sábado, 4 de junho de 2011

Educadores gaúchos vão ao campo aprender com assentados



Por Nanda Barreto para o Blog da Reforma Agrária

Mais de 60 professores da rede pública de ensino do Rio Grande do Sul foram ao Assentamento Filhos de Sepé, em Viamão, nesta quinta-feira (2), para conhecer a produção agroecológica local e debater estratégias de educação ambiental dentro e fora da sala de aula. A atividade começou cedinho, com um delicioso café colonial e marcou as comemorações do Dia do Alimento Orgânico.

“Nós queremos que os professores vivenciem a realidade do campo, que provem alimentos livres de agrotóxicos e reflitam sobre a importância de uma alimentação saudável”, destaca a professora Olga Justo, que coordena o Fórum Permanente de Educação Ambiental – grupo criado em abril deste ano com o objetivo de estimular o ensino de práticas sustentáveis nas escolas e comunidades da Grande Porto Alegre.

Ainda pela manhã, os professores foram conhecer a horta do assentamento e participaram de palestras sobre temas relacionados à organização dos trabalhadores rurais, alimentação escolar de qualidade e legislação sobre transgênicos e uso de agrotóxicos.

O representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Leonardo Magarejo, alertou sobre a necessidade de buscar informações sobre os alimentos disponíveis nas prateleiras dos supermercados. “Temos que manter o princípio da precaução. Ainda não é possível dimensionar exatamente os prejuízos dos alimentos transgênicos, mas não podemos de jeito nenhum assumir a falta de informação como sinônimo de que não há perigo”.

O debate também levantou a importância do papel dos educadores na formação de uma sociedade que assuma sua responsabilidade com o meio ambiente, numa perspectiva que vá desde o incentivo à alimentação saudável por parte das crianças e adolescentes até questões mais amplas como a coleta seletiva do lixo, o estímulo à economia solidária e o consumo responsável.

O presidente da Associação dos Produtores de Arroz Ecológico, Leonildo Zang, foi direto ao ponto. “A sustentabilidade é uma responsabilidade de todos e cada um de nós é importante nessa caminhada. Não tem governante que seja mais importante do que nós, professores e trabalhadores do campo. Nós temos em comum o fato de que muitas vezes não somos valorizados, mas não podemos perder nosso foco. A nossa visão é de futuro. Sou eu quem produz o alimento saudável que chega na mesa das famílias e são vocês que ajudam a formar nossas crianças”.
Trajetória de luta

Fundado em 1998, o Assentamento Filhos de Sepé tem uma área de 9.500 hectares, onde vivem e trabalham 365 famílias de pequenos agricultores. De lá para cá, os trabalhadores tem se empenhado em desenvolver uma produção 100% orgânica, enfrentando o padrão de agricultura baseado na quantidade e no lucro.

A sustentabilidade financeira do assentamento é garantida principalmente pela Companhia Nacional de Abastecimento mas, de acordo com o agricultor Huli Zang, que é diretor da Cooperativa local, a Lei Federal 11.947, que prioriza a aquisição de produtos da agricultura familiar para a alimentação escolar, abriu um novo mercado para o assentamento. “Antes, quem comprava o nosso arroz integral era só quem tinha um poder aquisitivo um pouco maior, agora o alimento saudável está chegando em quem mais precisa, que é a comunidade escolar da rede pública”.

A principal fonte de renda provém do arroz, mas a economia local é baseada na diversidade, com a comercialização de itens como ovos, queijo, frutas, carne e leite. Outra conquista trazida pela demanda da merenda escolar foi a criação de uma padaria liderada por mais de 10 mulheres do assentamento.
A trabalhadora Solange Pietroski é uma delas: “Eu tenho 52 anos e lido na roça desde que pude carregar o peso da enxada. Estes anos têm sido de muitas batalhas. A padaria abriu um novo horizonte para mim. Estamos aprendendo muito umas com as outras e posso dizer: a nossa luta valeu a pena e que eu amo o que faço”, comenta.

Maconha: regulamentar o uso e educar


Tiago Magalhães Ribeiro *no Sul21

Marcha da Maconha, filme do Fernando Henrique, reportagens, colunas de opinião, parece que o momento de discussão acerca de transformações nos modos de compreender e agir em face da produção, circulação e uso de maconha, finalmente, chegou.
Faz já algum tempo que a chamada “Guerra às Drogas”, doutrina instituída pela direita estadunidense pelo menos desde Nixon, tem dado provas de um retumbante fracasso. São bilhões de dólares empregados anualmente na repressão a produtores, vendedores e consumidores de substâncias psicoativas tornadas ilícitas nas primeiras décadas do século XX, sem que, com esse pesado investimento, tenha sido possível comemorar qualquer significativa redução da produção, da circulação e do uso dessas drogas.
De quebra, as disputas em torno do lucrativo comércio ilegal que se constituiu a partir da proibição têm colocado em risco a segurança pública e fomentado uma cadeia de corrupção que vai de associações de bairro e policiais até altos escalões do poder judiciário, isso sem falar no descontrolado inchaço do sistema prisional, prestes a colapsar.
O combustível dessa cadeia nefasta, contudo, é a condenação moral histórica que a tradição judaico-cristã faz dos usos lúdicos do corpo. Tal condenação é o substrato e a força motriz em torno da qual os mais variados interesses políticos e econômicos se organizam, capitalizando em torno da proibição e mantendo, assim, a lucratividade do negócio ilícito.
Mas, ao que parece, uma nova racionalidade começa a tomar corpo. Pesquisadores sérios têm manifestado sua oposição ao proibicionismo vigente; figuras públicas de peso têm juntado sua voz às dos grupos de manifestantes que, a cada ano, colocam mais pessoas nas ruas para reivindicar uma nova política de drogas e até mesmo a grande mídia tem começado a amplificar essas vozes, conseguindo abordar a questão de formas mais equilibradas e variando um pouco as fontes de informação. E é justamente no momento em que se torna possível essa discussão mais matizada que faz sentido olhar para alternativas políticas para a questão da maconha.
O uso de uma droga bem mais nociva do que a maconha, o cigarro, que beirou o estado de calamidade de saúde pública, está, agora, nesses primeiros anos do século XXI, sendo reduzido para níveis mais seguros e razoáveis e, para que isso fosse conquistado, não foi necessário nenhum pesado e caro aparato de segurança, mas, simplesmente, informação preventiva e educação.
Como já nos ensinava Michel Foucault, desde a década de 1970, o poder mais efetivo é aquele que, ao invés de reprimir e subjugar, seduz, persuade e convence. Ao invés da repressão do desejo, a formação da vontade. O custo da repressão é alto e o resultado não compensa (a não ser para aqueles que faturam com ela, como a indústria de armas, por exemplo). Assim, o mais lógico e correto a se fazer, tanto de um ponto de vista econômico quanto de um ponto de vista ético, é o investimento em prevenção por meio da educação sobre (e não anti ou contra) as drogas, a começar pela maconha, cujos usuários representam 80% do total de consumidores de drogas, hoje, no mundo.
Regulamentar quem pode produzir (liberar o plantio de maconha para consumo próprio), quem pode vender (estabelecimentos credenciados, taxados e com qualidade do produto fiscalizada) e quem pode usar (maiores de idade e somente em contextos específicos, ou seja, nada de maconha ao volante, maconha na escola, maconha no trabalho ou em ambientes fechados – isso sem falar no óbvio: nada de propaganda de maconha ou de qualquer outra droga, como bebidas alcoólicas e cigarro, nos meios de comunicação) a maconha e, principalmente, preparar educadores para a abordagem do tema nas salas de aula: essa deve ser a agenda das políticas sobre drogas no século XXI.
E, quando se fala em educar sobre drogas, se fala em buscar a construção da autonomia, ou seja, nada daquela bobagem de Ronald Reagan e seu “Just say no”, ou da ladainha religiosa que equipara as drogas ao demônio. Drogas são substâncias importantes para o ser humano há milhares de anos e precisamos conhecê-las cada vez mais e melhor a fim de sabermos como aproveitar seus potenciais, evitando ao máximo seus riscos.
No que concerne à maconha, os potenciais terapêuticos são inegáveis e têm sido cada vez mais reconhecidos e pesquisados. Assim, trata-se de informar os jovens sobre as potencialidades e os riscos da maconha, educando-os para a redução dos danos (por exemplo, maconha vaporizada é menos nociva do que maconha fumada) e, em caso de decisão pelo uso, que este se dê de forma responsável, sem exageros e em um ambiente seguro e com um produto sem adulteração (condições impossíveis de serem atingidas em um contexto de proibição).
Não é assim que, espera-se, pais e professores deveriam orientar seus filhos e alunos em relação ao álcool, ao sexo, aos lanches fast-food, à televisão e à internet, dentre outras maravilhas perigosas do mundo? Pois é assim, também, que deve ser em relação à maconha.

