde a metade da tarde que, por
mais que os discursos e pronunciamentos fossem solicitados
incansavelmente, tratava-se de uma causa perdida. Com 30 votos
garantidos, o governo tinha mais do que o mínimo necessário para aprovar
todos os projetos em regime de urgência, garantindo mudanças que o
governo considera fundamentais para diminuir o rombo nas contas
públicas.
Os deputados também aprovaram, por 29 a 22, o projeto de lei
191/2011, que limita a 1,5% da receita corrente líquida do Estado o
pagamento das Requisições de Pequeno Valor (RPVs). As requisições com
valor igual ou inferior a sete salários mínimos serão pagas em até 30
dias, sendo que os valores acima disso serão pagos em até 180 dias.
Ainda foram aprovados o projeto de lei 192/2011, que autoriza a
alienação de 13 imóveis situados em Porto Alegre, e o projeto de lei
193/2011, que institui o Cadastro Técnico Estadual de Atividades
Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais e a
Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental.
Mudanças na previdência estadual
A votação do Plano de Sustentabilidade Financeira acabou sendo
viabilizada na noite de segunda-feira, quando o governo concordou com
emenda proposta pelo deputado Cassiá Carpes (PTB) e abraçada em seguida
por toda a bancada petebista. A emenda altera a base de cálculo para a
aplicação de alíquota sobre a contribuição previdenciária. O novo texto
fixa um percentual de 14%, mas traz variações em sua aplicação.
Para salários até R$ 3.689,66, aplica-se redutor de 21,43% na base de
cálculo e sobre o resultado aplica-se a alíquota de 14% – obtendo, no
fim das contas, o percentual de 11% de contribuição efetiva. Entre R$
3.689,66 e R$ 7.379,32, será aplicado um redutor de R$ 790,69 na base de
cálculo, valor sobre o qual serão aplicados os 14%. Acima de R$
7.379,32 será aplicada a alíquota de 14%, sem redução.
De acordo com a oposição, trata-se de uma tentativa de escamotear uma
proporcionalidade velada nas contribuições, uma vez que o redutor da
segunda faixa de contribuição gera, na prática, uma série de alíquotas
diferentes. “O governo fraquejou ao ceder ao PTB, e bateu cabeça ao
propor uma emenda que, via redutores, mantém diferenciação de alíquota”,
criticou Edson Brum (PMDB). “Primeiro era 16,5%, depois virou 14,5% e
durante a manhã mudou para 14%. Não é possível, nem o governo sabe no
que está votando”, completou.
Os deputados governistas, porém, não pareciam muito preocupados com
as críticas. Confiantes na vitória, retiravam-se periodicamente do
plenário, deixando os oposicionistas para trás. Do lado de fora do
plenário, deputados da oposição admitiam que, uma vez que a retirada a
urgência era impossível, a longa sequência de discursos era uma
iniciativa extrema no sentido de acabar com o quórum e inviabilizar a
votação.
A outra tática, que previa um mandado de segurança alegando
inconstitucionalidade, foi negado pela Justiça. Mesmo nos discursos, a
oposição admitia abertamente que o pacote seria aprovado. “Vão aprovar o
Pacotarso, mas todos os cidadãos vão pagar essa conta. Estão debochando
de vidas e carreiras”, reforçou Frederico Antunes (PP) em dado momento.
Em sessão tensa, Pont é vaiado e encara servidores
A divisão de posições era bastante visível nas tribunas do plenário.
Integrantes de entidades sindicais e representantes de servidores
expunham com muito barulho suas posições, em um confronto que chegou a
causar alguns desentendimentos do lado de fora da Assembleia.
Do ponto de vista da Mesa Diretora, o lado direito da plateia pedia
não ao pacote, enquanto a esquerda dizia sim. Em vários momentos, as
intervenções de lado a lado foram ensurdecedoras, interrompendo as
intervenções dos parlamentares. Alguns deputados chegaram a se irritar
com o tom das críticas.
“Querem debater o conteúdo da proposta ou não?”, perguntou Raul
Carrion (PCdoB), enquanto setores ligados ao CPERS vaiavam sua
manifestação. Márcio Biolchi (PMDB) foi xingado de “safado” por alguns
apoiadores do governo. Mano Changes (PP), ao pedir “respeito” aos
espectadores, foi vaiado por boa parte do público – inclusive pelos
contrários ao pacote, que em princípio seriam favoráveis a sua posição.
