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Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
sábado, 11 de setembro de 2010
Defende Fidel Castro a paz sem renunciar a princípios justos
Socialismo sueco???
Na Suécia políticos sem mordomias | ||||
Por Anna Malm*
Os
suecos não tem grandes pretensões em relação ao luxo e a riqueza e isso
se aplica também aos políticos suecos que são uma parte integral e
ativa da população. Desde muito cedo, a mais de cem anos, a estrutura
social da Suécia se encaminhou para uma organização social dirigida para
a igualdade social entre os membros da comunidade. A igualdade social
era e ainda continua sendo um dos principais objetivos da organização
política e social da Suécia. Isso faz com que os políticos e mesmo os
ministros não esperem deferências extraordinárias ou especiais na
Suécia.
Pessoalmente
já encontrei ministros de altos postos indo para o trabalho no mesmo
ônibus, assim como também no mesmo trem ou no mesmo metrô que eu mesma.
Andar de transporte coletivo, assim como de maneira geral lavar sua
própria roupa, limpar sua própria casa e fazer suas próprias compras é o
que se espera de todos, incluindo os representantes políticos,
ministros e membros do parlamento.
Além
disso, se de uma maneira ou de outra um político ou um ministro se
aproveitasse de alguma situação, como por exemplo, para conseguir um
apartamento melhor no centro da cidade, por conta dos seus contatos
relacionados à política, de certeza que não continuaria a ser um
ministro, ou um político sueco por muito tempo. A pressão social e da
prensa jornalística seria muito grande para tanto.
Naturalmente
que muitos ministros, assim como todos os outros cidadões, podem ter
seus carros particulares e morarem em casas confortáveis, casas essas
que quase sem exceção são compradas por empréstimos bancários que na
maioria dos casos se paga durante uma vida inteira de trabalho.
Os
suecos não têm grandes pretensões em relação ao luxo e a riqueza, mas
por outro lado exigem, para si e para todos os outros, um padrão de vida
que em relação ao Brasil creio que se poderá dizer de classe média, que
se não abastada, pelo menos de bom nível social e econômico. Para tanto
os suecos trabalham conquanto exigindo serviços públicos de saúde,
educação e assistência social de alta qualidade.
As
reivindicações sindicais e trabalhistas estão entre os aspectos mais
importantes e respeitados da vida pública do país. Vendo-se, por
exemplo, a residência do ministro da segurança social e econômica da
Suécia pode-se achar que a casa até que é muito boa, mas chama-se a
atenção para o fato de que essa mesma casa muito bem poderia pertencer a
um carpinteiro, motorista de caminhão ou operário de, por exemplo, uma
fábrica de automóveis ou a uma professora de nível primário ou mesmo a
uma enfermeira ou a um condutor de ônibus para não se dizer de um
metalúrgico ou trabalhador portuário, porque como dito, o financiamento
da compra da casa sempre será feito por um banco. Sempre se terá uma
hipoteca ou uma garantia de um dos inúmeros sindicatos trabalhistas para
garantir a compra da casa própria com prestações razoáveis.
Acrescenta-se
que de uma maneira geral e em comparação, a família não tem o mesmo
significado no Brasil que na Suécia. O que no Brasil de modo geral se
espera de ajuda dos familiares em caso de desemprego, doença,
dificuldades financeiras temporárias etc., na Suécia se providencia
através de um sistema de seguro social que abrange todos os aspectos
acima mencionados.
Para
tanto há seguro de saúde, seguro de desemprego, garantias para seguro
de moradia ou de assistência social nas diversas situações da vida.
Esse sistema de seguro social abrangente é um dos resultados dos últimos
cem anos de luta trabalhista, que hoje em dia se tornou parte do dia a
dia do sueco assim como dos seus políticos, sendo que nenhum partido
político, por mais de direita que seja, ponha em discussão esses
princípios básicos.
A
Suécia era um país pobre por volta do começo de 1900, sendo então um
país agrário que aos poucos se foi industrializando. As reinvidicações
sindicais e trabalhistas que começaram a se impor por volta de 1911 com a
reinvidicação do direito do voto para as mulheres foram se consolidando
com exigências de reformas sociais no campo da saúde, habitação e
educação a partir de 1920, mas a isso voltaremos em outras reportagens.
Por
já nos contentaremos em realçar que as reinvidicações trabalhistas nos
levam a constatar que os políticos de hoje deverão lavar suas próprias
roupas em lavanderias comunais instaladas nos prédios onde moram, ou em
máquinas de lavar em casa própria, porque empregadas domésticas aqui
hoje já não existem, não senhor.
Portanto,
um dia a dia de um político sueco, seja esse político um homem ou uma
mulher, ministro ou não, será de se levantar cedo para levar os filhos à
escola ou ao jardim de infância comunal, pôr-se a caminho do trabalho,
almoçar no trabalho ou em um restaurante popular, voltar ao trabalho até
mais ou menos as cinco, correr para recolher os filhos, se precisarem
fazer compras para a casa, chegando em casa preparar o necessário, comer
alguma coisa etc e tal. Talvez à noite esse político possa ter que
partir para alguma reunião local ou coisa do gênero para bem do seu
partido ou poderá ver televisão, ler, escrever, ou fazer qualquer outra
coisa, porque amanhã será outro dia.
Descansar
e fazer os programas da sua vida pessoal isso ele ou ela o fará no fim
de semana. Férias a maioria as terá no verão o que pode durar de cinco a
dez semanas. Nas férias a maioria aproveitará para viver perto da
natureza na Suécia, talvez com umas duas semanas de viagem, na maioria
das vezes para o sul da Europa onde aproveitará do sol e mar sul -
europeu.
Não.
Os políticos no congresso sueco não têm motoristas ou assessores
particulares. Além disso, devem lavar sua própria roupa, comprar e fazer
sua própria comida se não quiserem comer em restaurantes ou pensões.
Quanto a morarem em apartamentos pequenos de 50 metros quadrados e
dormir em sofá-cama isso só o fazem- regra geral, se pernoitarem em suas
salas de trabalho no congresso.
No
parlamento, ou em outras palavras o que no Brasil se chama o congresso
nacional, que aqui é localizado em Estocolmo e constituído por 349
representantes vindos de todo o país, esses representantes dos diversos
partidos e regiões tem então suas salas de trabalho onde podem
permanecer se quiserem, dia e noite. Como muitos desses representantes
vem de outras regiões do país não tendo amigos, apartamentos ou
residência em Estocolmo onde possam morar mais regularmente muitos deles
preferem pernoitar em suas salas de trabalho no próprio parlamento,
onde de qualquer maneira, já lá sempre terão um sofá mais ou menos
confortável.
Como
todos têm um salário e honorários digno do nome nunca deverão ter
dificuldades de irem para suas casas nas diversas regiões do país
durante os fins de semana para encontraram suas respectivas famílias, o
que na verdade a maioria o faz. Em suas regiões poderão morar em casas
simples mas confortáveis ou em apartamentos que sempre terão, regra
geral, um padrão de nível confortável.
Quanto a mordomias é só esquecer, porque por aqui não as há.
*Anna Malm é correspondente de Pátria Latina em Estocolmo
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sexta-feira, 10 de setembro de 2010
O TRABALHO (CAPITALISTA) ESCRAVIZA.
Por Aedovirtual no blog Porrada Cultural
Nos
portões do campo de concentração de Auschwitz lia-se a frase ‘O
trabalho liberta’. Ironia dos nazistas que construíram estes campos como
locais de trabalho forçado e, posteriormente, de extermínio em massa de
judeus. O trabalho passou por inúmeros formatos durante a história,
desde o trabalho escravo e servil até o trabalho ‘livre’, ironia do
sistema capitalista.
O trabalho artesanal, desde a antiguidade até a Revolução Industrial do século XVIII, era uma forma de trabalho onde realmente o trabalhador era livre. O artesão era dono de suas ferramentas de trabalho, trabalhava no ritmo que bem entendesse, trabalhava nos dias e horários que desejasse. Este sim era uma forma de trabalho livre.
O artesão não tinha a mesma visão de mundo que os capitalistas que tinham como objetivo central de suas atividades a acumulação de capitais, a acumulação de riquezas. O artesão trabalhava o necessário para viver, não tinha uma perspectiva de enriquecer. O tempo não era dinheiro, o tempo era vida.
O sistema capitalista estabeleceu a compra do trabalho em troca de salários, criou máquinas que escravizam os trabalhadores e transferiu para os capitalistas o controle sobre o ritmo e o tempo de trabalho.
O artesão sabia exatamente como sua mercadoria era produzida, ele criava o produto do começo ao fim, fazendo com que um dos seus produtos fosse diferente do outro. Se você tratasse um artesão como trabalhador ele era capaz de te dar uma porrada. O que ele fazia era arte, cada tapete do tecelão era diferente do outro. Cada cadeira produzida por um marceneiro era única.
Com as fábricas passou a vigorar a padronização, todos os produtos feitos por uma máquina são exatamente iguais. Cada trabalhador realiza apenas uma pequena parte do produto, não reconhecendo no produto final o seu trabalho. É o que chamamos de trabalho alienado. A charge abaixo é muito representativa deste processo de alienação do trabalho no capitalismo.
O mito de Sísifo nos leva a pensar se os gregos já não pressentiam o tédio, a monotonia, o porre, o saco, que é o trabalho alienado que submete milhões de pessoas mundo a fora a um processo que é capaz de enlouquecer ou, no mínimo, desumanizar qualquer um.
Sísifo foi condenado pelos deuses a empurrar um rochedo morro acima e, depois, o rochedo rolava pela encosta e Sísifo começava tudo de novo, indefinidamente. Veja esta animação sobre Sísifo:
Na década de 1930, Chaplin lançou o filme “Tempos Modernos”, hoje um clássico do cinema. Mas nos EUA o filme não foi bem recebido pelos conservadores que viam nele uma clara crítica ao capitalismo e, portanto, um manifesto pró-comunismo. Na década de 1950, período marcado pelo fenômeno do Macarthismo (ou ‘caça as bruxas’), os conservadores norte-americanos passaram a perseguir artistas e intelectuais que fossem considerados simpatizantes da URSS e do comunismo. Chaplin foi perseguido pelo macarthismo por ter dirigido o filme “Tempos Modernos”.