* Mestre em Educação pela Unisinos e Técnico em Assuntos Educacionais da UFRGS

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Para entidades, interesses editoriais motivam críticas a material didático do MEC


Críticos acusam obra aprovada pelo MEC de incentivar os alunos a falar e escrever errado | Foto: Editora Global/Reprodução

Igor Natusch no Sul21

Enquanto os críticos seguem atacando o livro didático “Por Uma Vida Melhor”, o qual é acusado de ensinar os alunos a escrever de forma contrária à norma culta, entidades nacionais de educação permanecem na defesa do material. Cinco entidades subscreveram um nota oficial, baseada em depoimento da pesquisadora Marlene Carvalho, onde qualificam as críticas como “infundadas, além de contribuírem para o preconceito e a discriminação social”. Algumas das instituições insinuam até que o pano de fundo dos ataques é, na verdade, mercadológico, já que a obra foi produzida sem a participação direta de nenhuma das principais editoras de material didático que atuam no Brasil.
“Tenho procurado discutir a legitimidade dos falares populares, a necessidade de reconhecer que a língua dos pobres tem regras próprias, expressividade e economia de recursos”, diz a professora Marlene Carvalho, que é professora aposentada da Universidade Católica de Petrópolis (UCP) e pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Não é prestigiada socialmente, não tem valor no mercado de empregos de colarinho branco, não é admitida na Academia, mas, do ponto de vista linguístico, é tão boa quanto o dialeto chamado padrão. A diferença maior é que os falantes do dialeto padrão têm o poder político, social e econômico que falta aos pobres”.
Em outro trecho, o depoimento que serviu de base à nota oficial diz que “não cabe à escola ignorar, ou censurar as variantes populares, mas sim respeitar a fala dos alunos e, ao mesmo tempo, ensinar a todos a empregar também a norma culta em ocasiões sociais que exigem um registro formal da língua”. Chama a polêmica de “estéril”, insinuando que os críticos não leram a obra de forma adequada. E conclui: “uma ou duas frases, fora do contexto do capítulo, estão sendo utilizadas para condenar um livro e a posição da autora em favor da língua dos pobres”.
A nota é assinada pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped), pela Associação Nacional de Política e Administração da Educação (Anpae), pela Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação (Anfope), pelo Centro de Estudos Educação e Sociedade (Cedes) e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).
“É preciso reconhecer e respeitar o protagonismo do professor”
O material didático que motivou a polêmica pertence à série “Viver, Aprender” e foi produzido conjuntamente por 14 professores, envolvidos em uma organização não governamental (ONG) chamada Ação Educativa. O material foi aprovado para uso no Programa Nacional do Livro Didático do MEC, e destinado a uso em programas de Ensino a Jovens e Adultos (EJA). A parte polêmica refere-se à introdução da obra, que diferencia a norma culta da linguagem falada pelos alunos no dia a dia. Um dos trechos mais criticados diz que, dependendo do caso, não é errado dizer “nós pega o peixe”, ainda que isso não encaixe nas regras de concordância da linguagem culta. “Posso falar ‘os livro’? Claro que pode”, diz um dos trechos, explicando em seguida que isso seria compreendido em uma conversa do dia a dia, mas seria inadequado em situações onde a norma culta é mais indicada.
Outra entidade a manifestar-se em defesa do material didático é a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). Na nota, a entidade defende a capacidade técnica e os critérios rígidos de ensino seguidos durante todo o processo de elaboração da obra. “O estudante de EJA enfrenta diversos obstáculos para continuar seus estudos, como a baixa autoestima causada pela defasagem idade/ série e a necessidade de dividir seu tempo e sua dedicação com trabalho, escola e família. A escola tem por obrigação ajudá-lo nesse processo. Reconhecer suas vivências, sua cultura, seu conhecimento, sua linguagem é o primeiro passo”.
Logo depois, a Undime explicita sua preocupação com as pressões mercadológicas que podem estar guiando boa parte das críticas ao livro. “É preciso garantir que os argumentos sejam expostos, lidos, interpretados sem conceitos preestabelecidos e que não haja manipulação por interesses políticos ou econômicos o que, sabe-se, é difícil de acontecer em um programa do porte do PNLD e que envolve o mercado editorial”. A nota, assinada pela presidenta da Undime, Cleuza Rodrigues Repulho, termina de forma incisiva. “Acaso o exemplo do livro, relativo à variante popular da norma culta, fosse “tava” (estava) ou expressões de cacofonias comumente usadas “lá tinha” ou “por cada”, a polêmica seria tão grande assim? É preciso reconhecer e respeitar o protagonismo do professor no processo de ensino-aprendizagem. É ele o profissional preparado para essa mediação e esse debate”.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Magistério Gaúcho protesta contra "paco tarso" do governo estadual...

