segunda-feira, 26 de maio de 2008

John Coltrane - Standard Coltrane (1958)

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John Coltrane - Standard Coltrane (1958)
MP3 / 320kbps / Covers + Scans / RS.com: 85mb


Músicos:
John Coltrane (tenor sax)
Wilbur Harden (flugelhorn, trumpet)
Red Garland (piano)
Paul Chambers (bass)
Jimmy Cobb (drums)

Faixas:
1. Don't Take Your Love From Me
2. I'll Get By (As Long As I Have You)
3. Spring Is Here
4. Invitation
Time: 34:35

A Bahia dos carlistas genéricos e lulistas transgênicos


Jorge Almeida

A campanha eleitoral de 2008 na Bahia está trazendo um verdadeiro show de coligações cruzadas, onde o único critério é o de supostamente somar votos, não importando programa político nem, muito menos, critérios ideológicos. Um exemplo disso será a eleição para prefeito da capital. O atual prefeito, João Henrique Carneiro, foi eleito em 2004 depois de 8 anos de mandato de Antonio Imbassahy, na época filiado ao PFL carlista. Montou uma imensa coligação, na qual estavam seu partido (na época o PDT), mais PSDB, PT, PCdoB, PSB, PMDB, PTB e muitos outros menores. O fracasso de sua administração, com a consequente queda na avaliação das pesquisas, e a derrota do carlismo nas eleições de 2006 seguida da morte do senador Antonio Carlos Magalhães em 2007, aprofundou a desagregação do carlismo e a confusão no que outrora foi conhecido como anti-carlismo no estado.

Neste quadro, o prefeito João Henrique (agora no PMDB), acabou de selar uma aliança eleitoral com Edvaldo Brito (PTB) em que este será o candidato a vice-prefeito da capital em sua chapa.

Mas quem botou o selo de ouro na aliança foi o ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) quando, no ato de lançamento da chapa, numa declaração bombástica, acusou alguns adversários, como Antonio Imbassahy (ex- PFL e agora PSDB), de “carlistas genéricos”, se referindo aos ex-aliados do senador ACM. Já para o deputado federal ACM Neto (DEM), que também é candidato a prefeito, usou o adjetivo de “carlista verdadeiro”.

Agora, sua coligação está com 8 partidos: PMDB-PTB-PP-PSC-PDT-PRTB-PSL-PHS.

Mas quem são os principais aliados de João Henrique e Geddel?

Edivaldo Brito foi prefeito biônico de Salvador, indicado pela ditadura, quando o seu partido era a Arena. Depois, foi para o PTB, partido que, na Bahia, renasceu em 1979 nas mãos do carlismo. Neste partido, foi candidato a prefeito (derrotado) de Salvador em 1985 coligado ao PDS, que era o herdeiro genético da Arena. Garantindo sua candidatura, estavam o então ministro das comunicações do governo Sarney, ACM (PDS), e o então governador João Durval Carneiro (PDS). Como se vê, naquela época, eram todos “carlistas verdadeiros”. Depois, Brito foi para São Paulo, sendo secretário da justiça do prefeito Celso Pitta, um verdadeiro malufista, do PPB, a nova denominação do PDS e da Arena.

O outro partido importante da coligação em Salvador é o PP, ou seja, justamente o novíssimo herdeiro genético da Arena, do PDS e do PPB. Em São Paulo, até hoje malufista. Na Bahia, historicamente “verdadeiro carlista”.

Finalmente, o próprio PMDB, antigamente anti-carlista. Atualmente, abrigo de ex-apoiadores (sinceros e leais ou não) de ACM. Entre eles, o próprio ministro Geddel Vieira Lima (ex-carlista e atual lulista) e o prefeito João Henrique Carneiro (hoje no PMDB). João Henrique é filho do senador João Durval Carneiro (hoje no PDT), irmão do deputado federal Sérgio Carneiro (hoje no PT), cunhado do também deputado federal Sérgio Brito (PDT) e marido da deputada estadual Maria Luíza (PMDB). Como se vê, uma família supra-partidária e, assim como Geddel, todos, na própria linguagem geddeliana, “carlistas genéricos” ou seja, ex “carlistas verdadeiros”.

Ocorre que, no momento, todos estes “carlistas genéricos” são também “lulistas transgênicos”, pois, como diz o ditado, a carne é fraca e a genética também. Todos são políticos e partidos da base dos governos de Jaques Wagner e Lula da Silva, ambos do PT. E, na Bahia, estão na base até os genéricos tucanos do PSDB – e sem nenhuma reclamação da Executiva Nacional do PT, nem de qualquer de suas tendências internas.

O presidente Lula da Silva já disse que prefere apoiar João Henrique, que está chefiado pelo trator da Transposição do São Francisco, Geddel Vieira Lima. Jaques Wagner, também disse que preferia João Henrique (PMDB) ou mesmo Antonio Imbassahy (PSDB).

Mas, depois de muita indecisão e de ter ficado três anos e quatro meses participando do governo João Henrique, o PT resolveu entregar suas quatro secretarias na prefeitura (inclusive a Secretaria de Governo e a de Saúde) e sair atirando. Atirando no prefeito e caçando aliados onde puder, inclusive no PTB, PP e PR.

Por isso, parece que todas as correntes petistas ficaram sentidas por perder o apoio do genérico Edvaldo Brito, do seu PTB e do PP. Mas eles ainda têm esperanças em se aliançar com o senador César Borges (hoje no PR, depois de ter passado pela Arena, PDS, PFL e DEM). Este, que agora apóia Jacques Wagner, também é carlista. Há dúvidas se “verdadeiro” ou “genérico”. Mas isto não é mais problema. Por um lado, porque ele já foi devidamente transmutado em lulista transgênico. Por outro, depois da mutação do próprio PT, não existem mais barreiras deste tipo.

Talvez Borges acabe apoiando o jovem ACM (DEM, filho do PFL, neto do PDS e bisneto da Arena), “carlista verdadeiro”, mas não se sabe até quando. Afinal, até o velho senador teve seu momento de transgenia lulista.



Jorge Almeida é professor de Ciência Política da UFBA e Doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas. Autor de Como vota o brasileiro e de Marketing político, hegemonia e contra-hegemonia. jorgealm@uol.com.br



domingo, 25 de maio de 2008

Assentamento no Ceará comemora 19° aniversário

No sábado passado (24/05), o assentamento 25 de Maio, no município de Madalena, no Ceará (região Nordeste do Brasil), celebrou seus 19 anos de existência e luta. As festividades começaram às 9h. Cerca de 425 famílias, somando mais de 2 mil pessoas trabalhadoras do campo estão no assentamento e, após quase duas décadas ocupando o local, as famílias conseguiram estruturar uma comunidade que já consegue produzir, educar e viver melhor.

Hoje, o 25 de Maio é o maior produtor de ovinos e bovinos da região, também o maior produtor de mamona do município. Durantes esses anos, foram educados 200 adultos por meio do trabalho desenvolvido por mais de 20 pedagogos do movimento, que implementam a educação do campo.

Outra bela experiência vivida pelo assentamento é a rádio comunitária 25 de Maio - FM 95,3 -, onde mais de 20 jovens aprendem e trabalham em informar toda a comunidade sobre acontecimentos que lhe dizem respeito.

O integrante da direção estadual do MST no Ceará, Marcelo Matos, diz que o movimento é reconhecido e respeitado pelo povo da cidade que, além disso, participa das lutas. "São 19 anos de muitas conquistas, mas a luta não pára por aqui. Muito ainda tem de ser feito. Disposição e oganização é o que não faltam para podermos dar o salto de qualidade esperado", aponta.


As correntes do debate econômico na América Latina

O que sabemos, depois de 25 anos de políticas ortodoxas, é que as exportações cresceram e os salários não, a taxa de formação bruta de capital está estancada, com maior concentração de renda, e surgiu a consciência de que a privatização significou passar ativos do Estado principalmente para empresas transnacionais, não trazendo uma melhoria nos serviços, senão tornando-os mais caros.