Mas o que o filme de Chaplin tinha de tão perigoso, de tão crítico? A cena abaixo é uma parte do filme e, a partir dele, você pode perceber a genialidade do diretor em sua feroz crítica ao trabalho alienado que o capitalismo nos impõe.
Leia mais sobre o trabalho alienado aqui:
http://educacao.uol.com.br/filosofia/marx-alienacao.jhtm
Sobre o mito de Sísifo leia aqui:
http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Mito_de_S%C3%ADsifo
Sobre o macarthismo leia aqui:
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/mccarthy.htm
O trabalho artesanal, desde a antiguidade até a Revolução Industrial do século XVIII, era uma forma de trabalho onde realmente o trabalhador era livre. O artesão era dono de suas ferramentas de trabalho, trabalhava no ritmo que bem entendesse, trabalhava nos dias e horários que desejasse. Este sim era uma forma de trabalho livre.
O artesão não tinha a mesma visão de mundo que os capitalistas que tinham como objetivo central de suas atividades a acumulação de capitais, a acumulação de riquezas. O artesão trabalhava o necessário para viver, não tinha uma perspectiva de enriquecer. O tempo não era dinheiro, o tempo era vida.
O sistema capitalista estabeleceu a compra do trabalho em troca de salários, criou máquinas que escravizam os trabalhadores e transferiu para os capitalistas o controle sobre o ritmo e o tempo de trabalho.
O artesão sabia exatamente como sua mercadoria era produzida, ele criava o produto do começo ao fim, fazendo com que um dos seus produtos fosse diferente do outro. Se você tratasse um artesão como trabalhador ele era capaz de te dar uma porrada. O que ele fazia era arte, cada tapete do tecelão era diferente do outro. Cada cadeira produzida por um marceneiro era única.
Com as fábricas passou a vigorar a padronização, todos os produtos feitos por uma máquina são exatamente iguais. Cada trabalhador realiza apenas uma pequena parte do produto, não reconhecendo no produto final o seu trabalho. É o que chamamos de trabalho alienado. A charge abaixo é muito representativa deste processo de alienação do trabalho no capitalismo.
O mito de Sísifo nos leva a pensar se os gregos já não pressentiam o tédio, a monotonia, o porre, o saco, que é o trabalho alienado que submete milhões de pessoas mundo a fora a um processo que é capaz de enlouquecer ou, no mínimo, desumanizar qualquer um.
Sísifo foi condenado pelos deuses a empurrar um rochedo morro acima e, depois, o rochedo rolava pela encosta e Sísifo começava tudo de novo, indefinidamente. Veja esta animação sobre Sísifo:
Na década de 1930, Chaplin lançou o filme “Tempos Modernos”, hoje um clássico do cinema. Mas nos EUA o filme não foi bem recebido pelos conservadores que viam nele uma clara crítica ao capitalismo e, portanto, um manifesto pró-comunismo. Na década de 1950, período marcado pelo fenômeno do Macarthismo (ou ‘caça as bruxas’), os conservadores norte-americanos passaram a perseguir artistas e intelectuais que fossem considerados simpatizantes da URSS e do comunismo. Chaplin foi perseguido pelo macarthismo por ter dirigido o filme “Tempos Modernos”.
Mas o que o filme de Chaplin tinha de tão perigoso, de tão crítico? A cena abaixo é uma parte do filme e, a partir dele, você pode perceber a genialidade do diretor em sua feroz crítica ao trabalho alienado que o capitalismo nos impõe.
Leia mais sobre o trabalho alienado aqui:
http://educacao.uol.com.br/filosofia/marx-alienacao.jhtm
Sobre o mito de Sísifo leia aqui:
http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Mito_de_S%C3%ADsifo
Sobre o macarthismo leia aqui:
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/mccarthy.htm
Por que sou a favor de benefícios assistenciais
.
Gente é pra ser feliz, (…) não pra morrer de fome
.
Meire no blog Salada Medica
Este post dá apenas um pontapé para que vocês discutam este tema.
Praticamente não dei plantão em serviço
público. Em pouco tempo de formada ingressei na medicina privada e por
anos mantive clientela de médio a alto nível sócio-econômico, já que só
trabalhava em consultório particular.
Minha vida acadêmica esteve totalmente
fora da realidade do nosso país até 2006, quando, pensando em fazer mais
do que só consultório particular, trabalhei como médica da Rede
Estadual de Assistência à Pessoa com Deficiência e tomei posse no cargo
que ora exerço no Governo Federal.
Até entendo por que algumas das pessoas
do meu círculo de contatos pensam como eu pensava antes, que políticas
sociais são medida populista, que não é dando que se ensina, que não é
dando que se leva um povo adiante, que esforço pessoal é suficiente, que
iniciativa privada é o que há e por ai vai, porque já pensei assim
também e não posso afirmar que a minha posição atual seja a correta.
Quem mudou meu pensamento da água para o
vinho não foi nenhum bom argumentador, nenhum sociólogo, nenhuma
assistente social. Foi uma baixinha de dois anos de idade, moreninha dos
cabelos negros, sorridente, carinhosa, de família muito pobre e
domiciliada na periferia de Natal. Como muitos outros pacientes
continuam sendo, ela foi uma das minhas grandes professoras.
A menininha nasceu com surdo-mudez e foi
atendida por mim no Centro de Reabilitação Infantil. Indiquei avaliação
otorrinolaringológica e ela foi escolhida para receber implante
coclear. Vibramos de felicidade porque a pequena iria começar a ouvir,
faríamos tratamento com fonoaudióloga e e ela poderia ter uma vida mais
próxima a das crianças de sua idade.
Mas o pai não permitiu a cirurgia, um
procedimento caro, mas que seria custeado pelo SUS. Não houve acordo,
tentamos de tudo e ele foi inclusive bem agressivo com a equipe.
Precisei pedir ajuda ao Conselho Tutelar.
No final das contas o pai, pessoa não
alfabetizada, sem formação técnica alguma, sem emprego e sobrevivendo de
‘vínculos’ precários de trabalho braçal, chorou bastante e admitiu o
motivo: a menina recebia o amparo social ao deficiente. Se a menininha fosse curada a família correria o risco de não ter o que comer, porque uma vez deixando de ser ‘deficiente‘, a menina perderia seu benefício (um salário mínimo por mês).
Entre outras atribuições, avalio
praticamente todos os dias pessoas com deficiência para subsidiar a
concessão deste mesmo benefício. E não raro me emociono com mães e pais
buscando, a todo custo, transformar perante a classe médica o seu filho
ou filha em uma criança com invalidez. Os pais circulam em médicos,
fazem exames, queixam-se de que crianças sorridentes e sapecas são
psicopatas ou que crianças já alfabetizadas tem atraso mental grave e o
que é pior, orientam que a criança fique calada e diga que nada sabe
durante a entrevista pericial.
Excluindo os casos claros de tentativa
de fraudar o sistema, a manobra resulta do desespero, da falta de
perspectiva. É a fome. Uma das formas da família receber a garantia de
uma renda mensal é ser acometida por alguma fatalidade. Um pai que fique
paraplégico, uma mãe que tenha um derrame e perca a memória, um filho
com deficiência grave.
Um povo com fome é de fato um povo
inválido, um povo paralisado, desconectado, sem capacidade de ação, é um
povo que estende a mão, espera e agradece o pouco que vier, pede esmola
para não roubar.
Filho de faminto tem desnutrição
intra-útero e corre maior risco de desenvolver retardo do
desenvolvimento motor e cognitvo, além de epilepsia e possivelmente
danos na arquitetura cerebral. Enquanto não houver um pequeno
enriquecimento do povo muito pobre no nosso país iremos apenas perpetuar
essa ciclo bizarro e cruel.
Quando uma família recebe um benefício
assistencial que seja de fato suficiente para garantir uma cota
calórico-proteica mínima ocorre uma sequência de benefícios. A mãe, que
antes precisava se prostituir ou saia para trabalhar como ‘autônoma’
recebendo muito menos do que merece e muitas vezes deixando seus filhos
trancados dentro de casa ou largados na rua, pode ser dar ao ‘luxo’ de
dar mais atenção às crianças e mantê-las menos próximas do underground.
Sou a favor de um benefício de prestação
continuada para toda e qualquer família em alta vulnerabilidade, não só
para idosos ou pessoas com deficiência incapacitante, desde que
associado a um mecanismo de contrapartida.
A contrapartida seria manter a criança
na escola, o adolescente em um curso técnico, o adulto em programas de
alfabetização, além de um bom programa de controle de natalidade. Tudo
isto o Brasil já tem, mas muitas vezes as pessoas não buscam.
Fora a questão humanista em si, vem a questão de saúde pública.
A má alimentação afeta não só o
crescimento e desenvolvimento da pessoa, afeta sua imunidade, facilita
infecções. Famílias pobres vivem confinadas em ambientes minúsculos,
muitas vezes em casas com um cômodo para várias pessoas. O confinamento
aliado à desnutrição amplifica a proliferação de vírus, fungos e
bactérias, tanto que o Brasil não consegue se livrar da Febre Reumática,
da Tuberculose ou da Hanseníase.
Saindo da questão de saúde pública, tem a questão econômica.
O adoecimento destas pessoas gera ônus
para os cofres públicos. É muito mais barato manter o povo alimentado,
acordá-lo para produzir e impulsionar o desenvolvimento do país do que
custear tratamento de condições ligadas a pobreza e subnutrição, exames
complementares, honorários médicos, medicamentos…
Se seguirmos em frente no raciocínio,
chegamos ainda em outro ponto. A distribuição de dinheiro que está
retido nas contas do Governo ou em mãos de graúdos aumenta o poder de
compra das pessoas. Isto gera injeção na economia, nas vendas, nos
negócios, na capacidade de manutenção das empresas e geração de mais
empregos. Parte destes benefícios volta para o próprio governo na forma
de impostos sobre produtos e parte fica justamente nas mãos de uma
parcela dos contribuintes, sejam eles comerciantes ou empresários.
E fora as questões humanistas, de saúde pública e econômica pinceladas aqui, há a questão de segurança.