O grande confronto, porém, foi protagonizado por Raul Pont (PT).
Enquanto criticava a postura governista, que supostamente queria aprovar
os projetos “goela abaixo” da Assembleia, Frederico Antunes (PP)
desafiou Pont a ir à tribuna defender o pacote de medidas de seu
governo. Vaiado desde antes de chegar ao púlpito, Raul Pont aceitou a
convocação, e não economizou nas palavras. “Minha visão é da defesa dos
interesses comuns, e não os corporativos”, declarou, debaixo de gritos e
apupos. Em seguida, boa parte dos servidores, em especial professores,
viraram as costas para a tribuna, enquanto gritavam “traidor”, “pelego” e
“não ao pacotão”. Raul Pont, indignado, levantou a voz. “ É triste que
as vaias surjam quando se é incapaz de enfrentar argumentos. Digam onde
estamos indo contra os direitos dos trabalhadores”, desafiou. Ao sair da
tribuna, provocou uma ensurdecedora sobreposição de vaias e aplausos –
enquanto boa parte dos governistas, de pé, aguardavam para
cumprimentá-lo.
“É ridículo que militantes, inclusive do PT, alguns com 30 anos de
luta, se submetam ao papel de dar suporte à direita”, declarou Pont ao Sul21,
logo depois de sua fala em plenário. Indignado, disse que os que o
vaiaram demonstravam não ter “nenhuma visão do papel político” que
deveriam desempenhar. “Não mostram argumentos contra nossa proposta,
ficam nessa conversa fiada de inconstitucionalidade”, atacou,
aproveitando para tecer duras críticas a Jorge Pozzobom (PSDB), um dos
críticos mais veementes nesse sentido. Segundo Raul Pont, o parlamentar
tucano votou dias antes a favor de projeto de Carlos Gomes (PRB),
pedindo isenção de ICMS sobre contas de água e luz de templos
evangélicos – algo, de acordo com o petista, “claramente
inconstitucional”.
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terça-feira, 28 de junho de 2011
Justiça decidirá se pune torturadores no Uruguai
Brizola Neto no TIJOLACO
A Agência France-Presse noticia que o governo do Uruguai revogará por decreto as decisões de governos anteriores que impediam o julgamento de ex-militares acusados de violações aos direitos humanos durante a ditadura, o que propiciará a reabertura de casos que estavam resguardados pela chamada “Lei de Caducidade”. A partide deste decreto caberá à Justiça decidir quais denúncias estão ou não amparadas sob a Lei de Caducidade, algo que até agora era exclusividade do Executivo.
O secretário da Presidência, Alberto Breccia disse hoje que ” o presidente decidiu … que se dite um decreto pelo qual se revogam por razões de legitimidade todos os atos administrativos ditados pelo Poder Executivo … que consideraram que os fatos denunciados estavam compreendidos na … referida lei”, disse Breccia.
Em maio, o Congresso rejeitou a proposta de revogar a Lei de Caducidade. Em seguida, a Suprema Corte de Justiça considerou que os crimes cometidos por militares durante a ditadura eram considerados homicídios simples, e não crimes de lesa-humanidade.
Desta forma, os crimes prescreveriam no começo de novembro, e os militares que não forem julgados antes dessa data ficariam impunes.
Cerca de 200 uruguaios desapareceram durante a ditadura, e muitos outros foram torturados e presos. O próprio Mujica passou mais de uma década detido
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segunda-feira, 27 de junho de 2011
Greve dos Servidores Administrativos em Educação já paralisa 47 Universidades Federais
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domingo, 26 de junho de 2011
Emir Sader: País sem miséria é país sem pessoas abandonadas
A pior herança recebida pelo governo Lula do
governo FHC foi a desigualdade social. O Brasil era o país mais
desigual da América Latina que, por sua vez, era o continente mais
desigual do mundo. Essa desigualdade não era alterada nem em
democracia, nem em ditadura, nem em ciclos expansivos, nem nos
recessivos da economia brasileira. Era um fator estrutural, herdado da
colonização e da escravidão, da persistência do latifúndio, acentuado
pelas politicas da ditadura militar de arrocho salarial e favorecimento
do grande capital. Não bastasse isso, a década neoliberal dos 90 do
século passado, acentuou ainda mais as desigualdades.