ALAI AMLATINA, México DF - Apesar de, às vezes, não parecer, há discussões econômicas alternativas sobre desenvolvimento econômico na América Latina. Mais na América do Sul do que em outras latitudes, e estão em curso de uma forma ou de outra. Existem essencialmente duas vertentes teóricas circulando na América Latina até agora. A primeira, que poderíamos denominar vertente do conhecimento, parte do princípio de que estamos na era do conhecimento e que a utilização deste conhecimento para agregar valor a bens e serviços pode ser um motor para o desenvolvimento sustentável. Por trás disto estariam Jorge Katz e Carlota Pérez, basicamente, embora este seja um ponto sobre o qual é preciso refletir e elaborar muito mais.

Do outro lado estariam aqueles chamados de “populistas”, que não são propriamente uma escola nem uma corrente teórica, mas que a partir de uma prática política real de redistribuição de renda conseguiram fazer crescer suas economias, reduzir a pobreza, e amortecer o efeito da crise internacional que, de fato, ainda não começou a ser sentido na América Latina a não ser pelo efeito inflacionário. Estão nessa linha os governos da Bolívia, Argentina, Brasil e Venezuela, junto com o recém chegado Equador, que também está tentando fazer isto. Todos têm um componente de expansão da demanda interna bastante importante, que provoca um impacto sobre os preços dos alimentos e causa a escassez de alguns artigos que eles não produzem.

Não estão pensando no desenvolvimento futuro, mas em como recuperar os 25 anos perdidos desde 1981 e em como fazer para retornar aos níveis de renda por habitante da década de 1970, quando chegou ao seu ponto mais alto. Estes e os primeiros têm em comum uma preocupação pela atuação do Estado e precisam com urgência de maiores arrecadações fiscais para poder alimentar o crescimento liderado pelo gasto público, que, na verdade, agora é, parcialmente, um subsídio ao consumo.

Há um terceiro grupo, que eu chamaria de “escola asiática de Cambridge” e que é um grupo de pós-keynesianos que refletiram sobre o que tem sido feito na Ásia durante as últimas décadas e, além disso, sobre os impedimentos para o desenvolvimento econômico colocados pelo Ocidente, seja através do FMI, do BM, da OMC ou pela soma de todos eles. Neste grupo estão Jomo K.S., autor de The Misunderstood Asian Miracle; Jong-Ho Chang, com The Bad Samaritans; Ajit Singh, com Jayayit e, de alguma maneira, os trabalhos de Walden Bello, que têm um viés mais político do que estritamente econômico. Uma preocupação desse grupo é o contrabando do desenvolvimento asiático que está sendo feito no Ocidente, como se fosse sob as linhas ortodoxas. Como ocorre, por exemplo, com The World is Flat, de Thomas Friedman.

Todos eles coincidem em indicar que o alto crescimento asiático é possível porque há política industrial, intervenção pública no investimento, regulamentações, proteção do mercado em algumas etapas e um processo de acumulação de conhecimentos. A Ásia desenvolveu-se nesta visão com muita poupança interna, que vem de altos impostos, um nível de proteção às industrias jovens e muito investimento em educação. O comum denominador dos asiáticos é a falta de recursos naturais, o que os tem obrigado a lançar mão da sua única fonte real de riqueza: o tamanho do seu mercado, a qualidade da sua força de trabalho e a capacidade de inovação.

O parentesco entre os trabalhos desses grupos conceituais está em que todos dão importância ao conhecimento e à cultura. Seu único capital é a força de trabalho. Provavelmente, na América Latina o único país que circula por essa via é Cuba, um caso que não tem sido pensado nem estudado adequadamente desde as mudanças dos anos 1990, mas que mantém taxas estáveis de crescimento há mais de uma década, com uma média de mais de 8% , segundo a CEPAL.

Há outro grupo que trabalha temas de integração econômica e financeira e que não está coordenado com o anterior. Neste grupo estariam Arestis e de Paula, com seu trabalho South American Monetary Union que vai em busca de uma moeda única visando a ampliação do mercado, somado com Brasil e Argentina com uma única política monetária. Trata-se de uma primeira tentativa nessa direção. Outra é o esquema apresentado em Genealogia da Arquitetura Financeira Internacional, de Ugarteche, cujo último capítulo revisa os esquemas que estão em marcha na Ásia, África, Oriente Médio, Europa e América do Sul buscando desatrelar as economias do dólar e fortalecer o mercado interno ampliado regionalmente. Nesta escola está Bárbara Fritz, da Universidade Livre de Berlim.

Finalmente, como núcleo teórico estão Joan Martínez Allier e o grupo em torno da revista Ecologia Política de Barcelona, o do Instituto de Ecologia Política de Santiago do Chile e a Rede Ibero-Americana de Economia Ecológica, REDIBEC, que trabalham com o conceito da dívida ecológica e adentram na noção do desenvolvimento ao tentar promover um desenvolvimento que respeite e conserve o entorno, tendo em vista o aquecimento global e os danos acumulados nos quinhentos anos de história colonial. Este grupo, por enquanto, é o mais alternativo de todos, visto que foge do padrões convencionais de análise econômica e defende o desenvolvimento a partir da conservação e recuperação da natureza. O interessante deste grupo, que não está articulado, é que busca, em muitos casos, a compensação pelos danos causados ao ambiente no passado, chamado por alguns de “dívida colonial”.

Finalmente, em linhas gerais, a ortodoxia e as instituições multilaterais que lhe deram força e poder político está de saída: o FMI terminou suas funções e, apesar de que ainda não encerrou sua existência, está a caminho de encolher de forma importante, como resultado da frustração global dos governos e das sociedades com suas recomendações de políticas e diante da perda de credibilidade, legitimidade e recursos que tem sofrido após as crises da Ásia, Rússia, Argentina e, principalmente, da sua paralisia diante da queda da economia dos Estados Unidos e da irrelevância da sua participação frente à imensa crise norte-americana, cujo sintoma são hipotecas-lixo, com uma inadimplência de 1 trilhão de dólares, mais do que o PIB do Brasil e do México somados.

A carteira do FMI reduziu-se, em 2007, a um terço do que era em 2003. O Banco Mundial, por sua vez, que desempenhou o papel de partido político, que trazia as idéias, a agenda política, os técnicos e produzia os empréstimos para pagar os partidos –e que teve um papel tão importante na ditadura peruana de Alberto Fujimori– também tem sentido seus condicionamentos crescentes e múltiplos, de tal maneira que os clientes, que são governos, optaram por não pedir emprestado e, pelo contrário, devolver-lhes seu dinheiro. Sua carteira perdeu 40% entre 1996 e 2006. Com seu enfraquecimento e com o auge asiático veio a nova consciência, ainda em construção, de que o mercado puro e duro não é o caminho do desenvolvimento justo, distributivo e ecologicamente sustentável.

O que sabemos, depois de 25 anos de políticas ortodoxas na América Latina, é que as exportações cresceram e os salários não, a taxa de formação bruta de capital está estancada, há pressões tributárias modestas, com maior concentração de renda, e surgiu a consciência de que a privatização significou passar ativos do Estado principalmente para empresas transnacionais, mas não trazendo uma melhoria nos serviços, senão tornando-os mais caros. Telmex, do México, com as tarifas mais altas da América Latina e com uma qualidade de serviço horrorosa, como em geral são os serviços privatizados no México, é um destes casos.

Os bancos comerciais que cobram comissões obscenas e taxas de juro várias vezes maiores que a internacional, que já tiveram que ser salvos em todas partes uma ou duas vezes, é outro. A tendência atual, portanto, em quase todos os países, tem sido recuperar o controle acionário das empresas privatizadas que geram altos lucros. Esta é a base da altíssima taxa de crescimento econômico da Bolívia, apesar das tentativas de desestabilização norte-americanas, por exemplo.

Em construção, para dar vida às novas idéias de desenvolvimento, está o Banco do Sul, que tem como signatários oito dos dez países sul-americanos, a unidade de contas sul-americana, lançada inicialmente por Alan García em Quito, em janeiro de 2007, e que foi mencionada na declaração de Quito de maio de 2007 e batizada por Evo Morales como a “Pacha”. Também está em curso uma dinâmica de integração sul-americana nos planos econômicos, financeiro, político e militar que é inédita, com alguns governos menos interessados do que outros, mas no fim todos pensando que é melhor ter uma atuação conjunta no plano global do que uma atuação singular. O inimigo deste processo é G. W. Bush, que, por sorte, tem apenas poucos meses de governo antes de entrar na lixeira da história.