Em imagens, protesto de servidores em frente ao Piratini

Centenas de servidores protestaram na tarde desta quinta-feira contra o pacote de projetos enviado pelo Governo Tarso, do chamado Programa de Sustentabilidade Financeira do estado. As principais críticas são contra o aumento de alíquota de contribuição previdenciária para os maiores salários e contra os limites que o governo quer impor ao pagamento das Requisições de Pequeno Valor (RPVs). Um pacote simbólico foi “devolvido” ao governo, colocado na porta do palácio. O protesto uniu as oposições – à esquerda e à direita – ao governo do estado, com presença de militantes de partidos como o PSTU e dos líderes de bancada do PMDB, Giovani Feltes, e do PSDB, Jorge Pozzobom, que saíram da Assembleia para assistir o ato.
Presidente do Cpers, Rejane de Oliveira, e outros sindicalista depositam o "pacote" na porta do Palácio Piratini (Foto: Ramiro Furquim/Sul21)
Oficiais da Brigada Militar também participaram do protesto (Foto: Ramiro Furquim/Sul21)
PSTU, PSDB e PMDB no mesmo ato (Foto: Ramiro Furquim/Sul21)
Pacotes na porta do Palácio Piratini. Brigada Militar não impediu "entrega", nem reprimiu manifestantes (Foto: Ramiro Furquim/Sul21)
Cartaz do Cpers acusa "calote das RPVs" (Foto: Ramiro Furquim/Sul21)

Fonte: Sul21

Educação indígena é tema de reunião entre MEC e Seduc(RS)


O coordenador da Coordenação de Educação Escolar Indígena da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação, Gersen Luciano dos Santos, reuniu-se na tarde desta quarta-feira (1º) com o diretor pedagógico da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), Silvio Rocha. “A Secretaria tem o desafio de retomar a construção de um projeto político pedagógico para as 72 escolas indígenas e formar educadores para nela atuarem”, resumiu Rocha. O coordenador do MEC declarou que desde 2008 o Estado do Rio Grande do Sul tem permanecido ausente das discussões sobre a educação escolar dos povos indígenas, e que 2011 é o ano de planejar e definir as ações a serem executadas a partir de 2012.

“O Rio Grande do Sul tem um papel importante a desempenhar na Região Sul”, frisou Gersen. Dos 234 povos indígenas do país, o Estado tem três: os Guaranis (que se concentram nas Regiões Sul e Sudeste, do rio Grande do Sul ao Espírito Santo), os Kaingangues (que vão do RS a São Paulo) e os Charruas, estes também presentes no Uruguai e Argentina. No RS, o censo 2010 aponta a existência de 33 mil indígenas, com demanda educacional estimada de cinco mil estudantes do Ensino Fundamental. Na Região Sul, o total de indígenas chega a 75 mil pessoas. Nos três estados da Região, a população indígena corresponde, em média, a 0,3% da população total.

Silvio Rocha reiterou que a Seduc atuará de forma articulada com o MEC. Entre as iniciativas que podem ser efetivadas está a parceria Ministério-Secretaria-Universidade Federal visando à formação de educadores. O coordenador do MEC informou que o Censo demográfico aponta crescimento da população indígena em todo o País, devido à melhoria das condições de vida e a fatores culturais, como a não utilização de planejamento familiar pelos povos. “Isso indica que a demanda por escolaridade também tende a crescer”, disse Gersen, reiterando que, para o Ministério, a Região Sul do País terá como principal necessidade a formação de educadores. Quatro turmas, em nível de graduação, estão sendo formadas em outras regiões do país. O Sul e o Sudeste só contam com uma turma, iniciada em Santa Catarina neste ano.

Em âmbito nacional, o Ministério da Educação tem fomentado a ideia de criação, a médio prazo, dos territórios étnico-educacionais, instrumento de gestão que permitirá maior conhecimento das realidades e especificidades dos povos para definir prioridades e planejar a ação e a política educacional a ser implementada. Gersen dos Santos enfatiza que é função da educação indígena trabalhar e garantir a especificidade de cada povo sem negar aos povos indígenas o acesso ao conhecimento universal. Os territórios étnico-educacionais estão sendo implementados em maior número nas regiões Centro-Oeste e Norte do País. No Nordeste, o trabalho está iniciando. A intenção é inserir o Sul e o Sudeste no menor espaço de tempo possível. “Com os territórios, poderemos mapear a realidade; esse mapeamento vai gerar práticas pedagógicas e de gestão que atendam as necessidades específicas”, exemplifica o coordenador da educação indígena do MEC. Os territórios étnico-educacionais estão previstos no Projeto de Lei que trata do Plano Nacional de Educação (art. 7º, § 3º).

A agenda do coordenador do MEC na Seduc incluiu encontro com representantes de professores indígenas e do Departamento Administrativo. Os assessores de Educação Indígena da Coordenação da Gestão da Aprendizagem do Departamento Pedagógico da Seduc, Rodrigo Venzon e João Maria Fortes acompanham o roteiro de Gersen dos Santos na Secretaria. 
 
Fonte: seduc-rs

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Quem é criminoso de guerra nos Bálcãs?

Escrito por Milton Temer   no Correio da Cidadania
 
A forma desmesurada com que os telejornais – não só no Brasil, mas também a normalmente discreta e isenta BBC, assim como os norte-americanos – entraram na divulgação da prisão de Ratko Mladic, comandante do exército sérvio durante a guerra dos Bálcãs, obriga uma reflexão mais séria sobre o tema.
 
Ratko Mladic não é um raio em céu azul de uma região até então tranqüila; não é um genocida psicopata que aparece do nada e desanda a eliminar populações. Ele é produto de uma tradição de confrontos religiosos e étnicos que marcou a região durante o século XX, com exceção do período em que Tito, vivo, consolidou a Iugoslávia unificada.
 
E Tito tinha essa força política por conta de uma liderança forjada em duas frentes violentíssimas durante a II Guerra Mundial. Croata, comandava a guerrilha comunista de resistência à invasão nazi-fascista dos exércitos de Hitler e Mussolini, cujos regimes tinham ampla aceitação entre seus compatriotas. Resistência de massa, quem fazia eram os sérvios, que já lutavam contra os nazistas organizando o pós-guerra socialista, distintamente dos maquisards franceses e dos partigiani italianos. Por isso, inclusive, sempre teve total independência em relação aos movimentos de Stalin, o que não ocorria com comunistas franceses e italianos.
 
Os problemas começam com a morte de Tito em 1980. Ao invés de uma chefia de Estado, com um presidente ou um primeiro-ministro eleito pelo voto direto de todos os iugoslavos, os sérvios – preocupados com a manutenção da Iugoslávia unificada – abriram mão dessa disputa, onde teriam ampla vantagem pela sua superioridade populacional sobre todas as outras etnias e nações juntas. Propuseram e avalizaram uma rotatividade entre todas as representações. Cada mandato teria presidente de uma das etnias.
 
Não funcionou, porque Croácia e Eslovênia – as que tinham aberto as portas dos Bálcãs ao nazi-fascismo da II Guerra – se empenharam no descompromisso com o regime socialista auto-gestionário, começando a buscar seus contatos e seus apoios entre as potências ocidentais.
 
Com o fim da União Soviética, soltam as amarras e partem para a separação, com hostilidade às populações sérvias em seus territórios, contra o que o governo sérvio reage.
 