Em ‘O Ensaio Sobre a Cegueira‘
(Saramago), pessoas pacatas e de vida tranquila que se vêem engaioladas e
sem suprimentos alimentares, em pouco tempo passam a apresentar
comportamento criminoso, do furto ao estupro. Em todo tempo e lugar,
onde há miséria e fome há saques e crimes de outras naturezas. Já
sabemos que embora exista multicausalidade, inclusive uma predisposição
genética ao comportamento sociopata, a variável isolada mais importante
na prevalência da criminalidade de um país é a baixa condição
socio-econômica.
Então se nada parece um bom argumento
para justificar a distribuição de renda para pessoas desfavorecidas,
pensar num país com menor violência, com menos crianças nas ruas
servindo de ‘aviãozinho‘ para traficantes, com menos pedintes nas ruas não é tentador?
Mas ai vem o argumento do contra que é de fato uma falácia de generalização. ‘Ah, quem tem uma renda mínima não vai mais querer trabalhar, vai se acomodar’.
Quem faz isto chama todo o povo brasileiro de oportunista e preguiçoso.
Quem convive de perto com gente muito carente pode afirmar que boa
parte do povo é formada por pessoas com vontade de mudar de vida, por
pessoas que só precisam que uma mão seja estendida, por pessoas que
querem o melhor para seus filhos, que querem que seus filhos um dia
alcancem algo que nunca alcançaram.
Muitos de nós certamente viemos de
famílias pobres e somos resultados dos esforços heróicos de nossos avós e
pais.Quem não quiser crescer, que assim fique, viva de uma bolsa
qualquer, mas não é por estes que o todo deve ser sacrificado. Façamos a
devida medida de justiça.
Em suma e pensando com meus batons, chego a conclusão que a implantação da renda mínima, que seria um benefício idêntico ao concedido a idosos carentes
e pessoas com deficiência + invalidez para o trabalho, é estratégia
altamente razoável dos pontos de vista de cidadania, saúde pública,
economia e segurança e que pode, em médio prazo, mudar o perfil do povo
brasileiro.
Quanto menos pessoas com fome e mais
pessoas com poder de compra o Brasil ‘produzir’, melhor para todos. Quem
paga a conta são os brasileiros que como eu, tiveram mais
oportunidades, puderam estudar e ter colocação no mercado, uma vida
digna e independente de políticas sociais. E pagamos satisfeitos se o
fruto no nosso trabalho é transformado em algo bom para o país como um
todo.
É para papo de mais de metro, porque tem
ainda a questão penal. Num pais menos pobre o Estado pode ter garantido
o seu direito de punir, pois não há atenuantes para quem rouba de
barriga cheia.
Fora tudo isto, esta concessão evitaria a
triste necessidade da família carente da atualidade entrar em
verdadeiro processo mórbido em busca de um membro da família que seja
inválido para que sua renda seja concedida. Vocês não tem idéia de como é
triste atender pessoas com este comportamento. O brasileiro não merece
essa humilhação e um país com uma carga tributária violenta como o nosso
tem o dever de fazer isto.
Abraços,
Leonid Savin: EUA se preparam para "guerra" na internet
Depois do dia 1º de outubro, milhares de piratas cibernéticos,
que trabalham como espiões militares dos Estados Unidos, se envolverão
integralmente em atividades da guerra informatizada. As declarações no
sentido de adotar medidas de defesa cibernética podem ser ouvidas com
muita frequência no país. Analistas afirmam que as informações voltadas
às redes de comunicação, das quais depende sua infraestrutura nacional,
são vulneráveis aos criminosos cibernéticos.
Por Leonid Savin, no Global Research
O tema da defesa do ciberespaço é de
máxima prioridade não só para os EUA. “As estatísticas revelam que os
‘cibercriminosos’ aumentaram a aposta e estão se tronando mais
sofisticados e criativos na distribuição de formas mais agressivas de
softwares maliciosos (malwares), segundo o site governamental Defence
IQ. “Nossas estatísticas mostram que os trojans e os roguewares
(“falsos" programas antivírus) ascenderam a quase 85% do total da
atividade dos malwares no ano de 2009.
Esse foi também o ano de Conficker (um worm — programa autorreplicante — destrutivamente poderoso), ainda que isso oculte o fato de que os worms classificados são só 3,42% dos malwares criados no ano passado”, afirma a revista. “O worm Conficker causou graves problemas, tanto em ambientes domésticos e corporativos, com mais de 7 milhões de computadores infectados em todo o mundo, e segue se propagando rapidamente” (1).
Comparado a outros países, parece que os EUA estão preocupados demais com o problema da defesa cibernética. No dia 26 de abril, a CIA fez conhecer seus planos para novas iniciativas na luta contra os ataques baseados na web. O documento descreve os planos para os próximos cinco anos e o diretor da agência, Leon Pannetta, disse que é “vital para a CIA estar um passo à frente do jogo quando se trata de metas como a segurança do ciberespaço” (2).
Em maio de 2009 a Casa Branca aprovou o Protocolo para as Políticas no Ciberespaço (3), apresentado ao presidente dos Estados Unidos pelos membros de uma comissão especial. O documento resume o estado da rede dos EUA e a segurança da informação nacional, tendo proposto nomear um alto oficial para a cibersegurança encarregado de coordenar as políticas da área nos EUA.
O informe descreve um novo marco global para facilitar a resposta coordenada por parte do governo, do setor privado e dos aliados em caso de um incidente cibernético significativo. O novo sistema de coordenação permitiria a autoridades federais, estaduais, locais e tribais trabalharem antecipadamente com a indústria para melhorar os planos e recursos disponíveis para detectar, prevenir e responder a incidentes significativos em segurança cibernética. A iniciativa também envolve proporcionar a essas instâncias dados de inteligência e opções de caráter técnico e funcional, além de garantir a formação de novos especialistas na defesa cibernética.
E um último passo, mas não menos importante: em meados de 2010, a base aérea de Lackland, no Texas, começou a construção do primeiro centro especializado de inteligência virtual, onde já trabalham uns 400 especialistas. O 68º Esquadrão de Guerra de Redes (The 68th Network Warfare Squadron) e o 710º Esquadrão de Inteligência de Vôos (710th Information Operations Flight), da Força Aérea, foram deslocados a San Antonio. Esse lugar foi escolhido porque está perto das instalações militares que contemplam operações de “ciberguerra”, como a Agência para a Inteligência, a Vigilância e o Reconhecimento da Força Aérea e o Centro Criptologia do Texas, da Agência de Seurança Nacional, que comandam operações de informação e criptologia para o apoio da Força Aérea dos Estados Unidos. Funcionarão integrados aos interesses do Comando Espacial, o Comando da Força Aérea e a Reserva da Força Aérea dos Estados Unidos.
Numerosas publicações dos EUA mostram que as refomas das forças cibernéticas para a defesa nacional, assim como a introdução da doutrina de estratégia de guerra cibernética estão a ponto de se completarem. Quanto à estratégia para a “ciberguerra” dos Estados Unidos podemos supor que ela está em consonância com o conceito geral da ofesiva militar global dos EUA.
William Lynn III em seu artigo “A Ciberestratégia do Pentágono”, publicado na revista Foreign Affairs (setembro/outubro de 2010), expõe cinco princípios básicos da estratégia de guerra do futuro:
– O ciberespaço deve ser reconhecido como um território de domínio igual a guerra por terra, mar e ar;
– Qualquer postura defensiva deve ir mais além “da boa preparação ou higiene” e incluir operações sofisticadas e precisas que permitam uma resposta rápida;
– A Defesa Ciberespacial deve ir mais além do mundo das redes militares do Departamento de Defesa, para chegar até as redes comerciais, que também são subordinadas ao conceito de Segurança Nacional;
– A estratégia da Defesa Ciberespacial deve acontecer com os aliados internacionais para uma efetiva política “de advertência compartilhada” ante as ameaças;
– O Departamento de Defesa deve contribuir com a manutenção e aproveitar o domínio tecnológico dos Estados Unidos para melhorar o processo de aquisições e se manter com a velocidade e agiliade da indústria da tecnologia da informação (4).
Ao comentar esse artigo, os analistas sublinham que “as capacidades que se buscam permitirão aos “ciberguerreiros” dos EUA enganar, negar, interromper, degradar e destruir a informação e os computadores de todo o mundo” (5)
O general Keith Alexander, chefe do novo super Cibercomando do Pentágono (ARFORCYBER), afirmou: “Temos que ter capacidade ofensiva, o que significa que, em tempo real, seremos capazes de aniquilar qualquer um que nos ataque”. Keith Alexander comparou os ataques cibernéticos com as armas de destruição em massa, e de acordo com suas recentes declarações os EUA têm previstas as aplicações ofensivas desse novo conceito de guerra.
Notas
(1) http://www.defenceiq.com/article.cfm?externalID=2718
(2) http://www.defenceiq.com/article.cfm?externalID=2460
(3) http://www.whitehouse.gov/assets/documents/Cyberspace_Policy_Review_final.pdf
(4), William J. Lynn III W. “A defesa de um novo domínio: “Ciberestratégia” do Pentágono” Foreign Affairs. Setembro / outubro de 2010. http://www.foreignaffairs.com/articles/66552/william-j-lynn-iii/defending-a-new-domain (29/08/2010)
(5) S. Webster: “O Pentágono poderá aplicar a política de guerra preventiva na Internet”. 29 de agosto 2010. http://www.rawstory.com/rs/2010/0829/pentagon-weighs-applying-preemptive-warfare-tactics-internet/ (30/08/2010).
(6) E. Nakashima: “O Pentágono considera ataques preventivos no marco da estratégia de ciberdefesa” The Washington Post. 28 de agosto 2010. http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2010/08/28/AR2010082803849_pf.html
(7) Daniel Lynn L. “Esboços das ameaças da informática e as medidas defensivas” Serviçoo de Imprensa do Exército dos EUA http://www.defense.gov/news/newsarticle.aspx?id=60600
Esse foi também o ano de Conficker (um worm — programa autorreplicante — destrutivamente poderoso), ainda que isso oculte o fato de que os worms classificados são só 3,42% dos malwares criados no ano passado”, afirma a revista. “O worm Conficker causou graves problemas, tanto em ambientes domésticos e corporativos, com mais de 7 milhões de computadores infectados em todo o mundo, e segue se propagando rapidamente” (1).