- Oscar Ugarteche, economista peruano, trabalha no Instituto de Investigações Econômicas da UNAM, México, e integra a Rede Latino-americana de Dívida, Desenvolvimento e Direitos (Latindadd). É presidente de ALAI

Tradução: Naila Freitas / Verso Tradutores

“Glória a todas as lutas inglórias. Salve o Almirante


OL destaca o alto sentido de reparação histórica do Projeto de Lei aprovado às 22 horas desta terça-feira, 13 de maio, por unanimidade na Câmara dos Deputados. Através dele “é concedida anistia post mortem a João Cândido Felisberto, líder da chamada revolta da Chibata, e aos demais participantes do movimento”, com o objetivo de restaurar o que lhes foi assegurado pelo decreto nº 2280, de 25 de novembro de 1910. A anistia produzirá todos os seus efeitos, inclusive em relação às promoções a que teriam direito os anistiados se tivessem permanecido em serviço ativo, bem como em relação ao benefício da pensão por morte.

créditos: Professor Edney

O senador Paulo Paim garante que até a próxima semana o Projeto será referendado pelo Senado, de onde é originário, como iniciativa da senadora Marina Silva.


Como o próprio nome indica, a principal reivindicação dos revoltosos, que tomaram a direção dos principais encouraçadas de guerra do Brasil à época, era a abolição dos castigos físicos na Armada Nacional. Um motim contra a tortura!

Sobre a violência desses castigos, o então deputado federal, oficial da Marinha José Carlos de Carvalho, incumbido pelo governo de negociar com os revoltosos, comentou ao apresentarem-lhe um marinheiro surrado dois dias antes: “Examinei essa praça e trouxe-a comigo para terra, a fim de ser recolhida ao Hospital da Marinha. As costas desse marinheiro assemelhavam-se a uma tainha lanhada para ser salgada”. (trecho de A Revolta da Chibata, de Edmar Morel)

Os rebeldes ameaçavam bombardear a cidade do Rio de Janeiro e os navios que não se amotinassem, caso não houvesse uma resposta positiva do governo. E o governo, por sua vez, ameaçava bombardear os revoltosos caso não se rendessem. O Congresso Nacional aprovou Projeto de Lei de anistia em 25 de novembro (a revolta ocorreu em 22 de novembro), da lavra do então senador Rui Barbosa.

Entretanto, não obstante a anistia aprovada pelo Congresso Nacional, que garantiu o fim da situação de grave tensão e o término da revolta, os seus participantes foram excluídos da Marinha, muitos presos em condições desumanas e mesmo mortos, sob o pretexto do levante do Batalhão Naval, ocorrido no começo de dezembro de 1910. O paradoxal é que muitos dos revoltosos da Rebelião da Chibata, inclusive João Cândido, foram leais ao governo por ocasião do levante, tendo sido absolvidos pelo Conselho de Guerra da Marinha, em novembro de 1912, embora desligados da Armada.

João Cândido, homem de poucas letras e exímio navegador (elogiado pelas manobras que comandou no Encouraçado Minas Gerias – principal navio da Armada), com a saúde abalada pelas condições carcerárias que enfrentou, passou a vender peixes e fazer pequenos biscates até sua morte em 1969, aos oitenta e nove anos, no ostracismo.

O senador Rui Barbosa, ao justificar o Projeto de Lei de anistia que apresentou, disse: “Eles tinham jogado ao mar toda a aguardente existente a bordo, para não se embriagarem; tinham feito guardar, com sentinelas, as caixas onde se achavam depositados os valores; tinham mandado guardar com sentinelas os camarotes dos oficiais para que se não fossem violados; tinham guardado, na organização do movimento, um sigilo prodigioso entre os costumes brasileiros; tinham sido fiéis à sua idéia; tinham sido leais uns com os outros, desinteressados na luta. (...) A isto foram levados pelas conseqüências irresistíveis da situação na qual estavam colocados. As reclamações capitais existentes na base desse movimento correspondem a necessidade irrecusáveis”.

Aprovada formalmente pelo Congresso Nacional, em 26 de novembro de 1910, a lei anistiava “os insurretos da parte dos navios da Armada Nacional se os mesmos, dentro do prazo que lhes fosse marcado pelo governo, se submetessem às autoridade constituídas”. A anistia levou à rendição dos revoltosos. Dois dias depois de publicada, o governo traiu o acordo que lhe dera origem, promovendo demissões, prisões e castigos que em inúmeros casos resultaram na morte dos rebelados.

Em função do ocorrido, muitos dos que sobreviveram sucumbiram à miséria. Veja-se o depoimento emblemático do líder João Cândido, colhido em 1968: “depois que saí da cadeia, ainda tentei trabalhar no mar, mas fui sempre muito perseguido, até na Marinha Mercante. (...). Depois da Revolta da Chibata caí na penúria. Quando houve a epidemia espanhola, em 1919, estava a serviço dos navios ingleses que estavam aqui, no momento da limpeza, desinfecção, enterrando ingleses. Depois ingressei na pesca, por falta de outra oportunidade. Trabalhei 40 anos no mercado de pesca. Em 1959, ali no entreposto da Praça XV, completei 40 anos no serviço e abandonei esse trabalho. Não tinha resultado, creio que ia morrer de fome”.

Quase um século depois, o Congresso Nacional resgata o nome e a memória desses homens de bem, que lutaram legitimamente contra a tortura e pelo fim do regime de semi-escravidão a que eram submetidos. E recompõe, na medida do possível, a história de suas vidas como se tivessem permanecido a serviço da Marinha brasileira. Isto era, afinal, o que deveria ter efetivamente acontecido, se a lei de anistia aprovada à época não ficasse letra morta. Ainda que com 98 anos de atraso, vale cantar os versos de Aldir Blanc e João Bosco: “Glória a todas as lutas inglórias. Salve o Almirante Negro!”

Chico Alencar é professor de história e deputado federal pelo PSOL-RJ

Camiranga - Camiranga (2007)




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sábado, 24 de maio de 2008

O Que é a TV Supren

O ser humano como principal fundamento e como objetivo final de todas as realizações. Uma sociedade baseada na solidariedade, na igualdade de oportunidades e na justiça social. A harmonia com a natureza como condição imprescindível para uma vida sustentável no planeta.

Esses são os três aspectos de uma nova proposta de televisão: a TV Supren. Expressos pela própria logomarca dessa nova TV, a TV Supren tem seu nome inspirado numa palavra do esperanto que indica o sentido “para cima”, “para o alto”, como up em inglês. Isso reflete a proposta dessa nova TV: valorizar a dimensão espiritual do ser humano, promover os valores éticos, mostrar o que é bom, belo e verdadeiro como referências de um norte para a humanidade.

A TV Supren é o canal de comunicação e ação da União Planetária, uma ONG sediada am Brasília, Brasil, que congrega e apóia o movimento mundial pela renovação da estruturas sociais e o exercício da cidadania solidária com uma visão planetária.

Mais informações sobre a TV Supren

A TV Supren é uma televisão plural e democrática. Uma TV que valoriza a pluralidade de idéias, de crenças e de saberes. Uma TV que expressa o anseio de milhões e milhões de pessoas por mudanças de paradigmas, pela vida ética e sustentável no planeta, pela utopia de que é possível viver num mundo de paz, de amor e de felicidade.

Ciência, Filosofia, Artes, Religiões, Educação, Cidadania, Ecologia, Medicina Alternativa, Esperanto, Qualidade de Vida são as linhas mestras de vários programas temáticos que vão balizar uma programação variada, bonita e útil para toda a família.

A TV Supren quer mostrar a força dos exemplos de pessoas, organizações e movimentos que trabalham em prol da construção de um mundo melhor. A TV Supren tem compromisso de disseminar a consciência coletiva da responsabilidade individual pelas mudanças que vão garantir, progressivamente, a construção de um mundo melhor para as gerações presentes e futuras. A TV Supren vai alimentar a fé, a esperança e a sinergia coletiva dos desafios emergentes de nossa época.

TV Supren, a TV de uma nova consciência. TV Supren, a TV da cidadania planetária!

Clique aqui para saber como assistir a TV Supren!