Vale ressaltar aqui que, se o genocídio nos Bálcãs tem data inicial de ocorrência, se deu contra os sérvios na II Guerra Mundial – na ordem de 350 mil mortos – sob as botas da milícia fascista croata, os sustachi, que concorriam em ferocidade com as tropas das SS. Tinha por que temer a ação croata contra os seus que viviam na região.
 
Diante da reação sérvia, a OTAN entra no jogo, bombardeando brutalmente a Bósnia. Daí em diante, foi o Deus nos acuda. Todos contra todos, muito embora sobre os sérvios – por seu passado sempre pró-Rússia, dos czares ou dos sovietes – terminem por cair todas as acusações desse bizarro Tribunal de Haia, que sempre opera na direção dos interesses do Departamento de Estado americano e do Pentágono, sem que seja sequer reconhecido pelos Estados Unidos.
 
Nesse contexto, se os sérvios são levados ao banco dos réus, em todos os lados – inclusive nos comandos da OTAN –, têm de ser buscados os criminosos de guerra nessa sofrida região, caso se queira alguma justiça com isenção.
 
Como ilustração, sugiro que se busque no portal da GloboNews a reportagem exibida pelo Jornal das 6, de 26 de maio, em que Silvio Bocanera entrevista civis de uma região onde Mladic é tratado como herói. Apavorante para os habitantes, conforme revelam ao vivo as entrevistas de rua, é a ameaça dos bombardeios da OTAN sobre populações civis locais.
 
Milton Temer é jornalista.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Pacote do governo: discussão esquenta entre deputados. Cpers promete paralisação


Cpers promete paralisação para pressionar deputados (Foto: Ramiro Furquim/Sul21)

Felipe Prestes no Sul21

A entrega do pacote de projetos do governo do estado à Assembleia, na semana passada, encerrou apenas uma etapa da discussão sobre temas delicados que o conjunto de projetos aborda, como a previdência e o pagamento de RPVs. Apesar da maciça presença de deputados na entrega dos projetos pelo governador, as bancadas de oposição e de governo já organizam discussões internas e com a sociedade. Enquanto isto, entidades de servidores, como o Cpers, já se organizam para pressionar e barrar a aprovação dos projetos.
Após a aprovação do reajuste do magistério e dos funcionários de escolas, a presidente do Cpers, Rejane de Oliveira, revelou que está sendo preparada uma paralisação para a semana de votação do pacote, cujos projetos começarão a trancar a pauta da Assembleia a partir do dia 25 de junho – a exceção é o projeto da inspeção veicular, que foi enviado sem pedido de urgência. O sindicato deve consultar a categoria para definir as manifestações, mas é certo que elas acontecerão. Na próxima quinta-feira (2), por exemplo, já está marcado ato público realizado por diversas entidades representativas dos servidores, na Praça da Matriz, a partir das 14 horas. “Precisamos que as bancadas não votem este pacote. A categoria deve paralisar na semana da votação. Se preciso for, pararemos por duas semanas, para que os projetos não sejam votados”.
PP se reúniu com 22 entidades de servidores (Foto: Geancarla de Aguiar/PP-RS)

PP ouviu servidores

Na segunda-feira (30), o PP recebeu 22 entidades de servidores em seu diretório estadual. O líder da bancada progressista, João Fischer, afirmou que o que mais preocupa os servidores é o regime de urgência dos projetos. “Os servidores estão apavorados com a urgência. Não haverá tempo para debater da forma necessária projetos tão importantes, que dizem respeito diretamente a eles”.
Fischer afirmou que há um temor entre os servidores de que o aumento da alíquota de contribuição previdenciária – de 11 para 16,5% — não fique restrito apenas àqueles que ganham acima do teto do regime geral da previdência (de R$3.689,66) como prevê projeto do governo, porque poderia ser inconstitucional um aumento destinado a parte dos servidores. “E eles estão muito preocupados com o pagamento das RPVs”, acrescentou. O deputado diz que deve encaminhar críticas e sugestões do partido à Casa Civil até o final desta semana.

PSB aprofunda debate

Nesta quarta-feira (1º), o PSB vai se reunir para aprofundar a discussão sobre os projetos do governo. A reunião ocorrerá na sede estadual do partido, às 19h, e contará com a presença dos quadros mais importantes da sigla no governo Tarso, o governador em exercício Beto Grill, e o secretário de Infraestrutura e Logística, Beto Albuquerque. Foi convidado a falar, o integrante da assessoria superior do governador, João Victor Domingues.
Agência AL
Miki Breier: É preciso enfrentar o debate da previdência (Foto: Agência AL)

O deputado Miki Breier (PSB) acredita que a pressão de servidores como os magistrados – os mais atingidos pelas mudanças na previdência – pode, sim, fazer com que deputados da base aliada fraquejem entre apoiar o governo, ou bater de frente com estas classes de servidores. “Teremos pressão muito forte. Deputados podem vacilar. Será o grande teste para a base aliada”, diz.
O socialista conta que sua bancada tem pensado mais em sugestões para o projeto de inspeção veicular, que terá mais tempo de discussão, porque foi enviado sem regime de urgência. Quanto à previdência, Miki Breier acredita que a proposta do governo pode ter defeitos, mas que o Executivo acerta ao colocar a questão em votação de forma rápida. “Temos que enfrentar este debate. O governo está enfrentando. Mudanças na previdência já vêm sendo discutidas há muito tempo, não dá para dizer que não haverá tempo para discussão”.
Breier acredita que seria muito difícil votar este projeto se ele não viesse em regime de urgência, ressaltando que o ano que vem é ano eleitoral. “Estas medidas não tão simpáticas têm que ser votadas este ano. Se não fizer isto no primeiro ano de governo, o projeto não sai”, diz. O PTB é outro partido que deve discutir o tema. O deputado Cassiá Carpes afirma que os seis parlamentares da sigla devem se reunir na semana que vem.

Inconstitucionalidade

Segundo o deputado Adroaldo Loureiro (PDT), o partido também tem dúvidas quanto a constitucionalidade do aumento de contribuição previdenciária para parte dos servidores. “O nó para a nossa bancada é a questão da alíquota diferenciada. Nossos técnicos avaliar sua legalidade. O governo tem seus argumentos, mas nós ainda estamos em dúvida”.
Miriam: "Todos concordam que as mudanças precisam ser feitas" (Foto: Ramiro Furquim/Sul21)

A líder do governo, Miriam Marroni, diz que não há nenhuma decisão definitiva do STF sobre cobranças de alíquotas diferentes para servidores. Mas que, em casos analisados pelo governo, o Supremo tem ressaltado que o INSS já possui categorias diferenciadas. Outro princípio no qual o governo se baseia é o que diz que não se pode tratar desiguais (no caso os servidores de maiores e menores salários) como se fossem iguais. Além disto, Miriam ressalta que a alíquota proposta pelo governo não ferirá a capacidade contributiva dos servidores atingidos, tendo pouco impacto no bolso destes servidores. “O aumento não é nenhum absurdo”, diz.
Miriam admite que a base não está 100% fechada com tudo o que dizem os projetos, mas afirma que há “poucos ruídos”. Em especial, ressalta, há propostas divergentes para a definição dos pagamentos de RPVs. Ainda assim, diz que os deputados governistas estão fechados quanto à importância dos projetos. “Ninguém tem problema quanto ao conceito dos projetos. Todos concordam que estas mudanças precisam ser feitas”. Miriam deve intensificar as conversas com as bancadas na semana que vem.