Comparado a outros países, parece que os EUA estão preocupados demais com o problema da defesa cibernética. No dia 26 de abril, a CIA fez conhecer seus planos para novas iniciativas na luta contra os ataques baseados na web. O documento descreve os planos para os próximos cinco anos e o diretor da agência, Leon Pannetta, disse que é “vital para a CIA estar um passo à frente do jogo quando se trata de metas como a segurança do ciberespaço” (2).
Em maio de 2009 a Casa Branca aprovou o Protocolo para as Políticas no Ciberespaço (3), apresentado ao presidente dos Estados Unidos pelos membros de uma comissão especial. O documento resume o estado da rede dos EUA e a segurança da informação nacional, tendo proposto nomear um alto oficial para a cibersegurança encarregado de coordenar as políticas da área nos EUA.
O informe descreve um novo marco global para facilitar a resposta coordenada por parte do governo, do setor privado e dos aliados em caso de um incidente cibernético significativo. O novo sistema de coordenação permitiria a autoridades federais, estaduais, locais e tribais trabalharem antecipadamente com a indústria para melhorar os planos e recursos disponíveis para detectar, prevenir e responder a incidentes significativos em segurança cibernética. A iniciativa também envolve proporcionar a essas instâncias dados de inteligência e opções de caráter técnico e funcional, além de garantir a formação de novos especialistas na defesa cibernética.
E um último passo, mas não menos importante: em meados de 2010, a base aérea de Lackland, no Texas, começou a construção do primeiro centro especializado de inteligência virtual, onde já trabalham uns 400 especialistas. O 68º Esquadrão de Guerra de Redes (The 68th Network Warfare Squadron) e o 710º Esquadrão de Inteligência de Vôos (710th Information Operations Flight), da Força Aérea, foram deslocados a San Antonio. Esse lugar foi escolhido porque está perto das instalações militares que contemplam operações de “ciberguerra”, como a Agência para a Inteligência, a Vigilância e o Reconhecimento da Força Aérea e o Centro Criptologia do Texas, da Agência de Seurança Nacional, que comandam operações de informação e criptologia para o apoio da Força Aérea dos Estados Unidos. Funcionarão integrados aos interesses do Comando Espacial, o Comando da Força Aérea e a Reserva da Força Aérea dos Estados Unidos.
Numerosas publicações dos EUA mostram que as refomas das forças cibernéticas para a defesa nacional, assim como a introdução da doutrina de estratégia de guerra cibernética estão a ponto de se completarem. Quanto à estratégia para a “ciberguerra” dos Estados Unidos podemos supor que ela está em consonância com o conceito geral da ofesiva militar global dos EUA.
William Lynn III em seu artigo “A Ciberestratégia do Pentágono”, publicado na revista Foreign Affairs (setembro/outubro de 2010), expõe cinco princípios básicos da estratégia de guerra do futuro:
– O ciberespaço deve ser reconhecido como um território de domínio igual a guerra por terra, mar e ar;
– Qualquer postura defensiva deve ir mais além “da boa preparação ou higiene” e incluir operações sofisticadas e precisas que permitam uma resposta rápida;
– A Defesa Ciberespacial deve ir mais além do mundo das redes militares do Departamento de Defesa, para chegar até as redes comerciais, que também são subordinadas ao conceito de Segurança Nacional;
– A estratégia da Defesa Ciberespacial deve acontecer com os aliados internacionais para uma efetiva política “de advertência compartilhada” ante as ameaças;
– O Departamento de Defesa deve contribuir com a manutenção e aproveitar o domínio tecnológico dos Estados Unidos para melhorar o processo de aquisições e se manter com a velocidade e agiliade da indústria da tecnologia da informação (4).
Ao comentar esse artigo, os analistas sublinham que “as capacidades que se buscam permitirão aos “ciberguerreiros” dos EUA enganar, negar, interromper, degradar e destruir a informação e os computadores de todo o mundo” (5)
O general Keith Alexander, chefe do novo super Cibercomando do Pentágono (ARFORCYBER), afirmou: “Temos que ter capacidade ofensiva, o que significa que, em tempo real, seremos capazes de aniquilar qualquer um que nos ataque”. Keith Alexander comparou os ataques cibernéticos com as armas de destruição em massa, e de acordo com suas recentes declarações os EUA têm previstas as aplicações ofensivas desse novo conceito de guerra.
Notas
(1) http://www.defenceiq.com/article.cfm?externalID=2718
(2) http://www.defenceiq.com/article.cfm?externalID=2460
(3) http://www.whitehouse.gov/assets/documents/Cyberspace_Policy_Review_final.pdf
(4), William J. Lynn III W. “A defesa de um novo domínio: “Ciberestratégia” do Pentágono” Foreign Affairs. Setembro / outubro de 2010. http://www.foreignaffairs.com/articles/66552/william-j-lynn-iii/defending-a-new-domain (29/08/2010)
(5) S. Webster: “O Pentágono poderá aplicar a política de guerra preventiva na Internet”. 29 de agosto 2010. http://www.rawstory.com/rs/2010/0829/pentagon-weighs-applying-preemptive-warfare-tactics-internet/ (30/08/2010).
(6) E. Nakashima: “O Pentágono considera ataques preventivos no marco da estratégia de ciberdefesa” The Washington Post. 28 de agosto 2010. http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2010/08/28/AR2010082803849_pf.html
(7) Daniel Lynn L. “Esboços das ameaças da informática e as medidas defensivas” Serviçoo de Imprensa do Exército dos EUA http://www.defense.gov/news/newsarticle.aspx?id=60600
Fonte: www.vermelho.org.br
Apertem os cintos: o PT sumiu!
Raymundo Araujo Filho no Correio da Cidadania | |
Nestes dias fiz uma pequena leitura do mapa eleitoral para a eleição de
governadores nos estados, mais ou menos consolidados a cerca de um mês
das eleições. Pouparei este trabalho para os meus possíveis leitores,
pois certas tarefas não desejo nem para os meus desafetos, quanto mais
para quem me lê.
É surpreendente a mágica que se faz na opinião pública, transformando o
que é uma acachapante derrota eleitoral em uma "vitória retumbante".
O artifício é simples, e foi amplamente assumido pelo próprio PT, que,
em troca da eleição de sua candidata à presidência da República, fez
todos os acordos regionais com ex-adversários e atuais aliados de
ocasião, visto a opção do lullo-petismo de usar o povo apenas como massa
de manobra eleitoral, excluindo-o como sujeito do debate político. Ou
seja, fez a opção pela "governabilidade palaciana" como caminho mais
fácil para manter-se não no poder, mas no cargo principal do país, ao
arrepio de todas as propostas originais que construíram, durante cerca
de 25 anos, as forças que elegeram Lulla em 2002.
Assim, repasso a todos o tal mapa eleitoral nos estados, com a devida
análise que me permito, a partir dos fatos, não dos desejos ou mentiras,
expondo e confirmando o que digo no título do artigo.
O presidente Lulla se constitui na entidade política de maior projeção
midiática, o PT é falado todos os dias em todos os jornais e mídias,
assim como as políticas governamentais, sendo nenhuma delas criticada no
seu íntimo. Ao contrário, são apoiadas desavergonhadamente até por quem
se diz oposição de direita ao Lulla, pois sabem que este obedece às
diretrizes do capital internacional, este sim o principal mandatário do
país. No entanto, o PT como partido não chega nem perto de uma inserção
institucional na política brasileira do tamanho do alarde que fazem,
pegando carona no Lulla. Aliás, paro de escrever sobre política se
alguém me mostrar uma só das macropolíticas de Lulla que seja criticada
pela direita brasileira.
Assim, temos o PT com vitória garantida em apenas três estados, mas, sem
desmerecê-los, de pouquíssima importância econômica e política para o
país. São eles: Acre, Bahia e Sergipe.
Temos Tarso Genro com chances, mas sem qualquer garantia de vitória
(acho até que perderá), com o PT disputando o segundo turno
completamente empatado com as forças de oposição (como sempre no
dividido Rio Grande do Sul). E no Mato Grosso do Sul, se houver segundo
turno e Deus absolver todas as falcatruas e acordos espúrios (até com o
DEM, inaugurando a aliança PT-DEM, anos atrás no Mato Grosso do Sul),
temos o ex-governador petista que atende pela alcunha de Zeca do PT-
que, entre outras coisas, foi o avalista da entrada no partido de
pedófilo condenado, o ex-vereador de nome Disney (sem ironias).
E só! Este é o legado do PT nas suas alianças para a eleição de Dilma,
após oito anos de governo Lulla, sem povo, a não ser como acessório de
poder.
A senadora por Santa Catarina, Ideli ‘Salvar-se’, aparece com míseros
16% dos votos contra Ângela Amin do PP, não governista (31%), e Colombo,
do DEM (27%), mesmo após ter sido subserviente ao extremo, tendo uma
exposição midiática bem maior que a sua estatura (é baixinha, a
senadora...). Até em convescote com os criadores da Bossa Nova aqui no
Rio a senadora veio. E lamentou que sua mãe "não estivesse viva para
curtir aquele momento". Ao menos, não vai ver sua filha vergonhosamente
derrotada, após tanta subserviência.
Para tentar amenizar esta derrota petista nestas eleições para governos
estaduais, o PSB (partido "quase" irmão do PT, com Skaff e tudo), com
Renato Casagrande, será eleito no primeiro turno no Espírito Santo. A
mesma coisa no Ceará, com o irmão do "enfant terrible" Ciro
Gomes, o Cid Gomes (que algum troco será obrigado a dar no PT de lá, por
tantas sacanagens das quais ele e seu irmão foram alvos por parte do
partido). E o PSB está também consolidado como vitorioso em Pernambuco.
Nestes estados, portanto, só restará ao PT ficar feliz com a vitória dos
outros.
Em nenhuma outra unidade da federação aparecem o PT e o PSB em posição
razoável na disputa. Restam o PDT e o PMDB como aliados, que
analisaremos abaixo, visto que o PC do B não dá nem pro cafezinho...