Amores Parisienses

Amores Parisienses
(On connaît la chanson)
Release não informado
Poster
Sinopse
Comédia romântica sobre os desencontros amorosos de seis personagens, divididos entre as suas rotinas profissionais e os dilemas do coração. Ao som de clássicos da música popular francesa eles viverão alguns mal-entendidos capazes de gerar crises de ciúmes, stress e paixões inebriantes.
Screenshots


Elenco
Informações sobre o filme
Informações sobre o release
Pierre Arditi ... Claude
Sabine Azéma... Odile Lalande
Jean-Pierre Bacri... Nicolas
André Dussollier... Simon
Agnès Jaoui... Camille Lalande
Lambert Wilson... Marc Duveyrier
Gênero: Comédia/Musical
Diretor: Alain Resnais
Duração: 120 minutos
Ano de Lançamento: 1997
País de Origem: França
Idioma do Áudio: francês
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0119828
Qualidade de Vídeo: DVD Rip
Vídeo Codec: DIVX
Áudio Bitrate: 112
Resolução: 624X336
Formato de Tela: Widescreen (16x9)
Frame Rate: 25.000 FPS
Tamanho: 702 Mb
Legendas: No torrent
Premiações
7 prêmios César

Best Actor (Meilleur acteur)
André Dussollier

Best Editing (Meilleur montage)
Hervé de Luze

Best Film (Meilleur film)
Alain Resnais

Best Sound (Meilleur son)
Jean-Pierre Laforce
Michel Klochendler
Pierre Lenoir

Best Supporting Actor (Meilleur second rôle masculin)
Jean-Pierre Bacri

Best Supporting Actress (Meilleur second rôle féminin)
Agnès Jaoui

Best Writing - Original or Adaptation (Meilleur scénario, original ou adaptation)
Agnès Jaoui
Jean-Pierre Bacri

Coopere, deixe semeando ao menos duas vezes o tamanho do arquivo que baixar.


Este post foi editado por IceFree: Ontem, 07:45 AM
Arquivo(s) anexado(s) Arquivo anexado _1997__On_Connait_La_Chanson.rar legendas
Arquivo anexado Alain_Resnais_On_Connait_La_Chanson__1997___www.makingoff.org___mininova_.torrent

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Itamar Assumpção - Sampa Midnight - Isso Não Vai Ficar Assim (1986)


Itamar Assumpção nasceu em 1949 na cidade de Tietê, interior de São Paulo. Descendente de escravos angolanos, o cantor ouvia desde pequeno a música dos terreiros de candomblé, que vinham do quintal da sua casa. De 63 a 73, Itamar morou no Paraná e lá iniciou sua carreira musical, largando um curso de contabilidade. Na época, conheceu Arrigo Barnabé, um de seus parceiros mais constantes. Em 1973, Itamar mudou-se para São Paulo. Em 1980, lançou seu primeiro LP: Beleléu, Leléu, eu, com a banda Isca de Polícia. Tanto este como os dois lançamentos seguintes (Às Próprias Custas, de 1983, e Sampa Midnight, de 1986) foram feitos de maneira independente.[fonte]



créditos: sombarato

Faixas:
1. Prezadíssimos Ouvintes (Domingos Pellegrini e Itamar Assumpção)
2. Idéia Fixa (Itamar Assumpção)
3. Navalha Na Liga (Alice Ruiz e Itamar Assumpção)
4. Movido a Água (Galvão e Itamar Assumpção)
5. Desapareça Eunice (Itamar Assumpção)
6. Tete Tentei (Itamar Assumpção)
7. Vamos Nessa (Paulo Leminski e Itamar Assumpção)
8. Eldorado (A. C. Tonelli)
9. Sampa Midnight (Itamar Assumpção)
10. Isso Não Vai Ficar Assim (Itamar Assumpção)
11. Z Da Questão Meu Amor (Itamar Assumpção)
12. Totalmente à Revelia (Luiz, Paulo, Itamar Assumpção e Marlene)
13. Cadê Inês (Itamar Assumpção)
14. Chavão Abre Porta Grande (Guará e Itamar Assumpção)
15. É o Quico (Itamar Assumpção)

O índio na imprensa



Luciano Martins Costa


A fotografia de um índio pintado para a guerra e usando um telefone celular, publicada na quinta-feira (22/5) na Folha de S.Paulo, é o retrato acabado de como a imprensa ainda enxerga as populações nativas do Brasil.

A foto ilustra reportagem sobre protesto da comunidade indígena do oeste paulista – guaranis, kaigangues, krenakis e terenas – contra a mudança da sede regional da Funai para a região sudeste do estado, a cerca de 500 quilômetros de distância.

Para a imprensa, índio que usa celular é branco. O noticiário conduz à discussão sobre a inimputatilidade dos índios, garantida pela Constituição.

Em outro episódio envolvendo indígenas, os jornais induzem à criminalização da agressão de um grupo de caiapós contra o engenheiro da Eletrobrás Paulo Fernandes Rezende, coordenador do estudo para a construção da hidrelétrica de Belo Monte.
Na terça-feira (20), o engenheiro foi espancado por um grupo de caiapós e sofreu um golpe profundo de facão no braço direito quando defendia a construção da barragem, durante o encontro "Xingu vivo para sempre".

Estratégia sustentável

A notícia de quinta-feira é que a Polícia Federal deve investigar quem comprou sete dos quase cem facões exibidos pelos caiapós. Os jornais insinuam que alguns facões foram comprados por integrantes das entidades organizadoras do evento, entre as quais se encontram a arquidiocese de Altamira, no Pará, o Instituto Socioambiental e dezenas de ONGs.

Os organizadores condenaram a violência e lembram que os caiapós costumam usar facões, que adquirem no comércio local, mas ainda assim se percebe na imprensa a falta de clareza, que pode induzir o leitor a imaginar um bando de aloprados brancos armando índios para uma guerra contra o progresso.

A Folha de S.Paulo observa que o projeto da usina de Belo Monte, no rio Xingu, começou há vinte anos e sempre enfrentou a resistência dos indígenas e ambientalistas.
Eles temem os efeitos da formação do lago, que deve inundar cerca de 40 mil hectares de terras da reserva, com o desaparecimento de cachoeiras e áreas de floresta. O clima do encontro era tenso também por conta da recente demissão da ministra Marina Silva, que à frente do ministério do Meio Ambiente era vista como uma aliada dos caiapós e ambientalistas.

Segundo a imprensa, o engenheiro Rezende foi agredido logo após defender a construção da usina e dizer a seguinte frase provocativa: "Olha, eu moro no Rio de Janeiro. Quem vai ficar sem luz são vocês". A inabilidade do funcionário da Eletrobrás ilustra a dificuldade com que as autoridades se relacionam com as populações nativas.

A tentativa de criminalizar os protestos contra obras que ameaçam o meio ambiente mostra a incapacidade da imprensa de entender a necessidade de se buscar uma estratégia sustentável para as obras de infra-estrutura de que o Brasil precisa.

Queda-de-braço

A falta de interesse em penetrar nos temas que envolvem a dívida secular do Brasil com seus primeiros habitantes provoca distorções até mesmo no noticiário econômico e político.

Na quinta-feira (22), o Estado de S.Paulo publica o noticiário sobre a agressão ao engenheiro da Eletrobrás também no caderno de Economia, observando que a resistência dos índios atrasa a construção da usina e a chegada do progresso à Amazônia.

O Globo mistura índios a militantes do MST num mesmo caldeirão que chama de "incivilidade".

A Folha já havia usado o título "barbárie" ao noticiar a agressão.

Não há registro de a imprensa ter usado essas expressões para qualificar os massacres de índios por posseiros, ou mesmo o assassinato de ambientalistas e outros protagonistas do conflito que há anos se desenrola na Amazônia.

A questão ambiental também freqüenta o noticiário político, aquecida pela prematura e crescente incompatibilidade entre o novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e o ministro de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger. As edições de quinta-feira dos jornais exploram as discordâncias entre os dois, que precisarão conviver em muitos fóruns, já que o ministro de Assuntos Estratégicos é também o coordenador do Programa Amazônia Sustentável.

Depois que Minc atacou o governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, Mangabeira Unger defendeu a tese de Maggi de que as terras desmatadas devem ser isentas das novas exigências para concessão de financiamento oficial.

Patrimônio natural

Minc anunciou a criação da Guarda Nacional de Segurança Ambiental, Maggi disse que não cederia policiais de seu estado para a nova força e, na quinta, os jornais publicam declaração de Mangabeira Unger dizendo que é prematura a criação da guarda ambiental. No entanto, nas frases sobre os planos de desenvolvimento para a Amazônia não há grandes discordâncias entre os dois ministros.