Críticas ao Cpers

A líder de governo criticou a postura do sindicato dos profissionais da educação. Segundo Miriam Marroni, as mudanças não atingem os que menos recebem, e garantem a segurança da previdência, que corre risco de quebrar em quatro ou cinco anos. “Esperava do Cpers a defesa disto. Fico surpresa que uma dirigente sindical seja contra um projeto que impede que a previdência quebre. Acho uma irresponsabilidade”.

The Economist: Benvindos ao Antropozóico

da revista britânica Economist, via Viomundo

Os humanos mudaram a forma como o mundo funciona. Agora também precisam mudar a forma como pensam sobre isso

A Terra é uma coisa grande: se fosse dividida de forma equânime por todos os 7 bilhões de habitantes, cada um ficaria com quase um trilhão de toneladas. Pensar que o funcionamento de um ente tão vasto poderia ser mudado de forma duradoura por uma espécie que tem corrido pela superfície dele por menos de 1% de 1% de sua história parece, considerando apenas isso, absurdo. Mas não é. Os humanos se tornaram uma força da natureza que muda o planeta em escala geológica — mas numa velocidade mais rápida que a geológica.
Só um projeto de engenharia, a mina de Syncrude nas areias betuminosas de Athabasca, envolve o movimento de 30 bilhões de toneladas de terra — duas vezes mais que a quantidade de sedimento que flui em todos os rios no mundo em um ano. Aquele fluxo de sedimento, enquanto isso, está encolhendo: quase 50 mil grandes represas no último meio século reduziram o fluxo [de sedimento nos rios] em quase um quinto. É uma das razões pelas quais os deltas da Terra, onde vivem centenas de milhões de pessoas, estão erodindo num ritmo que impede que sejam reabastecidos.
Os geólogos se importam com sedimentos, martelando neles para descobrir o que têm a dizer sobre o passado — especialmente sobre as grandes porções de tempo que a Terra atravessa de um período geológico a outro. Com o mesmo espírito os geólogos olham para a distribuição de fósseis, para traços das geleiras, para o nível dos oceanos. Agora, um número destes cientistas argumenta que futuros geólogos, observando este momento do progresso da Terra, vão concluir que algo muito estranho está acontecendo.
O ciclo do carbono (e o debate sobre o aquecimento global) é parte da mudança. Assim também é o ciclo do nitrogênio, que converte nitrogênio puro da atmosfera em químicos úteis, e que os humanos ajudaram a acelerar em mais de 150%. Eles e outros processos antes naturais foram interrompidos, remodelados e, principalmente, acelerados. Os cientistas estão crescentemente usando um novo nome para este período. Em vez de nos colocar ainda no Cenozóico, uma era particularmente estável que começou há cerca de 10 mil anos, os geólogos dizem que já estamos vivendo no Antropozóico: a idade do homem.
The new geology leaves all in doubt
O que os geólogos escolhem chamar de um período histórico normalmente importa pouco para o resto da humanidade; disputas na Comissão Internacional de Estratigrafia sobre os limites do Período Ordoviciano normalmente não capturam as manchetes. O Antropozóico é diferente. É um daqueles momentos em que cai a ficha científica, como quando Copérnico entendeu que a Terra girava em torno do sol, momentos que podem mudar fundamentalmente a visão das pessoas sobre coisas muito além da ciência. Significa muito mais que reescrever alguns livros didáticos. Significa repensar a relação entre as pessoas e seu mundo — e agir de acordo com o resultado.
A parte de “repensar” é a mais fácil. Muitos cientistas naturais abraçam a confortável crença de que a natureza pode ser pensada, na verdade deveria ser pensada, separadamente do mundo humano, com as pessoas como meras observadoras. Muitos ambientalistas — especialmente aqueles da tradição norte-americana inspirada em Henry David Thoreau — acreditam que “o mundo selvagem é a preservação do mundo”. Mas as regiões isoladas, para o bem e para o mal, estão se tornando crescentemente irrelevantes.
Quase 90% da atividade vegetal do mundo, por algumas estimativas, é encontrada em ecossistemas onde o homem tem um papel significativo. Embora a agricultura tenha mudado o mundo por milênios, o evento Antropozóico dos combustíveis fósseis, da engenharia agrícola e, principalmente, dos fertilizantes artificiais à base de nitrogênio, incrementaram vastamente o poder da agricultura. A relevância das regiões preservadas para nosso mundo encolheu em face deste avanço. A quantidade de biomassa que agora anda sobre o planeta em forma de humanos ou animais de criação pesa muito mais que todos os outros grandes animais juntos.
Os ecossistemas do mundo são crescentemente dominados por um grupo limitado e homogêneo de culturas, animais de criação e criaturas cosmopolitas que se dão bem em ambientes dominados por humanos. Criaturas menos úteis ou adaptáveis se dão mal: a taxa de extinção hoje é bem mais rápida que durante períodos geológicos normais.
Recycling the planet
O quanto as pessoas deveriam se amedrontar com isso? Seria estranho se não se preocupassem. A história do planeta contém muitas eras menos estáveis e clementes que o Cenozóico. Quem pode garantir que a ação humana não pode empurrar o planeta para nova instabilidade?
Alguns vão querer simplesmente voltar o relógio. Mas retornar às coisas como eram não é realista, nem moralmente alcançável. Um planeta que em breve pode sustentar 10 bilhões de seres humanos precisa trabalhar de forma diferente de que quando sustentava 1 bilhão de pessoas, a maioria camponeses, 200 anos atrás. O desafio do Antropozóico é usar a engenhosidade humana para ajeitar as coisas para que o planeta possa cumprir sua tarefa do século 21.
Aumentar a resiliência do planeta vai provavelmente envolver algumas mudanças dramáticas e muitos pequenos ajustes. Um exemplo do primeiro pode vir da geoengenharia. Hoje o abundante dióxido de carbono emitido na atmosfera fica para a natureza recolher, o que ela não pode fazer suficientemente rápido. Embora as tecnologias ainda sejam nascentes, a ideia de que os humanos possam remover o carbono dos céus da mesma forma que ele é colocado lá é uma razoável expectativa Antropozóica; não evitaria o aquecimento global a curto prazo, mas poderia reduzir seu impacto, com isso reduzindo as mudanças na química dos oceanos causadas pelo excesso de carbono.
Mais frequentemente a resposta estará nos pequenos ajustes — em encontrar formas de aplicar o músculo humano em favor da natureza, em vez de contra ela, ajudando assim a tendência natural de reciclar as coisas. A interferência humana no ciclo do nitrogênio tornou o nitrogênio muito mais disponível para plantas e animais; fez muito menos para ajudar o planeta a lidar com todo aquele nitrogênio quando as plantas e animais se satisfazem. Assim, sofremos cada vez mais com as “zonas mortas” costeiras, invadidas pelo brotar de algas alimentadas por nitrogênio. Pequenas coisas, como uma agricultura mais inteligente e melhor tratamento de esgoto, poderiam ajudar muito.
Para os homens, ter um envolvimento íntimo com vários processos interconectados numa escala planetária envolve muitos riscos. Mas é possível acrescentar à resiliência do planeta, em geral com medidas simples e graduais, se elas forem bem pensadas. E uma das mensagens do Antropozóico é que as ações graduais que nos trouxeram até aqui podem rapidamente se somar para provocar mudanças globais.