As maiores transformações que o Brasil sofreu no governo Lula foram na
sua inserção internacional – do privilégio das relações com o norte,
para relações prioritárias com o sul – e na diminuição significativa da
desigualdade no plano interno.
A articulação entre a política econômica e as políticas sociais
promoveu um processo de distribuição de renda, estendendo e
aprofundando o mercado interno de consumo popular como nunca havia
acontecido na nossa história. A projeção feita pela empresa Data
Popular para a revista Carta Capital desta semana projeta para 2014 – o
ano do final do mandato atual da Dilma – uma classe C (no critério de
distribuição de renda) de 58,5% da população (era de 38,8% em 2002, ano
do começo do governo Lula). Os mais pobres, que eram 9,3% em 2002,
tornaram-se 4,9% em 2010 e seriam 2,7% em 2014.
Estaríamos numa situação praticamente de erradicação da extrema
pobreza, da miséria, com um resíduo muito difícil de chegar a reduzir a
zero. Hoje ainda convivemos com mais de 10 milhões de pessoas vivendo
(ou, sabe-se lá como, sobrevivendo) com até 39 de reais por mês.
Mesmo com essas transformações extraordinariamente positivas - maior
mérito do governo Lula -, não se pode pensar que nos tornamos um país
de classe média. A miséria acumulada ao longo de séculos da nossa
história não pode ser superada com a elevação do nível de renda em
alguns anos. As condições de habitação, de saneamento básico, de
educação, de saúde, de transporte, de segurança – para citar apenas
alguns problemas – são muito ruins e apenas começam a ser superadas –
pelo menos na habitação. Será necessária a continuidade por muitos anos
dessa elevação de renda, somada a politicas especificas que melhores
substancialmente as condições da educação e da saúde publicas, do
saneamento básico, da habitação, do transporte publico, as condições de
segurança, para que possamos realmente ter transformado
democraticamente a estrutura social brasileira de forma substancial e
irreversível.
No entanto, a miséria, a extrema pobreza, não se medem apenas por
cifras, por nível de renda. Ao que precisamos chegar é a uma sociedade
em que não existam mais pessoas abandonadas, sem amparo, nas ruas ou em
outros lugares, privados ou públicos. Uma sociedade a que todos
pertençamos, de uma ou outra forma, em que nos sintamos vinculados aos
outros por laços de solidariedade, de espirito comunitário, de
pertencimento a uma mesma sociedade. A miséria não é apenas uma
situação de precariedade material, é também o abandono, a falta de
apoio, de retaguarda, de cuidado. A isso temos que chegar, a que todos
tenham alguma forma de assistência do Estado, de forma a que ninguém se
sinta abandonado.
Fonte: Blog do Emir
Os “hackers cheirosos”
Brizola Neto no TIJOLACO
No
vale-tudo para atacar o Governo brasileiro, hoje a D. Eliane “Massa
Cheirosa” Cantanhede se superou, com seu artigo “Hackers pela Ética”,
tranformando um grupo anárquico, que buscava, confessadamente, a
notoriedade que a mídia lhes deu e não parecia interessado em revelações
de interesse social, mas em divulgar CPF, listas de e-mail e em
“derrubar” sites oficiais.
“Com CUT, UNE e MST fora de combate a partir de Lula, por
conveniência ou oportunismo, entra em ação pela ética pública um tal de
LulzSec para azucrinar e expor os Poderes da República.”, escreve a
colunista.
Ora, esses grupos, se têm de ser responsabilizados por danificarem
propriedade pública (arquivos) e impedir o funcionamento dos sites, não
devem nem ser demonizados nem endeusados, duas faces de um mesmo
processo.
Não são assunto de política, mas de providências tecnológicas e
administrativas. Até porque não guardam nenhuma relação com “segredos de
Estado”, como se disse, mas com a sabotagem do funcionamento de sites
públicos e violação de dados pessoais.
O que estes “hackers” estão fazendo nada tem a ver com transparência,
com publicização de atos secretos de governo tomados à sombra do
desconhecimento da sociedade, como fez, por exemplo, o Wikileaks.