O problema é que os jornais se concentram nos desentendimentos, pintando Mangabeira Unger como um acadêmico alienado da realidade e Carlos Minc como um ecochato. Enquanto isso, as soluções para o desenvolvimento de uma estratégia para preservar a floresta vão sendo adiadas.

E a imprensa internacional, mais uma vez, coloca em dúvida a capacidade dos brasileiros de administrar o patrimônio natural que se situa dentro de suas fronteiras.

O poder sobre o petróleo mudou de lado


No início dos anos 1970, quando o barril de "ouro negro" valia menos de US$ 2, ninguém jamais iria imaginar que um presidente americano se encontraria um dia na situação de ser obrigado a implorar perante o rei da Arábia Saudita por um aumento da produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), com o objetivo de forçar uma redução dos preços. O Ocidente, entretanto, chegou a este ponto.


Por Jean-Michel Bezat, para o Le Monde



Depois de esbarrar numa primeira recusa grosseira, em meados de janeiro, George W. Bush voltou a insistir neste pedido, na sexta-feira (16/05), por ocasião do seu encontro em Riad com o rei Abdala. A tentativa fracassou mais uma vez, pois tudo o que o presidente americano conseguiu foi um aumento limitado e temporário.


Já vai longe a época em que a Standard Oil of New Jersey, a Anglo-Persian, a Gulf Oil e suas quatro outras "irmãs" dominavam o mercado mundial. O tempo em que o presidente Roosevelt conseguiu obter do então rei Ibn Saud a abertura dos poços sauditas para as companhias estrangeiras em troca da proteção militar americana (1945). A época em que era possível derrubar impunemente o primeiro-ministro iraniano Mossadegh (1953), culpado de ter nacionalizado os hidrocarbonetos. O tempo em que fingiam acreditar que o petróleo era uma riqueza inesgotável.


O poder de mercado mudou de lado. Ele escapou dos países consumidores e das grandes multinacionais do setor (Exxon, Chevron, Shell, BP). A evolução do preço de referência do barril (que se aproxima atualmente de US$ 130) está sendo decidida nos bastidores do Kremlin e nas obscuras ante-salas do poder iraniano, no meio dos manguezais nigerianos e nas ribanceiras do Orenoco venezuelano, nos corredores vienenses da Opep e nas agitadas salas da New York Mercantile Exchange (NYMEX, a bolsa especializada na energia e nos metais). E, sobretudo, nos palácios sauditas.


Duzentos dólares


O mundo está vivendo um terceiro choque do petróleo - mais lento do que os anteriores, de 1973 e de 1980. O preço do barril, cujo montante foi multiplicado por seis no espaço de seis anos, é hoje mais elevado em dólares constantes do que era no início de 1981. O seu preço poderá eventualmente refluir de dez ou vinte dólares dentro dos próximos meses, mas nada é menos certo. Alguns analistas tão influentes como os do banco de negócios Goldman Sachs prevêem a manutenção da sua cotação em US$ 141 em média no decorrer do segundo semestre, e em US$ 148 em 2009. A OPEP, por sua vez, não exclui mais que ele venha a alcançar US$ 200.


A Arábia Saudita, o único país capaz de liberar a injeção de um milhão de barris suplementares no mercado, está relutando a proceder desta forma. Ele até mesmo modificou a orientação do seu discurso, recentemente, anunciando que iria limitar o teto da sua produção cotidiana a 12,5 milhões de barris entre 2009 e 2020, de maneira a preservar as suas reservas e, junto com elas, os interesses das gerações futuras. "Toda vez que vocês descobrirem novas jazidas, deixem-nas no solo, pois os nossos filhos delas irão precisar", decidiu o rei.


Nada consegue convencer os sauditas a abrirem as comportas. Eles avaliam que o mercado está suficientemente abastecido e que os estoques de petróleo bruto e de gasolina se mantêm em níveis satisfatórios. Eles estão preocupados, acima de tudo, com a política energética dos Estados Unidos, que visa a reduzir a sua "dependência petroleira" em relação ao Oriente Médio - uma palavra de ordem que foi lançada pelo presidente Bush e retomada em coro pelos pré-candidatos à eleição presidencial John McCain e Barack Obama. Basta ouvir os inflamados discursos acusatórios do ministro saudita da energia contra os biocombustíveis que vêm sendo desenvolvidos no continente americano, para compreender os interesses que estão em jogo. A isso, deve ser acrescentada a vontade de alguns parlamentares americanos de submeter o mercado petroleiro às regras anticartéis do comércio internacional, e até mesmo de suspender as vendas de armas se Riad continuar se recusando a aumentar a sua produção de petróleo.


Essas iniciativas preocupam e irritam os dirigentes da Opep. A estratégia do cartel de Viena, que renunciou desde 2003 a determinar um valor máximo e outro mínimo para o preço do petróleo, parece simples: seguir abastecendo o mercado para evitar toda ruptura, reduzir o "colchão de segurança" ao mínimo (2 milhões de barris por dia) e manter desta forma os preços tão elevados quanto possível, sem comprometer o crescimento econômico. Por serem proprietários dos três quartos das reservas mundiais, os treze Estados membros da Opep detêm todo o poder de barganha necessário para imporem a política que eles bem entendem.


Explosão dos preços


A dependência dos países consumidores está vinculada à fragilidade das multinacionais. Os Estados petrolíferos e as suas companhias públicas nacionais compartilham entre si 85% das reservas mundiais. Com isso, os gigantes multinacionais hoje não detêm mais do que 15% dessas reservas e enfrentam problemas para reconstituí-las à medida que elas vão extraindo a matéria-prima.


Qual será o peso real do "gigante" ExxonMobil, a maior companhia cotada, se comparado com a Gazprom ou a Saudi Aramco? O acesso das grandes companhias ocidentais aos campos petrolíferos - após se verem "barrados" na Arábia Saudita, no Kuwait e no México, a sua penetração está cada vez mais difícil na Rússia, na Venezuela e na Argélia - implicaria "no retorno ao período anterior ao das nacionalizações realizadas nos anos 1970", avalia Nicolas Sarkis, o diretor da revista especializada "Pétrole et gaz arabes".


Será preciso travar uma guerra para reconquistar o precioso líquido? Esta opção é inimaginável, mesmo se a necessidade de petróleo veio a ser um dos motivos da invasão americana do Iraque em 2003, conforme reconheceu o antigo presidente do Fed (o banco central americano), Alan Greenspan. Além disso, esta guerra permitiria obter qual benefício? Ao atiçar as tensões no Oriente Médio e ao reduzir a oferta, a guerra no Iraque contribuiu para a explosão dos preços. A luta para tomar posse dessas reservas por meio da força não passaria de "uma batalha de retaguarda", uma vez que os países petroleiros se encontram atualmente "numa posição de força", comenta Nicolas Sarkis. Eles podem vender as suas enormes reservas em dólares e impedir que os beligerantes do petróleo dele se apoderem, oferecendo-as a países mais pacíficos. Antes para a China do que para a América!


Um bom número de países industrializados tirou as lições das crises de 1973 e 1980 e optou por reduzir a sua dependência. Hoje, eles precisam de menos "ouro negro" para criarem a mesma riqueza. Nos Estados Unidos, as administrações sucessivas tomaram decisões que foram na contramão desta tendência, valendo-se de argumentos do tipo: "O modo de vida americano não é negociável". Por conta disso, a sua taxa de dependência em relação ao petróleo importado acabou passando de 60% para 80%.


Neste exato momento, o problema é de natureza geopolítica: o acesso ao recurso petroleiro está minguando. Num futuro próximo, ele passará a ser geológico. Nas reservas conhecidas, hoje sobra o equivalente a 1,2 trilhão de barris de petróleo, ou seja, o suficiente para quarenta anos de consumo mundial, seguindo-se o ritmo de extração atual. Os mais otimistas multiplicam este número por três, acrescentando os tipos de petróleo bruto chamados de "não-convencionais" (óleos pesados, areias betuminosas). Infelizmente, a extração destes últimos é muito mais cara. Enquanto isso, as reservas dos campos vêm diminuindo inexoravelmente na Arábia Saudita, na Rússia, na Noruega, no México, na Indonésia...