PS do Viomundo: Num mundo em que a Kátia Abreu e o Aldo Rebelo se juntam, tudo é possível.

Oposição critica seleção de livros didáticos distribuídos pelo MEC


Amanda Cieglinski, da Agência Brasil, via Sul21

Brasília – Senadores do PSDB criticaram hoje (31) o conteúdo de livros didáticos que são distribuídos pelo Ministério da Educação (MEC) às escolas públicas de ensino fundamental e médio. Eles convocaram o ministro da Educação, Fernando Haddad, para discutir conteúdos ideológicos e políticos que estariam presentes em obras de história. De acordo com os senadores, os livros contêm elogios ao governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e críticas ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
“Há sim viés ideológico. Deve-se excluir as editoras de qualquer responsabilidade nisso, a responsabilidade é dos autores e dos responsáveis pela seleção e aprovação do conteúdo. É uma realidade que cabe ao ministério enfrentar. É inevitável constatar que há parcialidade”, criticou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
O senador Cyro Miranda (PSDB-GO) afirmou que a obra fere os princípios constitucionais porque faz “doutrinação política e ideológica”. Os parlamentares também pediram explicações sobre a polêmica sobre um livro didático de educação de jovens e adultos (EJA) que admite o uso da norma popular da língua portuguesa. No texto, a autora da obra Por uma Vida Melhor afirma que os alunos podem falar do “jeito errado”, mas devem atentar ao uso da norma culta, cujas regras precisam ser dominadas.
Haddad afirmou que diversas entidades da área educacional defenderam a obra que, segundo ele, considera a realidade dos alunos adultos que estão retornando à escola para aprender a norma culta. Para ele, os que criticaram o livro não leram todo o conteúdo do capítulo e apenas analisaram frases fora do contexto.
“Sou filho de imigrantes libaneses que nunca pisaram na escola e eu entendo perfeitamente a abordagem pedagógica da autora. Quando o adulto volta para a escola ele traz vícios naturais [da fala popular] e o livro o convida a traduzir essa linguagem para a norma culta, esse é o papel do educador. A partir do contexto, da situação de fala, [cabe a ele] orientar o aluno a compreender a norma culta”, disse. Sobre os livros de história, Haddad disse que não irá emitir opinião porque não analisou todo o conteúdo da obra.
Álvaro Dias defendeu que há viés político na defesa da língua popular em detrimento da norma culta. Os senadores fizeram uma referência ao jeito de falar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Foi feita uma conotação [pela autora do livro] com o jeito que o ex-presidente Lula se expressava, mostrar que aquilo era normal”, disse Cyro Nogueira.
Em resposta ao senador Álvaro Dias, Haddad citou o soviético Josef Stalin e o alemão Adolf Hitler e defendeu que há uma “involução” no debate. “Stalin ao menos lia os livros antes de fuzilá-los [os autores]. Estamos saindo de uma situação stalinista e assumindo agora um viés facista ao criticar o livro sem ler”, disse.
O ministro explicou como é feito o processo de seleção dos livros, que são avaliados por universidades federais, e afirmou que esses critérios podem ser aperfeiçoados caso seja essa a avaliação do Congresso Nacional. A senadora Kátia Abreu (DEM-TO) defendeu que não há critérios objetivos na análise das obras e que não é possível confiar na “santidade” das universidades.
“Ninguém está discutindo o benefício da distribuição do livro didático, mas o que está pegando são os critérios. Não existe isenção com relação à escolha dos livros, somos seres humanos e temos nossas preferências”, disse. Ela também defendeu que a identidade dos especialistas que avaliam as obras precisa ser revelada, já que, segundo o ministro, esses especialistas não são conhecidos pelo ministério.

Edição: Talita Cavalcante

'Dilma perdeu seu grande projeto político'








 
Depois de uma aparente lua-de-mel, que marcou os cem dias iniciais de seu governo, a presidente Dilma Rousseff enfrenta o revés da primeira grave crise política, com as denúncias envolvendo a súbita evolução patrimonial do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, e, na sequência, a derrota na votação do Código Florestal. Uma derrota imposta não pela oposição, hoje minguada, mas por um aliado da própria coalizão, o PMDB. Um fracasso que representa, na opinião do professor de filosofia da Unicamp e pesquisador do Cebrap, Marcos Nobre, o fim do grande projeto político de Dilma: governar com relativa autonomia, com indicações ao segundo escalão que vinham seguindo critérios mais técnicos, sem se dobrar ao "pemedebismo", termo preferido de Nobre para denominar a cultura política brasileira. Para Nobre, os recentes acontecimentos, que incluem a "absurda" entrada do ex-presidente Lula em cena, mostram que Dilma perdeu a queda-de-braço e vai ter que ceder. Terá uma tarefa "muito difícil" para se reeleger e deve exercer o mesmo papel de seus antecessores: ser apenas a síndica do condomínio pemedebista. Com um agravante, avisa: o de que o sistema político se esgotou e tende a levar o país à paralisia.

A entrevista é de Cristian Klein e publicada pelo jornal Valor,
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Eis a entrevista.

O que aconteceu com o governo Dilma?

A Dilma teve de renegociar os acordos feitos pelo Lula. O Lula ampliou a base do governo a tal ponto que não existe mais oposição. Quando acontece isso, a oposição vai para dentro do governo. Na verdade, o jogo entre governo e oposição é entre PT e PMDB e, digamos, seus satélites. Nesse processo de ampliação da base, Dilma resolveu aproveitar o que chamo de excesso de adesão para tentar fazer uma seleção dos quadros do segundo escalão. Quis aproveitar a situação a favor dela. Estava usando todo seu capital eleitoral para fazer essa negociação dura com o PMDB e com os outros partidos, para que aqueles que fossem acolhidos no segundo escalão fossem mais técnicos, com mais qualidade gerencial, e política também, no sentido de tentar encontrar currículos que fossem mais "ficha limpa". E o caso Palocci termina essa tentativa da Dilma. Nesse momento, a Dilma vai entregar o que o PMDB pedir. É a parte triste da história.

A Dilma errou ao conduzir a negociação política e ao escalar Palocci para a Casa Civil?

Não sei se errou porque o caso é muito estranho e não temos esclarecimento. Se Palocci não der explicações razoáveis, ela errou com certeza porque não aplicou os critérios que ela mesma disse que iria aplicar, no primeiro escalão.

Parlamentares reclamam muito de não serem atendidos pela presidente. Consta que a cada dez indicações de nomes levados por Palocci, Dilma aceitaria, por exemplo, apenas dois ou três.