O PDT, em Alagoas, terá o Ronaldo Lessa a apoiar o Collor ou ser apoiado
por ele, para eleger a coligação pró-Lulla. O que seria inimaginável
alguns poucos anos atrás. E o Jackson Lago, PDT do Maranhão, boicotado
pelo PT em aliança com a "progressista" Roseana Sarney (quase uma Dilma,
hoje em dia), vai amargar o seu ocaso político sendo traído por quem
sempre emprestou apoio, e tendo a pequena dissidência petista por lá
feito até greve de fome para votar no... PC do B.
Resta então, para completar o júbilo petista com a vitória alheia, a eleição apenas provável do PMDB governista nos estados da Paraíba, Tocantins, Maranhão e Rio de Janeiro.
Em Minas Gerais, parece que Anastásio (apoiando e apoiado por Dilma, por
baixo dos panos) vai disputar até o último segundo. E convenhamos que
ganhar com Helio Costa soa mais como derrota - ao menos soava,
antigamente.
No Rio Grande do Sul, uma possível vitória do PMDB com Fogaça será
apoiada pelo PSDB. Assim como no Mato Grosso do Sul, em que a vitória do
PMDB com Puccineli, de OPOSIÇÃO à Dilma e ao PT local, é bem provável.
No Pará, D. Ana Julia Carepa patinou, talvez por iniciativas como a sua
aliança com madeireiros e o Projeto Paz no Campo (apelidado pelo MST de
Pau no Campo), e por lá o governo será entregue ao PSDB, com Simão
Jatene, com ou sem Barbalho a esta altura do campeonato (certos amigos
são verdadeiros inimigos...). Já em Roraima, o PT sequer existe, nem tem
aliados, mesmo os de mais baixa estirpe, com os quais a legenda se
acostumou a conviver, a meu ver, despudoradamente.
O resto, cerca de nove estados, vai ficar mesmo com a oposição, salvo
algum desimportante engano meu (paciência tem limites para estas
análises). Traça-se um quadro onde o PT naufraga eleitoralmente, cedendo
lugar para cerca de dez governadores "aliados", já sendo certo nove de
oposição, além de disputa acirrada em apenas sete estados.
Assim, podemos afirmar, sem medo de errar, que Lulla e o PT oPTaram pela
formatação do país em Sesmarias Políticas, retrocedendo aos tempos
coloniais para manter a unidade do país (em torno da aristocracia).
Dividiram o país nas malditas Sesmarias, das quais não nos livramos até
hoje, e estão virando moda novamente pelas mãos do Partido dos
Trabalhadores e seus coronéis aliados.
Some-se a isso a vitória eleitoral do PMDB, que, além de ter um vice que
não é nenhum inexperiente, ao contrário, é conhecida ave de rapina do
poder. Fará este partido ter o presidente da Câmara Federal e do Senado,
podendo sair muito fortalecido nos estados. Só o PT mesmo para alçar um
medíocre como Michel Temer a vice-presidente da República.
Ora! Que melhor resultado eleitoral poderiam esperar aqueles que
chegaram a se assustar com o surgimento de um partido que representou as
legítimas forças populares em luta, por tênues anos?
Certamente estão felizes e contemplados com uma Dilma que representa a
domesticação dos tecnocratas e burocratas que se apoderaram das energias
criativas que fizeram nascer o PT na década de 80, ladeada por cães de
guarda do Império, como o são Pallocci, Henrique Meirelles e Jobim.
Que resultado melhor do que este, com a completa super-estruturação do
poder, já totalmente burocratizado e seqüestrado, por não possuir povo protagonista,
seria imaginado por Stanley Gacek? Refiro-me ao gerente trabalhista da
AFL-CIO, o sindicalismo dos EUA que Lulla representou oficialmente na
reunião do diálogo interamericano em 1992, com FHC, Salinas e tantos
outros que se tornaram algozes de seus povos.
Portanto, eis o trágico resultado da experiência do lullo-petismo no
poder aqui no Brasil. Fizeram com que o Brasil, tal e qual um cachorro
doido, fique a dar voltas sobre si mesmo, buscando morder o próprio
rabo, aqui representado por Sarney e companhia bela. Fazem fachada aos
"homens do norte", que são os verdadeiros cabides em que se apóia este
grupo de arrivistas do lullo-petismo, doando-lhes o Brasil em troca da
concessão de ter a cabeça de chapa na eleição presidencial. Tudo para,
no fim das contas, apenas gerenciarem a entrega do país com fachada - só
fachada - de progressistas.
É a ex-esquerda Corporation S.A., aqui fazendo o papel de Luiz XIV e
Maria Antonieta, nesta entrega pornográfica do país aos estrangeiros e
capitalistas "nacionalistas". Dos aristocratas franceses, a guilhotina
da Revolução cortou-lhes a cabeça. Quem sabe, um dia, esses
neo-aristocratas brasileiros não serão passados pela guilhotina da
História?
Raymundo Araujo Filho é médico veterinário homeopata e entende muito bem de cachorros loucos.
|
Guerra eleitoral
Juremir Machado no CP de 08/09
Uma eleição deveria ser banal: a disputa entre diferentes projetos.
Em alguns países, como a Suíça, chega a ser um tédio. José Serra e Dilma Roussef teriam de ser vistos apenas como os representantes de ideias opostas. Nem tão opostas assim de resto.
Como diria o sábio Edgar Morin, do pico dos seus 89 anos de idade, ideias antagônicas e complementares. Pode? Logicamente talvez não. A vida é mais lógica do que a lógica. Inventa sua lógica. A campanha eleitoral, porém, revela outra realidade, a diabolização do oponente. Serra não para de cair nas pesquisas. Quanto mais adota o discurso demonizador do seu vice Índio da Costa, mais despenca.
Boa parte dos partidos de centro, como o PMDB, já aderiu à candidatura de Dilma. Um naco do PP, mais à direita, também já se bandeou. A resistência total fica por conta do PSDB e do Dem. Há uma razão óbvia para isso: são os partidos da candidatura José Serra – Índio da Costa.
Até aí tudo bem. Mais do que isso, ótimo. É a democracia.
Por que então a opção de alguns por ver em Dilma um terrível perigo para o Brasil se homens e mulheres considerados mais conservadores já capitularam e não demonstram o menor medo da petista?
O Uruguai tem um presidente que foi tupamaro. Está indo muito bem.
Por que o Brasil não poderia ter uma presidente que fez parte da luta contra a ditadura militar? Será que os estrategistas de Serra não percebem que a opção por assustar os eleitores é primária e contraproducente? Dilma não come criancinhas. Nem vai estatizar as multinacionais ianques.
Há pessoas que pararam no tempo.
Imaginam, por exemplo, que qualquer crítica aos defeitos do capitalismo signifique uma defesa do comunismo. É a chamada retórica macartista. Desejo de caçar bruxas. Invenção de espantalhos.
Uma senhora me mandou um e-mail no qual me acusava de ser “meio comuna”. Minhas ideias sobre economia não vão além daquelas professadas pelo prêmio Nobel Paul Krugman, que está muito longe de ser um comunista.
Em artigo recente no jornal “New York Times”, porém, Krugman disse que Barack Obama está sendo vítima “da direita populista e das grandes corporações”. As grandes corporações não parecem, até agora, apavoradas com a possível vitória de Dilma Roussef no primeiro turno. O problema é a direita populista e desesperada.
Krugman deu uma letra impressionante: “Do lado de fora, essa ira contra a regulação parece bizarra. Quer dizer, o que eles esperavam? O setor financeiro, particularmente, operou de forma descontrolada sob a desregulação, provocando, finalmente, uma crise que deixou 15 milhões de americanos desempregados e exigiu socorros financeiros de larga escala financiados pelo contribuinte para evitar consequências ainda piores. Wall Street esperava sair de tudo isso sem arcar com algumas novas restrições? Aparentemente, sim”. Querer mais regulação estatal não é coisa de comunista. Votar numa candidata de esquerda não é escolher o diabo. Melhor seria um pouco de enfado: discutir apenas projetos.
Ou resultados.
Aí é que a porca torce o rabo. Está melhor.
Em alguns países, como a Suíça, chega a ser um tédio. José Serra e Dilma Roussef teriam de ser vistos apenas como os representantes de ideias opostas. Nem tão opostas assim de resto.
Como diria o sábio Edgar Morin, do pico dos seus 89 anos de idade, ideias antagônicas e complementares. Pode? Logicamente talvez não. A vida é mais lógica do que a lógica. Inventa sua lógica. A campanha eleitoral, porém, revela outra realidade, a diabolização do oponente. Serra não para de cair nas pesquisas. Quanto mais adota o discurso demonizador do seu vice Índio da Costa, mais despenca.
Boa parte dos partidos de centro, como o PMDB, já aderiu à candidatura de Dilma. Um naco do PP, mais à direita, também já se bandeou. A resistência total fica por conta do PSDB e do Dem. Há uma razão óbvia para isso: são os partidos da candidatura José Serra – Índio da Costa.
Até aí tudo bem. Mais do que isso, ótimo. É a democracia.
Por que então a opção de alguns por ver em Dilma um terrível perigo para o Brasil se homens e mulheres considerados mais conservadores já capitularam e não demonstram o menor medo da petista?
O Uruguai tem um presidente que foi tupamaro. Está indo muito bem.
Por que o Brasil não poderia ter uma presidente que fez parte da luta contra a ditadura militar? Será que os estrategistas de Serra não percebem que a opção por assustar os eleitores é primária e contraproducente? Dilma não come criancinhas. Nem vai estatizar as multinacionais ianques.
Há pessoas que pararam no tempo.
Imaginam, por exemplo, que qualquer crítica aos defeitos do capitalismo signifique uma defesa do comunismo. É a chamada retórica macartista. Desejo de caçar bruxas. Invenção de espantalhos.
Uma senhora me mandou um e-mail no qual me acusava de ser “meio comuna”. Minhas ideias sobre economia não vão além daquelas professadas pelo prêmio Nobel Paul Krugman, que está muito longe de ser um comunista.