Aliás, quem melhor respondeu a isso foi um ouro grupo de “hackers”, ontem, no Correio Braziliense:
“Em meio às recentes invasões a sites governamentais, o grupo
Transparência Hacker afirma não ter relação com os responsáveis pelos
ataques e aproveita o momento para discutir a própria atuação. Segundo
seus participantes, a organização, objeto de reportagem do Correio de
21 de maio, tenta se desvencilhar das ações criminosas. “Trabalhamos
com dados que são abertos. Nossa luta é divulgar informações
governamentais que já são públicas, tornando-as mais acessíveis”,
explica o articulador de redes Diego Casaes, 23 anos. Ele desaprova a
publicação de dados como telefones de ministros ou o CPF da presidente
Dilma Rousseff, por exemplo. “Essas informações são pessoais, não
públicas. Entendo que devem permanecer sigilosas, porque dizem respeito à
pessoa”, afirma.”
É isso que D. Cantanhede elogia, ao afirmar que “o alerta para os governos e demais Poderes é que a sociedade, de alguma forma, está de olho.
Quando um grupo de hackers tem mais respeito pela privacidade que uma
colunista de um jornal como a Folha, quando se trata de atingir o
objetivo político de atacar o governo Dilma é bom a gente se cuidar.
Mas, reconheça-se, não apenas a colunista da “massa cheirosa”, mas
toda imprensa, sem capacidade de separar seus ódos políticos ao Governo
da instituição Estado, deu o tamanho e a projeção que era aquilo que
estes grupos, no fundo, pretendiam.
Olhaí quem é que vai fazer a banda larga…
Investimento em telefonia não segue expansão de clientes e panes crescem
Nos celulares, base de usuários avançou 16,6% em 2010, chegando a
202,9 milhões de linhas, mas investimento das empresas caiu 2,4%
Karla Mendes e Renato Cruz – O Estado de S.Paulo
O investimento das operadoras de telecomunicações não tem acompanhado
o crescimento de sua base de clientes, o que tem levado a panes cada
vez mais frequentes nos serviços de telefonia e internet. Essa situação
já incomoda o governo. O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo,
cobrou medidas da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Um exemplo do descompasso entre investimento e crescimento está no
setor de telefonia móvel. A base de clientes avançou 16,6% no ano
passado, chegando a 202,9 milhões de linhas, segundo a consultoria
Teleco. Mas o investimento das empresas diminuiu 2,4%, ficando em R$ 8,2
bilhões. Esse montante foi 16,3% inferior ao pico de R$ 9,8 bilhões
destinados ao setor em 2004.
O que acontece com o celular é somente um exemplo, pois a combinação
de investimento baixo e crescimento alto se repete em outras áreas das
telecomunicações. Os consumidores estão cada vez mais insatisfeitos com a
qualidade dos serviços.
Em pouco mais de um mês, a Intelig, que pertence à TIM, teve três
panes. O Speedy, da Telefônica, voltou a deixar seus usuários na mão no
dia 13 deste mês, dois anos depois de a empresa ter sido punida pela
Anatel, sendo impedida até de vender os serviços. E a Nextel ficou entre
as palavras mais tuitadas por brasileiros no dia 10, por causa de
problemas no Rio de Janeiro.
“Falta acompanhamento, supervisão e investimento”, disse Ruy Bottesi,
presidente da Associação dos Engenheiros de Telecomunicações (AET). “A
infraestrutura não está preparada para suportar o crescimento. O
investimento é reativo. As operadoras investem depois do aumento de
tráfego, mas leva de 60 a 90 dias para importar equipamentos.”
No ano passado, os investimentos totais das operadoras no País
(incluindo telefonia fixa, móvel e outros serviços) chegaram a R$ 17,4
bilhões, alta de 3,6% sobre 2009. Mesmo com o crescimento modesto, o
valor está 28,1% abaixo dos R$ 24,2 bilhões investidos em 2001. A
receita bruta do setor subiu mais que o investimento, avançando 4,2%,
para R$ 184,9 bilhões.
“A essência do problema não está nas operadoras, mas na agência reguladora e no governo”, disse Bottesi.
“O serviço é público. O que a Anatel está fazendo para que tenhamos
qualidade no serviço de telecomunicações hoje, em 2011?”, indagou.
Explicações. Para as operadoras, as críticas de que o investimento é
baixo não procedem. Elas argumentam que os problemas verificados nos
últimos meses são pontuais e o investimento realizado é suficiente para
sustentar a expansão da base.
O fato de ele não acompanhar o ritmo do aumento do mercado teria três
explicações: os equipamentos têm ficado mais baratos, graças à evolução
tecnológica e à queda da demanda nos países ricos; o câmbio está
favorável, fazendo com que os reais possam comprar mais equipamentos
importados do que antes; e o desembolso maior é feito na instalação da
rede, não na expansão desta mesma rede.