A única resposta prática reside numa diminuição do consumo. Ora, a explosão dos preços não resultou numa redução da demanda, a não ser de maneira marginal, uma vez que os transportes funcionam, numa proporção de 97%, apenas por meio dos derivados do petróleo bruto. Contudo, a redução do consumo nunca foi tão vital, seja para reforçar a segurança energética, seja para lutar contra o aquecimento climático.


O mais barato e o mais limpo de todos os tipos de petróleo continua sendo aquele que não é queimado.





quarta-feira, 21 de maio de 2008

Total Balalaika Show


Total Balalaika Show
(Total Balalaika Show)
Release exclusivo MKO


Sinopse:

No dia 12 de junho de 1993, um público composto de 70.000 pessoas presenciou um evento histórico em frente à Praça do Senado em Helsinque: o grupo Leningrad Cowboys se apresentou pela primeira vez com uma banda composta de 100 cantores, 40 músicos e 20 dançarinos num espetáculo jamais visto antes na Finlândia. No repertório, clássicos do rock como "Happy Together", "Delilah", "Gimme All Your Lovin" e "Knocking On Heaven`s Door", assim como músicas tradicionais/folclóricas do Exército Vermelho russo. O concerto, registrado por Aki Kaurismäki, é um inesquecível encontro entre o velho e o novo, o Leste e o Oeste.



créditos:
makingoff - frombr

Informações sobre o filme:

Gênero:
Documentário/Musical
Diretor: Aki Kaurismäki
Duração: 57 minutos
Ano de Lançamento: 1994
País de Origem: Finlândia
Idioma do Áudio: Finlandês, Inglês, Francês e Russo
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0111460/
Vídeo Codec: XviD
Áudio Codec: MPEG
Áudio Bitrate: 192 kb/s
Resolução: 512x320
Frame Rate: 29.970 FPS
Tamanho: 550 Mb
Legendas: N/A


Elenco:

Alexandrov Red Army Ensemble ... Coro
Atte Blom ... Himself
Twist-Twist Erkinharju ... Leningrad Cowboys
Ben Granfelt ... Leningrad Cowboys
Sakke Järvenpää ... Lead singer
Sakari Kuosmanen ... Himself / Performer
Jore Marjaranta ... Leningrad Cowboys

Download abaixo:



Lee Morgan - Taru (1968)

http://i306.photobucket.com/albums/nn266/photoapo/Covers/LM_Taru_fr.jpg

Lee Morgan - Taru (1968)




Faixas:
1. Avotcja One (John Hicks) 6:45
2. Haeschen (Lee Morgan) 6:13
3. Dee Lawd (Lee Morgan) 5:52
4. Get Yourself Together (Lee Morgan) 6:27
5. Taru, What's Wrong with You? (Cal Massey) 5:20
6. Durem (Lee Morgan) 7:28

Componentes:
Lee Morgan (Trumpet)
Bennie Maupin (Tenor Saxophone)
George Benson (Guitar)
John Hicks (Piano)
Reggie Workman (Double Bass)
Billy Higgins (Drums)

Downloads abaixo:

http://www.filefactory.com/file/8b1d3c/
ou
http://rapidshare.com/files/116458538/taru.rar


Solidariedade à juventude Tcheca



por Luciano Rezende*


Proibida de existir por se negar a renunciar ao marxismo-leninismo, a Juventude Comunista Tcheca (KSM, das iniciais em tcheco) foi posta na ilegalidade. No último dia 24 (abril) o Tribunal Municipal de Praga rejeitou o recurso da KSM que pleiteava o seu direito de continuar atuando legalmente, apelando contra a decisão do Ministério do Interior da República Tcheca que dissolveu essa organização popular juvenil denunciando sua (pasmem!) “indeclinável posição a favor da substituição da propriedade privada dos meios de produção pela propriedade coletiva dos mesmos”. Tristes resquícios da “Revolução de Veludo”.


Tão absurda ainda é outra alegação utilizada contra a KSM. Segundo os porta-vozes do reacionarismo tcheco, essa combativa entidade, reconhecida em todo o mundo como filiada histórica da Federação Mundial de Juventudes Democráticas, a FMJD (assim como a UJS, aqui no Brasil), estaria interferindo nos rumos políticos do país e fazendo apologia ao comunismo. Mas qual é a razão de existir de qualquer organização política juvenil, de indistinto matiz ideológico, senão intervir na vida política de seu país e do mundo, a defender suas legítimas convicções e ideologias?


Para não ser desativada, a Juventude Comunista Tcheca teria de renunciar ao seu programa político, à sua identidade comunista, aos seus objetivos e à sua fundamentação teórica baseada no marxismo-leninismo.

Essa campanha anti-democrática atinge não apenas o movimento socialista juvenil e tampouco é restrita ao país de Kafka. Este ataque à KSM é emblemático e diz respeito a todas as organizações democráticas e progressistas do mundo. Uma forma inaceitável de manipulação política e ideológica alicerçada no plano de combate ao terrorismo lançado pelos EUA, e acobertado pela União Européia, que estimula a criminalização das organizações de caráter antiimperialista.


Qual seria o alarde da opinião pública mundial se acaso o Brasil proibisse de funcionar em território nacional uma ONG internacional qualquer, por exemplo, a “Repórteres sem Fronteiras”? Certamente a burguesia faria um estardalhaço em nome da liberdade de expressão e os mais elementares direitos e garantias dos cidadãos e outros slogans que como bem escreveu Lênin, são mais para iludir o povo quando vociferado pelas elites. Mas quando é uma organização nacional, histórica e arraigada ao povo de seu próprio país e formada pela juventude desse mesmo país, nenhuma vírgula é publicada na mídia convencional.


Mas essa decisão absurda do Ministério do Interior da República Tcheca tem a desaprovação da maioria dos tchecos que protestam por diferentes maneiras. Uma petição de apoio à KSM já conta com milhares de assinaturas de estudantes e personalidades de todo o mundo além de partidos políticos, organizações diversas de antigos lutadores contra o fascismo e membros da resistência guerrilheira. Também graças à iniciativa de deputados do Partido Comunista da Boêmia e Moravia as medidas do Ministério do Interior foram tratadas na Câmara de Deputados do Parlamento da República.

Todavia, a maior demonstração de solidariedade deve partir do internacionalismo das forças progressistas, principalmente as juvenis. Os brasileiros, com a União da Juventude Socialista à frente, já se pronunciou através de uma “petição dos jovens brasileiros” encaminhada à Embaixada da República Tcheca no Brasil no dia 10 de março de 2006, a qual conseguiu aglutinar assinaturas de diversos parlamentares, personalidades, entidades, partidos e representações. Outra, entre as diversas organizações juvenis que saíram em defesa da KSM, foi a Juventude Comunista Portuguesa. Em nota, a JCP afirma que a “União da Juventude Comunista da República Checa é uma organização juvenil revolucionária, de caráter antiimperialista e assume-se como marxista-leninista, aspectos intoleráveis para a Europa do grande capital. O poder de atração que os ideais do socialismo e do comunismo exercem sobre amplas massas juvenis preocupa os governos da União Européia, pela sua imensa capacidade transformadora e tomada de consciência dos crimes do capitalismo”.

Uma vez mais precisamos nos pronunciar. Iludem-se aqueles que pensam poder cercear a juventude revolucionária, seja ela de qualquer parte do mundo, a abandonar sua convicção de lutar por outra sociedade mais avançada, socialista.

A Embaixada da República Tcheca no Brasil precisa receber o recado da juventude brasileira. Uma mensagem de indignação frente a esse atentado à democracia e uma moção de solidariedade à juventude tcheca. É o mínimo que podemos fazer.