Em artigo recente no jornal “New York Times”, porém, Krugman disse que Barack Obama está sendo vítima “da direita populista e das grandes corporações”. As grandes corporações não parecem, até agora, apavoradas com a possível vitória de Dilma Roussef no primeiro turno. O problema é a direita populista e desesperada.
Krugman deu uma letra impressionante: “Do lado de fora, essa ira contra a regulação parece bizarra. Quer dizer, o que eles esperavam? O setor financeiro, particularmente, operou de forma descontrolada sob a desregulação, provocando, finalmente, uma crise que deixou 15 milhões de americanos desempregados e exigiu socorros financeiros de larga escala financiados pelo contribuinte para evitar consequências ainda piores. Wall Street esperava sair de tudo isso sem arcar com algumas novas restrições? Aparentemente, sim”. Querer mais regulação estatal não é coisa de comunista. Votar numa candidata de esquerda não é escolher o diabo. Melhor seria um pouco de enfado: discutir apenas projetos.
Ou resultados.
Aí é que a porca torce o rabo. Está melhor.
Desmonte da TV Cultura contraria a comunicação democrática, plural e sem fins comerciais
Escrito por Gabriel Brito, da Redação do Correio da Cidadania | |
No mês de agosto, os responsáveis pela administração e manutenção da
Rádio e TV Cultura anunciaram planos de desmonte da maior referência
nacional de meio de comunicação público. Por meio de João Sayad,
presidente da Fundação Padre Anchieta (FPA), que decide seus rumos,
anunciou-se a intenção de demitir 1400 funcionários de todas as áreas no
final do ano, criando enorme e inevitável tensão em torno de seu
futuro.
"Essas idéias de esvaziamento e desmonte vêm de algum tempo. Como
exemplo, os programas infantis, marcas registradas da TV, deixaram de
ser produzidos e sobrevivem de reprises. O nível de novas produções é
baixo já há alguns anos. O problema não é novo, é que explodiu agora,
fruto de uma política que tampouco começou agora", diz José Augusto de
Camargo, o Guto, presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.
Por conta disso, logo após a disseminação de tal propósito, criou-se o
Movimento Salve a Rádio e TV Cultura, formado por diversas entidades da
sociedade civil, sindicatos e profissionais da área, a fim de combater
mais um golpe de uma gestão voltada ao mercado.
Em entrevista ao Correio, Rose Nogueira, ex-funcionária da Cultura e
também do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, afirma que "não há
razão alguma para esse desmonte. A TV Cultura tem de continuar com sua
programação, como sempre foi, produzindo seus programas, aperfeiçoando
cada vez mais sua produção e reverenciando seu próprio produto, que é
maravilhoso".
Por trás da idéia de enfraquecer nossa única emissora aberta de caráter
não comercial, reside a persistente lógica de dissolução da ‘coisa
pública’, a favor de uma pretensa ‘eficiência’ administrativa, em mais
um dos capítulos de transferência do patrimônio público e social à
iniciativa privada. "A TV Cultura é um patrimônio do povo paulista e
brasileiro. Patrimônio material e cultural, pois é um dos melhores
lugares para se fazer televisão, e também histórico, tendo sido local de
trabalho de gente como Wladimir Herzog e outros grandes profissionais
que passaram por lá", assinala Rose.
Neoliberalismo, mais uma dose
"Na verdade, a TV tem projeto antigo de mudança de perfil, que é
resultado de alguns fatores. Primeiramente, uma falta clara de política
do governo estadual para o setor de comunicação e cultura, refletida na
TV. Em segundo, a TV não é administrada pelo Estado, tem perfil público e
uma administração que guarda certa autonomia, impedindo que o governo
se utilize da máquina da FPA para outros fins que não exclusivamente
educativos e culturais. O que pode desinteressar certos setores
políticos a investir na TV", esclarece Guto.
Para os dois dirigentes sindicais entrevistados pelo Correio, aquilo que
tem sido levado adiante não representa nada mais do que uma ofensiva de
cunho neoliberal, similar às que vimos avançar sobre diversos setores
de nossa vida. "Como não se sabe o que fazer com aquilo, que
aparentemente não tem serventia imediata (por falta de projeto político,
necessidade de transparência e limitação quanto ao uso de sua máquina),
abandona-se o projeto da emissora pública. Dessa forma, junta-se a fome
com a vontade de comer e cria-se o caldo de cultura que os faz tentar
levar adiante essa maluquice com a TV Cultura", explica Guto.
"Não sei de onde bateu essa idéia de desmonte, parece aquelas coisas do
tempo do FHC e das privatizações. Aqueles mitos débeis mentais de que a
iniciativa privada faz melhor. Se alguma coisa não está indo bem, você
muda a administração, não joga ela fora!", completa Rose Nogueira.
Qualidade incontestável
Como se sabe, a emissora, principalmente por meio de seu canal
televisivo, contribuiu sobremaneira para a formação cultural e
educacional de amplos setores da população paulista, exatamente o
contrário daquilo que oferecem as emissoras comerciais, com seu
jornalismo francamente enviesado, ‘atrações’ com as mais torpes
explorações de misérias humanas e completo rebaixamento intelectual.
"Ao longo dos anos, ela construiu essa imagem de oferecer uma
programação de qualidade, uma espécie de oásis de bom gosto em meio ao
que vemos aí", lembra Guto. Para ele, é exatamente essa a força que
deverá sustentar a manutenção da Cultura tal como a conhecemos, longe
das mãos do mercado e visões reducionistas de uma emissora cuja missão é
prestar bons serviços à sociedade, que por sinal a sustenta.
"A Cultura foi fundada na ditadura militar, mas se construiu através do
trabalho de seus funcionários. Foram basicamente os trabalhadores e
algumas direções que resistiram à idéia de aparelhamento da TV e
conseguiram transformá-la na melhor experiência que já tivemos em termos
de TV pública", lembra Rose.
Ingerência política, resistência e solidariedade
Diante das ameaças, os trabalhadores da emissora buscam se defender. Nos
espaços da mídia comercial, essas ameaças são travestidas de necessária
transição ‘à modernidade’ ou ‘boa gestão’, como argumentou João Sayad,
atual presidente da FPA. No entanto, esconde-se a total ingerência do
governo Serra em sua gestão, que dialoga perfeitamente com processos
semelhantes nas áreas de saúde, educação, rodovias etc.
Tanto é assim que, recentemente, a emissora demitiu os jornalistas
Heródoto Barbeiro e Gabriel Priolli por fazerem matérias e
questionamentos sobre os abusivos pedágios das estradas paulistas,
política altamente rejeitada por setores da população, que paga as
tarifas mais altas do mundo para circular pelo estado. Portanto, mesmo
com o posterior recuo nas demissões, é absolutamente indisfarçável a
interferência política nos rumos da Cultura, que nos últimos tempos
ainda anunciou mudanças na programação, como no Roda Viva, agora
apresentado por Marília Gabriela, e na tentativa frustrada de tirar do
ar o programa ‘Manos e Minas’, voltado ao Hip Hop e outras manifestações
culturais provenientes das periferias de São Paulo.
Aliás, foi exatamente essa empreitada que fez aumentar a resistência ao
desmonte da Cultura, pois não se esperava a enorme onda de críticas
relativas ao fim do programa, que já voltou à grade. "A questão do Manos
e Minas, mesmo que ‘repaginado’ para livrar a cara dos gestores,
demonstrou o quanto isso tudo mobilizou a sociedade, o quanto ela
estranhou tal decisão. Portanto, não será nada fácil o governo levar a
cabo esse projeto de desmontar a Cultura e transformá-la de produtora de
conteúdo cultural em mera repetidora de conteúdos de terceiros,
comprados no mercado", atesta Guto.
Além do mais, há uma grave questão em meio ao embate de visões acerca do
papel da emissora: o futuro de seus funcionários. "É um absurdo alguém
antecipar via imprensa a intenção de demitir 1400 funcionários em
dezembro. É pedir pra criar uma crise. Não há razão alguma para esse
desmonte", exclama Rose.
Quanto à resistência dos trabalhadores afetados, ambos os dirigentes
entrevistados pelo Correio atestam que a mobilização dos funcionários é
forte o bastante para lutar contra essa nova ofensiva pró-mercado. Mas,
como não poderia ser diferente, o nível de tensão não fica atrás. "Creio
que eles têm uma boa organização, mas mesmo assim estão apavorados,
pois é algo que diz respeito a suas próprias vidas. Imagine um
profissional com 10 anos de casa, dois filhos, pagando sua casa
própria... como fica esse profissional?! Ninguém tem o direito de fazer
isso aos outros", completa Rose, contemporânea de jornalistas que
transformaram a Cultura numa representação de "resistência", como ela
mesma diz.
Porém, pela maneira pouco habilidosa de conduzir a questão, o governo
terá grandes dificuldades em promover mais um golpe ao patrimônio
público. "Além de tudo, 1400 dispensas são demissão em massa, o que é
caso para o Ministério Público do Trabalho. Perguntei para algumas
pessoas como seriam pagas as indenizações e me disseram que poderiam
vender o prédio. Mas, examinando a situação, descobri que não podem
vender o prédio, pois é público. Não podem fazer isso", completa Rose.
"Os funcionários estão mobilizados, a rigor existem duas frentes de
trabalho na Fundação: a interna, da TV e Rádio Cultura, e a externa, da
TV Justiça e Assembléia, também com funcionários da Cultura que prestam
serviços a elas. Um grupo tem de discutir diretamente o futuro da
Cultura, e outro precisa se preocupar com o futuro das transmissões da
TV Justiça e Assembléia, já que estão lotadas nesses outros canais",
detalha Guto.
"Há belíssimos estúdios, uma maravilhosa equipe... vão fazer o quê?
Demitir para comprar fora o mesmo produto que existe em casa, pagando o
lucro dos outros? E essas produtoras vão empregar as pessoas com que
salários, abaixo daqueles que recebiam?", questiona Rose.
De olho no futuro
Para o presidente do Sindicato dos Jornalistas, o que estamos a conferir
é apenas mais um capítulo que antagoniza setores progressistas e
retrógrados de nossa comunicação, que até hoje não se livrou dos
monopólios que a controlam. De acordo com ele, o governo Lula levou ao
menos a um início da conscientização de que mudanças na área são
impreteríveis, além de representarem um forte anseio popular.