A RBS e a privatização da água
Boletim n° 680 do Sindiágua-RS
assinala que episódio da privatização da água em Uruguaiana parece ter
despertado o apetite da RBS em defesa de novas privatizações no Estado.
Vale a pena acompanhar a sequência de fatos e movimentos midiáticos
apontada pelo boletim:
Tarso não abriu cofre
Ao que parece e, pelo que se vê, o governador Tarso Genro não abriu os
cofres do governo para a RBS. A capa de Zero Hora do último domingo, a
festa que Lasier Martins fez ao prefeito lá em Uruguaiana, as várias
matérias com tom “simpático” à privatização, enfim, todo o comportamento
já por demais conhecido deste grupo de comunicação que todos sabemos
que tem lado e não mede esforços para tentar derrubar quem não compactua
com sua ganância por dinheiro e poder.
Descoberta “estranha”
O episódio do tapa do deputado Sergio Moraes serviu para o Lasier
Martins descobrir, já quase no fim da vida, que os partidos que estão no
governo disputam os cargos da administração. Quem acompanha os jornais
da RBS vê que este senhor tem se mostrado cada dia mais surpreso com
esta grande descoberta que fez. Vejam só! Partidos disputando cargos no
governo! Que coisa, não? Nunca antes na história deste Estado aconteceu
coisa parecida. Por certo aspecto, até tem razão o calvo da RBS. No
governo passado, dentro da Corsan, por exemplo, não havia disputa de
cargos. Marco Alba, Costela e o outro calvo vindo do Banrisul, não davam
direito à disputas. Até os estagiários eram indicados por eles sem
direito a contestação de quem quer que fosse.
Capa de Zero Hora
O que vocês acham que a frase “Levante contra a Corsan ganha força no
interior” estava fazendo justamente num domingo na capa do principal
veículo escrito da RBS? Na realidade, o que temos? Certo mesmo, é um
grupo de prefeitos que já se deixaram, digamos, levar pelos apelos da
iniciativa privada. Onde o que menos interessa são os planos da Corsan
ou suas propostas. E, claro, um movimento que é orquestrado justamente
por um dos prefeitos envolvidos que hoje é presidente da Famurs. Temos
condições de reverter? Temos. Vamos sair deste processo sem perder
nenhum município? Embora difícil, esta é a nossa luta.
Nota da Corsan
Até para entender melhor o que se passa hoje no Estado, resolvemos
publicar aqui também a nota do presidente da Corsan, Arnaldo Dutra, que
foi colocada na Zero Hora:
O título “Levante contra a Corsan ganha força no Interior”, capa
de ZH do último domingo, na minha opinião não reflete nem o conteúdo da
matéria publicada,nem a realidade do serviço de abastecimento de água e
esgoto no Estado. Se, das 35 prefeituras consultadas pela reportagem, 13
responderam que pretendem ou pelo menos estudam a possibilidade de
privatizar o serviço e 22 não têm a intenção de deixar a Corsan, a
síntese da capa está , no mínimo amplificada. Em um universo mais
global, das 322 cidades gaúchas atendidas pela Corsan estas 13
representam apenas 4%, o que entendo estar longe de um levante.
Aproveito para reafirmar nosso compromisso em investir e
melhorar os serviços prestados pela Corsan em todas as cidades onde
temos contrato e me colocar a disposição para discutir este tema
fundamental para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul, que é o
saneamento.
Colegas, note que a matéria que deu origem a resposta do presidente
da Corsan saiu na capa do jornal dominical. Já a sua resposta, publicada
nesta terça-feira, ficou escondida na página 2. Não seria de bom senso,
jornalisticamente falando, dar o mesmo espaço que foi dado a matéria de
domingo para a reposta por parte da Companhia? Ou até mesmo uma matéria
sobre o que a Corsan pretende fazer sobre o quadro atual da empresa?
Enquete
No sábado, uma enquete fajuta fez a seguinte pergunta aos leitores do jornal: “Qual a sua opinião sobre a concessão da gestão da água a empresas privadas?”. O resultado: 8 a 5 pró-privatização do serviço. E no domingo a matéria de capa aborda justamente o tal do “Levante contra a Corsan”. Entranho, não?
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