Isso tem lá sua parte de verdade e tem também a parte de que o Palocci está tentando tirar a responsabilidade dele mesmo.

Como a presidente pôde perder a votação do Código Florestal tendo uma base tão grande? Faltou habilidade ou seria inevitável?

Inevitável nada é. E habilidade realmente não é uma característica dos líderes escolhidos pela Dilma.

Que líderes?

O [Cândido] Vaccarezza [líder do governo na Câmara]. É de
uma inabilidade flagrante.

Ele subiu à tribuna dizendo que tinha acabado de conversar com a Dilma, que teria lhe dito considerar uma "vergonha" o Código que a Câmara iria aprovar. Isso causou muitas reações.

Além da ameaça que aparentemente existiu de que a Dilma demitiria os ministros do PMDB. Então, o que se tem é um processo de chantagem mútua. O PMDB chantageia porque quer as nomeações, e a Dilma chantageia de volta dizendo: "Então eu demito". Aí, é uma queda-de-braço. Só que, com o caso Palocci, enfraqueceu o lado da Dilma. O enfraquecimento dela foi tal que o Lula ocupou o espaço dela. E isso realmente é um dos grandes absurdos do momento político brasileiro. Ele obriga a Dilma a sair a público para falar a favor do seu ministro, mesmo que em termos muito genéricos. Isso só ajuda a aumentar o estado de confusão da situação política brasileira. Não ajuda em nada a intervenção do Lula.

Há um duplo comando?

Não... Porque em política existe uma regra que é: há uma pessoa que tem a caneta. Isso faz muita diferença. Mas aumenta a confusão. O que aconteceu no Código Florestal? O PMDB disse: "Olha, se continuarem neste ritmo as exigências que estão sendo feitas para as nomeações de segundo escalão, vamos votar contra o governo". E escolheram um projeto, o Código Florestal, que não é vital para o funcionamento da máquina governamental. Escolheram quando perceberam que Dilma endureceu porque tomou essa votação como se fosse, no parlamentarismo, um voto de desconfiança. Ela levou a votação nesses termos, coisa que não deveria ter feito. Resolveu tirar a limpo e quando, no meio, acontece o caso Palocci, ela não tinha mais força para enfrentar essa base.

Havia saída?

Qualquer que seja o governo ele acaba sendo submetido à lógica do sistema político, que funciona de maneira autônoma. Algo do tipo: "Se você não mexer comigo, eu não mexo com você". Isso significa que funciona na base da chantagem mútua e na base do veto mútuo. Um exemplo: o caso dos líderes parlamentares religiosos que fizeram um acordo de que não chamariam o Palocci à Câmara se fosse retirado de pauta o material contra homofobia do Ministério da Educação. É um acordo quase mafioso do sistema político, de autoproteção.

Isso corresponde a um processo de cartelização, que caracterizaria atualmente os sistemas partidários pelo mundo?

Não, é uma coisa muito brasileira e, acho, um pouco incomparável. O PMDB criou, lá na década de 80, uma cultura política duradoura para o Brasil, que diz assim: "Se você entrar para o partido - qualquer um pode entrar -, se você se organizar como grupo de pressão, tem o seu interesse garantido e pode ter certeza de que será consultado a respeito de qualquer assunto que diz respeito a esse interesse". Portanto, tem direito de veto. Com isso, você não tem debate público real, porque as questões não vão para o debate, são vetadas antes, como nesse caso que dei do [deputado federal do PR do Rio, Anthony] Garotinho versus Palocci.

A imagem de uma presidente refém de grupos de pressão não é contraditória com a ideia predominante de que o governo tem a primazia e sua posição quase sempre prevalece, porque pode oferecer cargos, verbas etc?

É, mas eu acho que essa ideia de um governo todo-poderoso é completamente ilusória. Basta ver o que o Lula, do alto de seus 80% de popularidade, conseguiu passar no Congresso. O que ele conseguiu passar de realmente decisivo? Nada. O desafio anual do governo é passar a LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias] e depois passar a lei orçamentária.

Qual é a solução para se escapar desse pemedebismo?

É preciso ter governos mais enxutos e mais coesos, que coloquem uma linha e digam: a partir daqui eu não aceito.

Mesmo que seja um governo minoritário?

Mesmo. Mas aí é preciso ter um apoo popular significativo para você conseguir se manter. Algum movimento vai ter que ser feito. E necessariamente é diminuir a adesão ao governo. Num certo sentido, Dilma estava fazendo isso, ou tentando fazer, ao colocar critérios rígidos para escolher o segundo escalão. Com o caso Palocci ela perde esse grande projeto político que era dela e vai simplesmente continuar sendo uma síndica do pemedebismo.

É factível que o Brasil venha a ter um governo minoritário ao estilo dos escandinavos com essa cultura política de barganha?

É, mas aí você está me dizendo que o pemedebismo é inevitável. Pode ser. A maioria das pessoas do PT, por exemplo, com quem eu converso, dizem que esta é a estrutura, que se você quiser fazer política pela esquerda, precisa ocupar essa cultura política pela esquerda. O que eu posso dizer contra um argumento realista? Nada. Por que o realismo sempre está certo. Agora, o que muda o mundo não é o realismo. Pode-se dizer: "Isso é ser realista, é ser pragmático". Mas, bom, nós vamos para o buraco, vamos construir uma democracia horrorosa, que é o que estamos fazendo. É um sistema que funciona na base da chantagem.

Esse modelo de pragmatismo, de maior diluição ideológica, não vem se tornando uma tendência mundial, como o caso clássico do Partido Trabalhista britânico?

Com toda razão. Esse movimento para o centro você pode observar em vários países, não vou dizer em todos. Mas no Brasil, a tendência tem uma certa especificidade. Porque não existe na Espanha, na Alemanha, na Escandinávia, essa tradição pemedebista. Ou seja, ser político é estar no poder, seja qual for o governo.

Não seria esta a origem do problema: o alto custo de ser oposição no Brasil? As reformas não deveriam começar por aí?

Sem dúvida. É um problema de cultura política, sim, e é um problema de estrutura também. Você tem uma concentração de recursos na União que é absurda. A União pode manter Estados e municípios a pão e água. Isto não é possível. Esse grau de concentração foi produzido em grande medida pelo Plano Real que retomou o poder para a União, um poder que era disseminado pelos Estados. Os Estados faziam política econômica! Esse processo de concentração e fortalecimento da União foi importante para se estabelecer alguma espécie de estabilidade, mas tem agora um efeito perverso. Porque o sistema político pemedebista, que era a fragmentação entre os Estados, se readaptou a esse modelo centralizado. O que acontece num sistema pemedebizado? Significa que a Dilma, a partir de agora, é refém desse sistema e que ela vai operar nos limites que este sistema colocar para ela. Qual é o problema disso? É que leva à paralisia.

Por que ela é refém e o Lula não foi?

O Lula foi, claro que foi, ele montou este sistema. E ele montou de tal maneira que ele aparecia como alguém que mandava muito e não mandava coisa alguma.

O Lula não mandava?