"Um ponto importante de ser colocado é o de que a TV Cultura não entrou
na rede da TV Brasil, a EBC. Nem a Cultura de São Paulo e nem a TV
Educativa do Rio Grande do Sul, ambos os estados sob governos do PSBD,
conferindo caráter ideológico no sentido de não priorizar a TV pública.
Não foi por acaso que não fizeram parte do projeto, recusando-o
deliberadamente. Isso mostra uma diferença importante entre a visão do
governo federal e a dos governos do PSDB", analisa.
Por conta disso, ele ressalta a importância da 1ª. Conferência Nacional
da Comunicação, realizada em Brasília no final de 2009, escancaradamente
desqualificada e boicotada pelos oligopólios soberanos de nossas
comunicações.
"O governo Lula deixou vários problemas na comunicação sem solução.
Alguns estão encaminhados, devendo ser finalizados no próximo governo,
como as questões da banda larga, da digitalização etc. Ainda assim,
destaco três coisas positivas: a realização da Confecom, um inegável
avanço histórico; a criação da TV pública, início de um trabalho que é
uma referência de respeito; e em último lugar, menos visível, mas
significativo, o começo da discussão acerca da distribuição do dinheiro
de publicidade", enumera.
"A Cultura conta com muita simpatia de vários espectros sociais, tanto
do povo simples, trabalhadores e donas de casa, como também de
estudiosos; dos setores mais populares aos mais intelectualizados, que
se preocupam em manter as características especiais, peculiares,
diferenciadas, da TV Cultura em relação às outras emissoras comuns",
finaliza José Augusto Camargo.
É essa TV que educa que está sendo atacada. Enquanto isso, as demais
navegam em mares sempre tranqüilos, desfrutando de enormes privilégios, a
começar pela falta de fiscalização, contrapartida exigida de toda
concessão para Rádio e TV. Prossegue, assim, o Brasil como um bastião
praticamente imbatível da desigualdade, do que não escapa a arena da
comunicação.
Gabriel Brito é jornalista.
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quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Povo saharauí luta para derrubar o muro da opressão
Reproduzo matéria de Elaine Tavares em seu blog Palavras Insurgentes...
Os muros são coisas doidas, símbolo de separação. Há quem diga que eles servem para proteger. Mas há que perguntar. Proteger a quem? Se a gente parar para pensar vai ver que os muros têm suas origens no poder. Desde muito tempo eles são erguidos para que aqueles que têm muita riqueza se protejam de quem não tem. A lógica da propriedade privada, da acumulação privada da riqueza e da terra. Valeria pensar: mas por que é assim? Por que uns têm muito e outros nada? Ah, essa é a pergunta que ninguém se faz.
Contam que um dos primeiros grandes muros da história foi a muralha da China, idealizada no século VII a.C pelos imperadores da dinastia Zhou, dispostos a dividir a terra em dois pedaços. O deles e o dos outros. O trabalho começou em 221 a.C e terminou dois milênios depois. Mas, é bem possível que antes dele outros já tivessem sido erguidos. Relatos nos Vedas ou na Torá – livros sagrados de povos muito antigos – falam de castelos e muralhas, erguidas para proteger cidades e reinos de possíveis invasores. Os muros são sempre muito usados para separar povos, como, por exemplo, o Muro de Adriano, construído em 122 d.C, para dividir o mundo romano (civilizado) do mundo dos bárbaros. Parece que sempre foi muito difícil aos seres humanos uma vida em comunhão, sem o medo do “outro”.
Mesmo em Abya Yala, onde as comunidades tinham por princípio básico a idéia de vida coletiva, é possível encontrar registro de grandes muralhas protetoras como o forte Pucará de Quitor, no deserto de Atacama, Chile, erguido pelo povo likan-antay para enfrentar o avanço de tribos inimigas.
Nos tempos modernos, o muro mais famoso foi o Muro de Berlin, criado pelos soviéticos em 1961, materializando a cortina de ferro a separar o mundo comunista do capitalista. Durante anos ele foi uma espécie de símbolo da separação, da exclusão, da prisão e do ódio. Não havia quem, no chamado “mundo livre”, não clamasse pela queda daquele muro. Quando ele finalmente foi derrubado em 1989, as gentes em todo planeta saudaram esta vitória da “democracia e da liberdade”. A impressão que se tinha é que ali se encerrava uma triste etapa da vida humana, que nunca mais iria se repetir. E esta é uma coisa estranha de se pensar, se levarmos em conta que anos depois, em 1994, os Estados Unidos iniciavam um programa anti-imigração, chamado de Operação Guardião, que principiava a construção do odioso muro que separa o país ianque do México. Naqueles dias, ninguém se levantou para falar em ódios, exclusão ou falta de liberdade. Desde então, ali, naquela cerca, morrem milhares de pessoas tentando passar para o lado dos EUA, buscando viver a promessa do sonho americano. Raras pessoas no mundo falam desse muro ou se importam com as vidas que se perdem ali.
Depois, em 2002, o artificial estado de Israel, amigo e parceiro dos EUA, deu início ao seu muro, segregando o povo palestino em seu próprio território. Quilômetros e quilômetros de concreto dividem famílias e transformam um povo inteiro em prisioneiro, dando vazão a levas e levas de violência, dor e morte. Também são muito poucos os que se importam com isso. A mídia, como sempre do lado do poder, se encarrega de disseminar pelo mundo o preconceito e a mentira, atribuindo aos palestinos o rótulo de terroristas e bandidos. Raros são os que gritam pela queda deste muro. Ele aparece como algo necessário, para proteger o povo de Israel, embora nunca ninguém tenha cogitado que o Muro de Berlim existisse proteger o povo comunista da sanha do capital.
Pois não bastassem as excrescências dos EUA e Israel há um outro muro do qual muito pouco se fala. É o que separa o povo saharauí de seu território original no norte da África, região que permanece obscura e desconhecida para todos na América Latina.
O massacre do povo Saharauí: um pouco de história
O povo que vive no território reivindicado pelos Saharauí é muito antigo e habita aquela área desde quando os berberes brancos avançaram pelo norte do Sahara, no século VII, premidos pelas invasões árabes. Assim, eles foram jogados para a parte sul de onde hoje é o Marrocos, quando passaram a viver de forma autônoma. Os berberes são originários do norte da África e formam a gênese do povo do Marrocos. Na verdade, esse termo “berbere”, significa “bárbaro” e por isso é repudiado pelos seus descendentes que gostam de ser chamados de “amazigh” (homens livres). Mas, é parte deste povo de “homens livres” que hoje está sendo responsável pela desgraça do povo Saharauí.
O reino do Marrocos foi criado por volta do ano 470 a.C. e sempre esteve com os olhos mais voltados para a Europa que para seu interior. Ocupado pelos árabes no século VII, a região foi porta de entrada dos mouros para a península ibérica, onde reinaram por anos. Bem mais tarde, foi a vez do Império Romano anexar o Marrocos como colônia e foi só no século XI que os berberes reconquistaram seu território. Mas, a briga interna de vários clãs pelo controle do Marrocos o enfraqueceu e deu chance para a invasão de Portugal que, no século XV, no auge da expansão colonial, abocanhou algumas cidades. Foram muitos os anos de lutas para recompor o território. Na metade do século XIX, a Espanha e a França estenderam seus domínios pelo norte da África, ocuparam a área, e o espaço daquelas terras foi dividido. Em 1912 a parte do Marrocos ficou com os franceses, e a Espanha se apropriou da região norte e do Sahara ocidental, onde então viviam os saharauí.
Como em todas as colônias africanas, a ocupação não se deu sem luta. São históricos os massacres de revoltosos em batalhas nas quais Espanha e França se ajudavam contra os povos locais. O advento da segunda guerra mundial abriu caminho para novos movimentos de libertação e seguidos conflitos aconteceram. Em 1956, o Marrocos finalmente conquistou sua independência dos franceses, instituindo uma monarquia, mas a parte que estava nas mãos da Espanha não conseguiu o mesmo feito. Permaneceu colônia e, a exemplo dos marroquinos, as populações continuaram buscando a libertação. Por conta disso, em 1973 foi criada a Frente Popular de Libertação de Saguia-El-Hamra e Rio de Ouro (POLISARIO), que passou a liderar a luta na região ocidental.
Com a independência reconhecida, o Marrocos se organizou e começou a sonhar com novos vôos. Ambicionava anexar a parte espanhola da região, sem reconhecer que ali viviam povos autônomos, com cultura própria e igualmente sedentos de liberdade. Nos anos 60 e 70 vieram as vitoriosas lutas de libertação nacional em todo o mundo e, em particular na África, com várias colônias saindo do jugo de Portugal. Essa conjuntura leva a Espanha franquista a aceitar o princípio da autodeterminação nas regiões ocupadas, mas ainda sem se dispor a “largar o osso”. Então, no ano de 1975 quando o Marrocos, já livre da França, começa uma investida bélica na região ocidental do Sahara, a Espanha, igualmente ignorando as reivindicações do povo saharauí, assina um acordo entregando a região ao Marrocos e à Mauritânia. Com esta atitude vergonhosa, a Espanha cede ao rei Hassan II as riquezas naturais do Sahara ocidental, e com elas, o povo que ali vivia.
Ainda assim, o povo saharaui não se entregou. Tão logo as tropas espanholas saíram do território, em 27 de fevereiro de 1976, a Frente POLISARIO proclamou a República Árabe Saharauí Democrática (RASD). Segundo eles, ali estava um povo real e não seria um invasor que os colocaria na condição de “ninguém”. A própria Mauritânia reconheceu esse direito.
Mas, assim que viu garantida a soberania sobre o território até então espanhol, o governo do Marrocos, sem fazer caso da proclamação de independência saharauí, organizou uma grande marcha, conhecida como a “marcha verde” (na verdade um processo de colonização), na qual mais de 350 mil pessoas migraram para a região do Sahara ocidental, tendo a frente uma unidade de infantaria repleta de blindados, numa clara demonstração de força. Como as terras estavam tradicionalmente ocupadas pelo povo saharauí, as tropas marroquinas não hesitaram em iniciar uma campanha brutal de desalojo. Chegaram ao ponto de utilizar bombas de fósforo e napal, causando terríveis sofrimentos aos povos que ali viviam e obrigando-os a uma retirada em massa. Grande parte buscou abrigo na Argélia e outra parte seguiu lutando.