Embaixada da República Tcheca no Brasil, SES Via L3/Sul, Quadra 805, Lote 21A, CEP: 70200-901, Brasília - DF
Tel.: (+55 61) 3242 7785, 3242 7905
Fax: (+55 61) 3242 7833
e-mail.: brasilia@embassy.mzv.cz




*Luciano Rezende, Engenheiro Agrônomo, mestre em Entomologia e doutorando em Genética. Da Direção Nacional da UJS.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Genesis - Seconds Out - 1977


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Gravado em París em 1976 e 1977

Disco 1 - Capa 1

1. "Squonk" (Banks/Rutherford) – 6:39
2. "The Carpet Crawlers" – 5:27
3. "Robbery, Assault and Battery" (Banks/Collins) – 6:02
4. "Afterglow" (Banks) – 4:29

Disco 1 - Capa 2
1. "Firth of Fifth" – 8:56
2. "I Know What I Like (In Your Wardrobe)" – 8:45
3. "The Lamb Lies Down on Broadway"/"The Musical Box (Closing Section)" - 8:17
1. "The Lamb Lies Down on Broadway" – 4:59
2. "The Musical Box" (closing section)– 3:18

Disco 2 - Capa 1
1. "Supper's Ready" – 24:33

Disco 2 - Capa 2
1. "The Cinema Show" – 10:58
2. "Dance on a Volcano" (Banks/Collins/Hackett/Rutherford) – 4:24
3. "Los Endos" (Banks/Collins/Hackett/Rutherford) – 7:14

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Phil Collins - vocals, drums, percussion
Steve Hackett - electric & acoustic guitars, koto
Tony Banks - keyboards, backing vocals, electric guitars
Mike Rutherford - 8-and 12-string bass, electric & acoustic guitars, moog bass, backing vocals

Chester Thompson - drums
Bill Bruford - drums on "Cinema Show"

Todas as cancões escritas por Tony Banks/Phil Collins/Peter Gabriel/Steve Hackett/Mike Rutherford exceto as indicadas

A LIÇÃO DA HISTÓRIA

São em momentos como esse que percebemos o quanto é triste ser “apolítico” ou se alinhar com o que existe de mais reacionário e desumano no mundo, seja por convicção de fazer parte da “raça superior” ou por mera alienação

- por André Lux, o crítico-spam

Vale a pena conhecer esse drama histórico dirigido com segurança por Michael Apted, que já fez outros filmes politicamente engajados como “Na Montanha dos Gorilas” e “Coração de Trovão”. Em “Jornada pela Liberdade” ele aponta sua câmera para o difícil processo de aprovação da lei que finalmente acabou com a escravidão na Inglaterra, no século 18, graças ao empenho que durou mais de 20 anos de William Wilberforce e seus apoiadores no parlamento inglês.

A boa notícia é que o roteiro de Steven Knight faz o possível para não resvalar no maniqueísmo típico desse tipo de produção, procurando ao máximo mostrar sempre os dois lados da moeda (afinal, até mesmo os conservadores tinham lá suas convicções na defesa da escravatura), bem como as fraquezas e os defeitos dos personagens. Além disso, tem o cuidado de destacar também a participação das várias castas da sociedade na luta pela abolição, inclusive as mulheres e, claro, os próprios negros (representados aqui na figura do ex-escravo Olaudah Equiano), contrariando assim a lógica róliudiana de sempre tentar reduzir conquistas sociais como essa à luta individualista de um único sujeito.

O filme ganha credibilidade graças à boa atuação de Ioan Gruffudd (de, acredite se quiser, “Quarteto Fantástico”!) no papel central, sempre cercado por ótimos coadjuvantes, com destaque para Michael Gambom, como o político que muda de lado na última hora, e o lendário Albert Finney, encarnando John Newton, o ex-comandante de navio negreiro que, arrependido, passa o resto dos dias lutando contra a escravidão – é dele a emocionante canção “Amazing Grace” que dá o título original do filme e já foi usada em várias outras produções do cinema, como “Jornada nas Estrelas 2” (na cena do funeral de Spock) e “Invasores de Corpos”.

Apesar do ritmo lento e do caráter didático da narrativa, “Jornada pela Liberdade” é um ótimo exemplo de como a política é vital e pode ser usada para efetivamente melhorar a vida das pessoas, mesmo que seja por linhas tortas. Assusta também pensar que a indefensável escravidão de seres humanos começou a ser abolida há tão pouco tempo - no Brasil, há míseros 120 anos! Não é de se estranhar que muitos desejam a sua volta até hoje...

São em momentos como o retratado pelo filme que percebemos o quanto é triste ser “apolítico” ou se alinhar com o que existe de mais reacionário e desumano no mundo, seja por convicção de fazer parte da “raça superior” ou por mera alienação. A história, por mais que tentem deturpá-la, é (e sempre será) cruel com essas pessoas.

Aids é desprezada pela Prefeitura de Porto Alegre


Organizações da sociedade civil que trabalham pela promoção dos Direitos Humanos das pessoas que vivem com HIV/aids no Rio Grande do Sul protocolam, nesta quarta-feira (21), junto ao Ministério Público Federal uma denúncia contra a prefeitura de Porto Alegre pelo mau uso de recursos públicos federais que deveriam ser utilizados exclusivamente para ações em prevenção e assistência às pessoas com DST/HIV/Aids.
Segundo as organizações denunciantes, a Secretaria Municipal de Saúde não vem gastando os recursos destinados pelo Governo Federal para esta área. Somente no ano passado havia R$ 843.091,69 de recursos que não foram utilizados em 2006. Ainda em 2007, a Prefeitura recebeu do governo federal mais R$ 1.135.351,21, além dos R$ 121.315,35 em rendimentos pela sobra não utilizada. Deste total a Prefeitura gastou um pouco mais que 25%. A preocupação do movimento de luta contra a Aids no Rio Grande do Sul é de que, com a magnitude da Aids em Porto Alegre, que mantém a cidade com um dos maiores índices de casos de HIV/Aids do país (14.701 casos em 2006) representando 53,31 casos por 10 mil habitantes, a Prefeitura não investe um centavo sequer nesta área e também não utiliza os recursos federais.

O recurso que Porto Alegre recebe do governo federal é um mecanismo do SUS, um incentivo, que vem do Fundo Nacional de Saúde para o Fundo Municipal de Saúde e que visa estimular o investimento municipal em ações de prevenção e assistência em DST/HIV/Aids. Com este valor e com a participação da sociedade civil elabora-se o Plano de Ações e Metas, denominado PAM. Este também não vem sendo executado e desprezado pela Prefeitura. Em 2004, a Coordenação Municipal de Aids sofreu um desmonte, reduzindo seu corpo funcional de 18 para apenas 3 servidores. O serviço de redutores de danos foi transferido para a saúde mental e, apesar de o gestor ter sido chamado para prestar contas desse serviço, nunca se dignou a comparecer às reuniões da Comissão de DST/HIV/Aids.
As entidades também denunciam que estão faltando medicamentos básicos aos cidadãos como o "sulfametozanol + trimetroprim" ou "bactrin", medicamento utilizado no combate à doenças que decorrem da baixa imunidade como toxoplasmose e pneumonia. Tal medicamento é de responsabilidade do Município. E agora, protestam ainda, a prefeitura quer utilizar os recursos oriundos do PAM, que deveriam ser exclusivamente para prevenção e assistência para aids, para o pagamento de funcionários do Hospital Vila Nova.
Segundo Gustavo Bernardes, advogado do grupo Somos, “a não utilização dos recursos federais por parte do Poder Público Municipal na prevenção e assistência às DST/Aids e o uso desses recursos para honrar compromissos do Município com um Hospital demonstram o despreparo do gestor de saúde em planejar e executar devidamente suas ações. Sem planejamento não se pode fazer frente a essa grave epidemia”. A denúncia será feita pelas seguintes entidades: SOMOS - Comunicação, Saúde e Sexualidade; GAPA/RS - Grupo de Apoio à Prevenção da Aids do Rio Grande do Sul; Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids; Rede Nacional de Pessoas - Porto Alegre; Núcleo de Estudos da Prostituição - NEP; Mais Criança; e Igualdade - Associação de Travestis e Transexuais do RS. As informações são do jornalista Alexandre Böer, diretor da ABGLT para a Região Sul e coordenador de projetos da Somos Comunicação, Saúde e Sexualidade.

A conduta de risco de Tony Gilroy contra o agronegócio

O mesmo diretor de Advogado do Diabo disseca a relação entre transnacionais e escritórios de advocacia, responsáveis por limpar a "sujeira" deixada pela lógica bárbara do grande negócio

O mesmo diretor de Advogado do Diabo disseca a relação entre transnacionais e escritórios de advocacia, responsáveis por limpar a "sujeira" deixada pela lógica bárbara do grande negócio



Thiago Barison


O suspense indicado a sete oscars conta a história vivida por “Michael Clayton” (George Clooney), advogado de um grande escritório em Nova Iorque responsável pelos casos da fictícia – porém nem tanto – megacompanhia de herbicidas “United Northfield”. A trama é tecida em torno de um processo sofrido pela transnacional do agronegócio, responsável pelo envenenamento de 450 famílias de camponeses. Isso mesmo: as semelhanças com a realidade não são mera coincidência e isto faz de “Conduta de Risco” um filme que nos põe a refletir.