Muito pouco. Por onde o governo Lula passou neste sistema de vetos? Pense nas políticas pelas quais o Lula é conhecido: Bolsa-Família, Luz para Todos, os PACs, que estão empacados. Foi por onde o sistema não vetava. Quem é contra o aumento do salário mínimo? Quem é contra dar Bolsa-Família? Com isso ele produziu um crescimento econômico que permitiu um realinhamento da economia. Fez uma política "keynesiana". Agora, essa ideia de que Lula mandava muito não procede. Ele é muito importante? Sim, fez o Brasil voltar à ideia de que o país pode ter futuro, de país que cresce. Mas do ponto de vista do sistema político não mudou nada.

Por que o PMDB não consegue ser o síndico?

Quantos votos teve Ulisses Guimarães em 1989, na eleição presidencial, 4,89%? O PMDB aprendeu a lição. Não pode ser síndico de seu condomínio. Porque se o síndico for outro e der errado, a culpa é do síndico. Não é dele. Então essa é a lógica do PMDB: põe a culpa no síndico. Não é a lógica do PMDB só. É de todos os partidos do sistema político brasileiro.

O PT é um PMDB?

Não, o PT é um partido diferente. Por isso ele é síndico. O Fernando Henrique estabeleceu dois polos, que são dois síndicos. Na eleição do condomínio você pode escolher entre eles: o do PT ou o do PSDB.

Que são duas alternativas ao pemedebismo...

Alternativas a tomar conta do condomínio pemedebista. O PSB é assim, o PSD do Kassab é assim. Você acha que Aécio é líder da oposição? Aécio não lidera oposição nenhuma. Ele está esperando que o governo Dilma dê errado para afirmar que isso é um fracasso, depois de dizer que Lula e Dilma eram ótimos. Ou seja, é um mero oportunismo eleitoral. Agora qual é o limite que tem um Estado para fazer o governo Dilma fracassar? Peguemos a Copa. Em que Estados está havendo maior problema? São Paulo, Minas... Só que tem limite. Porque os Estados e municípios dependem de repasses federais.

Não seria um tiro no próprio pé do PSDB, ao arriscar seu governo nesses Estados?

Sim, mas se a Copa não der certo, a culpa é do governo federal, não do estadual. É da Dilma.

A governabilidade da presidente está ameaçada, a crise tende a se aprofundar, com perda de iniciativa de agenda?

A iniciativa de agenda desaparece. Como no governo Lula. Qual foi a iniciativa de agenda dele? Enfrentamento da crise mundial. Foi muito importante, mas foi uma crise mundial! Mas a Dilma pode levar perfeitamente os quatro anos até o final - sendo síndica do pemedebismo.

Ela vai ser a síndica ou ficará à sombra do antecessor?

Acho que a Dilma não vai deixar isso acontecer. Ela deixou claro quando Lula resolveu ocupar o espaço dela. Você acha que o Lula precisa dizer à presidente o que ela tem que fazer? Não tem o menor cabimento. Pode existir um conflito entre os dois? Pode.

Tende a acontecer?

Não tenho a menor ideia. Há aquela lei da política: de criatura e criador. Mas neste caso há um elemento fundamental que é o PT. Quem vai segurar para que isso ocorra ou não é o PT.

E a reeleição?

Se a inflação não for colocada sob controle, se as obras de infraestrutura não forem realizadas para a Copa, e se não tiver uma taxa mínima de crescimento, está ameaçada a reeleição dela, claramente. A tarefa dela é muito difícil. Tem a maior base política da história do Brasil, e a menor margem de manobra. Essa é a situação dela.

E qual a chance de a oposição capitalizar esse momento?

Se Dilma fracassar durante o mandato. Mas capitalizar o Palocci é difícil porque o PSDB está pedindo desculpas por criticá-lo. Não tem oposição!

Há suspeitas de que a divulgação das denúncias teria sido fogo amigo e partido do próprio PT.

Tem, com certeza. Porque, por paradoxal que pareça, o Palocci é o representante do Lula no governo Dilma. E não tem ninguém com quem o PT tenha tido mais divergência do que com o próprio Lula. Claro, essas divergências ficaram todas debaixo do tapete e estavam esmagadas por 80% de popularidade. Mas houve divergências sérias. O PT sentia que não tinha mais a liderança do governo Lula. O Palocci é a continuidade dessa lógica. Num certo sentido, tem fogo amigo sim. Mas tem fogo amigo para todo lado. O PSDB está em guerra. O PT está em guerra. O líder do partido está em guerra aberta com o líder do governo na Câmara. O PMDB está unido, mas apenas momentaneamente, como estratégia.

O PMDB também não sofre uma influência do PT, ao se tornar cada vez mais coeso e disciplinado, como já havia chamado a atenção na votação do mínimo?

Não, acho que quem dá lições sempre é o PMDB. O PMDB diz para onde o sistema está indo.

Já que o Lula, com toda a sua popularidade, e a Dilma, agora, no seu estilo linha-dura, não conseguiram dobrar o pemedebismo, quem seria capaz?

Mas é a sociedade que tem que exigir. Você só ouve argumento realista. Mas eu digo que, se continuar assim, trava. Tende à paralisia e daí o que vai acontecer é uma crise muito maior. O governo Lula teve um efeito extraordinário de inclusão. Mas essas pessoas ainda não falaram! A gente ainda não viu o que vai ser o efeito dessas pessoas que têm acesso a internet, jornal, revista, informação política. Tem efeitos dessas mudanças da estratificação social que a gente não conhece.

Qual é a causa desse sistema pemedebista?

É uma cultura política, que vem de muito longe, que se explica pela nossa história ditatorial recente, é importante dizer isso. Os avanços feitos nos últimos 17 anos ocorreram apesar desse sistema político.

O pemedebismo é favorecido pelo sistema eleitoral proporcional, que torna o sistema fragmentado? Qual seria o seu modelo preferido, um sistema com apenas dois ou três partidos?

O número não importa. Quem é que faz uma reforma política - que na verdade é uma reforma eleitoral? O próprio sistema político. O problema não é da regra enquanto tal. Os protestos na Espanha e os da Primavera Árabe têm suas razões completamente diferentes. Mas o que o sistema político está achando é que enquanto o país estiver crescendo ninguém vai reclamar. E isso é uma loucura, as pessoas vão reclamar.

Quais os principais problemas que precisam ser atacados?

Primeiro, destravar o debate público. No Brasil, se uma questão é colocada imediatamente o problema é: a favor ou contra o governo? E não pode se resumir a isso.

A existência de uma oposição mais forte não levaria justamente ao não debate e à estratégia de ser "do contra", como ocorria com o PT - por sinal papel típico de quem está na oposição?

Não aconteceu isso com o PT, não. Não foi assim. Quer dizer, em alguns casos, como no primeiro mandato do Fernando Henrique, pode ter sido. Mas o PT aprendeu a ser oposição, durante o governo Fernando Henrique. Pegue o caso Telebrás. Ia ter a privatização da Telebrás e o que o PT fez? Apresentou um projeto alternativo de privatização.