Desde então, múltiplas resoluções das Nações Unidas, da União Africana e um acórdão do Tribunal Internacional de Justiça de Haia reconhecem o direito à autodeterminação do povo saharauí, entendendo que não há registro jurídico nem histórico de vínculo de soberania por parte do Marrocos naquele local. Mais de 80 países do mundo reconhecem a RASD, mas isso fica só no papel.
A luta do povo saharauí não deu trégua este tempo todo, e no final dos anos 80, com a intermediação da ONU, o governo do Marrocos e a POLISARIO aceitaram um acordo, no qual o Marrocos retiraria suas tropas da região e realizaria um plebiscito com o povo para que este escolhesse entre a independência ou a anexação ao Marrocos. Mas, o certo é que isso nunca se concretizou e o governo marroquino se recusa a aceitar a autodeterminação dos saharauí.
Já são mais de 35 anos de luta, e a Frente Popular de Libertação tem cedido muito mais do que o Marrocos, se dispondo inclusive a depor as armas e libertar prisioneiros, mas não encontra eco no governo marroquino.
A situação hoje
É nesse contexto de intransigência que o Marrocos deu início a construção de um muro, dividindo a região do Sahara ocidental, visando segregar ainda mais as gentes saharauí, impedindo-as de viverem em paz no seu território. Hoje, parte do povo, sem poder ocupar seu território original, vive em terras cedidas pela Argélia, na condição de refugiados, em acampamentos desprovidos de qualquer condição de dignidade.
O muro da vergonha do Sahara Ocidental tem mais de dois mil quilômetros e divide de norte a sul o território. Vigiado por mais de 150 mil soldados marroquinos o percursos ainda apresenta uma infinidade de minas que, vez ou outra, provocam mortes entre os saharauí ou mesmo entre militantes internacionalistas que fazem periódicas marchas e manifestações no muro. Segundo a ONU há um cessar-fogo vigiado por uma missão de cascos-azuis, mas isso não impede que o Marrocos siga acossando a gente saharauí.
O fato é que o regime monárquico, ainda em vigor no Marrocos, se recusa abrir mão das inúmeras riquezas do Sahara ocidental. Entre elas está a magnífica costa Saharauí, que toma parte do Mediterrâneo e parte do Oceano Atlântico. Ali está um dos bancos de pesca mais ricos do mundo, hoje ocupado pelo Marrocos. Também se fala de grandes reservas de petróleo, com algumas áreas já sendo exploradas na parte que está sob o domínio do Marrocos. Igualmente fazem parte do pano de fundo da disputa de território as abundantes minas de fosfato que estão na parte ocidental do Sahara, portanto, devendo pertencer à República Saharaui, mas que seguem sendo exploradas pelo Marrocos.
Numa visita às páginas da Internet ou ao Youtube qualquer pessoa pode ver as terríveis condições de vida da gente saharauí nos acampamentos em meio ao deserto. É por isso que a Frente de Libertação insiste na busca de solidariedade mundial e no reconhecimento da República Árabe Saharauí Democrática como um Estado independente. As gentes do deserto da áfrica ocidental estão aí, a provar que os muros continuam sendo fortes mecanismos de opressão e segregação por parte daqueles que detém poder militar e político. Mas o povo saharauí também mostra, a exemplo dos palestinos e dos milhões de imigrantes, fugitivos do capitalismo, que não há canhão capaz de frear a luta por vida digna, por território e por liberdade. Como bem mostra a história, os muros acabam caindo. Sempre!
Viva a luta do povo saharauí!
A rapa do tacho
Como seu candidato preferencial
tornou-se um anti-candidato, ou permanente anti-candidato a candidato,
tudo o que resta a ambos – candidato a candidato e a mídia que o anima –
é procurar rapar o tacho dos eleitores indecisos ou sensíveis a
denúncias vazias para tentar levar a eleição a um segundo turno.
Flávio Aguiarna agenciacartamaior
Enquanto a nossa mídia convencional
continua, no seu tanque de roupa suja, a avacalhar o presidente Lula e a
candidata Dima Rousseff, o “think tank” do International Institute for Strategic Studies atribuiu a ele e sua política externa a maior e melhor projeção que o Brasil alcançou no mundo, nos últimos tempos.
Em seu relatório (Strategic Survey 2010: The Annual Review of World Affairs) deste ano o Instituto destaca como o mundo passa por uma reavaliação das suas ordens de poder, depois da crise começada em 2008. Nesse cenário de mudanças o peso da América Latina cresceu, e o do Brasil foi potenciado pela abertura para vários cenários propiciada pela política externa do governo Lula, solidamente ancorada nas políticas sociais internas e no prestígio que isso trouxe a ele e ao país.
Diante de tais pesos e tais medidas, não surpreende a renitente insistência da campanha das oposições de direita em malhar o ferro frio das denuncias de ocasião, tenham fundamento ou não.
Como seu candidato preferencial tornou-se um anti-candidato, ou permanente anti-candidato a candidato, já que nada tem a oferecer a não ser vagas assertivas sobre “ser melhor” do que o presidente que ora encerra dois vitoriosos mandatos, tudo o que resta a ambos – candidato a candidato e a mídia que o anima – é procurar rapar o tacho dos eleitores indecisos ou sensíveis a denúncias vazias para tentar levar a eleição a um segundo turno. Isso, nessa altura, seria cantado em prosa e verso como uma “derrota” para Dilma, e animaria o por ora desanimado e tedioso campo dessas oposições sem mais assunto.
Na base desse comportamento está o progressivo descolar-se desse conjunto – candidato a anti-candidato e a mídia – da real situação por que o país e o mundo atravessam.
É de se perguntar em que mundo eles vivem, e o que de fato farão se tiverem algum êxito em suas manobras.
Fico pensando em como o candidato a candidato, se se assentasse no trono de seus sonhos, enfrentaria uma reunião da Unasul depois de ter chamado o presidente boliviano de cúmplice (mesmo que seja por omissão) do narcotráfico. Se foi uma bravata, ele agora está preso a ela, porque se desse um claro desmentido de suas afirmações, perderia os votos que com ela rapou no tacho.
A mídia conservadora, seus arautos e seu candidato do vir-a-ser (pois a cada dia anuncia que é uma coisa diferente da de ontem) não conseguem admitir que vivem num mundo em que a subserviência automática não rende mais dividendos no plano externo. E não conseguem ver também que, ao denegar ao ostracismo esse relativamente novo Brasil e sua navegação no mundo real das políticas sociais e da política externa, ferem e procuram cortar o fio da auto-estima melhorada que foi tomando conta da população durante os dois governos Lula.
Isso aumenta o isolamento, que aumenta o ressentimento, que aumenta o isolamento, que aumenta...
Esse imaginário conservador é que permanece, com todas suas modernidades e pós-modernidades, imerso no mundo da Casa Grande e da Senzala: à Senzala o que é da Senzala, isto é, o silêncio e a subserviência. À Casa Grande o que é da Casa Grande: a política e o poder de mando indiscriminado sobre os subalternos. Além da subserviência aos grandes do planeta, é claro.
Em seu relatório (Strategic Survey 2010: The Annual Review of World Affairs) deste ano o Instituto destaca como o mundo passa por uma reavaliação das suas ordens de poder, depois da crise começada em 2008. Nesse cenário de mudanças o peso da América Latina cresceu, e o do Brasil foi potenciado pela abertura para vários cenários propiciada pela política externa do governo Lula, solidamente ancorada nas políticas sociais internas e no prestígio que isso trouxe a ele e ao país.
Diante de tais pesos e tais medidas, não surpreende a renitente insistência da campanha das oposições de direita em malhar o ferro frio das denuncias de ocasião, tenham fundamento ou não.
Como seu candidato preferencial tornou-se um anti-candidato, ou permanente anti-candidato a candidato, já que nada tem a oferecer a não ser vagas assertivas sobre “ser melhor” do que o presidente que ora encerra dois vitoriosos mandatos, tudo o que resta a ambos – candidato a candidato e a mídia que o anima – é procurar rapar o tacho dos eleitores indecisos ou sensíveis a denúncias vazias para tentar levar a eleição a um segundo turno. Isso, nessa altura, seria cantado em prosa e verso como uma “derrota” para Dilma, e animaria o por ora desanimado e tedioso campo dessas oposições sem mais assunto.
Na base desse comportamento está o progressivo descolar-se desse conjunto – candidato a anti-candidato e a mídia – da real situação por que o país e o mundo atravessam.
É de se perguntar em que mundo eles vivem, e o que de fato farão se tiverem algum êxito em suas manobras.
Fico pensando em como o candidato a candidato, se se assentasse no trono de seus sonhos, enfrentaria uma reunião da Unasul depois de ter chamado o presidente boliviano de cúmplice (mesmo que seja por omissão) do narcotráfico. Se foi uma bravata, ele agora está preso a ela, porque se desse um claro desmentido de suas afirmações, perderia os votos que com ela rapou no tacho.
A mídia conservadora, seus arautos e seu candidato do vir-a-ser (pois a cada dia anuncia que é uma coisa diferente da de ontem) não conseguem admitir que vivem num mundo em que a subserviência automática não rende mais dividendos no plano externo. E não conseguem ver também que, ao denegar ao ostracismo esse relativamente novo Brasil e sua navegação no mundo real das políticas sociais e da política externa, ferem e procuram cortar o fio da auto-estima melhorada que foi tomando conta da população durante os dois governos Lula.
Isso aumenta o isolamento, que aumenta o ressentimento, que aumenta o isolamento, que aumenta...
Esse imaginário conservador é que permanece, com todas suas modernidades e pós-modernidades, imerso no mundo da Casa Grande e da Senzala: à Senzala o que é da Senzala, isto é, o silêncio e a subserviência. À Casa Grande o que é da Casa Grande: a política e o poder de mando indiscriminado sobre os subalternos. Além da subserviência aos grandes do planeta, é claro.
Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior em Berlim.
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