Nesta teia de relações, os advogados são chamados de “faxineiros”: os responsáveis por limpar a sujeira deixada pela lógica bárbara do grande negócio. Diante de lucros monstruosos, a vida e a natureza se mostram meros objetos. E todos envolvidos têm um preço, a ser pago por esse montante volumoso de lucros, proporcionalmente segundo o grau de envolvimento de cada sujeito dessa estrutura.

Ocorre que um advogado do caso muda de lado e sua conduta se torna um risco à boa ordem dos negócios. O suspense então prende a atenção do espectador precisamente porque o encadeamento das cenas aparece como algo terrível, porém possível neste mundo cão. Com efeito, o filme espelha uma realidade em que prevalece a mentira, que aliás é muitas vezes divulgada pelo próprio cinema. Eis aí a razão pela qual vale a pena assistir a obra de Tony Gilroy: num jogo de espelhos, entre as telas e as janelas, a verdade aparece nua e corrosiva como os herbicidas da transnacional.


Propaganda e ideologia

Contar apenas uma cena não vai estragar o espetáculo e pode nos dar uma idéia dos símbolos de que trata o diretor. Diz a bela propaganda da “United Northfield” passada nos telões do Time Square e em todas as televisões do mundo: “we find the seed... we shape the soil... we speed the harvest: we feed the planet.” [encontramos a semente… preparamos o solo… aceleramos a colheita: alimentamos o planeta.].

A reação é imediata: vem-nos à mente as igualmente apelativas peças publicitárias que hoje compõem o mosaico de mentiras coloridas da ideologia capitalista. No caso brasileiro, impossível não lembrar das recentes propagandas de Aracruz, Monsanto & Cia, ou então da Vale do Rio Doce, cujos cenários remontam a um Brasil diverso e próspero: aparecem índios, brancos, negros, jovens, idosos, todos bonitos (bem maquiados), bem alimentados, felizes e cantando as canções da MPB (na voz de artistas à soldo). Um espetáculo farsesco. Tudo isso logo após os movimentos populares se organizarem e botarem nas ruas um plebiscito questionando a privatização da Vale do Rido Doce. Diante de qualquer movimentação dos povos, o capital responde imediatamente com as poderosas armas da videologia.

Recordamos também a última eleição presidencial, em que mudam os atores e o cenário, mas a peça mantém o mesmo roteiro tragicômico. O espectador interage com sua inércia bem acomodada no sofá da sala e, ao final, dá um sorriso amarelo, sabendo que no fundo está sendo enganado. A modernidade perverteu a tragédia grega, retirando a filosofia da arena e introduzindo o culto da mercadoria.


Outras referências

Revelar essa relação íntima entre o mundo dos negócios e a barbárie vivida na Terra tem sido a tônica de bons filmes como Erin Brockovich – uma mulher de talento (indústria química), O Informante (indústria tabagista), O Jardineiro Fiel (indústria de medicamentos), Diamante de Sangue (indústria de jóias e pedras preciosas), Boa Noite e Boa Sorte (grande mídia), Senhor das Armas (indústria bélica), The Corporation (sociedades anônimas em geral), O Bom Pastor (serviços de inteligência dos EUA). A lista é imensa, pois não faltam subsídios para bons roteiristas nas muitas décadas de atuação nefasta do império das transnacionais.

E aqui Tony Gilroy não arriscou e foi buscar no meio jurídico elementos para seu enredo, aproveitando a inspiração obtida em visitas a grandes escritórios de advocacia quando escrevia O Advogado do Diabo (1997). De fato, ali ninguém é inocente e também no terreno do direito as transnacionais têm larga vantagem, comprando tudo e todos.

Um aspecto dessa linhagem de filmes, contudo, nos decepciona. Geralmente em tais filmes, (registre-se: exceções à regra do enlatado americano), são indivíduos, profissionais liberais, intelectuais, figurando como personagens principais, os únicos capazes de enfrentar o poder do capital quando descoberto em sua lógica suja. Para não dizer verdadeiros “heróis” (de cinema, é claro). Isso quando o filme não envereda para um ceticismo paralisante diante do “poder imenso das corporações” ou perante a “maldade intrínseca do ser humano”.

Talvez isso seja mesmo reflexo da falta de alternativas reais, da fraqueza das forças que hoje enfrentam o poder das transnacionais. A tragédia da realidade contemporânea impõe ao cinema crítico certos limites.

E precisamente por esse fato amargo somos forçados a reconhecer a perspicácia e o poder da abordagem presente em filmes americanos dessa linhagem. Os dramas e contradições individuais que levam os heróis a se voltar contra as engrenagens do capital, partindo de dentro delas, ou então a sinceridade corrosiva de personagens anti-heróis que encarnam a alta função de agentes do big business revelam toda a podridão moral e as mentiras utilizadas na constante auto-justificação dessa estrutura desumana. O público tenta se identificar com um ou se afastar do outro, enquanto assiste agoniado ao conflito posto em marcha.

Ao final, portanto, ficamos otimistas diante de trabalhos como o de Tony Gilroy que, no centro da indústria de dominação, com inteligência e ironia, destilam uma crítica ao capital nas entrelinhas de suspenses e tragédias pessoais. A conduta de risco do diretor nos dá bons subsídios para falarmos das mentiras e da verdade sobre o agronegócio.


Thiago Barison é advogado e militante da Consulta Popular.
Espinafre ajuda a aumentar os músculos


Gustavo Wenceslau

Especialistas da Universidade de Rutgers, em Nova Jersey, Estados Unidos, divulgaram nesta semana um estudo que comprova que o espinafre tem o poder de aumentar os músculos.

Os cientistas extraíram esteróides(hormônios) encontrados nas folhas da verdura e avaliaram sua ação quando em contato com amostras de tecido muscular humano. Constataram que os esteróides aumentaram a velocidade do crescimento dos músculos em até 20%.

Os especialistas acreditam que o esteróide age diretamente sobre proteínas, transformando-as em massa muscular.

Mas se o seu objetivo é ficar mais forte e musculoso não anime-se! Os pesquisadores afirmaram que é necessário ingerir cerca de 1 quilo de espinafre por dia para ajudar no alcance de seu objetivo.


OUTROS BENEFÍCIOS
Estudos anteriores apontaram que o espinafre ajuda pessoas com excesso de peso a emagrecer, ao diminuir a velocidade da digestão de gordura e prolongar a sensação de saciedade.

Outras pesquisas também já mostraram que a verdura pode aumentar a capacidade cerebral.


PERIGOS DO ESPINAFRE
Nos anos 50
, algumas crianças vieram a óbito, devido a uma doença que era gerada por conta do excesso de substâncias tóxicas e antinutricionais contidas no espinafre.

A doença ficou conhecida como doença do branco do olho azul, pois o branco dos olhos ficava dessa cor. Atualmente sabemos que o consumo desta hortaliça não deve ser excessivo.

Segundo a nutricionista Jocelem Mastrodi Salgado, da Universidade de São Paulo(USP), o espinafre é um dos alimentos vegetais que mais contém cálcio e ferro. Entretanto, esses dois minerais são pouquíssimo aproveitados pelo nosso corpo, já que o alto teor de ácido oxálico no vegetal inibe a absorção e a boa utilização desses minerais pelo nosso organismo. Os estudos mostram também que o ácido oxálico do espinafre pode interferir com a absorção do cálcio presente em leites e seus derivados.

Mas não é por isso que todo mundo deve deixar de consumir espinafre. Ele deve ser ingerido em meio a uma alimentação equilibrada, e não ser a base de uma dieta. "A minha dica é que todos consumam também outros vegetais folhosos: a couve, brócolis, folha de mostarda, agrião, as folhas de cenoura, beterraba e couve flor e leguminosas como os feijões, ervilhas, lentilhas e soja são as melhores opções para quem quer consumir fontes alternativas de cálcio e ferro", sugere a nutricionista.